Indústria de Sorocaba move
virada contra Santo André

A disputa entre Santo André e Sorocaba que estamos promovendo para comprovar que a subjacente questão de Grande São Paulo versus Interior do Estado é uma barbada sobre os efeitos tonificadores e predatórios da industrialização e da desindustrialização reúne mais quatro indicadores importantes.
Depois dos dois primeiros (PIB Geral por habitante e PIB de Consumo por habitante) reunimos hoje indicadores do mercado de trabalho e variáveis por categorias profissionais mais relevantes na composição de massas salariais.
O resultado conjugado dos quatro quesitos que listamos e investigamos aumenta a diferença favorável a Sorocaba diante de Santo André. O placar inicial dos dois indicadores já escrutinados (23,61 a 20,29) aumentou para 46,01 a 21,25 com os novos 22,40 pontos de Sorocaba frente a apenas 0, 96 de Santo André.
GANHOS E PERDAS
A desindustrialização de Santo André, já exposta nesta série, com dados de 1999 e de 2020, conforme o PIB dos Municípios Brasileiros, contrasta com a industrialização de Sorocaba no mesmo período. E os quatro indicadores agora listados mostram os efeitos diretos dessas transformações na massa de salários em cada Município.
Desta feita, diferentemente da primeira edição que comparou mudanças ocorridas tanto no PIB Geral como no PIB de Consumo, não há dados estatísticos que emparelhem período semelhante. Mas os números são suficientes quando atrelados aos dois indicadores já verificados. Nada pé por acaso.
O mercado de trabalho reflete mudanças econômicas que fizeram de Santo André endereço de evasão de indústrias enquanto Sorocaba adensava o parque fabril, principalmente a partir dos anos 1990.
VEJA OS INDICADORES
Essa batelada de indicadores coloca Sorocaba em aguda vantagem sobre Santo André exatamente por conta do poderio econômico industrial. Mais precisamente de emprego formal, que é o emprego com carteira assinada. Veja os quatro indicadores listados e destrinchados:
1. Média salarial geral dos trabalhadores de todas as atividades econômicas.
2. Média salarial dos trabalhadores do setor industrial.
3. Média salarial dos trabalhadores do setor de serviços.
4. Média salarial dos trabalhadores do setor de comércio.
MÉDIA E DEMOGRAFIA
Por si só, o critério de média salarial elimina eventuais distâncias demográficas entre o mercado de trabalho dos dois municípios. No caso dessa disputa, nem seria preciso.
Escolhemos Santo André e Sorocaba para o combate Grande São Paulo versus Interior do Estado exatamente porque são endereços demograficamente bastante próximos.
Tanto são semelhantes que o universo de trabalhadores com carteiras assinadas é praticamente igual: Santo André contava em dezembro de 2021 (esse é o marco desse estudo, porque reúne os dados mais atualizados pelo Ministério do Trabalho) com 203.274 trabalhadores, ante 205.332 de Sorocaba.
A distribuição dos trabalhadores por atividade econômica é flagrantemente desigual (e com efeitos irradiantes) no setor industrial.
QUASE R$ 2 BILHÕES
Enquanto em Santo André apenas 12,99% dos empregos formais estão na indústria de transformação, num total de 26.404 trabalhadores, em Sorocaba são 27,22%, num total de 55.886 carteiras assinadas. Como a remuneração no mercado de trabalho é tradicionalmente maior nos municípios mais industrializados, Sorocaba obtém de imediato larga vantagem sobre Santo André.
É só observar que a massa salarial (sempre de dezembro de 2021) de Santo André no setor industrial naquele mês representou em valores de então o total de R$ 116.427.381 milhões, enquanto em Sorocaba o resultado foi de R$ 280.249.987 milhões. Uma diferença naquele dezembro de 2021 de R$ 163.822.260 milhões.
Extrapolando os valores por uma temporada de 12 meses de forma linear, apenas para compreensão do contraste, e sem contar o 13º salário, Sorocaba alcançaria uma vantagem anual de R$ 1.965.871 bilhão.
INFLUÊNCIA FORTE
A influência do emprego industrial em Sorocaba está clarificada nos dados, tanto quanto em Santo André. Enquanto a cidade do Interior conta com 27,22% dos trabalhadores em geral registrados na indústria, com influência de 38,13% na massa salarial geral, em Santo André os apenas 12.99% de trabalhadores industriais têm influência de somente 17,62% na massa salarial geral.
Como há mais trabalhadores industriais em Sorocaba do que se observa internamente em Santo André, a divisão por categoria econômica também se torna diferenciada nos dois endereços. O peso do setor de serviços em Santo André é de 54,95% do total de trabalhadores, com 111.695 carteiras assinadas, enquanto em Sorocaba são 40,43% do total geral empregados na área, num total de 83.018 carteiras assinadas.
O universo de trabalhadores do setor comercial nos dois municípios é semelhante. Em Santo André são 20,55%, num total de 41.773 carteiras assinadas. Em Sorocaba são 22,50%, num total de 46.214 carteiras assinadas.
PONTOS DE DIFERENÇA
A média salarial no setor industrial de Sorocaba é 12,07 pontos superior à registrada em Santo André. Ou seja: a participação do salário médio industrial de Santo André corresponde a 87,93% do registrado em Sorocaba. Sorocaba leva vantagem de 12,07 pontos percentuais.
Em Santo André são R$ 4.409,46 mil ante R$ 5.014,67 de Sorocaba. A distância de valores monetários entre os dois municípios se dá, portanto, não só porque Santo André conta com menos da metade dos trabalhadores industriais de Sorocaba, mas também porque o salário médio em Sorocaba é superior.
É claro que com essa larga vantagem, Sorocaba acabaria dominando também o segundo quesito da disputa com Santo André no mercado de trabalho – média geral, que leva em conta todas as atividades.
MÉDIA GERAL
A média salarial geral de Santo André em dezembro de 2021 correspondia a R$ 3.250,73 mil, enquanto em Sorocaba se registrava R$ 3.579,01. O salário médio geral em Santo André equivalia a 90,83% do salário médio de Sorocaba. Ou seja: Sorocaba leva vantagem de 9,17 pontos percentuais.
Como se observa, Sorocaba já fez dois gols contra nenhum de Santo André nessa segunda rodada da competição -- no salário médio dos trabalhadores industriais e no salário médio de todos os trabalhadores.
E faz o terceiro gol no quesito salário médio dos trabalhadores do setor comercial. A média de Santo André é de R$ 2.482,12 mil, enquanto de Sorocaba é de R$ 2.511.13. Ou seja: a participação do salário médio do setor comercial de Santo André corresponde a 98,84 de Sorocaba. Sorocaba leva vantagem de 1,16 ponto percentual.
Apenas no quarto quesito dessa disputa Santo André contabiliza vantagem sobre Sorocaba, e mesmo assim com ínfima margem. No assalariamento médio do setor de serviços, Santo André marca R$ 3.040,11 mil, enquanto Sorocaba contabiliza R$ 3.011,00. A participação relativa de Sorocaba no confronto com Santo André nesse quesito é de 99,04%. Ou seja: Santo André leva vantagem de 0,96 ponto percentual.
QUALIDADE DE VIDA
O que provavelmente mais surpreende quem entende que indústrias deixam Santo André e a região por conta exclusivamente de questões salariais não corresponde à realidade dos fatos quando Sorocaba é o endereço concorrencial.
A superioridade de assalariamento de trabalhadores industriais em Sorocaba dinamita a assertiva propagada. Paradoxalmente, isso representa uma péssima notícia. Afinal, está evidente nessa comparação entre Santo André e Sorocaba que também pesam outros fatores à debandada industrial.
Tudo poderia ser resumido na expressão “qualidade de vida”, que passa obrigatoriamente por questões de Segurança Pública, urbanismo, acessibilidade, logística, atendimento nas área de Saúde e Educação, entre tantos.
Por isso esta série de confrontos entre Santo André e Sorocaba vai invadir outros campos.
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