CLUBE DOS PREFEITOS
COM TRIPLO COMANDO

Sei que é perda de tempo esperar dessa turma de prefeitos que está aí uma ação reestruturante no Clube dos Prefeitos do qual eles supostamente são proprietários provisórios. Sei que vão ficar no imediatismo de pautas convertidas em perda de tempo ou não vão resolver os reais problemas do Grande ABC.
Por isso, mesmo sabendo que vou perder tempo, apresento hoje uma proposta que jamais produzi entre tantas a esse grupamento que não honra as calças da regionalidade desde que Celso Daniel, criador da instância, foi-se embora. E a bem da verdade, mesmo com Celso Daniel já dava sinais de esgotamento. Os medíocres contaminam os bons de bola.
Não quero me exceder na expectativa do que vou apresentar, mas creio que, olhando para algo mais profundo, o encaixe do Clube dos Prefeitos em três dimensões teria força retroalimentadora que, no médio prazo, criaria energia sistêmica entre os municípios e no longo prazo daria, finalmente, uma resposta ao ceticismo que perdura há quase 35 anos, ou seja, desde que a instância foi criada em dezembro de 1990.
TRÊS DIMENSÕES
Sempre defendi a profissionalização do Clube dos Prefeitos, inclusive com a adoção de espécie de CEO, como a Anfavea ( o Clube das Montadoras) agora incorporou. Dessa forma, cada prefeito não responderia nem pelo dia a dia e tampouco pelas medidas da fase construtiva que seriam finalmente adotadas, embora participassem intensamente dessa formulação.
Um Clube dos Prefeitos com um secretário executivo que desse energia de corporação competitiva é o meu sonho de consumo. Inclusive porque, e esse é um ponto vital, sendo um profissional técnico, de estudos e análises, de visão regionalista com amplo conhecimento de competitividade nacional e internacional, se livraria da tutela de agentes políticos, por mais graduado que fosse na hierarquia.
Para não perder mais tempo com firulas, a proposta é a seguinte: o Clube dos Prefeitos seria dirigido por três executivos contratados sem vinculação político-partidária e atuariam, em sincronia, em três áreas conectáveis, porque representativas das demandas de regionalidade.
TRÊS EXECUTIVOS
Um executivo voltado à Economia como um todo, um executivo voltado ao Social como um todo e um executivo voltado à Institucionalidade como um todo.
Como nada que produzimos é fruto de individualidades, exceto uma ou outra ação mais atrevida, a sugestão está respalda em modelos diretivos que estão na cara de todos. Há instituições especializadas principalmente nas áreas de Economia e Social.
O Índice de Progresso Social, que chamo de Campeonato Brasileiro de Qualidade de Vida, seria o referencial à contratação do Executivo Social. Os indicadores econômicos diversos demandariam a vinda de um Executivo Econômico. E o já morto e enterrado Fórum da Cidadania seria a inspiração à chegada de um Executivo Institucional.
Com essa tríplice aliança de profissionais do ramo, o Clube dos Prefeitos teria papel múltiplo, complementar, progressivamente convergente e decisoriamente produtivo além da individualidade temática.
O organograma do Clube dos Prefeitos colocado em prática é um samba do criolo doido, segundo quem conhece bem a estrutura da entidade. Não há um modelo que possa garantir qualquer coisa mensurável em produção, produtividade e conectividade com o amanhã. Os programas não têm complementaridade entre si e são guiados, vários deles, pelo ambiente de imediatismo.
MOTOR DE ARRANQUE
Com o modelo tripartite dirigido por executivos comprovadamente preparados, não penduricalhos políticos e eleitorais como se tornou praxe, o Clube dos Prefeitos teria um motor de arranque que, por mais que gerasse redundâncias iniciais, acabaria por tentativa e erro de encontrar o caminho da setorização que desaguaria em um recorte de interlocução a festejar.
Não abro mão do modelo de um Clube dos Prefeitos que estabeleça prioridade ao Desenvolvimento Econômico, entre outras razões porque as demais áreas, Social e Institucional, sempre se comportaram, quando se comportaram, ainda mais deficitárias.
Entretanto, com esse alinhamento tripartite, desde que obedecidos critérios profissionais, o Clube dos Prefeitos poderia sim ser multiplicado por três com projeção de acelerar o rimo de uma regionalidade tanto escassa quanto inútil.
SITUAÇÃO DRAMÁTICA
Por mais que sempre tenha revelado inquietação com o Grande ABC ao priorizar em centenas de análises os desarranjos econômicos, pátria desalmada de todo o resto de derrapagens regionais, confesso que o mapeamento da qualidade de vida regional no interior do território nacional, como apresentei nos últimos dias, é uma bordoada de autocrítica.
Temos de cuidar e muito do que nos leva a inúmeras ineficiências que esgotam a resistência social da região. E não podemos perder tempo. Tanto quanto não podemos esquecer que a fonte do naufrágio social é o desmantelamento de diversas cadeias de produção industrial. Restaram poucas que se concentram, especialmente a automotiva, numa bomba-relógio internacional de competitividade insana.
O Clube dos Prefeitos com o qual sonho não tem nada a ver com os alardes dessa turma e das turmas anteriores nas páginas de jornais de papel e na mídia digital. Há muita papagaiada que se repete sem parar. O Clube dos Prefeitos com que sonho estabeleceria relações cooperativas com técnicos especializados de instituições que dominam estudos nos campos de Economia e Social.
MUITO OU POUCO?
As questões institucionais seriam entregues, também, a especialistas em relações públicas que envolve um feixe de organizações, corporações e associações privada e públicas, quando não governamentais. Tanto no interior do Grande ABC quanto fora.
Para que esse projeto ganhe força, velocidade e praticidade os prefeitos do Clube dos Prefeitos devem abandonar o proselitismo e assumirem na esfera pública a liderança de alinhavar uma costura de engajamento que, entre outras definições, reforce o orçamento financeiro da organização.
O Clube dos Prefeitos tem receitas pífias ante as necessidades de regionalidade e como o ciclo vicioso é grosseiro, acaba tendo receitas exageradas para uma regionalidade fracassada.
Não cabe discutir se o ovo da incompetência da organização veio primeiro que a galinha do potencial retrancado de regionalidade, ou o inverso. Fato é que uma coisa levou à outra e as duas expõem os fundilhos sujos do Grande ABC na fita do Campeonato Brasileiro de Qualidade de Vida.
Como se não fosse suficiente a vergonha repetida a cada nova temporada nos mais variados indicadores econômicos, agora contamos com o acréscimo de um grupo territorialista que se finge de regionalista com o objetivo de controlar toda a sociedade.
Aliás, é por estar exatamente nesse estágio de imperialimo de um grupo cada vez mais fechado, e que conta com a quase totalidade da mídia para neutralizar os opositores, ou melhor, os contraditórios, que a missão de quem quer seja à frente do Clube dos Prefeitos se torna improvável à adoção do comando de um triunvirato de encaixes estratégicos.
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