Santo André e São Bernardo
reagem pós-Dilma Rousseff

Responsáveis por 60% do PIB (Produto Interno Bruto) do ABC Paulista, Santo André e São Bernardo estão próximos de alcançar o estoque de empregos em geral de dezembro de 2014. Ou seja, os dois municípios devem comemorar ainda este ano a recuperação do mercado de trabalho dos dois anos seguintes, 2015 e 2016, da maior recessão econômica da história da região. Perdemos nos sete municípios nada menos que 22% do PIB e quase 100 mil empregos formais em 24 meses tenebrosos. Quando comparado ao estoque deixado por Dilma Rousseff em 2016, no segundo ano de recessão, o saldo dos dois municípios já é positivo.
Por essas e outras, quando você ler ou ouvir um deputado estadual, como o petista Luiz Fernando Teixeira, falar sobre a economia da região e imputar a terceiros o que não passa de propriedade exclusiva de Dilma Rousseff, é melhor se precaver. Luiz Fernando Teixeira é um embuste na área econômica.
Os resultados do emprego formal em Santo André e São Bernardo podem ser considerado modestos, mas os dois principais municípios da região têm o que comemorar na geração de carteira assinada. Está certo que pior não poderia ficar, mas de qualquer forma não se devem desprezar os dados.
QUASE ZERADO
O estoque de emprego geral (em todas as categorias) sofreu queda de 55.401 empregos formais nos dois anos de terrores de Dilma Rousseff (na região como um todo chegou a 97 mil em números redondos) e agora em setembro de 2023, ou seja, 81 meses depois, o saldo positivo é de 49.225 ante 2015-2016. Ante o estoque de dezembro de 2014 o saldo é negativo em 6.146 vagas.
Sempre considerando exclusivamente os dois maiores municípios econômicos da região, os dados mostram que São Bernardo recuperou o equivalente, numericamente, a 50 fábricas da Toyota, empresa que acaba de finalizar processo de mudança para o Interior do Estado.
A Toyota fechou a fábrica de autopeças em São Bernardo e deixou 550 funcionários desempregados na região. Um terço optou por transferência para o Interior.
No caso de Santo André, também tendo a Toyota da cidade vizinha como referencial numérico, foram recuperadas 39 unidades em forma de empregos formais.
MUNDO NUMÉRICO
A comparação é numérica e por isso mesmo vulnerável a mais incursões que se darão na medida em que novos números do mercado de trabalho forem divulgados pelo Governo Federal.
Empregos em geral e empregos industriais são diferentes no sentido mais profundo porque as ocupações industriais representam na região perto de 30% de adicional de rendimento mensal. Por isso o confronto é numérico. Não só por isso, claro. O emprego industrial reproduz riquezas a outro setores. No caso da região, é a força-motriz da economia.
Também numericamente São Bernardo gerou mais empregos em geral do que Santo André no período de 81 meses, ou seja, sempre a partir de janeiro de 2017, quando os prefeitos Orlando Morando e Paulinho Serra tomaram posse.
A atuação dos dois executivos públicos tem baixa interferência direta no mercado de trabalho no curto prazo, mesmo que o curto prazo seja de quase nove anos completos a partir do saldo geral de dezembro de 2014. Os dois prefeitos e os demais da região sofrem influência decisiva e muitas vezes deletéria da macroeconomia.
CIDADES DISTINTAS
São Bernardo é mais castigada pelas condições econômicas externas porque tem como base produtiva e portanto de geração de emprego industrial o setor automotivo, cada vez mais concorrencial no mundo.
A influência do setor automotivo é tão pronunciada que São Bernardo (assim como Diadema e São Caetano) sofre de Doença Holandesa Automotiva.
No caso de Santo André, a maior incidência setorial de emprego industrial é do Polo Petroquímico e ramificações. Não há termos de comparação entre as matrizes principais dos dois municípios.
O setor petroquímico gera menos emprego mas goza de maior estabilidade. O setor automotivo gera mais emprego mas também está sujeito a balanços que o impactam mais duramente.
Santo André (assim como Mauá) sofre de outro tipo de Doença Holandesa, no caso Petroquímica. Muito menos competitiva do que a automotiva. Ou seja: Santo André e Mauá estão menos suscetíveis às sacolejadas macroeconômicas. Desconsiderar essas distinções é aventurar-se cegamente em qualquer análise sobre o comportamento da economia dos municípios envolvidos.
SÃO BERNARDO MELHOR
Em termos quantitativos, nos seis anos e nove meses já consumidos pelos dois prefeitos das maiores cidades da região, São Bernardo contabiliza saldo positivo de 27.737 entre janeiro de 2017 e setembro de 2023 quando se consideram todas as atividades. Santo André soma saldo positivo de 21.737. Nada mais natural: São Bernardo conta com o triplo de trabalhadores industriais quando confrontada com Santo André.
Entretanto, quando se desloca o facho de luz de esclarecimento à relativização dos dois universos municipais, Santo André consolida uma vantagem bastante estreita, sempre considerando o total de empregos em geral.
Os 21.737 empregos formais gerados em todos os setores em Santo André em 81 meses de Paulinho Serra significam queda de 0,50% do estoque municipal quando confrontado com o estoque de dezembro de 2014, ou seja, antes da catástrofe de Dilma Rousseff. No caso de Orlando Morando a queda, sempre em relação a dezembro de 2014, é de 2,53%.
SANTO ANDRÉ MELHOR
Como se observa, do ponto de vista quantitativo São Bernardo tem tênue vantagem sobre Santo André, enquanto no campo dimensional é Santo André quem está na frente. No fundo, são resultados que se equivalem quando cruzados.
É importante redobrar atenção para entender o comportamento do emprego formal geral nos dois municípios. O saldo acumulado de São Bernardo e de Santo André está indexado ao resultado registrado em dezembro de 2016, pós-recessão de Dilma Rousseff.
Entretanto, quando se procura entender os estragos de Dilma Rousseff e o que veio em seguida com os dois prefeitos, o marco comparativo é dezembro de 2014, antes da recessão, que ainda registra déficit em São Bernardo e saldo mínimo em Santo André.
Santo André conta com saldo positivo de 1.112 carteiras assinadas entre dezembro de 2014 e setembro deste ano, enquanto São Bernardo ainda acumula déficit de 7.258 empregos destruídos no mesmo período, ou seja, dezembro de 2014.
SALDO DE 81 MESES
Somados, Santo André e São Bernardo apresentam saldo positivo de 49.225 trabalhadores formais desde janeiro de 2017. Como são 81 meses, a média mensal é de geração de 607 carteiras assinadas.
Os números são muito melhores que os 24 meses de Dilma Rousseff, entre janeiro de 2015 e dezembro de 2016, quando foram decepados 55.401 empregos formais nos dois municípios, reduzindo o estoque de 502.815 para 447.414 postos de trabalho. A média para cada um dos 24 meses de Dilma Rousseff é de perda de 2.308 postos de trabalho.
Ou seja: nos 81 meses pós-Dilma Rousseff, Santo André gerou 682 empregos formais por mês, enquanto com a ex-presidente nos dois anos de recessão o saldo negativo mensal chegou a 2.308 trabalhadores desempregados.
É de 2020 o mais recente medidor do PIB Geral dos Municípios Brasileiros, anunciado a cada dezembro pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 2020, o PIB Geral de Santo André alcançou 29.440.477 bilhões, enquanto São Bernardo registrou 48.514.342 bilhões. A soma dos dois municípios alcançou R$ 77.954.819 bilhões, ou 60,90% do PIB Geral da região.
PIB NO SÉCULO
No confronto entre Santo André e São Bernardo, a parte que cabe ao território dirigido por Orlando Morando corresponde a 62,23% do PIB Geral. Traduzindo: de cada R$ 100,00 gerados em forma de PIB Geral nos dois municípios, R$ 62, 00 estão localizados em São Bernardo. Antes da virada deste século, São Bernardo contava com PIB Geral de R$ 10.463,85 bilhões, ante R$ 5.954,25 bilhões de Santo André.
A participação relativa de São Bernardo, predominante na comparação, era de 63,73% do total de R$ 16.418,10 bilhões em 1999. Como se nota, a diferença é quase imperceptível após 21 anos (de 2000 a 2020 tendo 1999 como base de cálculo).
O resultado do PIB Geral não deixa de ser surpreendente. Afinal, São Bernardo é mais assediada no setor automotivo em relação ao crescimento quase compulsório do setor petroquímico. A resposta é simples para a manutenção da distância entre os dois municípios da região: Santo André mascarou a desindustrialização que segue porque contou com a proteção petroquímica, cada vez mais incidente no PIB Industrial.
Segunda-feira vou tratar diretamente dos empregos formais no setor industrial. Tanto Santo André quanto São Bernardo reagiram nos últimos 81 meses dos dois prefeitos. Reação é uma forma de amenizar a constatação de que Santo André e São Bernardo estão voltando ao mercado de trabalho de quase uma década atrás. Piores resultados que os deixados por Dilma Rousseff são impossíveis.
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