Mais ricos, mais pobres e mais
Classe C no PIB do Consumo
DANIEL LIMA - 04/05/2022
Acabou de sair do forno da tradicional Consultoria IPC do pesquisador Marcos Pazzini o retrato do PIB do Consumo do Grande ABC para esta temporada, com base nos números do ano passado.
O Grande ABC ganhou um pouco mais de famílias de classe pobre e miserável, aumentou também um pouco o universo de famílias ricas e de Classe Média Tradicional e elevou também com discrição o total de famílias de Classe C.
Esses resultados estão conectados ao comportamento do PIB do Consumo em 2020, base de 2021, e, também aos dados do crescimento do PIB Geral no ano passado, de 4,6%, após a queda no ano anterior por causa da pandemia do Coronavírus.
Muito dinheiro público federal irrigou massas principalmente mais pobres com efeitos na Classe C.
MARCA FANTASIA
O PIB do Consumo é a marca fantasia adotada por CapitalSocial para traduzir o que é o Índice de Potencial de Consumo da empresa que tem essa especialidade de várias décadas. Sempre com acompanhamento analítico de LivreMercado/CapitalSocial.
Decidimos deixar de lado o conceito de disputa hierárquica que coloca os sete municípios da região em confronto com várias capitais do País.
Ao longo dos anos se escreveu muito sobre o Grande ABC ser o terceiro melhor potencial de consumo do Brasil, depois caiu para o quarto, desceu para o quinto e este ano voltaria ao quarto.
ENTULHO CONCEITUAL
Ainda não jogamos no lixo esse entulho simplificado do conceito geoeconômico, mas o faremos com vagar. Não falta mídia regional que ainda o utiliza como forma de contraposição ao desmoronamento do PIB convencional.
O conceito de cidade e de região se alterou completamente a ponto de se desconsiderar a hierarquia geoeconômica. Os sete municípios do Grande ABC formam uma região que Osasco, Guarulhos e Barueri potencialmente o são por causa de imbricamentos econômicos, geográficos e logísticos. E tantas outras geografias seguem essa cartografia de desempenho econômico com reflexos sociais.
Grande Campinas, Grande Ribeirão Preto, Grande Sorocaba, Grande Belo Horizonte, Grande Salvador, Grande Belo Horizonte e tantos outros aglomerados humanos são vistos por investidores e agentes públicos como macroáreas sinérgicas.
CRESCIMENTO DISCRETO
No ano passado cresceu a participação do PIB do Consumo do Grande ABC no PIB Nacional. Em 2021 o potencial de consumo da região representava 1,67749% de tudo que estava disponível no Brasil. Neste ano, o índice subiu para 1,75270%. Um avanço de 0,7521 ponto percentual.
Eram R$ 85.136.397.566 bilhões para serem consumidos em 2021. Serão R$ 98.814.894 nesta temporada. Crescimento nominal (sem considerar a inflação) de 16,15%. A média nacional de crescimento nominal foi de 11,16%. A inflação oficial do IPCA alcançou 10,06%.
Provavelmente não faltarão fogos de artifício de triunfalismo para festejar o ganho quase residual do Grande ABC nesta temporada, como se fosse o único território do País a aumentar a capacidade de consumo. Por isso mesmo não custa puxar as orelhas dos triunfalistas de plantão.
PERDENDO TERRENO
Quando começou este século, o PIB do Consumo do Grande ABC representava 3,47% de tudo que o Brasil dispunha. Como registrou para esta temporada 1,75270%, a queda relativa em duas décadas chegou a 49,57%.
Esse resultado é específico de perda relativa, ou seja, no confronto com os números nacionais. Em termos absolutos, também acumulou prejuízo. Ao longo dos anos detalhamos esses movimentos.
Tanto como o PIB Tradicional, que é a soma de produtos e serviços de um determinado período, o PIB do Consumo, acumulado de riqueza de cada endereço nacional, o movimento das pedras de avanços e perdas é suave. Exceto em situação de catástrofe.
MOVIMENTO GRADUAL
Grandes contingentes populacionais não ficam ricos, não entram para a classe média tradicional, não ingressam na Classe C ou se tornam pobres e miseráveis do dia para o outro. É assim que funcionam para o bem e para o mal as decisões de governos e consequências econômicas, entre outras variáveis.
Por conta disso, entre o PIB do Consumo do Grande ABC para esta temporada e o registrado na temporada anterior, há mudanças discretas.
O total de famílias de pobres e miseráveis aumentou em pouco mais de duas mil residências: eram 182.108 (18,9% do total de moradores) em 2021 e subiu para 184.319 (19,00% dos moradores) para a temporada deste ano.
As famílias de classe rica e de classe média tradicional representavam 285.155 residências no ano passado (29,7% do total) e neste ano serão 297.758 (30,7% do total) neste ano. Já na Classe C, eram 485.856 famílias no ano passado (50,2% do total), enquanto nesta temporada serão 494.937 (51,4% do total).
MELHOR QUE BRASIL
Quem quiser pegar o atalho festivo para mostrar que o Grande ABC é melhor que a média brasileiro no PIB do Consumo não precisa fazer muito esforço. A comparação p0de até ganhar conotação abusiva. Afinal, o Brasil como um todo jamais passou por processo de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC. E tampouco com o consequente esvaziamento econômico.
Mas não custa comparar a participação relativa de classes econômicas entre o Grande ABC e a média nacional.
Entre ricos e classe média tradicional, as famílias que residem no Grande ABC representam 3,70%. Já no Brasil como um todo são 2,50%. Uma diferença, portanto, de 32,43%.
Na classe média tradicional o Grande ABC conta com participação relativa de famílias da ordem de 27,0%, ante 20,8% da média brasileira.
A Classe C do Grande ABC representa 50,2% do total de moradores, enquanto o Brasil registra 48,0%.
Entre os pobres e miseráveis, o Grande ABC conta com 19,0% do total de 967.933 famílias, enquanto o Brasil registra 28,8% do total de 61.443.459 milhões de residências.
SÃO CAETANO É OÁSIS
Apesar de sofrer fundas perdas econômicas neste século, colocando-se entre os piores do G-22, o Clube dos Maiores Municípios do Estado de São Paulo, exceto a Capital, São Caetano exibe dados que colocam a média do Grande ABC e a média brasileira em situação de constrangimento.
Do total de residências em São Caetano (60.737, ou apenas um por cento do total nacional), 7,10% integram a classe dos ricos, 39,10% são integrantes da Classe Média Tradicional, 42,2% da Classe C e apenas 11,50% de pobres e miseráveis.
O PIB do Consumo per capita de São Caetano é o maior do G-22 e um dos mais elevados do País: R$ 49.787,06 mil. Muito acima da média do Grande ABC, de R$ 34.799,78, e da média nacional, de R$ R$ 26.262,62 mil. Praticamente o dobro.
Se o Brasil fosse São Caetano, o PIB do Consumo do País, que este ano chega a R$ 5.641.961 trilhões, registraria R$ 10.588.267 trilhões. E o PIB do Consumo do Grande ABC, de R$ R$ 98.886.814 bilhões para esta temporada, alcançaria (caso fosse o Grande ABC o que é São Caetano), o total de R$ 140.053.764 bilhões. Uma diferença de 29,39%.
Leia mais matérias desta seção:
21/03/2024 São Bernardo perde mais que Santo André
19/03/2024 Ainda bem que o Brasil não foi criado em 2000
15/03/2024 Exclusivo: Grande ABC real em três dimensões
14/03/2024 Região sofre com queda de famílias da classe rica
06/03/2024 Recessão dilmista ainda pesa no salário industrial
05/03/2024 O que os metalúrgicos foram fazer na China?
27/02/2024 Veja análise das respostas do dirigente Fausto Cestari
26/02/2024 Minha Casa, Minha Vida; Meu Negócio, Meu Bolso
20/02/2024 Que prefeito vai estancar a decadência de Santo André?
1877 matérias | página 1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178 179 180 181 182 183 184 185 186 187 188