Sociedade

Por que a Casas Bahia está
deixando São Caetano? (1)

  DANIEL LIMA - 16/07/2021

Quem concentrar baterias explicativas à retirada da Casas Bahia de São Caetano tendo como premissa a exclusividade econômica comete um grave erro de avaliação. Questões econômicos estão abaixo do eixo político-partidário que movimenta a engrenagem eleitoral em São Caetano, com prefeito-tampão. A disputa política precipitou uma decisão administrativa estratégica que, mais dia, menos dia, viria.  

Como há várias vertentes que precisam ser utilizadas à compreensão da transferência então silenciosa e gradual do principal símbolo doméstico de São Caetano na atividade econômico-social, o melhor é cuidar disso tendo como sustentação mais que uma edição. Não dá para esgotar o estoque de fatos e argumentos hoje.  

Por conta disso, ou seja, de que a saída da Casas Bahia não pode ser tratada como causa única, o melhor mesmo é o aprofundamento das informações e conclusões. Quem sabe por conta de uma grande perda (e a Casas Bahia é uma enorme perda, independentemente dos aspectos fiscais que devem abalar de forma contundente as finanças do Município) não só para São Caetano, mas também aos demais endereços da região, espera-se que todos aprendam lições poderosas e reestruturantes. Ainda se acredita que a região é a cereja do bolo do progresso econômico e social do País.  

Monte de problemas  

Na verdade, dura verdade, insofismável verdade, o que temos no cardápio de raquitismo regional é uma combinação de gataborralheirismo sociológico e degringolada econômica. São Caetano é possivelmente o pior dos dois vetores. Além de concentrar uma característica também mais pronunciadamente deformadora: a substituição deletéria dos formadores de opinião comuns em sociedades relativamente avançadas por concentradores de opinião. Agravando-se tudo isso, tem-se também monolítico grupo de tomadores de decisão.  

Tudo isto posto preliminarmente, vamos aos pontos principais da debandada física (não venham com a conversa mole de que a empresa estará em outro endereço de São Caetano porque isso não cola) da Casas Bahia. Lembrando que apenas o primeiro item será abordado hoje. 

1. Retaliações político-partidárias. 

2. Gerenciamento público omisso.  

3. Empoderamento de minorias.  

4. Desmoronamento competitivo. 

Muitas ramificações 

Não custa lembrar que esse quadrado conta com ramificações viscerais à compreensão dos fatos atuais e históricos. São Caetano é um endereço sem futuro econômico sustentável e em estágio permanente de esvaziamento de capital social. 

A questão político-partidária está na raiz da saída da Casas Bahia. O convite aceito pelo filho de Samuel Klein, Saul Klein, para concorrer na chapa de Fabio Palacio à Prefeitura, como vice, detonou processo de destruição da imagem de um dos Klein. Em seguida, do principal Klein, Samuel. Foram consumados assassinatos sociais tendo políticos, correligionários e mídia local e nacional como executores implacáveis.  

Tanto num caso (de Saul Klein) como no outro (do patriarca Samuel Klein) não há uma sentença transitada em julgado que possa ser desfraldada em favor dos acusadores. Não se registram provas, por mais que o Sistema Judiciário tenha sido acionado.  

Profanação do patriarca  

No caso de Samuel Klein, o estardalhaço recente invade o terreno da especulação e ingressa na grande área da profanação. Afinal, Samuel Klein morreu há mais de seis anos, aos 91, e ao ser sepultado não carregava uma condenação sequer no campo de suposta exploração de mulheres, inclusive menores de idade.   

O que era interpretado no passado pela opinião pública silente como extravagâncias de Samuel Klein, foi potencializado e criminalizado nestes tempos de vale-tudo pela audiência que, diferentemente do que afirma a mídia tradicional, não estacionou em agressões apenas nas redes sociais.  

No caso de Saul Klein, o que temos é um inquérito policial que, segundo fontes bem-informadas, e também segundo provas documentais de que dispõe CapitalSocial, além de avaliação inicial do Judiciário, se trata de um golpe de quadrilhas que contam com mulheres inconformadas com a ruptura de um comportamento sexual não-convencional de Saul Klein --- sobretudo num período em que estava à deriva, impactado por uma das piores doenças, a depressão.  

Acusadora psiquiátrica  

A principal acusadora de Saul Klein, uma ex-namorada, construiu um manancial de provas contra ela mesma, além de ser freguesa de caderneta de clínicas psiquiátricas. Mais: tem um histórico que não a credencia a outra condição senão de duvidosa fonte de informações e, complementarmente, integrante da quadrilha de extorsionistas.  

As denúncias que atingiram o filho Saul Klein foram ao público numa reportagem do portal UOL, antecipando-se à coluna do dia seguinte de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, numa semana que se completou com 14 minutos metralhadores no Fantástico, da TV Globo. Tudo em dezembro do ano passado. Recentemente, a CNN Brasil embarcou no mesmo barco furado – até prova em contrário.  

Tudo o que foi à mídia partiu de Ana Banana, a campeã de sessões psiquiátricas, tendo como executoras dos planos a promotora criminal Gabriela Manssur e a feminista travestida de advogada Gabriela Souza.  

Situacionistas à frente  

Fontes bem-informadas colocam os situacionistas de São Caetano na linha de frente das denúncias. Era preciso abater a imagem de Saul Klein. Não se pretendia chegar a Samuel Klein. Os desdobramentos saíram do controle.  

A disputa pela Prefeitura de São Caetano estava em jogo. De peça-chave na campanha de Fabio Palacio, Saul Klein virou estorvo logo descartado sem qualquer habilidade política. Saul Klein foi lançado às traças.  

Os situacionistas vibraram com a queima de prestígio da chapa. Tudo isso se deu após as eleições de novembro penhoradas pela Justiça. O vencedor, José Auricchio Júnior, não pode comemorar a vitória porque a candidatura teria trafegado pela ilegalidade. O impasse segue.  

O presidente do Legislativo, Tite Campanella, virou prefeito. As publicações locais, de semanários comprometidos com o prefeito da vez em São Caetano, demonizam Saul Klein. Como se não bastassem alguns veículos da Capital. Especialmente o UOL.   

Caça aos ricos  

A introdução de Samuel Klein na pauta político-partidária é consequência direta do Caso Saul Klein. A dúvida sobre a possível nova data eleitoral em São Caetano estica a corda de pressões. Mesmo fora do baralho da candidatura de Fabio Palacio, relacionar a Família Klein à disputa municipal é uma maneira ardilosa de enfraquecer o adversário do Palácio da Cerâmica. De ativos políticos e sociais, os Klein viraram micos.  

E assim se fez também quando Samuel Klein foi retirado do descanso eterno. De ícone do empreendedorismo nacional, e, particularmente, personagem extraordinário do Grande ABC, virou um devorador de menininhas. Tudo tendo a advogada Gabriela Souza nos bastidores. 

Não há provas que liguem a promotora Gabriela Manssur à empreitada. A Agência Pública, revista virtual que tem os ricos como alvos preferenciais, porque comunga com uma política internacional em defesa do socialismo e de supostas minorias, especialmente mulheres, tratou de execrar Samuel Klein. A proposta central é atingir o pai para criminalizar o filho.  

Segunda-feira tem o próximo capítulo. A Casas Bahia não está indo embora por acaso. A política-partidária sempre demolidora é a comissão de frente.  

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