Economia

PIB de 2021 avança, mas
Santo André decepciona

  DANIEL LIMA - 15/12/2023

O IBGE divulgou oficialmente ontem o PIB dos Municípios Brasileiros de 2021, ano seguinte aos maiores estragos da pandemia do Coronavírus. A boa e mais que esperada notícia é que a região se recuperou da perda da temporada de 2020. Comemorem enquanto é tempo. Porque o que vem a seguir é desagradável, infelizmente. Há duas más notícias: Santo André frustrou a expectativa com o pior índice regional. E o PIB da região continua muito abaixo do PIB registrado em 2014, temporada imediatamente anterior à catástrofe de 2015 e 2016, que tem nome e sobrenome: Dilma Rousseff. 

Mais que nome e sobrenome, tem também um padrinho efetivo, porque tudo começou com ele na gastança do segunda mandato, quando imaginou que a farra das commodities garantiria gastos constantes.  

Claro que estou me referindo ao então presidente Lula da Silva, dono de um primeiro mandato vitoriosíssimo. Dilma Rousseff agravou tudo com uma incompetência que só os fundamentalistas não enxergam. Mais que não enxergarem, também negam. Mais que negarem, também contestam.  

FAZENDO AS CONTAS  

O PIB Geral da região em 2021 registrou o total de R$ 150.576.376 bilhões. Um crescimento nominal (ou seja, sem considerar a inflação do período) de 17,28%. Quando se aplica o IPCA de 10,06%, o crescimento cai para 6,56%. No ano anterior, 2020, o PIB da região registrou o total de R$ 128.389.075 bilhões. Atualizado esse valor pelo IPCA, chega-se em dezembro de 2021 a R$ 141.305.159 bilhões. Dessas contas sai o resultado oficial do PIB, de crescimento de 6,56% entre um ano e outro. Entre 2015 e 2021 a queda é de 20,33%.  

O crescimento do PIB Geral de Santo André entre 2020 e 2021, descontada a inflação do IPCA do período, avançou apenas 0,67%. Oito vezes menos que o cresciment0 de São Bernardo, com 8,19% também em termos reais.  

Diadema e Mauá foram superiores a São Bernardo: 10,35% e 9,27%. O avanço de São Caetano foi um pouco menos frustrante do que o de Santo André, com índice de 1,30%. As pequenas Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, que representam 2% do PIB da região, cresceram 5,50% e 2,90%. 

MAIS QUE FRUSTRAÇÃO  

A frustração causada por Santo André é mais que frustração, com perdão da redundância. É também preocupante. A expectativa de que a Doença Holandesa Petroquímica seguraria as pontas depois de o ano coronavírus anterior negativo se esvaiu. O setor químico e petroquímico tem participação relativa de quase 80% nas cadeias produtivas de Santo André, mas gera menos empregos do que outras atividades que se escafederam durante longos anos de desindustrialização.  

Cada vez mais é preciso lembrar que causa certo constrangimento ouvir o Hino Oficial de Santo André que faz referência ao Viveiro Industrial.  

A cidade que até os anos 1960 concentrava as maiores riquezas da região virou Viveiro Assistencial. Tanto que a mulher do prefeito Paulinho Serra, Carolina Serra, estourou na periferia e ganhou uma vaga na Assembleia Legislativa com um projeto que acertou em cheio. Foi uma espécie de Bolsa Assistencialista a maior incubadora de votos de um representante do Legislativo Estadual na história da região.  

O que provavelmente aparecerá no futuro que está sendo escrutinado é que Santo André segue a se desindustrializar sem que se perceba claramente. Há uma mais que provável erosão de outras atividades industriais, principalmente. O setor químico e petroquímico escamotearia essa degringolada, mitigando as perdas mas não sustentando grandes voos. 

Santo André perdeu ao longo de três décadas várias cadeias da indústria de transformação. Já escrevemos muito sobre isso. O assunto é proibido nos corredores do Paço Municipal. E também nas instâncias sociais e empresariais. Há uma caça às bruxas para manter Santo André com ares de progresso. Nada que se sustente. Até porque, o setor de serviços não tem valor agregado. Os salários são baixíssimos.  

PIB CONGELADO  

Semelhante a Mauá no predomínio da indústria química e petroquímica, ou seja, na Doença Holandesa que significa dependência demais de determinados setores, Santo André praticamente congelou o PIB de 2021 em relação ao ano anterior. Diferentemente disso, Mauá cresceu 9,27% na temporada de 2021.  

A dependência de Mauá do Polo Petroquímico é relativamente maior, mas não serve de explicação à distância no PIB de um ano para outro. Tudo indica que a cadeia químico-petroquímica de Mauá é mais densa e outras matrizes industriais não seriam tão vulneráveis quanto as que restaram em Santo André. Tenho acompanhado atentamente todos esses movimentos contando nem sempre com dados primários confiáveis. As prefeituras escondem ou também não os têm.  

Antes que esta temporada termine vamos avançar em vários aspectos do PIB Geral e também do PIB de atividades específicas da região em 2021. De imediato, até mesmo para que eventuais manchetes triunfalistas não levem a sociedade ao engano, não custa comparar o que foi a região em 2021 em relação ao que era em 2014. 

A marca temporal de 2014 é essencial em qualquer estudo que tenha a economia da região como objeto de análise. Aquele ano é o marco inicial de uma derrocada suplementar que veio em seguinte, durante os anos de 2015 e 2016 do governo Dilma Rousseff, presidente deposta por abusar das contas públicas. 

CADÊ SANTO ANDRÉ?  

O ABC Paulista de 2021, quando comparado ao ABC Paulista de 2014, conta com um mapa geoeconômico a menos. Desapareceu praticamente uma Santo André, segunda maior economia da região e que juntamente com São Bernardo e São Caetano representa 72% do PIB Regional. 

Na temporada de 2021, anunciada ontem pelo IBGE Santo André registrou PIB Geral de R$ 32.620.295 bilhões. Esse valor representa praticamente empate técnico quando confrontado com os R$ 30.611.480 bilhões que desapareceram da região em forma de PIB Geral durante os dois anos catastróficos de Dilma Rousseff, entre 2015 e 2016. Traduzindo: Dilma Rousseff explodiu economicamente com uma Santo André de PIB Geral.  

Dilma Rousseff conseguiu superar o desastre do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso na região. Com Dilma Rousseff, naqueles dois anos fatídicos, a região perdeu nada menos que 96 mil empregos com carteira assinada. Procure em alguma mídia da região por esse número e você não vai encontrar. Dar números aos bois é essencial ao escrutínio da realidade regional.  

Esse resultado decorre da atualização do PIB Geral da região na temporada de 2014. Os sete municípios registraram o total de R$ 120.190.949 bilhões em valores nominais naquela temporada que encerrou o primeiro mandato de Dilma Rousseff.  

Quando se aplica a correção inflacionária pelo IPCA do período de primeiro de janeiro de 2015 a dezembro de 2021, chega-se à inflação de 50,75%. Em termos reais, de dezembro de 2021, o PIB Geral de 2014 na região chega a R$ 181.187.856 bilhões. Nada menos que R$ 30.611.480 acima do PIB de 2021 anunciado ontem.  Veja o PIB dos sete municípios da região em 2021: 

1. São Bernardo com R$ 53.504.944 bilhões. 

2. Santo André com 32.402.189 bilhões. 

3. Mauá com R$ 18.850.398 bilhões. 

4. Diadema com R$ 16.571.993 bilhões. 

5. São Caetano com 15.365.141 bilhões. 

6. Ribeirão Pires com R$ 3.677.008 bilhões 

7. Rio Grande da Serra com R$ 932.848 milhões. 

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