Administração Pública

Santo André ocupa Série C
no Ranking Social Brasileiro

  DANIEL LIMA - 14/09/2023

São Caetano está em primeiro lugar, São Bernardo em oitavo e Santo André em 60º. Outros dois endereços da região ocupam posições ainda inferiores. Esse é o resumo da Dimensão Sociedade do Ranking de Competitividade dos Municípios Brasileiros, especialidade do Centro de Liderança Pública, organização da Capital que mede a temperatura de 480 municípios brasileiros com mais de 80 mil habitantes.  

Mais objetivo que isso em forma de informação, impossível. Isto posto, não custa destrinchar os dados. O que temos é o reconhecimento estatístico de que São Caetano é mesmo uma ilha de prosperidade social, quando isso está restrito aos setores de Educação, Saúde, Saneamento Básico e Segurança. São Bernardo não fica quase nada atrás, o que é um conjunto de resultados surpreendente. Afinal, só neste século São Bernardo foi enxertada socialmente pelo equivalente a uma população inteira de São Caetano, de 160 mil habitantes. 

Fracasso mesmo, porque mais uma vez sente as dores de uma desindustrialização cruel sem que tenha reagido à altura tanto no campo econômico quanto social, é Santo André.  

TERCEIRA DIVISÃO 

O 60º posto classificatório corresponderia à Terceira Divisão de Competitividade Social, caso se estabelecesse, por analogia, o mesmo critério do Campeonato Brasileiro de Futebol, com 20 equipes em cada divisão. Traduzindo: Santo André é Série C no Brasileiro Social. Um consolo? Está à frente do Esporte Clube Santo André, que disputou sem sucesso a Série D do Brasileiro de Futebol nesta temporada.  

A má notícia para Santo André é que a colocação remete a risco a permanência na Série C. No ano que vem, quando for atualizada a classificação, não há garantia alguma de que permaneceria no último posto possível da competição. Ou seja: Santo André está às portas da Série D. É muita inveja do time de futebol.  

O posicionamento de Santo André no Ranking de Competitividade dos Municípios Brasileiros não é surpresa. Afinal, na classificação geral, que envolve também a Dimensão Econômica e a Dimensão de Sustentabilidade Fiscal, Santo André ocupa a 73ª posição entre os 480 municípios. São Bernardo é a 14ª e São Caetano está em quarto.  

O ranking de competitividade social, portanto, tem um peso elevadíssimo na classificação geral.  

SITUAÇÃO DECEPCIONANTE  

A situação geral e específica de Santo André é decepcionante no sentido de que há uma propagação intensa de informações da atual Administração, que coloca a cidade como um paraíso em meio à Região Metropolitana de São Paulo. Nada disso é real. 

Em todos os indicadores do Ranking Social Santo André perde para a campeã São Caetano e em quase todos para São Bernardo.  

No critério de Acesso à Educação, Santo André ocupa a 114ª posição geral, ante a 47ª de São Bernardo e a 3ª de São Caetano. 

No critério de Qualidade da Educação, Santo André é a 93ª colocada, São Bernardo a 30ª e São Caetano a 2ª.  

No critério de Acesso à Saúde, Santo André é a 276ª entre os concorrentes nacionais, São Bernardo é a 55ª e São Caetano a 28ª. 

No critério de Qualidade da Saúde, Santo André é a 106ª colocada, São Bernardo a 90ª e São Caetano a 10ª.  

No critério de Meio Ambiente, Santo André é a 89ª colocada, São Bernardo a 74ª colocada e São Caetano a 400ª.  

No critério de Saneamento Básico, Santo André é a 63ª colocada, São Bernardo a 74ª e São Caetano a 9ª. 

E no critério de Segurança Pública, Santo André é a 75ª, São Bernardo a 32ª e Santo André a 3ª.  

CUIDADO ANALÍTICO  

Nada melhor para colocar mais que pitadas, mas muitas colheradas de informação séria e responsável na pauta do jornalismo regional que destrinchar os dados do Ranking de Competitividade dos Municípios Brasileiros. Os estudos são prestigiadíssimos e guardam conexão muito intensa com a realidade estrutural dos municípios mais importantes do País.  

Faltam dados históricos que consubstanciem políticas públicas de gestores passados e mesmo dos atuais. O Centro de Política Pública divulgou a quarta edição do ranking. Trata-se de período muito curto para mergulhos analíticos mais consistentes. Como em tantos outros indicadores, não se pode atribuir a um determinado prefeito sucessos e fracassos específicos. Exceto quando há operações reformistas ou desastrosas.  

Um exemplo? O comportamento do PIB dos Municípios Paulistas ao longo de 40 anos, que acompanho atentamente, oferece possibilidades imensas de mensuração em determinados períodos. Os 14 anos do PT Federal na região, por exemplo, foram desastrosos quase tanto quanto os oito anos de Fernando Henrique Cardoso. Esses cenários não imunizam os prefeitos dos dois períodos. Mas também não podem sacrificá-los. Mas esse é um assunto já abordado e que pode voltar a ser colocado na pauta em outra situação. 

MAL DAS PERNAS 

Certo mesmo é que Santo André não vai lá das pernas há muito tempo e nada que o atual prefeito Paulinho Serra, como os prefeitos que o antecederam, tenha feito para modificar a situação. Tanto é verdade que na classificação geral do Ranking de Competitividade dos Municípios Brasileiros, quando se consideram as três dimensões, ou seja, a classificação geral, não temática, Santo André perdeu neste ano nove posições. E o peso maior está concentrado no critério de Sustentabilidade Fiscal, no qual perdeu 63 posições e está na 92ª colocação.  

Como escreveu o jornal Repórter Diário recentemente, ao publicar o ranking, o que mais pesou para o fracasso fiscal de Santo André detectado nos estudos foi a nota de despesa de pessoal: Santo André perdeu 84 posições em relação ao ano anterior. Situação menos grave que a taxa de investimentos, indicador no qual Santo André perdeu 195 posições.  

Quando se faz uma nova seleção com base nos dados do Ranking de Competividade dos Municípios Brasileiros na Dimensão Social, a situação de Santo André não é muito diferente do quadro nacional. Trata-se do G-22, o Clube dos 20 Maiores Municípios do Estado de São Paulo, acrescentado de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra apenas porque os dois endereços integram a região. Veja a posição dos 20 municípios do G-22 no Ranking Nacional Social: 

1. São Caetano, primeiro. 

2. Jundiaí, sétimo.  

3. São Bernardo, oitavo. 

4. Piracicaba, 11. 

5. Santos, 12.  

6. Paulínia, 21.  

7. Campinas, 25.  

8. Barueri, 29.  

9. São José do Rio Preto, 31. 

10. Diadema, 33.  

11. Taubaté, 36.  

12. São José dos Campos, 46.  

13. Ribeirão Preto, 49.  

14. Santo André, 60. 

15. Mogi das Cruzes, 61. 

16. Sorocaba, 83.  

17. Sumaré, 127. 

18. Guarulhos, 132. 

19. Mauá, 153. 

20. Osasco, 158.  

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