Administração Pública

RAPA GERAL APÓS O
DESASTRE DE DILMA

  DANIEL LIMA - 23/10/2025

Os moradores dos três municípios mais tradicionais do Grande ABC, que respondem por quase 60% da população, tiveram sobremesa indigesta após a catástrofe dos dois últimos anos do governo Dilma Rousseff, quando o PIB regional em termos absolutos caiu 22%. As prefeituras de Santo André, São Bernardo e São Caetano aumentaram em conjunto a carga tributária municipal per capita de forma gigante e semelhante, em contraposição à queda do PIB per capita.

O caso de Santo André é mais grave porque, além de liderar o placar,  os resultados em diferentes ranqueamentos revelam uma combinação perversa de mais recursos financeiros e rebaixamentos constantes da qualidade de vida. Não há disputa estadual e nacional em que Santo André deixa de passar vexame, embora a propaganda oficial festejada pela mídia flerte com o inacreditável.  

No balanço geral, os contribuintes de Santo André, São Bernardo e São Caetano desembolsaram (em valor de dezembro de 2023) nada menos que um adicional de R$ 1.417.087,71 bilhão. Esse resultado está restrito à carga tributária municipal de 2016 comparada exclusivamente com a carga tributária de 2023, sem levar em conta os resultados adicionais de cada ano nesse intervalo de sete anos. Uma decomposição de valores poderia superar em valores atuais mais de R$ 5 bilhões de recarga tributária municipal. Esse  montante corresponderia ao que se prevê como orçamento de Santo  André para esta temporada. 

MAIS TRIBUTOS MUNICIPAIS

O resultado dessa operação é preocupante na medida em que fica evidente que os contribuintes pagaram e continuam a pagar o preço da decadência econômica do Grande ABC, desastre que antecedeu Dilma Rousseff, se agravou durante o segundo mandato da ex-presidente e segue adiante, com recuperação reticente demais para os estragos passados ainda persistentes na linha do tempo.

A carga tributária dos três municípios aumentou em relação à Receita Total no período de 2017 a 2023, considerando apenas os dois extremos da comparação. Os dados básicos se referem a 2016, quando Paulinho Serra, Orlando Morando e José Auricchio foram eleitos e tomaram posse no ano seguinte. Eles permaneceram à frente dos três municípios até dezembro do ano passado. Os dados da Receita Total e da Carga Tributária Municipal se referem ao período ponta a ponta de 2017 a 2023. Os números de 2024 serão conhecidos apenas no ano que vem.  Analisamos detidamente quatro indicadores da carga tributária municipal que mais pesam no orçamento público.

No caso do ISS (Imposto Sobre Serviços), o crescimento real em Santo André, na média anual, é de 9,36%, correspondente ao total de 65,50% do período. Em São Bernardo o crescimento de 57,45% representou média anual de 8,21%. E em São Caetano o registro é de 57,46% de crescimento real, com média anual de 8,21.

DADOS DA GULODICE

O IPTU de Santo André cresceu em termos reais, durante os sete anos, o total de 41,73%, com média anual de 5,96%. Em São Bernardo o crescimento real foi de 37,13%, com média anual de 5,30%. Em São Caetano, o crescimento de 23,83% em sete anos significa média anual de 3,4º%.

Já no ITBI, relativo a transações imobiliárias, Santo André registrou crescimento real de 38,51%, com média anual de 5,50%. São Bernardo cresceu 86,73%, com média anual de 12,39%. Já São Caetano avançou 40, 45%, com crescimento anual médio de 5,78%.

Completando o pacote de carga tributária municipal, sempre levando em conta os resultados ponta a ponta de sete anos, Santo André avançou 76,00% em taxas e contribuições no período, com média anual de 10,86%. São Bernardo cresceu 58,69%, com média anual de 8,38%. São Caetano praticamente manteve os valores reais de 2016 e 2023, com empate técnico.

RECEITA TOTAL

A Receita Total (que corresponde a todos os impostos, municipais, estaduais e federais)  cresceu 31,91% no conjunto dos três municípios analisados e em termos reais, descontada a inflação do período. O resultado corresponde à média anual de 4,56%. Em valores corrigidos pela inflação, a Receita Total de Santo André, São Bernardo e São Caetano em 2016 registrava R$ 9.943.827 bilhões. A Receita Total de 2023 chegou a R$ 13.117.381 bilhões.

O crescimento da carga tributária de Santo André, São Bernardo e São Caetano no mesmo período saltou de R$ 2.792.464 bilhões (em valor já corrigido) para R$ 4.209.552 bilhões em 2023, com crescimento real de 50,57%, ou média anual de 7,25%. Com isso, a participação relativa da carga tributária municipal dos três municípios na Receita Total passou de 28,08% em 2016 para 32,09% em 2023.  

SANTO ANDRÉ MAIOR

Na edição de ontem antecipamos esses estudos com a exposição dos resultados de Santo André. Hoje, decidimos juntar os três municípios comandados durante oito anos coincidentes pós-Dilma Rousseff. Nos próximo dias vamos revelar os dados dos demais endereços do Grande ABC.

A carga tributária de Santo André apresenta a maior média entre os três municípios ao final de sete dos anos de mandatos dos ex-prefeitos. Santo André registrou 56,19% de avanço real nos impostos municipais, média de 8,03% ao ano. O total de 2016 corrigido pela inflação do período registra R$ 985.635.119 milhões, passando para R$ 1.539.449 bilhão em 2023.

A carga tributária de São Bernardo avançou 52,33% no mesmo período, com média abaixo, mas muito próxima de Santo André – 7,47%. Em valores corrigido, a carga tributária de São Bernardo em 2016 correspondia a R$ 1.283.760 bilhão, e passou para R$ 1.955.507 bilhão sete anos depois.

São Caetano apresentou a menor, mas sempre crescente carga tributária no mesmo período, com crescimento real de 36,61% OU 5,23% ao ano. Passou em valores reais de R$ 523.069,84 milhões em 2016 para R$ 714.596,29 milhões em 2023. 

Se apresentou menor crescimento real da carga tributária própria durante os sete anos já apurados, São Caetano levou vantagem maior no crescimento de Receita Total no período já apurado de também sete anos. O avanço foi de 48,58%, ou de 6,94% ao ano. São Caetano passou em valores atualizados de R$ 1.751.416 bilhão em 2016 para R$ 2.602.274 bilhões em 2023. Santo André cresceu em Receita Total 33,38% no período, com média anual de 4,77%. Passou em valores atualizados de R$ 3.106.264 bilhões em 2016 (valor corrigido a dezembro de 2023) para R$ 4.142.128 bilhões em 2023. São Bernardo cresceu em Receita Total 25,30% na comparação ponta a ponta, com avanço médio anual de 3,61%. Passou de atualizados R$ 5.086.147b bilhões em 2016 para R$ 6.372.979 bilhões em 2023.

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