Administração Pública

PREFEITOS PRECISAM
MONITORAR ECONOMIA

  DANIEL LIMA - 30/10/2024

O novo conjunto de prefeitos que vão ocupar o Clube dos Prefeitos a partir do ano que vem precisa dar prioridade ao que chamaria de painel de indicadores econômicos. Se faltar integração regional, o que não será novidade alguma, porque é a prática de anos a fio, cada prefeito pode aproveitar a ideia que lanço e aplicar no próprio território municipalista.

Qualquer uma das alternativas me satisfaria. Duro mesmo é ver a inação sistemática que só compromete a sociedade regional. Não bastasse o peso do governo federal de hoje e de sempre, incapaz de tornar o crescimento econômico uma regra, não exceção, contamos com a sobrecarga de governos locais refratários a políticas econômicas.

Não vou desfilar na sequência calhamaços de dados estatísticos e interpretações acumulados nesta revista digital ao longo dos anos. Um e outro são necessários, mas apenas para reavivar a memória dos leitores mais atentos.

HORA DA REAÇÃO

O que interessa neste fim de outubro que marca a aproximação do encerramento de mandatos dos atuais prefeitos, menos Marcelo Oliveira em Mauá e Guto Volpi em Ribeirão Pires, reeleitos, é tentar contribuir para que tenham  jornada de pelo menos quatro anos ativíssima no campo econômico, base do Desenvolvimento Social.

Estamos caindo pelas tabelas há mais de 30 anos sem que uma alma sequer decida reagir para valer – exceto Celso Daniel, claro -- ponto fora da curva negado apenas por fanáticos, lunáticos e vagabundos sociais.

Apresento na sequência o que seriam os principais indicadores que deveriam constar da cesta básica de monitoramento contínuo dos prefeitos da região. Monitoramento como etapa inicial à tomada de iniciativas, claro.

Não pretendo, na sequência, detalhar a individualidade genética de cada um. Deixarei isso a outra ocasião, embora ao longo dos anos tenha mergulhado em cada uma dessas métricas.  Acompanhem:  

 PIB PER CAPITA.

 PIB GERAL.

 PARTICIPAÇÃO INDUSTRIAL.

 PARTICIPAÇÃO DE SERVIÇOS.

 PIB PÚBLICO.

 MÉDIA SALARIAL GERAL.

 MÉDIA SALARIAL INDUSTRIAL.

 MÉDIA SALARIAL DE SERVIÇOS.

 MÉDIA SALARIAL DO SETOR PÚBLICO.

 ESTOQUE DE TRABALHADORES.

 PIB DE CONSUMO. 

Ainda estou na fase de análise dessa sugestão. Esse material saiu de minha cabeça hoje de manhã, enquanto corria para colocar mais vida em meus anos. Talvez falte um e outro indicadores. Acho difícil porque cerquei o galinheiro de dados por todos os lados.

PIB PER CAPITA

O que me atordoa o pensamento nesta altura do campeonato não é explicar aos leitores cada um desses indicadores e implicações que os unem integralmente ou com variáveis específicas. Um exemplo? O PIB per Capita e o PIB de Consumo têm relações diretas de causa e efeito? Não necessariamente, mas influenciam tremendamente o PIB Público. Entendeu? Se não entendeu, deixe para lá, por enquanto, porque é mesmo complicado.

Tenho cá comigo até prova em contrário e acho que prova em contrário não se encontrará que o PIB per capita é possivelmente o centro de uma roda de desenvolvimento econômico ou de novos mergulhos econômicos que contaminaria a maioria dos demais indicadores. Ou, invertendo a ordem mas sem inverter a importância do PIB per Capita: todos os demais indicadores acabam refletidos no PIB per Capita. É a história do ovo e da galinha.

O que me assola o pensamento é mesmo tentar interiorizar esperança fundamentada de que os prefeitos que vão estar respondendo pelos paços municipais no ano que vem terão discernimento de que poderiam inaugurar o placar de comprometimento econômico mais abrangente do que se tem registrado nos anais da região com os antecessores.

INSTRUMENTO INÉDITO

De fato e para valer mesmo, nenhuma política de monitoramento constante, transparente e instrumentalizadora à deflagração de processos de mudanças se verificou em qualquer gestão pública da região.

Enquanto os prefeitos, individualmente ou no conjunto, não entenderem que tudo passa pelo Desenvolvimento Econômico, acabarão por repetir vícios antigos de rudimentar monitoramento de receitas e despesas e suas aplicações tendo o orçamento como ferramenta única. Um verdadeiro armazém de secos e molhados, com entradas e saídas do caixa.

É claro que não se pode exigir de cada prefeitos o milagre de interferência incisiva no comportamento dos indicadores relacionados acima. Há fundas limitações ditadas pela conjuntura econômica nacional e mesmo internacional.

Não custa lembrar que Executivos municipais não interferem em macropolíticas econômicas. Não emitem moedas. Não têm poderes sobre a taxa de câmbio nem da movimentação fiscal, tampouco sobre o balanço de pagamentos. Tudo isso é verdade.

Mas também é verdade que podem corrigir  medidas dos antecessores, bem como omissões e abusos que se refletem no desempenho econômico. Não fosse assim, indicadores econômicos dos municípios brasileiros não seriam diferentes, com endereços subindo sempre e outros desabando. No caso do Grande ABC é desabamento constante, com alguns respiros temporários.

Quem tiver o cuidado de observar atentamente o Ranking de Competitividade dos Municípios Brasileiros vai entender que não existe uniformidade de desempenho municipal por conta do prevalecimento de políticas econômicas estaduais e federais, principalmente. Há especificidades locais e regionais que incentivam e determinam medidas incrementadoras de resultados diferenciados em relação a outros territórios de características mutuamente distintas.

POSIÇÕES SECUNDÁRIAS

Deve-se reconhecer que o Grande ABC está encurralado como endereço de baixa competitividade econômica no interior da Região Metropolitana de São Paulo, como também já cansamos de provar.

Para quem quer boa notícia o melhor que se pode dizer é que podemos parar de piorar no ritmo que pioramos na última década, mas avançar consistentemente será um milagre. Por isso o monitoramento de indicadores deveria ser cláusula pétrea dos prefeitos.

Tanto o Grande ABC está encurralado, além de inerte, que o PIB per Capita que consta do Ranking de Competitividade dos 404 maiores municípios brasileiros, com 80 mil habitantes ou mais, aponta a seguinte situação:

a) Santo André ocupa a posição 206.

b) São Bernardo ocupa a posição 53.

c) São Caetano ocupa a posição 23.

d) Diadema ocupa a posição 166.

e) Mauá ocupa a posição 165.

f) Ribeirão Pires ocupa a posição 241.

g) Rio Grande da Serra não consta do ranking.

Repararam nos resultados? Exceto São Caetano,  caso à parte de demografia e territorialidade, e mesmo assim com registros de PIB per capita cada vez menos brilhante, o que temos é uma derrocada massacrante.

O que pergunto é até quando continuaremos a ignorar que trafegamos por caminho congestionadíssimo de problemas, situação que reduz a produtividade do trabalho e a qualidade de  vida em geral?

Pior que isso: como se o amanhã fosse qualquer coisa sem compromisso com as próximas gerações, há os trombeteadores  viciados em mentiras e meias-verdades que, com auxilio da mídia propagandística, anunciam grande sucesso de público e bilheteria nas urnas como prova de competência. Mesmo que a taxa de representatividade de votos disponíveis não chegue a 40% dos inscritos.  

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