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Diário: Plano Real que
durou nove meses (6)

  DANIEL LIMA - 08/08/2024

O que se segue neste novo capitulo da série que resgata o Planejamento Estratégico Editorial do Diário do Grande ABC, o Plano Real Editorial sequestrado,  abrange três dos vários vetores que definiram o trabalho de nove meses de cinco anos projetados. Os eixos temáticos  a serem consumidos pelos leitores na sequência  abordam Multifuncionalidade, Parceria e Operacionalização.

Uma coisa leva à outra e à outra e as três coisas integram o projeto aplicado em parte.

O que se segue também conta com revestimento especial: ainda hoje há energúmenos diplomados, quando não cafajestes éticos, a associar críticas ao Diário do Grande ABC a eventual carga de ressentimento. Mal sabem esses idiotas juramentados que o passado, modéstia à parte, me consagra, porque escrever o que escrevo nestes dias e em dias passados recentes ou mais distantes não passa mesmo de reiterada avaliação independente, profunda, racional e -- por que não -- dizer com gosto, cheiro e forma de lamento. Não há nada pior para um jornalista do que escrever o que tem de ser escrito em forma de uma flecha que também o atinge, porque faz parte do ecossistema de informações. 

 MULTIFUNCIONALIDADE

A especialização é parente muito próximo da multifuncionalidade. Sem especialistas não se alcança a diversidade funcional. Com vagar, é mais que possível, é certo, que um profissional de jornalismo absorva várias atribuições que o convencionalismo editorial subdivide entre vários colaboradores.

As diversas fases que caracterizam a linha de montagem editorial podem ser compactadas com evidentes vantagens de tempo e recursos financeiros. Um mesmo jornalista pode desempenhar funções de pauteiro, repórter, redator, editor, titulista e legendista. E não se observe esse encadeamento como algo tecnicamente inconciliável. Trata-se de gestão compulsória de atributos pessoais. Basta querer. 

É assim que iniciamos uma revolução na Editora Livre Mercado, onde metade da equipe editorial é formada de jovens ainda inexperientes.

Destacamos esse caráter de juventude que caracteriza parte dos quadros editoriais da Editora Livre Mercado para que não se avoque a impossibilidade de combinar revolução e inexperiência. Os resultados não são semelhantes entre os dois grupos de profissionais.

Os jornalistas com maior experiência e que tiveram de adequar-se ao novo modelo, vindos todos do arcaísmo de uma hierarquia atávica, compreenderam a importância de se tornarem donos de cada produto que têm na mão — sim, a eles entregamos a responsabilidade e o prazer de extraírem o máximo de insumos.

Quem redige a matéria tem mais facilidades para escolher a foto, sacar um título, optar pela melhor legenda, redigir o texto de chamada de primeira página, coisas assim. Ao editor compete, entre outras tarefas, a homogeneização da linguagem que, por sua vez, é uma das frondosas ramificações da mesma árvore editorial. A isso se dá o nome de personalidade editorial.

A introdução do sistema de multifuncionalidade conjugada com especialização poderá causar certo impacto no início, mas a mensagem que será passada aos profissionais permitirá amortecer eventuais desconfortos.

Primeiro porque poucos resistirão à tentação de apropriarem-se de cabo a rabo dos produtos sob sua responsabilidade. Segundo porque a perspectiva favorecerá o enriquecimento técnico. Terceiro porque estará firme no horizonte a oportunidade de a racionalidade associada à qualidade gerar maiores rendimentos salariais porque os mais apetrechados acabarão por galgar os melhores postos.

É impressionante como os profissionais que se motivam com a multifuncionalidade — e a motivação é praticamente compulsória — acabam por se preocupar muito mais com o conjunto da obra. Sim, porque eles passam a entender uma das leis soberanas do jornalismo: se a matéria é confusa, o título se torna um tormento e a legenda um desafio.

Não conseguimos enxergar uma redação que não tenha vocação a multiplicar funções. Estamos reproduzindo no campo editorial uma realidade prática do mundo da indústria de transformação. Mais e mais os chãos de fábrica patrocinam cases de engenhosidade funcional. Os núcleos de produção estão sendo ocupados cada vez mais por profissionais doutrinados a exercerem funções correlatas múltiplas. Vivemos tempos ultramodernos em que o conhecimento teórico aliado à funcionalidade prática faz a diferença.

Estabelecer limites fossilizados aos profissionais de comunicação é o caminho mais curto ao desperdício. Quando se descobre capaz de pautar, redigir, corrigir, titular e legendar, não há jornalista que não estufe o peito da autoestima. Que prazer tem um profissional, se de autocrítica dispor, em simplesmente executar uma dessas tarefas?

O mais interessante é que multitarefas se revestem de tanta sinergia individual e coletiva que acabam por agilizar o amadurecimento dos profissionais. Queimam-se etapas. Profissionais mais antigos e que não passaram pela experiência simplesmente acusam as dores do despreparo. Há profusão de casos de bons redatores péssimos titulistas, bons pauteiros péssimos redatores, bons editores e péssimos pauteiros.

 PARCERIA

As relações corporativas entre Editora Livre Mercado e Diário do Grande ABC vão depender também de áreas além do setor de insumos, mas no que estiver sob nosso gerenciamento não há dúvidas de que prevalecerão medidas cooperativas para racionalizar custos e implementar receitas.

O Prêmio Desempenho, realizado há 10 anos pela Editora Livre Mercado e poucas vezes tratado como produto da companhia Diário do Grande ABC, será pela primeira vez compartilhado dentro dos limites redacionais que esperamos frutíferos. Para isso, entretanto, teremos de fazer série de adaptações para corrigir posicionamentos do jornal.

Vamos a um exemplo prático e insofismável: raramente, muito raramente, e mesmo assim sem o conhecimento necessário na formulação dos cases, o Diário do Grande ABC publica reportagens que contam histórias de sucesso de nossos empreendedores privados, governamentais e não-governamentais, marca registrada do Prêmio Desempenho.

Prefere o jornal flutuar na superficialidade de noticiário do dia-a-dia, alguns importantes, outros apenas para preenchimento do espaço. Essa deformação é uma das sequelas da escravizante teoria e prática de o jornal pretender competir com os grandes veículos da Capital sem, entretanto, contar com meios materiais e humanos para tanto.

Por isso é relevante que o jornal tenha vocação e vontade editorial para acrescentar a livre iniciativa regional — sobretudo de pequeno e médio porte — em seu portfólio de publicações. Não fosse a Editora Livre Mercado — e isso é comprovável com simples ida aos arquivos –, os empreendimentos privados e mesmo os programas públicos e não-governamentais consagrados pelo Prêmio Desempenho seriam desconhecidos do público.

Não é preciso ir longe para pinçar alguns exemplos clássicos de que o Prêmio Desempenho, extensão da linha editorial de LivreMercado, firmou compromisso de reconhecimento dos cases de sucesso na região. Basta ver quantas vezes a Coop, a Bridgestone Firestone e tantas outras empresas regionais tiveram atuações destacadas além do noticiário convencional.

Nossa aproximação com a Bridgestone Firestone em 1999 se deveu a um case que escrevemos depois de entrevista com o presidente Mark Emkes, hoje dirigente máximo da companhia nas três Américas. A Reportagem de Capa — “A Lista de Emkes” — foi um sucesso extraordinário, entre outras razões, porque contamos como aquele norte-americano manteve a fábrica de capital japonês no território de Santo André. Ele conseguiu iniciar a injeção de mais de US$ 200 milhões de investimentos em contraposição à sedutora guerra fiscal que pretendia levar a indústria para outro município brasileiro, fértil em isenção de impostos.

Mark Emkes acabou eleito Empresário do Ano da Acisa, o case ganhou o título de Melhor dos Melhores do Prêmio Desempenho e o Legislativo de Santo André conferiu-lhe o título de Cidadão Andreense. Tudo depois daquela Reportagem de Capa.

As relações históricas do Diário do Grande ABC com a iniciativa privada no formato proposto e executado pelo Prêmio Desempenho jamais se efetivaram. De fato, o jornal é mais conhecido dessas e de tantas outras empresas apenas pelas publicações nos cadernos de classificados de empregos — muito mais no passado do que no presente, é claro.

Esse descompromisso editorial precisa ser reparado com certa urgência, já que o Projeto Diário50Anos depende também da sensibilidade editorial da companhia. Quando os insumos desprezam o território do qual o jornal vive economicamente, optando pelo descarado Complexo de Gata Borralheira de considerar 20 novas mortes no Irã mais importantes que os investimentos de uma metalúrgica de Diadema, o tamanho do rombo de inter-relacionamentos editoriais e comerciais é maior do que se imagina.

Percebe-se, portanto, que há um vácuo dividindo o jornal e a classe empresarial. Foram na realidade poucos os momentos na história do Diário do Grande ABC em que as empresas locais lhe interessavam como nutriente editorial. Lembro que ao assumir a redação do jornal em 1983, quando cuidei pessoalmente da tropa nos aspectos operacionais, sem poder de decisão para implementar estratégias mais profundas, encontramos uma Editoria de Economia com apenas dois profissionais.

Quando deixamos o cargo, dois anos depois, tínhamos oito profissionais e confesso, mesmo assim, naquela oportunidade, ainda não foi possível transmitir a importância de um jornalismo econômico regional. Viemos a empreender essa proposta em 1990, quando criamos LivreMercado e ainda estamos amadurecendo o projeto, porque há sempre inovações a ser aplicadas.

Temos muito o que construir na Editoria de Economia do Diário do Grande ABC, para onde haveremos de concentrar não só esforço de descoberta desse filão há muito identificado com a revista do grupo como também da própria dinâmica de recuperação da economia regional mais fortemente abalada pelos sucessivos planos econômicos que nos tiraram parte da riqueza industrial e do potencial de consumo.

Quem acompanha diariamente as páginas do jornal sabe o quanto essa editoria está alquebrada. A Economia do Grande ABC praticamente inexiste no Diário do Grande ABC, e quando aparece, se transforma num terror de imprecisões e manipulações de fontes suspeitíssimas.

O pesquisador João Batista Pamplona, durante três anos porta-voz da Agência de Desenvolvimento Econômico, foi demitido por causa dos constantes desmascaramentos estatísticos e interpretativos aos quais o submetemos. Durante todo aquele período ele — e outros pesquisadores menos ostensivamente deletérios nas informações — se tornou verdadeiro ídolo dos jornalistas do jornal.

Incapazes de compreender as nuances econômicas locais, entregues às baratas de uma hierarquia interna mambembe que simplesmente joga a editoria às traças, e embalados pela cegueira de um triunfalismo pouco lúcido, os responsáveis pela Economia do Diário do Grande ABC cometeram as maiores sandices informativas — documentadas especialmente no livro “República Republiqueta”, que lancei em 1º de abril de 2003 em homenagem sarcástica a todos aqueles que usam a mídia para interesses muitas vezes inconfessos e outras vezes por pura falta de competência.

É por essas e outras razões que convém assinalar neste documento que consideramos improrrogável uma aliança estratégica e operacional entre os membros da redação da revista e do jornal — sempre com cuidados iniciais para que não se gere melindres.

Poderemos maximizar a carga horária dos profissionais, bem como as próprias coberturas. Um simpósio que se realize dentro ou fora do território regional e cujo temário é de fundamental importância para a concepção editorial do jornal e da revista — no caso as questões metropolitanas — poderá ter a cobertura de um jornalista da revista, mais enfronhado no assunto.

A diferença entre o padrão de cobertura atual e o novo é que o Diário não dá importância ao tema, embora seja o veículo mais importante da Região Metropolitana depois dos diários sediados na Capital. A revista cobrirá o acontecimento, dando-lhe formato de texto adequado de revista, mas o repórter também ocupará espaços nos dias do evento com a descrição da série de debates. Aos poucos incorporaremos aos quadros de Economia do Diário do Grande ABC os preceitos de coberturas regionais, com ênfase nos cases que serão levados ao Prêmio Desempenho, as nuances das ações e inações das secretarias municipais de Desenvolvimento Econômico, ao imbróglio das Regiões Metropolitanas, principalmente da Grande São Paulo, e também aos pequenos negócios que eventualmente não estejam preparados para galgar o Prêmio Desempenho mas que tanto carecem de visibilidade — como fazemos hoje na revista.

Enfim, repassaremos ao jornal a cota da cara econômica que tanta falta lhe faz inclusive com objetivos comerciais decorrentes da sinergia ética entre os departamentos de redação e comercial. 

 OPERACIONALIDADE

Somente um diagnóstico que leve em conta o dia-a-dia de produção conseguirá aferir sem maiores riscos o grau de eficiência, de eficácia e de ineficiência do jornal. A diferença entre eficácia, eficiência e ineficiência é a mesma entre um goleador que marca gols em profusão mas inúteis contra adversários de baixo nível e sempre nega fogo quando se vê confrontado com a imperiosidade de decidir; um goleador que distribui artilharia harmoniosamente, sempre nos momentos mais delicados, sempre quando um gol faz a diferença de pontos preciosos; e um goleador em fim de carreira, incapaz de recuperar a velha forma e que, portanto, vive única e exclusivamente do passado.

Eficiência é fazer o melhor com mais agilidade, com alta rentabilidade individual, com amplo compartilhamento coletivo. Os artilheiros mais confiáveis são aqueles para os quais não converge toda a atenção de seus companheiros, mas são capazes de integrar-se de tal forma ao conjunto que extraem dessa simbiose os melhores resultados.

Detestamos apressar o passo sobretudo quando não contamos com fluxo de informações que consubstanciem argumentos. Entretanto, nos últimos dias, por força das circunstâncias e depois de receber relatório com nomes, datas de contratação, funções e salários dos profissionais da área de conteúdo do Diário do Grande ABC, chegamos a algumas conclusões precárias mas que, nos primeiros 30 dias de trabalho, poderão configurar-se autênticas veredas sobre as quais introduziremos nossa metodologia.

Aparentemente, há número desproporcional de profissionais de áreas-fim em relação às áreas-meio. Profissionais de áreas-fim são aqueles cujos nomes podem diariamente ser identificados pelos leitores, porque têm trabalhos assinados. Profissionais de áreas intermediárias estão na retaguarda. Suas identidades raramente chamam a atenção dos leitores porque o mercado consumidor é implacável com as aparências: não se compra um produto editorial pela retaguarda operacional, mas pelo pelotão de frente dos formuladores de textos e fotografias.

Esse desbalanço — insistimos em dizer que se trata de constatação sujeita a revisão durante o período de diagnóstico — poderia denunciar o enquadramento da área de conteúdo do Diário do Grande ABC na saia justa de um verbete que causa calafrios em quem procura encurtar sempre e sempre e de forma pragmática a distância entre dois pontos: burocratismo.

Isso mesmo. Há cheiro de burocratismo no ar — ou melhor, no relatório que recebi e que espero não reúna a amplitude que inicialmente vislumbro. Não consigo entender — e jamais vou ceder à tentação de me convencer de algo absolutamente sem nexo — que jornalistas contratados para escrever e exercer outras funções correlatas não consigam dar o recado inteiro.

Há profissionais no Diário do Grande ABC que simplesmente desapareceram dos radares de identificação explícita do produto. Basta lançar mão da coleção no arquivo e confrontar as assinaturas dos autores das matérias e das fotografias com o quadro de colaboradores. É claro que trabalham, porque senão não estariam na empresa, mas trabalham provavelmente mal: exatamente por serem os mais experientes não conseguem se comunicar diretamente com os leitores, expondo conhecimentos em forma de matérias, de artigos, de posicionamentos que ajudam a dar personalidade ao produto.

O que se passa, então? Na medida em que escrevemos, mais nos arriscamos a garantir que há um emaranhado funcional no setor de conteúdo do Diário do Grande ABC que afronta os critérios de produtividade.

 Por mais que o cotidiano seja intenso — e o é realmente numa redação de jornal diário — não existe justificativa sustentável para o editor desaparecer das páginas — exceto a burocracia, evidentemente. A multifuncionalidade já mencionada contribuirá imensamente para recolocar as peças nos devidos lugares. Editor que não escreve é como pedreiro que não assenta tijolo, é como cantor que não canta, é como piloto que não dirige; ou seja, é a negação descarada da função.

Provavelmente, muito provavelmente, por força dessas mais que evidentes anomalias estruturais em que se privilegia sobremodo o tecnicismo funcional em detrimento da exploração do potencial de cada profissional, o Diário do Grande ABC apresente a singela marca de conferir a boa parte de seus colaboradores um sistema de banco de horas que premia enormemente a mão-de-obra e sacrifica terrivelmente o produto.

Enganamo-nos ao afirmar ainda outro dia que há funcionário da área de conteúdo que já gozou de férias de 60 dias por conta do banco de horas. Desconhecia até então que há situações mais alarmantes — um colaborador teria descansado quase 120 dias corridos.

Não são apenas os dias corridos que corrompem e desmantelam qualquer enunciado voltado à qualidade do produto. Também há operações pinga-pinga, bate-volta, de três, quatro, cinco dias de descanso remunerado. Essa intermitência funcional é quase tão danosa quanto os casos de turismo remunerado.

O Diário do Grande ABC talvez tenha se esquecido da lógica acaciana de que, ao desprezar o consumidor de informação em favor de vantagens funcionais a seus colaboradores, o mesmo consumidor surrupiado pela imprecisão das informações também pode — e geralmente o faz — esquecer o jornal.

Já imaginaram se uma linha de produção de qualquer coisa menos dependente de cérebro — as linhas de montagem de veículos, por exemplo, cada vez mais automatizadas — também contasse com esse disparate metodológico? É provável que os casos de recall seriam muito mais frequentes e o comprometimento da imagem da companhia não se tornasse apenas uma tempestade passageira.

Fossem as férias curtas ou longas no campo editorial uma ousada inovação de se tirar o chapéu, as telenovelas da Globo provavelmente se inspirariam nesse modelo de reformismo funcional, retirando de cena durante vários capítulos importantes personagens de seus dramalhões sempre bem dirigidos.

Um jornal não é outra coisa senão uma grande telenovela, com a vantagem de que há novos personagens a cada dia a acrescentar mais interesse dos leitores. Um jornal com uma equipe de colunistas de peso regional, por exemplo, segura a audiência. Como descartar que entre os colunistas estejam os editores, por exemplo?

Ainda sobre essa questão — a questão das férias prolongadas ou intermitentes decorrentes do banco de horas — algumas conclusões emergem menos como especulação e mais como experiência prática.

Primeiro: se há profissional cuja dispensa dos afazeres pelos quais foi contratado incide perfil tão escandalosamente antiprodutivo, é sinal de que não faz parte das necessidades vitais da empresa.

Segundo: a negativa dessa avaliação, ou seja, de que o profissional em constante vacância funcional não estaria na lista dos improdutivos, requer da estrutura funcional urgente modificação. Qual é a solução? Controlaremos todos os setores de conteúdo da empresa num primeiro instante e, em seguida, repassaremos aos responsáveis por área os conceitos que serão imediatamente aplicados e que, em resumo, constarão do seguinte enunciado: em situação de normalidade, nenhum profissional deve gozar de período de férias ou de qualquer malabarismo de descanso que ultrapasse os limites convencionais ditados pela legislação, pelo bom senso e pelo dogma de que o produto está em primeiro lugar.

Longe de mim imaginar que está em franca evolução na área de conteúdo do Diário do Grande ABC uma grande fuzarca funcional em que, deliberadamente, se construiu um banco de horas cuja finalidade principal seja sangrar a qualidade do produto. Embora essa suspeita seja apenas especulação, não conseguimos encontrar justificativas e explicações para o saqueamento permanente da engrenagem editorial.

Quem seria capaz de opor-se à projeção que deslocaria maliciosamente o banco de horas do Diário do Grande ABC para a passarela carnavalesca da locupletação geral e irrestrita dos colaboradores? Como estabelecer e exigir valores laborais à fixação e à manutenção de um núcleo editorial cujo amanhã seja a continuidade do ontem se parte dos colaboradores desaparece da linha de produção e, dadas as peculiaridades do descanso, acaba mesmo sem querer se desvinculando do compromisso social do produto?

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