GRANDE CAMPINAS
GOLEIA GRANDE ABC
O PIB de Consumo do Grande ABC era maior que o PIB de Consumo da Grande Campinas (ou Região Metropolitana de Campinas) até que o Plano Real fosse implantado. A partir de 1995 tudo começou a mudar, não apenas por conta do Plano Real, mas gravemente por causa de mudanças geradas pelo plano econômico que deu um nó na inflação e reorganizou muitos modelos corporativos anabolizados no mercado financeiro. Os critérios de competitividade na livre-iniciativa foram triturados e o despertar de Desenvolvimento Econômico despertou o municípios. Resultado? Trinta anos depois, a Grande Campinas conta com PIB de Consumo 28,38% superior ao PIB de Consumo do Grande ABC.
É claro que convém ressaltar que o Plano Real é um marcador importante na trajetória econômica do Grande ABC ao eliminar de imediato fatores extra produção que distorciam as relações entre produção e consumo. Mas está longe de ser o único e o principal.
O processo de esvaziamento econômico do Grande ABC – e de potencialização econômica do Interior de São Paulo mais próximo da Capital – iniciou-se antes, com a guerra fiscal incrementada pelo movimento sindical e a exaustão da qualidade de vida na Região Metropolitana de São Paulo.
Se não bastassem todos os indicadores e macroindicadores de alertas aos quais tenho me lançado desde 1990, quando criei a revista de papel LivreMercado, a elasticidade favorável à Grande Campinas no PIB de Consumo é alarmante em números absolutos, e também evoca inquietação quando tudo é traduzido na equação por habitante.
MÉTRICAS PARENTESCAS
Perdemos mesmo a corrida do ouro de Desenvolvimento Econômico nessas últimas três décadas. E não há nenhuma sinalização que leve à recuperação. Mais que isso: faltam iniciativas das autoridades públicas, principalmente, para colocar o Grande ABC numa trajetória de mudanças.
Com levantamento estatístico da Consultoria IPC, decidimos atualizar os dados envolvendo esses dois conglomerados geoeconômicos que representam parte substantiva da grandeza do Estado de São Paulo. E a conclusão é dilacerante para quem vive, trabalha e empreende no Grande ABC. Vamos de mal a pior.
A comparação com a Grande Campinas é pertinente e importante porque foi para aquela região do Estado, além da Grande Sorocaba e da Grande São José dos Campos, que se dirigiu a maior parte das empresas que se escafederam do Grande ABC nos últimos 40 anos.
A evasão industrial carregou a geração de riqueza que resultou em acúmulo de renda. O PIB de Consumo é uma métrica de parentesco próximo ao PIB Tradicional, mas de movimentos mais lentos. É riqueza acumulado ante riqueza produzida. Uma coisa leva necessariamente à outra. Tanto a favor como contrariamente. Depende da maré de transformações.
LARGA DIFERENÇA
Os dois indicadores caminham lado a lado, mas a tendência é que o PIB Tradicional tenha mais impacto imediato, ou seja, a cada nova temporada de movimentação das peças econômicas de produção. O PIB de Consumo é uma construção gradual e mais sólida. Por conta disso o Grande ABC não apanha da Grande Campinas com tanta intensidade no PIB de Consumo, mas apanha permanentemente. E quando se apanha permanentemente, o resultado é sempre desfavorável.
Basta verificar o placar desta temporada. O PIB de Consumo por habitante do Grande ABC é de R$ 48.836,52, enquanto o PIB de Consumo da Grande Campinas alcança R$ 52.592,47. Vantagem de 7,69% da Grande Campinas. Já no PIB Tradicional do ano 2021, o mais recente divulgado pelo IBGE, o PIB per capita do Grande ABC é de R$ 53.300,47, enquanto o PIB Tradicional per capita da Grande Campinas é de R$ 79.817,91. Uma diferença de 49,75%. Muito acima, portanto, do PIB de Consumo. Conclusão: o maior crescimento do PIB de Consumo nos próximos anos já está contratado pela maior força do PIB Tradicional.
A superioridade do PIB de Consumo por habitante ou em valores absolutos de Campinas sobre o Grande ABC é um processo dos últimos 30 anos que tende a aumentar. Os dados são implacáveis. Nesse período, enquanto o PIB de Consumo do Grande ABC cresceu em termos nominais (sem considerar a inflação) 878,19%, o PIB de Consumo da Grande Campinas avançou 1.281,86%. Uma diferença de 45,96%.
DANÇA DOS NÚMEROS
O PIB de Consumo do Grande ABC em 1995, ponto de largada dessa análise, registrava em valores nominais R$ 13.794.801.600 bilhões, enquanto a Grande Campinas apontava R$ 12.661,202,900 bilhões. Uma vantagem do Grande ABC de 8,95%. Já neste 2025, a consumada virada da Grande Campinas: o PIB de Consumo chegou a R$ 174.960.178.746 bilhões, enquanto o PIB de Consumo do Grande ABC registra R$ 136.284831908 bilhões. Uma vantagem de 28,38%.
Esses dados deixam evidenciado o tamanho da diferença em números absolutos: nesta temporada, os mais de 3,3 milhões de moradores da Grande Campinas contam com uma vantagem de quase R$ 40 bilhões em relação aos sete municípios do Grande ABC para consumir. É dinheiro garantido em forma de riqueza acumulada. Trinta anos atrás era o Grande ABC que detinha vantagem ante a Grande Campinas.
O impacto desses dados no quadro nacional do PIB de Consumo é constrangedor para o Grande ABC. A participação relativa dos sete municípios locais caiu de 2,28420% para 1,67196%. Uma queda relativa de 36,62%. Isso quer dizer que a roda do PIB de Consumo do Grande ABC ao longo de 30 anos correu à velocidade muito aquém da média nacional. Para manter a participação relativa a intacta, o Grande ABC deveria ter registrado crescimento nominal semelhante à média nacional no período.
PARTICIPAÇÃO MANTIDA
O caso da Grande Campinas é completamente diferente. A participação relativa de 1995 no bolo do PIB de Consumo (2,13040%) foi levemente aquecida e passou para 2,14641%. Poucos municípios ou regiões brasileiras consolidadas no passado mantiveram participação relativa no PIB de Consumo. Acompanhar o ritmo nacional não é tarefa fácil. A Grande Campinas conseguiu.
A Grande Campinas, também Região Metropolitana de Campinas, conta com território quatro vezes maior que o Grande ABC (3.791 quilômetros quadrados ante 840 ) e população total de 3.326.715 milhões de habitantes, ante R$ 2.790.633 do Grande ABC. São 20 municípios em espaço territorial que ocupa a segunda posição no ranking de PIB de Consumo. Campinas responde por praticamente um terço de todo o PIB de Consumo daquela região. É o centro difusor de Desenvolvimento Econômico. Veja a relação dos municípios e os respectivos PIBs de Consumo de 2025.
Americana – R$ 14.740.577.523 bilhões.
Artur Nogueira – R$ 2.382.212.886 bilhões.
Campinas – R$ 64.473.914.706 bilhões.
Cosmópolis – R$ 2.994.857.004 bilhões.
Engenheiro Coelho – R$ 848.788.094 milhões.
Holambra – R$ 1.026.357.601 bilhão.
Hortolândia – R$ 10.820.833.190 bilhões.
Indaiatuba – R$ 15.243.434.748 bilhões.
Itatiba – R$ 6.482.463.129 bilhões.
Jaguariúna – R$ 3.176.885.683 bilhões.
Monte Mor – R$ 2.855.774.242 bilhões.
Morungaba – R$ 648.065.795 milhões.
Nova Odessa – R$ 3.172.132.266 bilhões.
Paulínia – R$ 7.272.572.575 bilhões.
Pedreira – R$ 2.053.512.199 bilhões.
Santa Bárbara do Oeste – R$ 8.797.575.262 bilhões.
Santo Antônio da Posse – R$ 1.016.351.233 bilhão.
Sumaré – R$ 13.408.221.486 bilhões.
Valinhos – R$ 8.570.895.743 bilhões.
Vinhedo – R$ 4.974.753.341 bilhões.
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