Imprensa

Diário: Plano Real que
durou nove meses (24)

  DANIEL LIMA - 18/10/2024

E vamos em frente com a recuperação de um produto histórico no jornalismo da região. Estávamos no cargo de ombudsman do Diário do Grande ABC. O ano era 2004. Portanto, há exatamente duas décadas. Estávamos prestes a ocupar o comando de Redação, posse adiada por algum tempo por causa de entreveros jurídicos envolvendo acionistas do Diário do Grande ABC.

Na edição de 7 de julho de 2004, como primeiro e único ombudsman do Diário do Grande ABC, apresentava aos diretores, acionistas e editores o último capítulo do Planejamento Estratégico Editorial. O conjunto de ideias e propostas forjadas na prática jornalística foi preparado num fim de semana no Interior do Estado, para onde me desloquei em busca de paz para escrever o que escrevi imaginando o Diário do Grande ABC no topo da qualidade cinco anos depois, quando a publicação completaria meio século de circulação.

A newsletter OmbudsmanDiário daquele 7 de julho representava a  29ª edição. Seriam 36 no total -- até que assumisse a direção do jornal, posto no qual permaneci durante nove meses.  Na sequência, mostramos a 30ª edição, produzida na mesma data. 

 EDIÇÃO NÚMERO 29  

O Projeto Diário50Anos é o grande mote que pretendemos introduzir como estratégia para amalgamar o que chamaríamos de nova fase não só dos insumos editoriais sob nosso controle, mas da companhia como um todo. Já imaginaram o que representaria às finanças do Diário do Grande ABC a conexão entre o editorial e o comercial no lançamento do Projeto? Que tal negociarmos a partir de março agora, numa mega-ação, cotas de patrocínio envolvendo o jornal e a revista do grupo? São cotas resgatáveis em 50 parcelas mensais -- o período que demarcará o início e o ápice desse definidor do reconhecimento do valor histórico do jornal e da consecução de sua nova política editorial. 

Os detalhes dessa operação que forraria as receitas da companhia com previsibilidade de recursos extraordinários, além de capitalizá-la permanentemente, dariam visibilidade editorial aos grandes investidores publicitários. 

Temos várias ideias a apresentar, mas acho que essa empreitada deverá contar com força-tarefa da companhia de modo que as colaborações possam multiplicar as possibilidades de sucesso. 

A característica especial desse projeto precisa de entendimento literal, ou seja, é uma jornada longa e desgastante. Os resultados devem ser, em nossa opinião, contabilizados como um núcleo produtivo à parte do cotidiano corporativo, sem, evidentemente, erguer-se uma muralha da China que quebre o alinhamento sinérgico. 

Como estratagema de fixação de novos pressupostos aos leitores e anunciantes, o Projeto Diário50Anos se apresenta como a diferença entre um especialista em 100 metros rasos e um maratonista. 

Precisamos descortinar a simbologia de que temos um compromisso de longo prazo para que os efeitos de curto prazo sejam imediatamente mensuráveis. Não se alcança a suprema glória do maratonismo sem os primeiros passos da quebra do sedentarismo. 

Não nos interessa também acreditar que uma corrida curta e breve, mesmo que vitoriosa, sustente o esticamento dos projetos. Precisamos sair do vai-e-volta do curtíssimo prazo. Destrinchar um horizonte de 50 meses -- para começo de reação -- é a plataforma de embarque do novo jornalismo de que tanto prescinde a região. 

Não acreditem em fórmulas miraculosas de que um produto editorial com os passivos e os ativos do Diário do Grande ABC seja enquadrado em novos e revolucionários conceitos apenas pela força da inércia da tradição. Costumo dizer que fazer jornal não é o mesmo que fazer pão. Um padeiro mesmo adoentado, mesmo febril, mesmo de mau humor, é capaz de garantir a próxima fornada para uma clientela exigente sem que a qualidade do produto sofra qualquer avaria. A receita previamente concebida mecaniza e padroniza o produto.

Já fazer jornal ou revista é outra história. Depende-se demais das condições psicológicas do grupo, além do preparo técnico, evidentemente. Sem metas, sem objetivos, sem desafios, acentua-se dramaticamente o risco de cair na mesmice, no texto burocrático, na flacidez crítica. 

Medidas de marketing devem ser preparadas e executadas para tornar o Projeto Diário50Anos muito mais que um mote aos consumidores e anunciantes. A tropa interna precisa participar ativamente. Repassar à corporação os novos desígnios dessa data tão especial, iniciando-se contagem regressiva de compromisso com a melhoria contínua do produto -- eis uma maneira de conduzir a todos para uma metamorfose subliminarmente agradável e desafiadora. 

A operação Projeto Diário50Anos será compartilhada por colaboradores internos e comunidade. Haveremos de programar com antecedência exatos 50 eventos para as respectivas comemorações em 2008. Teremos um calendário integralmente do Diário do Grande ABC, mas estabeleceremos parcerias. Daremos visibilidade aos parceiros institucionais tanto quanto aos patrocinadores-cotistas. Cada etapa dos 50 programas será uma oportunidade de prospectar novas iniciativas além da circunstancialidade do projeto. 

Não poderemos desperdiçar a sinergia do jornal e da revista nessa proposta. As 50 cotas de patrocínio deverão levar em conta a potencialidade complementar dos dois veículos. Há uma notória possibilidade de acrescentar a magnitude do projeto com o acasalamento estratégico entre os dois veículos. 

A unificação de interesses estará caracterizada publicamente também como novo divisor de águas do relacionamento sempre tumultuado das duas companhias. O recado será entendido pelos consumidores de informação e principalmente pelos investidores comerciais. 

Vejo um manancial imenso de subprodutos do Projeto Diário50Anos. Quando outras cabeças se juntarem para formatar o programa de ação, certamente encontraremos motivos de sobra para acreditar na perspectiva de alcançarmos o duplo objetivo, ou seja, de atingir um grau de compromisso editorial com a regionalidade e vasculhar os mais recônditos investimentos hoje distanciados do jornal e da revista. 

Temos, portanto, uma grande oportunidade para recuperar o tempo perdido não só em termos de mútua aproximação efetiva do jornal e da revista como, principalmente, e nesse ponto com peso maior do jornal, de comprometimento regional com as empresas locais. 

Que essa aproximação não se esgote, evidentemente, nos interesses exclusivamente comerciais. Há possibilidades imensas de mostrarmos nosso compromisso de valorização das respectivas logomarcas-parceiras direcionando baterias informativas às atividades daquelas corporações. 

Um exemplo: um evento estritamente voltado aos colaboradores de determinada empresa -- como uma palestra com uma dessas celebridades de autoajuda ou coisa assemelhada -- e que hoje é praticamente ignorada pelo jornal receberá cobertura específica, provavelmente num espaço especificamente caracterizado ou mesmo na coluna social onde, como se sabe, as figurinhas de sempre se repetem tanto no Diário do Grande ABC quanto nos demais veículos. 

O que pretendemos dizer é que a conquista de novas contas comerciais em muito será facilitada e em seguida mantida se o editorial e o comercial seguirem a trilha de entendimento sobre a importância das duas áreas. 

O conflito ético entre redação e comercial só existe em veículos que ainda não se aperceberam da enorme possibilidade de separar o que é interesse editorial do que é relação comercial. Mais uma vez recorremos à experiência da revista da companhia para assegurar o quanto de evolutivo foram os encaminhamentos nesse sentido. 

A informação jornalística só será sacrificada se os próprios responsáveis pela redação se entregarem de mão beijada a eventuais salamaleques comerciais. Traduzir em fato jornalístico qualquer acontecimento corporativo e, com isso, fugir das garras da informação comercial sem tarja é a equação mais simples do mundo para quem se despe de preconceitos. E também para quem sabe que nenhuma informação artificializada com objetivos estupidamente comerciais obterá a credibilidade dos leitores. 

É por essas e outras que, repetimos, o Projeto Diário50Anos se reveste do mais importante ferramental de marketing interno e externo de que poderemos lançar mão como companhia, isto é, acima das duas macrodivisões da hierarquia organizacional. 

Fazer em 50 meses 50 grandes eventos dos 50 anos é o lema que nos moverá a todos para incendiar o ânimo dos colaboradores internos e da comunidade. Que não se perca tempo, portanto, com firulas burocráticas. O plano de ação está indexado à emergência do próprio tempo caracterizador da proposta. De março de 2004 a maio de 2008 são 50 meses revolucionários. Já estamos quase atrasados, portanto.

 EDIÇÃO NÚMERO 30 

Vamos em frente com mais uma edição desta newsletter, que registra mais problemas que soluções. Há pontos positivos que faço questão de apontar, para que eventualmente não se extraia desse material um viés destrutivista que de fato inexiste. Mais uma vez aponto a dificuldade de o jornal dar sinais de melhoria conjunta. Ainda vejo o produto que me chega de manhã em casa -- e sempre tendo em vista um olhar agudo sobre o noticiário regional -- como uma escola de samba que desfila numa avenida lotada de expectativa, mas que, em cada alegoria, apresenta invariavelmente os mesmos transtornos da Gaviões da Fiel em fevereiro último. Ou seja: há uma vocação à derrapagem qualitativa. 

Os pontos positivos ainda são minoria frente aos negativos. Isso não é bom. Aliás, é muito ruim. É preciso entender que quem compra o jornal quer um produto uniforme, competente e capaz de surpreender a mais elevada expectativa. E para isso não é preciso ser mágico. Basta simplificar e adotar as regras básicas de um bom jornalismo. 

PRIMEIRA PÁGINA (I)

Excelente o tratamento gráfico e a chamada de primeira página do primeiro dia de campanha eleitoral no Grande ABC. O jornal consegue se recuperar da dispersão da edição anterior. 

PRIMEIRA PÁGINA (II)

A manchete de primeira página "GM abre 561 vagas em São Caetano" remete para um texto de página interna que deixa muito a desejar, por motivos que comento em nota específica. 

PRIMEIRA PÁGINA (III)

A arte sobre o assalto a condomínio de luxo em Mauá está excelente. Como o fora, anteriormente, no caso do advogado assassinado em Santo André e que, por descuido, deixei de registrar. Esse tipo de cineminha é convidativo à leitura. 

PRIMEIRA PÁGINA (IV)

Não sei o que está previsto para a cobertura do jogo desta noite do São Caetano em Belém do Pará, mas não podemos deixar de destacar a equipe, principalmente em caso de vitória. A sugestão vale para o jogo do Corinthians no Paraná. O time da torcida de maior poder aquisitivo no Brasil, e segunda em quantidade, pode ir para o inferno da lanterninha com uma nova derrota. Ou subir na classificação em caso de vitória. Em qualquer circunstância -- pelas circunstâncias da noite -- é algo que deve estar na mira da primeira página. 

PALAVRA DO LEITOR (I)

As porradas que o prefeito João Avamileno está levando hoje de leitores do jornal por causa do artigo que assinou na edição de domingo do Diário são plenamente justificáveis. Ele se excedeu, como registrei no CapitalSocial Online. Vou escrever sobre o assunto em artigo específico amanhã, naquela newsletter emitida para 10 mil formadores de opinião e tomadores de decisões no Grande ABC. 

PALAVRA DO LEITOR (II)

Seis das sete notas da Palavra do Leitor de hoje se referem à conquista do Santo André e aos desdobramentos das declarações de João Avamileno. Por isso, não tem sentido a subdivisão em quatro diferentes intertítulos: Futebol, Ramalhão, Avamileno e Oportunismo. Sugiro que em casos semelhantes o tratamento seja uniforme. Nesse caso específico, Copa do Brasil (I), Copa do Brasil (II), Copa do Brasil (III) e Copa do Brasil (IV). 

ELEIÇÕES MUNICIPAIS (I)

Certo estava de que o jornal não se daria ao trato da análise do quadro eleitoral em São Caetano, depois do encavalamento de novos candidatos de centro-direita. Tanto que preparei artigo para o CapitalSocial Online de hoje. A linguagem é de artigo, não de reportagem. O que pretendo dizer e provar é que o jornal não consegue -- ou será que não pode? -- sair da lâmina opaca de superficialidade em questões político-eleitorais. Um gravíssimo problema em ano eleitoral. 

ELEIÇÕES MUNICIPAIS (II)

Está bem produzida -- editorial, gráfica e fotograficamente -- a página de Política Grande ABC de hoje sob o título "Propaganda eleitoral toma a região". O texto me pareceu sóbrio. Só faço reparo à dimensão das fotos, maiores para alguns candidatos em relação a outros. A semântica eleitoral pode conduzir a interpretações variadas sobre preferências e discriminações. Especialmente quando envolve cargos majoritários. 

ELEIÇÕES MUNICIPAIS (III)

A matéria "Câmara de Mauá recupera uma vaga e terá 17 vereadores", de Política Grande ABC, poderia ter destacado um fato tão importante quanto a descoberta de que Mauá tem direito a mais um vereador, depois do rapa do TSE: os nobres legisladores suspenderam o recesso parlamentar só para tratar do assunto, conforme consta de informação discretamente apontada na matéria. 

Aliás, mais uma vez, a fragmentação informativa prevalece, porque outros municípios buscam a mesma saída para reduzir o peso das perdas. Infelizmente, o tratamento editorial e gráfico é separatista. Levamos a ferro e fogo o princípio anacrônico de sete municípios quando o que deveria prevalecer, em situações como essa, seria uma matéria tematicamente única. 

MONTADORAS (I)

A matéria "GM contratará 561 em S. Caetano", de Economia, é um caminhão de erros. Primeiro porque, sendo manchete principal de primeira página, deveria abrir o caderno de Economia. Segundo porque a notícia não saiu da seara da companhia, quando deveria ir para um território mais amplo, do mercado automotivo como um todo e também de informações substantivas da própria GM. Terceiro porque poderia inserir-se em contexto econômico regional, de mercado de trabalho, com números sobre o comportamento do emprego formal na região neste ano, recentemente publicados pelo próprio Diário. 

É impressionante a incapacidade de o jornal estruturar sistematicamente informações a partir de determinada fonte. Não se tem a preocupação de enxergar além da pontualidade. A performance da General Motors, base da justificativa à informação sobre contratações, foi simplesmente ignorada pelo texto do jornal, quando se sabe que a companhia, com sede em São Caetano, está liderando o ranking de produção e vendas nesta temporada. Aliás, conforme publica o Estadão, essa liderança semestral é algo inédito na história da General Motors. 

MONTADORAS (II)

O jornal precisa considerar urgentemente a necessidade de contar com um especialista na área automotiva. Não desses profissionais que só querem gozar das mordomias que as montadoras oferecem, mas vasculhar a economia do Grande ABC, de autopeças e de montadoras. Alguém capaz de sair na frente em informações que fazem a diferença entre um jornal atrevidamente desbravador e um jornal comodamente reprodutor de informações e releases de agências. 

O fato é que, corpo e alma da indústria do Grande ABC, o setor automotivo está à deriva no Diário. E faz muito tempo. Aliás, em toda a história do jornal, jamais houve de fato um profissional que tenha atuado sequer proximamente do que pretendemos. 

CAMPEONATO BRASILEIRO (I)

A apresentação do jogo entre São Caetano e Paysandu, hoje em Belém do Pará, está burocrática. "São Caetano encara o perigoso Paysandu" é um título genérico, à altura do texto. Creio que havia um mote que poderia puxar a matéria para ângulo diferente: o São Caetano poderá sofrer sua terceira derrota seguida no Campeonato Brasileiro, conforme registra a matéria. A pergunta que faço é a seguinte: alguma vez na história de participações no Campeonato Brasileiro a equipe chegou a perder três jogos seguidos? 

CAMPEONATO BRASILEIRO (II)

A reportagem sobre o dia-a-dia do Santo André, ameaçado de rebaixamento na Série B do Campeonato Brasileiro, poderia ter saído da ilustração para fotografia contextualizadora. O texto se refere ao assédio de torcedores do Santo André, por isso o testemunhal de aficionados seria providencial. 

CAMPEONATO BRASILEIRO (III)

Escrevo hoje no CapitalSocial Online sobre o que os leitores de Esportes do Diário gostariam de saber e de acompanhar atentamente: de quantos pontos o Santo André precisa para fugir do rebaixamento à Série C do Campeonato Brasileiro? Insisto em dizer que esse é o assunto que mais assombra o torcedor do Santo André depois da ressaca da conquista da Copa do Brasil. Na Palavra do Leitor de hoje há um torcedor manifestando-se sobre o assunto. 

CAMPEONATO BRASILEIRO (IV)

Estou alertando, também no CapitalSocial Online, que o desmanche no Santo André pode ser maior e mais dramático do que o tom que o Diário vem anunciando. O Santo André vive no pior dos mundos neste momento, uma semana depois da conquista da Copa do Brasil: está ameaçado de rebaixamento e o esfacelamento do time poderia conduzi-lo à fuga à Série C. 

LOGÍSTICA REGIONAL

Também está competentemente destrinchada a matéria "S. Bernardo tem aval do governo para ir ao BID", que trata da modernização viária que poderá mudar a logística interna da cidade dirigida por William Dib. Trata-se de assunto tecnicamente complexo e que precisa, sempre, caminhar para um didatismo informativo explícito. 

CASO CELSO DANIEL (I)

A importância de regionalizar o caso que envolve o Supremo Tribunal Federal e o Ministério Público ainda não foi percebida pelo Diário. A possível quebra da coluna investigatória do Ministério Público pelo STF em agosto tem tudo a ver com o caso Celso Daniel, especificamente com a prisão de Sérgio Gomes da Silva e também com os desdobramentos dos supostos envolvidos no caso de propina na administração petista em Santo André. Reservar, como se reservou hoje, para a parte inferior de página ("MP não faz investigação criminal"), é muito descuido com o contexto do assunto. Ainda mais que a matéria é de agência. 

CASO CELSO DANIEL (II)

O Diário saiu na frente e isoladamente sobre o caso do depoimento do ex-vice-prefeito José Cicote, cujo conteúdo foi maquiado pelo Ministério Público Estadual. Entretanto, nada mais se publicou sobre o assunto. A impressão que o jornal passa é de que tem relações estranhas com o MP. Fosse diverso, com Cicote anunciando que seu depoimento foi minimizado e que as relações do sequestrador Dionísio com o Paço Municipal eram expressivamente intestinas, qual teria sido o comportamento do jornal? E dos demais jornais? 

CASO CELSO DANIEL (III) 

Mesmo francamente favorável em editoriais à participação do MP nas investigações criminais, o Estadão de hoje dá show de jornalismo ao destacar a matéria "Jobim: MP não deve fazer investigação criminal". Uma entrevista com o presidente do STF reproduz a posição do magistrado a respeito da impropriedade de o MP meter-se em investigações. Uma matéria auxiliar, na mesma página, revela a posição da presidente interina do Instituto de Defesa do Direito de Defesa, também contrária ao MP. 

Ainda na mesma página, o Estadão publica reportagem que conta a estratégia de marketing que o MP prepara para combater a Lei da Mordaça, que não tem nada a ver com a questão-chave de investigação, mas que é muito importante. Ou seja: o jornal paulistano tem sido muito mais competente que o Diário na abordagem de temários relativos ao Ministério Público. Esse buraco editorial do Diário é uma das consequências da incipiente organização interna da redação, mas também pode reunir outros tipos de anomalias que o comando de redação poderia aferir e corrigir. 

RIQUEZA REDUPERADA (I)

O jornal Gazeta Mercantil publica hoje, sob o título "ABC reduz perda de riqueza em 2003 e inicia recuperação", uma competente matéria de Marcelo Moreira sobre assunto que o Diário editou no sábado e que a newsletter CapitalSocial Online ofereceu anteriormente aos leitores. Contrariamente ao Diário, a Gazeta Mercantil cita a origem da pesquisa, no caso o IEME (Instituto de Estudos Metropolitanos) e a Editora Livre Mercado. Parece brincadeira: uma publicação supostamente concorrente do Diário enfatiza a origem do material, enquanto o jornal que controla acionariamente a Editora Livre Mercado simplesmente sonega essa informação. 

RIQUEZA REUPERADA (II)

Diferentemente do Diário de sábado, a Gazeta Mercantil de hoje destaca as perdas históricas da indústria do Grande ABC, ponto nuclear da pesquisa do IEME e da Editora Livre Mercado. Ou seja: o Diário sonegou sábado informação relevante (de perda acumulada de 33,33% em nove anos) apenas para disfarçar a origem da notícia. Disfarçar é força de expressão, porque na edição de quinta-feira desta newsletter chamamos a atenção para o assunto tratado no CapitalSocial Online. Está na hora de o jornal entrar num acordo ético e tratar o IEME e a Editora Livre Mercado sem perseguições e discriminações. 

ASSALTO POLÍTICO (I)

É inconcebível que o jornal publique em "Quadrilha faz 15 reféns em prédio" a ilação sobre a eventualidade de "motivação política" no assalto ao condomínio de luxo em Mauá só porque alguns parentes de personalidades da vida pública local residem no prédio. O conjunto de informações evidencia que o grupo de 15 homens bem vestidos e armados que entraram no condomínio foram lá especificamente para assaltar. O jornal não pode ver fantasma em cada esquina só porque Celso Daniel foi assassinado. 

ASSALTO POLÍTICO (II)

Chamo a atenção nesse sentido porque ainda recentemente, quando da morte de um assaltante que tentou abordar o ex-deputado federal Duílio Pisaneschi, houve notória tentativa de manipulação política de um caso ocasional. O jornal prestava-se naquele instante a serviços pouco nobres de conturbação política. Se o ex-deputado fosse assassinado naquela ocasião, certamente o forrobodó estaria fermentado, com ampla participação do jornal. Há profissionais que ainda não entenderam a importância de cada linha impressa e as reações que provoca. O alerta se faz necessário porque o calendário eleitoral está aí e tudo pode acontecer. Inclusive crime político. 

BILHETE ÚNICO

A matéria "Mauá inicia entrega de bilhete único" não conseguiu ser didática. Tive dificuldades em entendê-la. Imagine então o leitor de olhar comum. É preciso explicar melhor o que vem a ser o bilhete único. Pelo que entendi, nem essa marca merece, porque difere completamente do bilhete único implantado na Capital. Sugiro que se faça comparação mais explícita entre os dois, ouvindo-se especialista no assunto. E que se amplie a abordagem do assunto em direção ao que se pratica nos demais municípios do Grande ABC. Bilhete único é uma coisa, tarifa única é outra. A prefeita Marta Suplicy implantou o bilhete único com tarifa única. Já em Mauá, ao que parece, não é nada disso. 

ÁGUA ROUBADA

Parece mais jornalística e de utilidade pública a notícia "Roubos seguidos de cabos deixam 10 mil sem água em São Bernardo", de Setecidades, do que, na mesma página, a manchete "Prefeitura entrega parte da Guido Aliberti duplicada em 20 dias". Exceto se a apuração do caso de roubos de cabos foi no final do expediente, o apelo à troca de posicionamento gráfico com as obras em São Caetano parece evidente, principalmente se a matéria incorporasse alguns dados sobre os níveis de pobreza e criminalidade na região. 

UNIVERSIDADE PÚBLICA

Está cada vez mais econômica e raquítica a cobertura sobre a UFABC (Universidade Federal do Grande ABC). Não faltam questões a serem resolvidas. Uma extensa pauta poderia ser destrinchada gradualmente a cada dia a ponto de elevar o assunto à condição compatível com a importância que tem, ou seja, o topo da página. 

INCINERAÇÃO

Excelente a foto de Orlando Filho em Setecidades sob o título Incineração". 

PARANAPIACABA NA PARADA

Continuamos abordando bem o Festival de Inverno de Paranapiacaba. Na edição de hoje a abordagem é sobre a 1ª Expodecor. 

CABELEIREIRO DAS ESTRELAS

Por que será que o cabeleireiro Julinho do Carmo se dá tão bem com celebridades? O Informediário de hoje mostra mais uma estrela, no caso a filha de Silvio Santos, que fez ancoradouro em seu ateliê capilar. Acho que valeria a pena uma matéria diferenciada com essa Cinderela na terra de Gatas Borralheiras.

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