G-22: Grande ABC desaba no
PIB do Consumo neste século
DANIEL LIMA - 06/05/2022
A coleção de indicadores originais ou atualizados do desastre econômico do Grande ABC neste século, como se as duas últimas décadas do século passado não fossem suficientes, está marcada também no comportamento do PIB do Consumo.
Os novos dados da Consultoria IPC reforçam a derrocada regional que parece não ter fim entre outras razões porque não há lideranças com olhem o território como deve ser olhado – a multiplicação de sinergias ao invés da divisão de poderes municipalistas.
Quando este século começou, o Grande ABC como um todo (ou seja, os sete municípios tratados como megacidade) ocupava a quarta posição no PIB do Consumo do G-16. Explica-se: o G-22 (com sete representantes da região e os 15 principais municípios do Estado, exceto a Capital) vira G-16 quando se elimina o G-7 regional e se acrescenta o Grande ABC propriamente dito ao G-15.
MUITAS ULTRAPASSAGENS
Quando o século começou, a soma dos sete municípios da região ocupava o quarto lugar no PIB do Consumo por habitante. Já nesta temporada de 2022, que expressa os dados consolidados do ano passado, o Grande ABC ocupa a décima-primeira posição.
Trocando em miúdos: no começo do século havia 11 municípios atrás da megacidade do Grande ABC no ranking do PIB do Consumo, enquanto neste 2022 o Grande ABC só supera cinco concorrentes.
O Grande ABC estava atrás apenas de Santos, Ribeirão Preto e Campinas no ano de 1999, e ao longo deste século, a partir de 2000, caiu pelas tabelas. Foi ultrapassado por Piracicaba, São José do Rio Preto, Jundiaí, Paulínia, Taubaté, São José dos Campos e Sorocaba.
As próximas temporadas deverão provocar mais estragos porque o carro-chefe da região, a indústria automotiva, deverá viver grandes transformações além das já anunciadas no campo da tecnologia.
O tabuleiro de localização da indústria de suprimentos eletrônicos vai se reconfigurar por conta de vetores geopolíticos.
A guerra na Ucrânia e a pandemia do Coronavírus deram um cavalo de pau no conceito de globalização. Agora a ordem ocidental é desglobalização, ou regionalização continental.
JOGO ALTERADO
As duas tabelas abaixo vão dar detalhes de mais um capítulo estatístico do quanto o Grande ABC perde terreno.
A situação é mais grave do que sugeriria o mais aflito dos regionalistas.
A queda gradativa e inexorável revela um dos pontos mais preocupantes do Desenvolvimento Econômico Regional.
Perder participação no PIB Tradicional (geração de riqueza em produtos e serviços) já é indicador extraordinariamente inquietante. Quando se soma a isso, até mesmo como consequência, a queda do PIB do Consumo, que é riqueza acumulada ao longo dos tempos, o alarme é muito mais atordoante.
Os resultados refletem claramente um dos fenômenos gerados pela desindustrialização negada até recentemente e que ainda encontra aqui e acolá algum acadêmico que vive no mundo da lua: a quebra da mobilidade social. Há cada vez menos ricos, menos classe média, mais pobres e a precária Classe C na região.
O inchaço populacional do Grande ABC, com quase um milhão de moradores em relação ao último ano do século passado, torna os números do PIB do Consumo per capita ainda mais desastrosos.
A demografia em alta e a economia em baixo formam uma dupla infernal em diversos indicadores. Os investimentos públicos, por exemplo, afrouxam o ritmo.
Sem contar que de maneira geral prefeituras intensificam o aperto arrecadatório da carga tributária própria para tentar contornar perdas fiscais geradas pela indústria, comércio e serviços.
Veja o ranking per capita do PIB do Consumo do G-16 em 2022:
1. Santos – R$ 44.090,12.
2. Ribeirão Preto – R$ 41.094,61
3. Campinas – R$ 40.301,72.
4. Piracicaba – R$ 39.291,15.
5. São José do Rio Preto – R$ 38.603,87.
6. Jundiaí – R$ 37.676,28.
7. Paulínia – R$ 36.686,01.
8. Taubaté – R$ 35.802,76.
9. São José dos Campos – R$ 35.713,44.
10. Sorocaba – R$ 35.585,02.
11. GRANDE ABC – r$ 34.799,78.
12. Sumaré – R$ 32.918,73.
13. Osasco – R$ 31.847,55.
14. Barueri – R$ 31.748,00.
15. Mogi das Cruzes – R$ 31.295,36.
16. Guarulhos – 26.318,26.
Veja o ranking do PIB do Consumo de 1999:
1. Santos – R$ 7.766,25.
2. Campinas – R$ 6.97663.
3. Ribeirão Preto – R$ 6.402,21.
4. GRANDE ABC – r$ 5.936,91
5. Jundiaí – R$ 5.873,33.
6. São José do Rio Preto – R$ 5.835,79.
7. São José dos Campos – R$ 5.638,62.
8. Piracicaba – R$ 5.631,32.
9. Sorocaba – R$ 5.576,55.
10. Osasco – R$ 5.379,70.
11. Paulínia – R$ 5.123,83
12. Barueri – R$ 5.083,49.
13. Taubaté – R$ 5.038,09.
14. Guarulhos – R$ 4.991,43.
15. Mogi das Cruzes – R$ 4.634,79.
16. Sumaré – R$ 4.195,18.
Leia mais matérias desta seção:
21/03/2024 São Bernardo perde mais que Santo André
19/03/2024 Ainda bem que o Brasil não foi criado em 2000
15/03/2024 Exclusivo: Grande ABC real em três dimensões
14/03/2024 Região sofre com queda de famílias da classe rica
06/03/2024 Recessão dilmista ainda pesa no salário industrial
05/03/2024 O que os metalúrgicos foram fazer na China?
27/02/2024 Veja análise das respostas do dirigente Fausto Cestari
26/02/2024 Minha Casa, Minha Vida; Meu Negócio, Meu Bolso
20/02/2024 Que prefeito vai estancar a decadência de Santo André?
1877 matérias | página 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178 179 180 181 182 183 184 185 186 187 188