Administração Pública

Cidade Capuava é desafio
que vai superar mandatos

  DANIEL LIMA - 06/09/2022

Chamo de Cidade Capuava um espaço que ninguém ousou chamar de Cidade Capuava entre outras razões porque ninguém enxergou aquele espaço como um espaço próprio a uma empreitada desafiadora. 

A marca Cidade Capuava não precisa de direitos autorais, ou seja, não vou reivindicar direitos de propriedade intelectual. 

Esse espaço abandonado sob o ponto de vista estratégico dentro de Santo André e de Mauá equivale à quase metade do território de São Caetano. 

O desafio maior é que a Cidade Capuava tem potencial para se materializar somente após vários mandatos de prefeitos dos dois municípios.  

O pontapé inicial formal já foi dado, ou seja, de descoberta da pólvora de que se trata de território especial dividido entre dois municípios porque os dois municípios estão no meio do caminho. Aliás, como pedras no meio do caminho. Pelo menos até agora.  

APENAS PROTOCOLO  

Paulinho Serra e Marcelo Oliveira assinaram o que chamaria de protocolo revolucionário, ou seja, reconheceram os mais de seis milhões de metros quadrados como de interesse mútuo, embora sem as dimensões extraordinárias que podem ser exploradas. 

Até então, tanto um quanto outro, e muitos outros que os antecederam, só olharam para o Polo Petroquímico, fonte de riqueza dos cofres públicos em proporções cavalares.  

O Polo Petroquímico é a Doença Holandesa de Santo André e de Mauá. Quase tanto como São Bernardo da Doença Holandesa Automotiva. 

DOENÇA HOLANDESA  

Doença Holandesa é a dependência excessiva de determinada fonte de riqueza.  

Geralmente países e localidades nacionais contempladas pela loteria de investimentos ou pela natureza fazem gato e sapato com as facilidades de arrecadar.  

Geralmente, os contemplados trocam as mãos da abundância pelos pés da imprudência. Gerações futuras sempre pagam o pato. É o que se dá com o Grande ABC de viuvez industrial latente. 

Paulinho Serra e Marcelo Oliveira deram o pontapé inicial e têm mais de dois anos para participarem do jogo como árbitros, cada um cuidando do seu território e os dois cuidando dos dois territórios.  

Será que Paulinho Serra e Marcelo Oliveira, um tucano não muito fanático e um petista relativamente ponderado vão encaminhar a Cidade Capuava a um roteiro de sucesso ou tomarão o mesmo rumo da Cidade Pirelli e do Eixo Tamanduatehy deixados de herança por Celso Daniel. 

DESCUIDO HISTÓRICO  

Acho que vou escrever ainda muito sobre a Cidade Capuava dos sonhos de quem reside e trabalha naquela área cartograficamente delimitada pelos próprios chefes de Executivos.  

O pedaço que produz a segunda maior riqueza do Grande ABC, com inserção direta na primeira riqueza, jamais obteve tratamento digno que merece.  

Santo André e Mauá sempre se descuidaram de um espaço que tem como carro-chefe o Polo Petroquímico. Empresas satélites se esparramam por toda a região, como reflexo da ausência de política estratégica dos administradores municipais que passaram por Santo André e Mauá.  

DEUS-DARÁ  

Deixar ao deus-dará políticas de Desenvolvimento Econômico e Social a partir da abundância de geração fiscal na Cidade Capuava que tanto acredito poder existir seria a continuidade de uma ópera-bufa de desprezo ao óbvio e ao ululante.  

A Cidade Capuava está na cara de todos que vivem em Santo André e em Mauá a ponto de ser espantoso que jamais tenha havia investida sequer que unisse para valer os dois municípios tendo como base uma cartilha de ações compulsórias que se converteriam em resultados práticos.  

Paulinho Serra e Marcelo Oliveira puseram o ovo da Cidade Capuava de pé mas também podem derrubar a mesa de práticas públicas se não derem àquele espaço prioridades transversais exigidas. 

MAIS QUE ARRECADAÇÃO  

Pensar apenas e unicamente como fonte de riqueza arrecadatória é muito pouco, bem sabem. Mesmo ações ambientais, das quais somente gestores das empresas do Polo Petroquímico têm levado adiante ao longo de décadas, também é insuficiente. 

Não vou entrar em detalhes, mas há sete pontos centrais para que a Cidade Capuava não seja uma farsa e que, por outro lado, portanto, consagre para a história os atuais prefeitos de Santo André e Mauá.  

Vejamos alguns vetores essenciais à jornada que precisa ser muito bem planejada para que o contraponto ao sucesso, o fracasso, não manche ainda mais a incapacidade de gestores públicos ante desafios do Grande ABC.  

1. Governança institucional. 

2. Economia do plástico. 

3. Sustentabilidade ambiental.  

4. Estruturação urbanística. 

5. Logística competitiva. 

6. Infraestrutura social. 

7. Representatividade social.  

TEXTOS SIMBÓLICOS 

Para completar esta edição que trata da Cidade Capuava e também para o entendimento dos leitores sobre o tema, vou reproduzir na sequência dois textos que produzi há mais de uma década e que, entre tantos outros sob a mesma temática, refere-se à Cidade Pirelli e ao Eixo Tamanduatehy, projetos que Celso Daniel deixou. O segundo, aliás, com vários frutos, mas, mesmo assim, muito distante dos planos levados ao público. 

Tomara que Santo André e Mauá atuem no caso da Cidade Capuava com visão de futuro que não se esgote nos próximos mandatos. O Eixo Tamanduatehy e a Cidade Pirelli estavam comprometidos com um futuro longo que jamais foi respeitado. Seria diferente com a Cidade Capuava?  

 

Má notícia para Aidan Ravin:

Cidade Pirelli está enterrada 

 DANIEL LIMA - 07/07/2011 

 

A informação é exclusiva: a Cidade Pirelli planejada pelo então prefeito Celso Daniel não será recriada mesmo que em proporções menores pelo prefeito Aidan Ravin. Trocando em miúdos: a Cidade Pirelli está morta e enterrada, tal qual seu criador.  

O ponto central do simbolismo da revitalização econômica de Santo André não terá o aval da Construtora e Incorporadora Brookfield. O investimento de mais de R$ 200 milhões programado para a Vila Homero Thon, em parte dos terrenos da multinacional reservados para a Cidade Pirelli, será um empreendimento autônomo, sem qualquer ligação com o projeto aprovado há mais de uma década. 

A decisão é da direção da Brookfield, anunciada durante reunião exclusiva com esta revista digital. 

SEPARANDO AS CARTAS  

O comando da Brookfield decidiu tomar a iniciativa de separar o investimento projetado para os 45 mil metros quadrados que adquiriu da multinacional italiana do conjunto da obra da Cidade Pirelli, que envolve área quase quatro vezes maior.  

A Brookfield não quer ser enredada por armadilhas legais que tumultuam o legado do empreendimento idealizado por Celso Daniel.  

Principalmente agora que o Ministério Público de Santo André decidiu intervir e o emaranhado da Cidade Pirelli terá de ser destrinchado pelo Legislativo.  

COMPLICAÇÕES   

A Cidade Pirelli é um novelo muito complicado para quem quer apenas construir um novo empreendimento imobiliário com potencial para alterar positivamente imensa área populacional de Santo André. 

A iniciativa da direção da Brookfield deverá ter rescaldos nos campos econômico, legislativo e político, mas o que a direção da empresa espera é que não precise passar por nenhum corredor polonês de dificuldades para ver aprovado o conjunto de obras. 

Uma das principais empresas do setor de construção e incorporação imobiliária do País, a Brookfield espera realizar em Santo André o que já se tornou rotina em São Paulo, onde está sediada: transformar áreas industriais em equipamentos comerciais e de serviços. 

INFORMALIDADE   

Por isso mesmo, apenas informalmente, nos contatos internos entre os profissionais da empresa, a área recebia a identidade de Pirelli.  

O nome da fábrica de capital italiano é mencionado como tantos outros de fábricas que também viraram empreendimentos imobiliários num processo de transformação do urbanismo paulistano cada vez mais voltado a moradias e torres comerciais, enquanto a indústria desloca-se para o Interior do Estado, principalmente. 

A expressão “Cidade Pirelli” não consta de qualquer documento oficial, assegura a direção da empresa. A vinculação do empreendimento à obra imaginada e preparada por Celso Daniel partiu do Paço Municipal de Santo André.   

APELO POLÍTICO 

A embalagem de Cidade Pirelli, de forte apelo político-eleitoral, não é pauta de avaliações da construtora. 

A Brookfield assegura que a compra da área por R$ 50 milhões não previa qualquer relação com a Cidade Pirelli formatada no final dos anos 1990 e cujos rescaldos de irregularidades ainda vicejam.  

O negócio imobiliário foi pautado, segundo dirigentes da Brookfield, por regras do mercado. Por isso, o projeto não teria de ser submetido a instâncias legislativas. Seguiria trâmite comum da burocracia pública, como qualquer outro empreendimento do setor imobiliário. 

PRATICIDADE  

Ao desvincular as três áreas adquiridas da multinacional italiana do destino original dos quase 170 mil metros quadrados do espaço reservado há mais de uma década para a Cidade Pirelli, a direção da Brookfield age com a praticidade de quem quer apenas agregar valores econômicos e sociais aos empreendimentos. 

Entretanto, a medida é um sério golpe nas pretensões do prefeito Aidan Ravin de desfraldar a bandeira da Cidade Pirelli na campanha eleitoral do ano que vem.  

A vinculação da imagem do prefeito à de Celso Daniel é considerada uma jogada de mestre por marqueteiros políticos. Há imensa parcela de admiradores do dirigente público assassinado em janeiro de 2002. Pesquisas indicam que Celso Daniel goza de imagem quase sacrossanta. 

Mesmo miniaturizada nos investimentos da Brookfield, a Cidade Pirelli já é carta fora do baralho do ativo de realizações do prefeito Aidan Ravin. Entretanto, não está morta e sepultada quanto aos desdobramentos legais.  

ENTRAVES JURÍDICOS   

Há possibilidades de entraves jurídicos envolvendo Pirelli, Brookfield e Prefeitura, embora a direção da construtora prefira não admitir. 

O passivo de contrapartidas que a multinacional italiana não cumpriu integralmente quando do acordo com a administração de Celso Daniel, aprovado pelo Legislativo, poderá fomentar dores de cabeça aos parceiros e também à Administração Municipal. 

Entre outros vazios decorrentes da chamada operação urbana que resultou na adequação das áreas da Pirelli aos investimentos programados está a construção de um viaduto, cujos custos seriam compartilhados por empreendedores da Cidade Pirelli.  

VIADUTO CASSAQUERA  

A Prefeitura de Santo André gastou há três anos R$ 30 milhões na construção do Viaduto Cassaquera. Entretanto, a responsabilidade legal seria da Pirelli e de seus parceiros. A Brookfield assegura que não há uma cláusula sequer no contrato de aquisição dos 45 mil metros quadrados da Pirelli que remeta a reciprocidades. 

O posicionamento da Brookfield anunciado com exclusividade por CapitalSocial é consequência das contínuas matérias publicadas por esta revista digital e também da audiência pública realizada na semana passada no Legislativo de Santo André.  

TORRES MAIS TORRES   

Participaram do encontro com vereadores executivos da Prefeitura de Santo André e o diretor de incorporação da Brookfield, José de Albuquerque. 

Estão previstos nos três terrenos duas torres residenciais com 168 apartamentos, três torres residenciais com 480 unidades e um shopping de 30 mil metros quadrados, além de duas torres de hotel com capacidade de 350 quartos e uma torre comercial.   

 

Grana dinamita Celso Daniel e

o legado do Eixo Tamanduatehy 

 DANIEL LIMA - 13/06/2014  

 

Seguindo rigorosamente a Lei de Murphi, o prefeito Carlos Grana comprova com a sofisticação dos ignorantes que, quanto mais se desconfia da capacidade de gerir a economia de Santo André, mais ele se supera.   

É claro que está sempre mal-acompanhado da secretária de Desenvolvimento Econômico, Oswana Fameli, indicada por interesse político da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André) para ocupar a chapa que venceu as eleições de 2008.   

A mesma Acisa que jamais tolerou o PT como modelo de gestão pública. Uma estupidez ideológica exercitada no período de Celso Daniel. Ou seja: rejeitou a proximidade quando havia luz. Aconchegou-se quando sobram trevas.  

EIXO DINAMITADO    

A mais recente barbaridade cometida pela dupla de prefeito e vice-prefeita é uma afronta à memória administrativa de Celso Daniel: acompanhados por gente que pouco entende do riscado, eles estão dinamitando o projeto Eixo Tamanduatehy.   

O gol contra ganha a marca de Eixo Avenida dos Estados. Para um prefeito que, na campanha eleitoral, prometeu resgatar o legado de Celso Daniel, nada mais emblemático do ponto a que chegou o grau de fidelidade e inteligência administrativa.   

O anúncio da gestão petista de que o Eixo Avenida dos Estados está num suposto planejamento de reconstrução industrial da cidade que mais perdeu riqueza produtiva nos últimos 30 anos, esquecendo-se, portanto, do Eixo Tamanduatehy, um megaprojeto preparado por especialista em urbanismo e economia, remete a uma anedota atribuída ao então presidente de Corinthians, Vicente Matheus.   

SEXTA-FEIRA   

Instado pela secretária a anotar uma recomendação de que não perdesse a reunião programada para uma sexta-feira, Vicente Matheus, caneta em punho e na dúvida sobre a grafia correta do dia da semana, se com “x” ou “s”, não resistiu: mandou a secretária antecipar o encontro para quinta-feira.    

O prefeito Carlos Grana estava sendo apertado pela promessa de dar continuidade ao Eixo Tamanduatehy. Mais propriamente pela imperiosidade de reunir gente especializada para produzir mudanças que o tempo passou a exigir. A morte de Celso Daniel manteve o Eixo Tamanduatehy em estado de quase congelamento, após o lançamento oficial no final dos anos 1990. Há necessidade de adaptações.  

AVENIDA DOS ESTADOS    

O que fez Carlos Vicente Grana Matheus? Deu ordens para esquecerem o Eixo Tamanduatehy. O Eixo Avenida dos Estados entrou em campo com a simplicidade gerencial dos administradores pouco afortunados em ao menos observar o futuro como preenchimento de necessidades sociais já presentes.   

A notícia de que o Eixo Avenida dos Estados é o mote do prefeito e da secretária Oswana Fameli para sugerir à sociedade que a economia de Santo André será revigorada foi publicada em vários jornais impressos e digitais da região até que o Diário do Grande ABC a levou à manchetíssima de primeira página no dia da abertura da Copa do Mundo.   

Uma matéria sem contextualização porque falta conhecimento histórico sobre o desenvolvimento econômico na região.   

MESSI X JAEL   

A substituição do Eixo Tamanduatehy pelo Eixo Avenida dos Estados equivale em termos futebolísticos à troca de Messi, o maior craque do planeta, por Jael, um centroavante esforçado que jogou até no Flamengo por algum tempo, mas hoje está no Joinville, da Série B do Campeonato Brasileiro. Também passou pelo São Caetano, recentemente. É o contraponto de Messi. Um é gênio, o outro apenas esforçado. Tanto quanto o confronto entre Celso Daniel e Carlos Grana.   

Pior que escalar um Jael qualquer, como está sendo escalado o Eixo Avenida dos Estados, é que o novo projeto, que nasce sem eira nem beira de planejamento feito por quem pouco entende de competitividade industrial, deverá ficar no banco de reservas. Ou seja: não entrará em campo exceto numa ou noutra empreitada sem grande valor.   

RESTO DO TOCO  

A Avenida dos Estados, que corta parte dos territórios de São Caetano, Santo André e Mauá, é o resto do toco, o toco sozinho de endereços sobre os quais há interesse de se implantar unidades produtivas que façam a diferença à recuperação do prestígio industrial da cidade.   

O encalacramento logístico da Avenida dos Estados é um convite à fuga de investimentos que possam fazer a diferença num Município entregue à própria sorte econômica e com indicadores sofríveis nas três últimas décadas.   

O esquartejamento do Eixo Tamanduatehy é o resumo da ópera de incompetência do prefeito Carlos Grana.   

REFORMA INDISPENSÁVEL  

O projeto deixado por Celso Daniel e que mesmo aos trancos e barrancos possibilitou vários investimentos, sobretudo na Avenida Industrial, deveria passar por reestudos contextualizados à situação econômica do País. Nada disso será feito. Será simplesmente esquecido.   

O uso misto da área de mais de nove milhões de metros quadrados do Eixo Tamanduatehy cederá espaço exclusivamente a dois milhões de metros quadrados para o setor industrial do Eixo Avenida dos Estados. Uso misto significa vizinhança com qualidade de vida entre indústria limpa, serviços, áreas de entretenimento e residências. Uso estritamente industrial é um salve-se-quem-puder.   

ATIVIDADES PRODUTIVAS  

Em nome de eventuais inversões financeiras nos mais de dois milhões de metros quadrados que a Administração Carlos Grana diz existirem para ocupações serão incentivados todos os tipos de atividades produtivas. Nem assim, provavelmente, decolará. A carona do Polo Petroquímico, nas proximidades do Eixo Avenida dos Estados, foi perdida há muito tempo. Há concorrência territorial mais próxima e menos complexa.   

Santo André como alternativa industrial de agregado de valor tecnológico, sobremodo na extensão do Rio Tamanduatehy, que corre em paralelo à Avenida dos Estados, é algo tão viável quanto plantar eucaliptos no topo do Paço Municipal ocupado por Carlos Grana.   

A primeira notícia de que se tem informação sobre a investida da gestão Carlos Grana em direção à Avenida dos Estados, e consequente soterramento do Eixo Tamanduatehy, foi publicada no site da Prefeitura em 22 de maio último.  

CENÁRIOS  

As declarações de Oswana Fameli são sedutoras para quem desconhece a disputa por espaço industrial no País: “O Conselho precisa participar ativamente deste debate, que visa planejar a cidade com base em uma política pública para o desenvolvimento. Nossos integrantes se engajaram minuciosamente em analisar o cenário industrial e produtivo, aliado ao diagnóstico das áreas disponíveis no entorno do Eixo da Avenida dos Estados”, avaliou a secretária.   

Que prosseguiu: “(Dois passos são importantes) -- definir as áreas estratégicas destinadas a este fim e criar políticas públicas que incentivem a economia”.   

Oswana Fameli, que confessa correr na mesma raia metodológica do governo federal, entende que a aprovação da Lei de Inovação, que regulamentou o Sistema de Inovação, detalha o papel das agências de fomento, instituições de apoio, incubadora de empresas e parque tecnológico. Ou seja: segue uma teoria que insiste em conflitar com a prática. 

FORA DO ROTEIRO    

E a prática é simples: Santo André está fora do roteiro de investimentos substantivos da indústria de transformação porque é um dos piores pedaços de competitividade sistêmica de uma região, a Província do Grande ABC, divorciada da realidade nacional ao insistir em acreditar que é o centro do mundo. Os números sobre desigualdade de salários e renda são pedagógicos sobre o enrosco.   

A Administração Municipal de Santo André desdenha dos cuidados críticos dos números históricos que CapitalSocial está cansado de apresentar.   

Em fevereiro de 2012 mostramos, por exemplo, que nenhum dos municípios que compõem o G-20 (o Clube dos Municípios Ricos do Estado de São Paulo) apresentou Valor Adicionado Industrial abaixo de 115% de crescimento nominal entre 2000 e 2009, exceto Santo André, que registrou 92,13%.   

CAINDO DEMAIS   

Um índice sofrível, quando no mesmo período o IGP-M (Índice Geral de Preços ao Consumidor) medido pela Fundação Getúlio Vargas chegou a 127,08%. Repetindo: Santo André foi lanterninha entre os municípios mais industrializados do Estado de São Paulo no período mencionado. Os números ficaram piores no ano seguinte.   

A reestruturação do Eixo Tamanduatehy deveria ser um dos pontos nucleares da gestão Carlos Grana.  

Para tanto, especialistas em competitividade regional poderiam ser requisitados para subsidiar informações que o provincianismo dos técnicos municipais jamais detectará.   

A situação se agrava quando se entrega o destino mesmo que mais restrito de parte daquela área, no caso o Eixo Avenida dos Estados, a um grupo de convidados não especializados no assunto e que integram o Conselho de Desenvolvimento Econômico sob o comando da secretária Oswana Fameli. E 

Esse é o retrato do estágio de simplificação a que chegou à gestão petista.   

VIVEIRO INDUSTRIAL  

Santo André é quase um doente terminal em competitividade industrial porque insistiu ao longo dos tempos em acreditar que o hino oficial do Município, que fala em “viveiro industrial” serviria como barreira às investidas da concorrência.   

O prefeito Carlos Grana e a secretária Oswana Fameli são até capazes de, ante um ou outro novo negócio na mais que provável profanada Avenida dos Estados, soltarem fogos de artifício. Eles perderam, isto é, se alguma vez tiveram, a noção do que significa artilharia real estruturada para o desenvolvimento econômico. 

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