Política

PESQUISAS ELEITORAIS
ALÉM DOS NÚMEROS (13)

  DANIEL LIMA - 30/09/2024

Nesta nova edição dessa série inédita, utilizei quatro vitrines para conduzir o leitor a uma leitura mais que explicativa sobre minha paixão racionalizada em torno de pesquisas eleitorais. O objetivo é sempre o mesmo: mostrar que não sou um amador a produzir análises sobre uma das maiores paixões nacionais – as pesquisas eleitorais e variáveis que influenciam  ou procuram influenciar o resultado final.

Como não sou candidato a idiota completo, satisfeito que estou como cretino juramentado do Grande ABC, o único no passo certo a apontar, por exemplo, a desindustrialização já em análise desde 1990,   nada melhor que buscar no passado a tesoura de provas contra línguas despreparadas.

Isso mesmo, há imensidão de línguas e mentes despreparadas na região. Todos têm o mesmo viés: só enxergam o que lhes interessam. Há as vacas premiadas em matéria de incoerência que, até outro dia, criticavam enlouquecidamente as pesquisas eleitorais e agora, candidato preferencial supostamente na liderança, louvam as mesmas fontes de suposta cientificidade, e abominam aqueles com os quais compartilhavam opinião, mesmo que opiniões mais comedidas.

Tomei a decisão de, nesta nova edição que reúne quatro análises seguidas cronologicamente,  mostrar uma vitrine com as manchetíssimas e as respectivas datas. Foi a maneira que encontrei para que o leitor interessado acompanhe toda a edição. É longa, exige atenção total à leitura, mas é essencial para quem não quer integrar o exército dos estúpidos que observam as análises deste jornalista nestes dias como se não houvesse um passado a emprestar credibilidade informativa. Vejam as  vitrines e, em seguida, as análises:

 

Você apostaria em Bruno Daniel

para prefeito de Santo André?

 

Como ganhar uma prefeitura

com 13 pontos que se misturam?

 

Folha obsessiva dá tiro no

próprio pé com Datafolha

 

Pesquisas eleitorais: cuidado

com os truques mais comuns

 

Exposta a vitrine, vamos aos respectivos textos. Acho que vale a pena você deixar a casamata de permanecer na penumbra dos fatos e ingressar numa zona de clareza temporal e argumentativa. Experimente:

 

Você apostaria em Bruno Daniel

para prefeito de Santo André?

 DANIEL LIMA - 18/07/2019 

Antes que responda, e para não dizer que pretendo preparar uma armadilha a quem está pensando em responder, eu mesmo respondo à indagação: não apostaria um tostão furado. Mas faço a ressalva elementar quando se trata de política: tudo é possível, inclusive o impossível. Responda, responder e respondo, membros da mesma família etimológica, por assim dizer, foram escritos de propósito, para reafirmar uma proposição. 

Fiz a pergunta deliberadamente por conta da manifestação de eleitores de Santo André ouvidos pelo Instituto ABC Dados sobre as eleições do ano que vem. O irmão caçula de Celso Daniel, Bruno Daniel, cuja biografia do pai é muito menos conhecida que a história do estádio em que o Santo André manda seus jogos de futebol, aparece em segundo lugar na pesquisa estimulada. Numa, com Carlos Grana como candidato do PT, obteve 19% dos votos. Noutra, com Carlos Leite, vereador petista, como concorrente, chegou a 17%. Nas duas o prefeito Paulinho Serra lidera com 28%. 

Como pode alguém que não está e nunca esteve nas paradas mesmo que preliminares de eleições municipais dar um salto tão grande? 

VAI QUE PEGA? 

Vou explicar. E a partir da explicação mantenho a resposta que já emiti no começo deste texto. Bruno Daniel é apenas um boi de piranha eleitoral. Seu nome foi colocado para testes. Não que ele deixe de sonhar com o gabinete que o brilhante irmão ocupou durante mais de seis anos em três décadas diferentes, a partir de 1989 até ser morto em 2002.

A candidatura de Bruno Daniel me lembra aquele tipo de teste mais ou menos naquela base: vai que pega? Mas não pega. E não pega porque há um artificialismo nos números detectados e anunciados. Artificialismo instrumentalizado por uma engenharia do questionário apresentado aos leitores. Logo chego lá.  

Diria que Bruno Daniel tem um caminhão de vantagem para ser competitivo nas eleições do ano que vem. O problema é a ladeira morro abaixo que o colocaria no lugar que provavelmente jamais deixará de ocupar; ou seja, fixar-se apenas na expectativa temporária e concatenada com outros fins. 

O caminhão de vantagem de Bruno Daniel se esgota no próprio nome eleitoralmente emprestado pelo patriarca, que foi político já há várias décadas, no estádio que virou referência de conquistas do Santo André e, muito acima de tudo isso, no irmão mais que famoso e competente, também glorificado pela morte no começo dos anos 2000. O irmão com o qual Bruno Daniel mantinha relações quase protocolares. Sobre isso escreveremos outro dia, se necessário. Celso Daniel estava à direita de um PT então esquerdista demais. Bruno Daniel é um psolista de alma. 

A ladeira abaixo das possibilidades eleitorais de Bruno Daniel se reproduz na baixa aderência política pessoal, na obtusidade programática do PSOL, partido que o acolheria, e nas indigestas companhias que teria ao supostamente percorrer as ruas de Santo André e as redes sociais. 

Bruno Daniel faz parte de um trupe ideologicamente tão exótica que, caso se reunisse num encontro partidário no Parque Celso Daniel, provavelmente não faltaria algum filiado a sugerir que o nome do patrimônio público de Santo André fosse alterado e requisitado como sede mesmo que temporária da agremiação. Chamaria Parque dos Dinossauros. 

ATRASO DO ATRASO 

Não há gente que eu conheça no PSOL de Santo André (e não vou me estender à região, porque desnecessário) que ao menos sugira algum tipo de compromisso com o futuro de Santo André se o futuro de Santo André tiver alguma relação literalmente e redundantemente com os dias que virão. 

E o futuro de Santo André repetindo-se a redundância dos dias que virão está tão comprometido pelo passado redundantemente dos dias que já se foram que qualquer novo descuido poderá ser ainda mais fatal à qualidade de vida que restou.  

É impossível Santo André ganhar um rumo diferenciado de que tanto se espera contando com uma turma tão fora do esquadro de modernidade na gestão pública. O PSOL é o PT de começo de carreira, com a desvantagem de que o discurso do original envelheceu sem que os pretensos sucessores se deem conta disso. 

MUSEU DE IDEIAS E IDEAIS

O professor Ricardo Alvarez, psolista que se lançou concorrente à Prefeitura, nas últimas eleições, não passou de 3% dos votos. Foram exatamente 11.099.  Um empate técnico com outro pretenso herdeiro de Celso Daniel, o sobrinho do prefeito assassinado, Rafael Daniel, que, concorrendo pelo PMDB, registrou 10.716 votos. 

Alvarez é um museu de ideias e ideais tonitruantes. É daqueles que entendem, defendem e esperneiam em defesa da fechadíssima e insensível Universidade Federal do Grande ABC e do modelo prevalecente na maioria das unidades do País que abomina relações com empreendedores privados. Por essas e outras a UFABC é isso que está aí. 

Ricardo Alvarez professa ideias muito mais desclassificatórias no mundo dos civilizados: em redes sociais chega ao ponto de defender a ditadura de Maduro, na Venezuela, entre outras extravagâncias ideológicas. 

Mais ainda: Ricardo Alvarez e alguns parceiros de viagens doutrinariamente alucinógenas vêm fantasmas bolsonaristas em todo tipo de oposição às bobagens políticas que emitem. Ou seja: Alvarez e seus parceiros imediatos de redes sociais adoram exibir musculatura extremista à altura do próprio PSOL. Guilherme Boulos é uma de suas referências. Bruno Daniel não é muito diferente dessa maçaroca dogmática. Não à toa é muito próximo de Alvarez. Eles se agarram loucamente à barcaça à deriva. 

VÍCIO DE ORIGEM  

Agora vou chegar ao ponto explicativo dos números de Bruno Daniel na pesquisa do Instituto ABC Dados. Trata-se do que chamaria de vício de origem. Como pode algum dos candidatos da alternativa de indicação espontânea (sem a mostra de cartão com os nomes dos concorrentes) não ser lembrado por nenhum dos eleitores e, em seguida, no voto estimulado, chegar a 17% das indicações, atrás apenas de Paulinho Serra, prefeito que pretende reeleger-se? 

Na pesquisa espontânea, 61,8% dos eleitores ouvidos pelo Instituto ABC Dados não souberam responder à pergunta básica: “Se a eleição para prefeito de Santo André fosse hoje, em que votaria? ”. Paulinho Serra foi lembrado por 17,3%, Carlos Grana por 3,5%, Aidan Ravin por 2,3% e Aílton Lima por 1,3%. Outros nomes foram citados, mas nenhum se referiu a Bruno Daniel. 

Não vamos entrar em detalhes sobre como Bruno Daniel saiu de cotação zero na pesquisa espontânea, foi levado ao cartão da estimulada e, ali, registrou 17% da preferência, contra 28% de Paulinho Serra, o líder. 

O que teria impulsionado o eleitorado ouvido pelo ABC Dados a jogar-se nos braços de Bruno Daniel? 

Resposta? A ordem das questões. Quando os pesquisadores chegaram à indicação do voto estimulado para ocupar a Prefeitura de Santo André, a lembrança da família Daniel já estava suficientemente azeitada, três ou quatro perguntas antes. Com a mostra do cartão sete, os eleitores foram instados a responder à seguinte pergunta: 

 Desta lista dos últimos prefeitos de Santo André, na sua opinião qual foi o melhor?

Adivinhem os leitores quem saltou para o primeiro lugar de forma avassaladora, como, aliás, os eleitores se manifestaram no começo do ano, também quando expostos à mesma pergunta? Deu Celso Daniel na cabeça, soberaníssimo, com 73% das indicações. O segundo lugar ficou com o prefeito Paulinho Serra com 7%, seguido de Newton Brandão com 4% e de Carlos Grana com 2%.

MATEMÁTICA E POLÍTICA

Se na matemática a ordem dos fatores não altera o produto, na política, ou mais precisamente nas pesquisas eleitorais, a ordem das perguntas altera significativamente os resultados. Bruno Daniel foi apontado por 23% dos entrevistados porque pegou carona na questão que subliminarmente envolveu o irmão assassinado. Fora isso, muito provavelmente teria se situado muito aquém. 

A carona que Bruno Daniel apanhou do irmão Celso Daniel não lhe dá suporte suficiente para resistir aos sacolejos de uma campanha eleitoral que se provará tormentosa para quem está na política, e muito mais para quem pretende lançar-se na política a reboque de um passado que os leitores mais ávidos nas redes sociais não darão trégua. 

Vou fazer novas incursões sobre os dados da pesquisa. Devo me meter mato adentro dos resultados que envolvem diretamente o prefeito Paulinho Serra. As possibilidades de ter a reeleição comprometida dependem da soma dos oposicionistas. O que é bastante improvável.  

 

Como ganhar uma prefeitura

com 13 pontos que se misturam?

 DANIEL LIMA - 15/01/2020

Como chegar a uma prefeitura é o grande desafio aos candidatos locais a cada quatro anos. Como se tornar viável eleitoralmente é um enfrentamento constante e que deve ser encarado como etapas de uma guerra. São batalhas a serem vencidas tendo em vista como sinal de alerta a perspectiva de que os concorrentes estarão no encalço ou à frente. Listamos 13 pontos imprescindíveis à empreitada.

Desalojar qualquer um desses vetores da casa de preparação à disputa é o mesmo que entender que chão é desnecessário, que parede é supérfluo e que teto é bobagem dos arquitetos. Casa de fantasias infantis não enche a barriga de probabilidade de vitória. Serve apenas (e muito) para encantar ouvintes que carregam Vinicius de Moraes no coração.

A competitividade de uma disputa eleitoral majoritária numa geografia complexa com a do Grande ABC deveria ser replicada nos quatro anos seguintes, quando os vencedores praticamente não são acossados. Vivem no bem-bom de acordos políticos e tantos outros que os colocam a salvo de maiores injunções democráticas.

TREZE PONTOS CARDEAIS

Pretendo desdobrar esse texto-central em capítulos que abordariam cada um dos 13 pontos listados como essenciais à disputa. Nem sempre é possível dar vazão ao interesse de colaborar com a sociedade com matérias mais alongadas.

A saída seria produzir texto único, com todas as variáveis que vou listar abaixo. Já adotei essa medida muitas vezes, mas estou com preguiça e sem tempo para repetir algo parecido neste dia. Daí ter decidido esquartejar a proposta de supostamente saciar o interesse do leitorado.

Como ganhar uma eleição em 13 capítulos? Olha que esse poderia até ser o título de um livro que serviria como manual de orientação. Ótimo, ótimo e ótimo. Mas se estou com preguiça para preparar uma análise mais longa, o que seria então de um livro? A repartição em capítulos pode ensejar uma dupla satisfação pessoal: basta transformar cada edição num produto que se multiplicaria em páginas de um livro.

Deixemos isso de lado. Vamos revelar de imediato quais são os pontos que mais pesam na definição concorrencial de candidatos ao posto principal do Executivo. A lista que se segue não tem necessariamente nenhum valor no sentido de que seguiria a uma ordem de importância. Exponho os vetores de forma aleatória. Conforme me deu na telha. Vamos lá, então: 

1. AGENDA LOCAL.

2. AGENDA REGIONAL.

3. IMPRENSA.

4. PROGRAMA ELEITORAL.

5. POLÍTICA ESTADUAL.

6. POLÍTICA NACIONAL.

7. ECONOMIA REGIONAL.

8. ECONOMIA NACIONAL.

9. REDES SOCIAIS.

10.MOBILIDADE URBANA.

11. MEMÓRIA ELEITORAL.

12. AMBIENTE METROPOLITANO.

13. PESQUISAS ELEITORAIS. 

 

 SEM USO DE TORNIQUETE

Para que não digam que preparei um torniquete de conceitos que imobilizariam um aspecto essencial à construção de uma candidatura competitiva, antecipo que não estabelecerei peso algum aos 13 quesitos listados.

Isso quer dizer que não vou definir uma equação na qual 100% seja o limite-base e, com isso, passe a atribuir valores percentuais a cada modalidade proposta. O que é potencialmente uma mistura de objetividades e subjetividades ganharia rigidez avaliativa contraproducente.

Querem um exemplo didático? O caro leitor acredita que tem mais peso para cada eleitor no remelexo geral de definição de preferência eleitoral um quesito que leve em conta a influência das Pesquisas Eleitorais em relação à Economia Regional ou entende que é exatamente o contrário, ou mesmo que tanto um ponto quanto outro seguem a mesma dimensão?

É praticamente impossível (nem as pesquisas eleitorais conseguiriam chegar a uma hierarquia de valoração quando se colocam os 13 pontos em confronto entre si) pegar a lista aí de cima e alterar a ordem de valor de acordo com cada cabeça do eleitorado. Mesmo que os eleitores fossem instados a escolher três das 13 alternativas como carros-chefes os resultados finais não contemplariam uma lógica consistente.

Não necessariamente o que penso sobre a grade de importância dos 13 pontos esquadrinhados se reproduz no conjunto do eleitorado que vai às urnas em outubro. Cada cabeça, uma sentença avaliativa.

RESULTADOS IMPREVISÍVEIS

Sei que o leitor está louco para saber, por exemplo, quais seriam as três principais âncoras à competitividade de um concorrente a prefeito no Grande ABC, notadamente nas grandes cidades locais. Tenho preferências, claro, mas minha escolha é tão relevante quanto a de qualquer outro eleitor.

Enquanto dedilho estas linhas (sempre me imagino ao piano quando estou diante do computador) projeto a possibilidade de matar minha própria curiosidade e, olhos grudados nas 13 propostas, procuro escolher as três principais sob o meu ponto de visto. Passo os olhos na lista mais duas vezes. Alongo no tempo o desafio de sair com uma resposta. Insisto em botar os olhos nos 13 pontos. Nada, absolutamente nada, me conduz a uma conclusão.

A explicação é simples, no meu caso, mas poderá nem ser levada em conta em tantas outras situações com leitores de diferentes perfis: vejo o todo como intrinsecamente indescartável. Não dá mesmo para escolher os três melhores jogadores em campo (essa é a proposta, não é verdade?) sem considerar que o todo tem um peso conjunto indissociável ao rendimento individual.

UM EXEMPLO PRÁTICO

Querem que traduza em termos práticos? Como é possível, por exemplo, ceder à tentação do lugar-comum de que a Agenda Local é o cerne da questão eleitoral (é o que repetem em todas as entrevistas os chamados cientistas políticos) se não houver um quadro estruturante a dar suporte? Um prefeito bom de obra, por exemplo, não resiste a uma disputa eleitoral se fiar preponderantemente no legado que carregaria a um segundo mandato.

Talvez a melhor resposta que possa ser dada para um diagnóstico de probabilidade de sucesso coloque os 13 pontos listados em duas categorias distintas, mas complementares: a) Quesitos Imprescindíveis; b) Quesitos Reforçadores.

Feito isso, mas sempre lembrando que sem as duas metades da mesma laranja não se tem a laranja inteira, arrisco definir os dois grupos dos 13 pontos listados. Repito a lista e acrescento I (para Imprescindível) e R (para Reforçadores). Vamos lá, então:

AGENDA LOCAL (I).

IMPRENSA (I).

PROGRAMA ELEITORAL (R).

AGENDA REGIONAL (R).

POLÍTICA ESTADUAL (R).

POLÍTICA NACIONAL (R).

ECONOMIA REGIONAL (I).

ECONOMIA NACIONAL (I).

REDES SOCIAIS (I).

MOBILIDADE URBANA (R).

MEMÓRIA ELEITORAL (R).

AMBIENTE METROPITANO (R).

PESQUISAS ELEITORAIS (I).  

Não custa lembrar que não é porque se situariam em dois grupos distintos e complementares que os quesitos de uma turma têm o mesmo peso ponderável e, também, que os quesitos da outra turma também tenham igualmente o mesmo peso ponderável. Na valoração individual dos vetores, a subjetividade seguirá mantendo o espirito do avaliador.

Ou seja: Quesitos Imprescindíveis e Quesitos Reforçadores entrecruzam também fora dos respectivos agrupamentos. Quem achar que Memória Eleitoral é mais importante que Mobilidade Urbana (os dois quesitos são reforçadores) certamente terá razões para isso. Da mesma forma que quem entender justamente o contrário o fará na definição de voto levando em consideração o contexto que o cerca.

Sei que parece complexo o que acabo de escrever. Tudo que é complicado à primeira vista pode ser simplificado em seguida porque na engenharia político-eleitoral não existem facilidades aparentes que se sustentem quando escrutinadas. Da mesma forma que o aparentemente emaranhado não passa de uma porção de peças que, manejadas com destreza, se encaixam perfeitamente.

Espero levar adiante a proposta de esmiuçar nos próximos tempos cada uma dessas 13 variáveis eleitorais. Os leitores cada vez mais participantes do mundo político (e cada vez mais engajados em disputas acaloradas) estão na praça para serem decifrados pelos especialistas, da mesma forma que esses mesmos leitores também são protagonistas de conhecimentos e sensações que colocam os especialistas sob os rigores de um contraditório mais denso. 

 

Folha obsessiva dá tiro no

próprio pé com Datafolha

 DANIEL LIMA - 06/04/2020

Completamente insensível com a situação sanitária, como se o Coronavírus fosse uma gripinha qualquer, a Folha de S. Paulo e o Datafolha, irmãos siameses na batalha campal contra o presidente da República, perpetraram uma insanidade no final de semana. Mais especificamente na edição de domingo. A Folha elevou à condição de manchetíssima (manchete das manchetes de primeira página) o resultado da consulta do instituto de pesquisas por telefone. E atirou no próprio pé da estupidez editorial ao ter de engolir Jair Bolsonaro imune à tentativa de uma provocativa opinião pública pró-renúncia.

A Folha e o Datafolha foram os grandes derrotados na consulta: além de não registrarem o que se pretendia (uma maioria favorável a renúncia de Bolsonaro), tiveram o desgaste de apelar para um chute na canela da ética ao atropelar o vírus chinês como grande e quase unânime preocupação dos brasileiros nestes tempos difíceis.

O formulador da proposta de consultar os eleitores a respeito da governabilidade de Jair Bolsonaro e aqueles que o apoiaram no front da Folha de S. Paulo (o Datafolha é um apêndice editorial e político da publicação) deveriam receber um troféu especial, com o formato de duas grandes orelhas. Com a devida vênia dos burros não-metafóricos.

ENDORFINA IDEOLÓGICA

O resumo dessa ópera de absurdos é que a Folha de S. Paulo se ombreia ao presidente da República em hostilidade e desrespeito mútuos. Ou seja: Folha e Bolsonaro têm tudo a ver, embora o jornal use de linguagem mais sofisticada que o tosco presidente da República.  Um tosco, é sempre bom complementar, que é exatamente o laxante de que o Brasil precisou (e por isso ganhou as eleições) para eliminar boa parte da podridão refinada que empesteou a República nos últimos 40 anos.

A liberdade de imprensa dá direito a quase tudo, mas, como se vê, também ao excesso de endorfina ideológica que pode levar competidores pelo controle da narrativa à situação vexatória, quando não desrespeitosa, quando não inoportuna, muitas vezes ofensiva.  A manchetíssima de ontem sofreu distensão analítica comprometedora, além da abusividade contextual.

A Folha e o Datafolha perderam o rumo e o prumo. Nada que surpreenda. A linha editorial do jornal, que já foi pluralista (ou se pretendeu pluralista no discurso em tempos em que os extremismos não vigiam e o socialismo de araque dava as cartas sem contestação alguma), é uma sucessão de pancadaria explicita no governo federal, com algum temperinho maroto de entrevistas que dariam verniz de democracia da informação.

RESPALDO CIENTIFICO

É um direito da Folha escrever ou mandar escrever ou permitir que os colunistas só escrevam artigos inseridos nos preceitos de espancamento ao governo federal, mais precisamente ao presidente da República, mas não pode esquecer o custo que isso representa à credibilidade como veículo o de comunicação.

A melhor medida é assumir sem sofisma e truques a condição de publicação em defesa da esquerda do País, ou de algo que não é exatamente de esquerda, desde que seja possível manipular o conceito de esquerda com base em outros interesses. 

Deixo claro que sou leitor da Folha de S. Paulo há muito tempo, mas jamais abdiquei do direito ao consumo crítico das informações rasas, dos artigos encomendados e das análises cuidadosamente orquestradas para sustentar a linha editorial. A Folha tem o melhor marketing da Grande Mídia. Supera inclusive os produtos do Grupo Globo. A Datafolha é uma grande invenção para quem pretende e conta com respaldo supostamente científico. Na maioria dos casos, quando a política entra em campo, o Datafolha é um perna de pau que não resiste a avaliações independentes.

FARSA DO PLURALISMO

A farsa do pluralismo da Folha de S. Paulo ruiu com o governo Bolsonaro. A manchetíssima de ontem é prova viva. Como se já não houvesse desabado durante a campanha eleitoral de nítida partidarização.

Deixo claro de novo que leio com avidez a Folha de S. Paulo, até para ter o direito de questioná-la diariamente, como faço em minhas reflexões. Conheço de cor e salteado a linha matricial de análises de cada um dos colunistas. Respeito-os quase todos, mesmo que não concorde com muitos deles.

Há um e outro terrorista entre os colunistas. Iletrados em jornalismo, porque saídos de bancos acadêmicos com ranços ideológicos fossilizados, não têm arranjo intelectual para se manifestarem, embora o façam com algum verniz de frases feitas. Usam viseiras ideológicas. A Folha os prestigia porque comunga dos mesmos propósitos.

NOS BRANÇOS DA SEMÂNTICA

A Folha aderiu ao jornalismo de centro-esquerda internacional. Ao não se referir mais ao decantado pluralismo com que temperava uma doutrina de suposta neutralidade, a Folha pelo menos tem a honestidade intelectual de assumir-se irrevogavelmente contrária ao presidente de plantão. Comete, entretanto, o erro de atribuir exclusivamente a Jair Bolsonaro os anunciados rompantes de autoritarismo. Antecessores aparelhados, organizados e bem nutridos de dinheiros públicos, sempre foram tolerados. Eles souberam substituir a explicitude de Bolsonaro pela dissuasão financeira e verborrágica de dominação semântica.

Não bastassem os desarranjos éticos da publicação de uma pesquisa sob encomenda, o resultado foram péssimos. É verdade que imperou como forma de subsistência do Projeto Tabajara um ponto que norteou a programação da numeralha toda: desgastar a presidência da República, dentro da logística do que chamo da Grande Mídia.

Folha, Estadão, O Globo, Valor Econômico, Rede Globo e Globo News, além do jornal Extra, formam o esquadrão de combate ao governo federal que, à parte a fartura de munição aos opositores da Imprensa, advém do profundo corte da ração publicitária que engordava as burras principalmente do conglomerado dominado pelas Organizações Globo.

Por isso e tantas outras coisas mais se explica a tentativa de desgaste, que é subliminar e sobrevive mesmo com o fracasso dos números da pesquisa.

TIRO PELA CULATRA

Que fracasso? Mesmo considerando que uma coisa (eleição presidencial) é uma coisa e outra coisa (pesquisa para tomar o pulso de demanda por renúncia do eleito) é outra coisa, Jair Bolsonaro saiu no lucro: eleito com 55% dos votos válidos no segundo turno, em 2018, alcançou agora 59% do eleitorado contrário à própria renúncia. E os 44% que optaram por Fernando Haddad no segundo turno de 2018, viraram 37% que querem a renúncia de Bolsonaro.

Alguém é capaz de provar que opositores de Bolsonaro não lhe infligiram um sonoro sim favorável à renúncia? Quem não o fez defende o governo federal ou considera que não há motivos para tanto. Em suma, a pesquisa fora de hora e obsessiva do Datafolha foi uma espécie de plebiscito para desgastar Jair Bolsonaro. O tiro saiu pela culatra, mas é provavelmente o primeiro de vários assaltos de um processo que tem finalidade precípua, não importa quanto tempo seria utilizado. Desde que não corresponda aos quatro anos constitucionais do mandato.

QUEM CONTROLA A FOLHA?

Repito que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Entretanto, num País polarizado politicamente como o Brasil, e levando-se em conta o que parecia e ainda parece o pior momento da presidência de Jair Bolsonaro, ter a maioria da opinião pública favorável ao mandato obtido nas urnas é um resultado e tanto.

E como a Datafolha não é exatamente o que entendo como a fina flor da confiabilidade, e a Folha de S. Paulo é inimiga pública do presidente da República, não duvidaria se Jair Bolsonaro somasse mais apoio e tolerância do que os resultados divulgados. Quem controla o Datafolha? Quem garante que os números são verdadeiros? Por que o Datafolha não publica o questionário inteiro? Quem conhece pesquisa sabe que a formulação da pergunta é um caminho aberto à resposta que mais interessa;

Ainda trafegando superficialmente pelos resultados do Datafolha da manchetíssima de ontem da Folha de S. Paulo (“Maioria é contra renúncia de Bolsonaro, aponta Datafolha”) vou à página interna e reboco um dos enunciados da interpretação da pesquisa. Vejam o que escreveu o jornalista Igor Giolow:

 A título ilustrativo, na mesma altura de seu segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff (PT) tinha sua renúncia pedida por 60%, ante 37% que a queriam no cargo em abril de 2016. Os dados não são diretamente comparáveis porque aquela pesquisa foi presencial, com outra metodologia. A crise era de outra natureza também. Naquele ponto, Dilma estava a dias de sofrer a abertura do processo de impeachment e ser afastado, o que ocorreu em maio.

OPOSTO DE DILMA ROUSEEFF

Parem as máquinas: está aí provavelmente um dos pontos que alimentaram a formulação da pesquisa do Datafolha para aferir o potencial de brasileiros que pretendem apear Bolsonaro da presidência. Ou seja: não tem sentido algum a execução da tarefa porque eram situações diferentes no campo político e social.

Se a pesquisa que aferiu o ambiente de cassação de mandato de Dilma Rousseff se justificava conforme mostra o texto da reportagem da Folha (o impeachment se aproximava para valer por causa de processo que começou com as roubalheiras do PT e coligações partidárias e se estendeu às travessuras fiscais e eleitorais de Dilma Rousseff) agora não há nada que tenha consistência de emparelhamento de gravidade dos casos.

Tanto é verdade que o resultado final da pesquisa do Datafolha foi praticamente o mesmo do ambiente de impeachment de Dilma Rousseff, com a distinção de que, desta vez, a vantagem é do alvo pretendido pelo Datafolha. Os números favoráveis a Bolsonaro hoje são os números pelo impeachment de Dilma Rousseff ontem. Ou seja: um quadro diametralmente oposto.

QUE SERÁ DA CRISE?

O terraplanismo de Bolsonaro no caso do Coronavírus é grave, claro que é grave, mas quem garante que, na reta de chegada, tudo não se altere? Ninguém sabe por onde anda o destino do vírus chinês. Além disso, e isso é atenuante, o governo de Bolsonaro não é autoritário na questão-chave, porque a maioria dos principais ministros se opõe à opinião do chefe. Basta dar uma espiadinha no que anda fazendo Nicolás Maduro na Venezuela e Daniel Ortega na Nicarágua para se compreender o que é autoritarismo no tratamento político-social de combate ao vírus.

A bem da verdade e dos fatos, os embates entre o conglomerado Folha de S.Paulo/Datafolha e o presidente da República começaram muito antes de Bolsonaro ganhar as eleições. Faz parte do jogo democrático a imprensa livre, como deve ser mesmo, mas a imprensa livre sempre está condicionada à inviolabilidade da imprensa livre como espécie de paradoxo: a liberdade virará prisão no sentido de interdição das próprias mensagens quando o grau de desconfiança dos leitores superar os níveis de credibilidade.

A máxima de que quem exagera na argumentação perde a razão é, portanto, uma extensão de débito do comportamento da Folha de S. Paulo e do Datafolha nos embates com o presidente da República. Um presidente da República, que, por sua vez, também perde pontos na medida em que estica o confronto e as hostilidades ao conglomerado Folha.

Para provar que esse embate vem desde muito tempo, reproduzo a análise que preparei para esta revista digital logo após o incidente que impulsionou a vitória de Jair Bolsonaro, em setembro de 2018. E lembrar que houve colunistas na Folha, extremistas, que manifestaram a desfaçatez de que o candidato do PSL não seria beneficiado em nada com o incidente. Ou seja: a facada morreria por si só. Nada melhor que a liberdade de imprensa para enjaular a cretinice descabida. Celso Rocha de Barros é o colunista da Folha que cometeu essa sandice. Rocha Barros é sociólogo formado pela Universidade de Oxford, Inglaterra, além de funcionário público federal.  Faz parte dos guerrilheiros que todas as semanas desfilam horrores contra a presidência da República.  

 

Pesquisas eleitorais: cuidado

com os truques mais comuns

 DANIEL LIMA - 23/07/2020

O que apresento em seguida é um breve manual para o leitor entender (e também se precaver) o mundo versátil, quando não fatídico, senão embromador, de pesquisas eleitorais.

Entender, no caso, tem o sentido de voo panorâmico. Voo rasante, entre outros, fiz ainda outro dia ao desvendar cromossomos do Datafolha, ferramenta utilizada pela Grande Mídia para a caça ao presidente da República bem como à circunstancial canonização do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal.

Vamos às tipologias dos objetivos centrais das pesquisas eleitorais. O assunto é por demais importante quando se sabe que as disputas municipais se aproximam. E, ao contrário do que imaginam os ingênuos, o jogo de pesquisas eleitorais já começou. Ainda não está na mídia, mas já começou. Veja os tipos em questão:

1. Pesquisa eleitoral informal dissimulada.

2. Pesquisa eleitoral informal privativa.

1. Pesquisa eleitoral formal e manipulada.

2. Pesquisa eleitoral formal e sustentável. 

Antes de partir para os finalmentes, fico a imaginar o que cada leitor perscruta na imaginação sobre o que vem em letras de forma. O que estaria esse jornalista metido a besta tenta me ensinar? Nada disso.

Exercito apenas algo que considero de interesse público. O mundo está mudando e como tal entendo que é relevante alertar leitores sobre variáveis do jogo político que, todos sabem, não está destinado a selecionar candidatos ao Vaticano. Vamos então à tarefa. Rapidamente.  

 Pesquisa eleitoral informal dissimulada.

Essa modalidade está em franca movimentação e tem como principais alvos os entornos dos paços municipais. Notadamente servidores públicos do Executivo e do Legislativo. Eles, os servidores (e principalmente os comissionados) são  transmissores, não fosse a comparação desumana, semelhantes ao vírus chinês. O que os corredores dos poderes liberam intencionalmente aos servidores dissemina-se sociedade afora.

A pesquisa informal dissimulada é falsidade travestida de verdade. Geralmente é repassada com ares de suspense. De cuidados supostamente extremos. De segredo da Coca Cola. Os números são fajutos. Colocam sempre o Executivo de plantão na linha de frente. Disparadamente, por sinal. Os concorrentes comem poeira.

O jogo na pesquisa informal é correia de transmissão motivacional.  Embora se dê o jogo como encerrado, tanta é a vantagem do candidato do paço, a capilaridade de repasse dos dados deve continuar de modo que o placar seja ainda mais elevado numa próxima etapa de nova pesquisa, retroalimentadora do placar final. O intento, dizem, é humilhar os adversários. Ganhar no primeiro turno onde tem primeiro turno. Massacrar no primeiro turno onde só se disputa o primeiro turno. 

 Pesquisa eleitoral informal privativa.

Essa é uma modalidade proibida a qualquer tipo de vazamento. Principalmente se o placar detectado não for lá essas coisas. Se a vantagem for escassa, seria contraproducente o repasse de dados aos mais próximos para que esparramem à tropa motivacional. A iniciativa poderia colocar em dúvida a liderança do prefeito de plantão. Poderia abater o ânimo no sentido de que estariam todos mais suscetíveis à guerra de informações dos adversários.

As pesquisas informativas privadas retratam fatos geralmente abominados. Mostram todos os pontos positivos, mas os negativos também aparecem. A empresa contratante está expressamente proibida de vender gato por lebre. As tomadas de decisões táticas se dão tendo esse mapeamento à frente, como bússola. Enganar a terceiros com pesquisas eleitorais informais dissimuladas é uma coisa. Enganar a si próprio com pesquisa viciada é atentado de burrice. E um convite à derrota em novembro.

 Pesquisa eleitoral formal e manipulada.

Com todo o respeito que os institutos de pesquisa merecem (e não merecem tanto assim, até prova em contrário, individualmente falando), há na maioria dos casos a chancela de pesquisa eleitoral como sinônimo de transparência, independência, equidistância e tudo o mais. Tudo isso não se confirma na prática. Mas mesmo assim e exatamente por terem, essas pesquisas, suposta configuração científica, prevalece a tortura numérica.

As pesquisas formais manipuladas dependem bastante do grau de credibilidade dos veículos de comunicação aos quais se associam. Quanto mais representativa (veja o caso do Datafolha como símbolo máximo) mais há a possibilidade de manuseio indevido do questionário e da aplicação das entrevistas.

Quando chegar a temporada de pesquisas eleitorais oficiais a vertente de manipulação vai se tornar constante. Não perderei oportunidades que se abrirão para expor os truques metodológicos que as tornam vulneráveis a olhos mais atentos.

É claro que importa muito distinguir a eventualidade de uma abordagem, por força de descuido dos formuladores, da frequência de distorções propositadamente alocadas em forma de questionário para sustentar uma lógica de desvio da avaliação dos entrevistados. Também sobre isso o Datafolha é pérola de competência. 

 Pesquisa eleitoral formal e sustentável.

Está aí uma raridade que precisa ser valorizada. Esse perfil resiste a todos os questionamentos. Não deixa brechas à desconfiança. Traz dados sólidos até prova em contrário. Ergue em torno se si uma barreira em forma de transparência, clareza e aplicabilidade pouco comuns. 

Entretanto, toda vigilância é pouco ante armadilhas antepostas à pesquisa sustentável. Há variável de cumulatividade de manipulações sutis que leva à consolidação de números aparentemente intocáveis.

Tudo está relacionado ao influenciamento popular de resultados obtidos em seguidas etapas de acavalamento de incorreções com o objetivo específico de montar um cenário estatístico compatível com os interesses em jogo.

Um exemplo: um candidato que ao longo de pesquisas eleitorais é estigmatizado com determinado viés reiteradamente veiculado na mídia sangra na reta de chegada. Nesse caso, a pesquisa é mesmo sustentável, mas obtida por métodos pouco éticos. 

CONCLUSÃO FINAL

Tudo isto posto, perguntaria o leitor qual o tipo de pesquisa eleitoral que mais transmite segurança avaliativa. A resposta é simples, mas geralmente pouco acessível.

Trata-se de pesquisas eleitorais informais privativas. Custa-me crer que alguém que pretenda manter ou chegar ao poder se dê ao luxo de contratar um instituto especializado para produzir mentiras adocicadas.

Até porque, convenhamos, há entre os adversários deliberação recorrente: contrata-se pesquisadores profissionais para desenvolver bateria de questões que escarafuncham todos os pontos positivos e negativos do gestor de plantão a ser batido nas urnas.  

Se os adversários querem saber os dois lados da moeda de uma Administração na reta final de mandato com direito à reeleição, seria estupidez o próprio candidato desprezar o melhor caminho para organizar a bateria rumo à batalha final.

A melhor pesquisa, portanto, é geralmente aquela à qual somente os diretamente interessados dos dois lados do balcão têm acesso.

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