MORANDO VENCE FÁCIL 
 PAULINHO E AURICCHIO                                                                      
   DANIEL LIMA - 19/09/2025
  DANIEL LIMA - 19/09/2025
Acabou de sair do forno o ranking fiscal mais esperado dos municípios brasileiros. Um ranking que chamamos de Campeonato Brasileiro de Gestão Fiscal, oficialmente IFGF, Índice Firjan de Gestão Fiscal, resultado de Estudos intensos de economistas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo com base nos dados do Tesouro Nacional.
Quer conhecer a síntese dos resultados envolvendo os prefeitos Paulinho Serra, Orlando Morando e José Auricchio, que completaram dois mandados em dezembro último? Orlando Morando ganhou com facilidade como gestor. São Bernardo está na Série A da competição. Santo André e São Caetano na Série B, mais próximas da Série C.
Paulinho Serra e José Auricchio deixaram sucessores de pires da mão, com a necessidade de usar cheque especial. Os dois prefeitos que se foram rasparam o tacho e deixaram complicações aos sucessores. Liquidez zero.
Durante os oito anos de dois mandatos, Paulinho Serra tirou Santo André da classificação geral de 0,6237 ponto percentual e a levou para 0,6342. Um avanço tímido de 0,0105. Santo André terminou a competição na comprometedora posição 2.953 no ranking nacional e na posição 426 do ranking paulista. Uma catástrofe fiscal que coloca o prefeito Gilvan Júnior numa enrascada e tanto.
BALANÇO DE OITO ANOS
A gestão de José Auricchio Júnior, em São Caetano, apesar dos estragos no quesito Liquidez, foi levemente melhor que a de Paulinho Serra no Brasileiro Fiscal. No ano imediatamente anterior à posse na Prefeitura, em 2016, São Caetano contabilizava 0,6570 pontos percentuais na competição. Quando deixou o cargo, em dezembro último, São Caetano registrava 0,6936. Um avanço de 0,0366 pontos percentuais. Quando assumiu em janeiro de 2017, José Auricchio contava com uma São Caetano à frente de Santo André de 0,0333 pontos percentuais. Ao final de dois mandatos, a diferença subiu para 0,0594.
No caso de São Bernardo, igualmente comandada por um prefeito de dois mandatos, também iniciado em janeiro de 2017, o avanço registrado é de 1.14111ponto percentual. Em dezembro de 2016 São Bernardo registrava índice geral no Brasileiro Fiscal da Firjan de 0,7141 ponto percentual. Passou para 0,8552 ponto percentual em dezembro de 2024. O ganho líquido significou avanço de 19,76% no período, ante 1,68% de Santo André e 5,57% de São Caetano.
DOIS NA SÉRIE A
Como costumeiramente aplicamos analogias para facilitar o entendimento de dados que possam gerar dificuldades de compreensão, a edição do ano passado do Campeonato Brasileiro de Gestão Fiscal agora divulgada pela Firjan coloca apenas dois municípios da região na Série A da competição.
A Série A está reservada a municípios com índice geral superior a 0,8 na escala de 0 a 1,0. Quanto mais elevado o indice, melhor a situação na classificação. São Bernardo conta com média geral de 0,8552, enquanto Ribeirão Pires alcança 0,8206. Todos os demais ocupam a Série B. Mas a Série B comporta duas realidades: a primeira de municípios locais que podem chegar à Série A no futuro, e municípios da região que flertam com a Série C.
Quem está mais próximo da Série A? Mauá ocupa a terceira posição na regional com Índice Firjan de 0,7557, um pouco acima de Diadema (0,7262). São Caetano (0,6936), Santo André (0,6342) e Rio Grande da Serra (0,6261) flertam com a Série C. O limite mínimo de permanência na Série B é 0,6000. A Série C do Brasileiro de Gestão Fiscal é reservada a municípios com indice entre 0,4 e 0,6 ponto e a Série D a resultados inferiores a 0,4 ponto percentual.
CHEQUE ESPECIAL
O Campeonato Brasileiro de Gestão Fiscal da Firjan é composto de quatro indicadores declarados pelas próprias prefeituras à Secretaria do Tesouro Nacional (STN): Autonomia, Gastos com Pessoal, Liquidez e Investimentos.
O que Santo André e São Caetano apresentaram em comum de forma mais preocupante na temporada passada foi o quesito Liquidez, que avalia se as prefeituras contam com recursos em caixa para cumprimento das obrigações financeiras de curto prazo. Enquanto os municípios paulistas apresentaram baixo desempenho, de média de 0,5361 pontos, 19,8% aquém da média nacional (0,6689), Santo André e São Caetano registram 0,0000.
Dos 621 municípios analisados no Estado, 106 (17,1%) terminaram o ano de 2024 no “cheque especial”, pois, segundo o relatório da Firjan, não possuíam recursos em caixa para cobrir despesas postergados para o ano seguinte. Por conta disso, receberam nota zero. São Bernardo recebeu nota 0,5921, Diadema 0,4732, Mauá 0,5471 , Rio Grande da Serra 0,6487 e Ribeirão Pires 0,5035.
MAIS INDICADORES
Embora o quesito Liquidez seja o mais preocupante entre os quatro indicadores do Índice Firjan, Investimentos também causa desconforto. Menos para São Caetano, que atingiu a marca de 1,0000, a máxima das ponderações. Há, entretanto, um contraponto explicativo: a Liquidez comprometida estaria relacionada à carga máxima de Investimentos.
São Bernardo tem mais equilíbrio com o índice de 0,8288 em Investimentos conjugado com o registro de Liquidez de 0,5921. Os índices dos demais municípios da região em Investimentos: Ribeirão Pires (0,7789), Diadema (0,5645), Mauá (0,5948) e Rio Grande da Serra (0,4479).
O quesito Investimentos mede a parcela da receita destinada às inversões públicas. Há baixo nível de investimentos nos municípios, de maneira geral. Isso significa um entrave ao bem-estar da população e ao desenvolvimento do ambiente de negócios local.
No Índice Firjan de Gastos com Pessoal, São Bernado, São Caetano, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra registram o máximo de pontuação (0,1000), enquanto Santo André (0,8973), Mauá (0,8810) e Diadema (0,8673) estão em situação relativamente confortável. Esse indicador reflete a flexibilidade orçamentária e peso da folha de pagamentos de salários e aposentadoria dos servidores. Nota máxima significa que as prefeituras contam com baixo comprometimento de seu orçamento com despesa de pessoal.
Completando a estrutura de especificidades do Campeonato Brasileiro de Gestão Fiscal, no quesito Autonomia, apenas a pequena Rio Grande da Serra depende desse indicador que avalia se as receitas geradas pela atividade econômica local são suficientes para cobrir despesas essenciais ao funcionamento da Administração Municipal.
RELATÓRIO FIRJAN
Acompanhe um trecho do relatório dos especialistas que constroem anualmente o Índice Firjan de Gestão Fiscal. É uma bomba sobre tentáculos políticos imediatistas:
O Brasil enfrenta um ambiente macroeconômico desafiador: juros elevados, contas públicas federais em trajetória insustentável e um contexto internacional de grande imprevisibilidade. Apesar desse quadro hostil, desde 2020 foram aprovadas diversas medidas para ampliar a distribuição de recursos aos municípios, que também se beneficiaram do forte crescimento do PIB.
Assim, em 2024, o Fundo de Participação dos Municípios1 alcançou o maior valor da série histórica: R$ 177 bilhões. Os dados do IFGF 2025 revelam que os municípios vivem uma verdadeira “era de ouro” fiscal, embora sustentada por alicerces frágeis.
O aumento das receitas municipais possibilitou a expansão significativa dos gastos públicos, ao mesmo tempo em que preservou certa folga orçamentária. Contudo, mais de um terço das cidades brasileiras ainda enfrenta situação fiscal difícil ou crítica. Além disso, persistem as desigualdades e as assimetrias históricas do País, o que mantém o Brasil distante de um patamar elevado de desenvolvimento econômico.
Em síntese, consolida-se internamente um cenário de baixa competitividade nas cidades brasileiras, que afasta investimentos estratégicos e restringe o potencial de crescimento. Ilustram essa realidade:
1) Mais de mil municípios não geram recursos sequer para custear prefeito e câmara. A forma atual de distribuição de receitas para os municípios limita a capacidade dos gestores de implementar políticas públicas eficazes e desestimula a busca por fontes próprias de arrecadação.
2) Apesar do crescimento das receitas, 540 prefeituras comprometem mais de 54% do orçamento com gastos de pessoal. As despesas de pessoal cresceram 29,1% acima da inflação desde 2019. Os gestores municipais do futuro precisarão de instrumentos que os permita enfrentar as consequências do aumento atual das despesas com pessoal.
3) Municípios assumiram protagonismo no investimento público brasileiro, mas as desigualdades permanecem. Apesar dos investimentos municipais terem alcançado o maior nível da série histórica, 938 prefeituras terminaram o ano em nível crítico, destinando, em média, apenas 3,2% do orçamento a essa finalidade. É fundamental que as decisões sobre a alocação dos recursos públicos, sobretudo os investimentos, sigam critérios bem definidos, sejam eficientes e respeitem as demandas e necessidades da população.
4) Apesar do crescimento das receitas, 413 prefeitos terminaram o mandato de 2024 no “cheque especial”. Centenas de gestores fecharam o ano com dívidas de curto prazo, restringindo a capacidade de investimento e de operação dos municípios no início do mandato seguinte. Desafios estruturais existem, mas os resultados deixam claro: não há mais espaço para ineficiências na gestão municipal de recursos. Em suma, sem critérios claros de alocação de receitas e ferramentas de qualidade do gasto público, o ganho fiscal dos últimos anos não se converterá em competitividade, e, tampouco em melhorias sociais concretas.
Leia mais matérias desta seção:
23/10/2025 RAPA GERAL APÓS O DESASTRE DE DILMA
22/10/2025 SANTO ANDRÉ: PIB DESABA, MAS IMPOSTOS DÃO SALTO
19/09/2025 MORANDO VENCE FÁCIL PAULINHO E AURICCHIO
12/09/2025 DECADÊNCIA ECONÔMICA E DECADÊNCIA IMOBILIÁRIA
03/09/2025 PAULINHO PERDE OUTRA VEZ PARA ORLANDO E AURICHIO
29/08/2025 PAULINHO PERDE DE NOVO PARA MORANDO E AURICCHIO
28/08/2025 PAULINHO PERDE PARA MORANDO E AURICCHIO
21/08/2025 DE BRAÇOS DADOS COM SECRETÁRIOS SUSPEITOS
14/08/2025 BRASILEIRO DE QUALIDADE DE VIDA: PERDEMOS DE NOVO
848 matérias | página 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85
