Administração Pública

Olhe para o mapa regional e
veja onde há uma moeda forte

  DANIEL LIMA - 15/04/2022

Olhe para o mapa das sete cidades, olhe com atenção, não perca o foco. Concentre-se. Esqueça a vizinhança da cinderelesca Capital e também do Oeste que cresce como nunca, com Guarulhos, Osasco e Barueri na cabeça. Foque para valer no mapa do bicho-de-sete- cabeças, ou o mapa do Complexo de Gata Borralheira. Olhou? 

Pois esse é o mapa da mina, ou o tesouro forte, onde a moeda utilizada por alguns privilegiados ganha de lavada de qualquer outra moeda que se conheça, embora não seja reconhecida como moeda de verdade em lugar algum do mundo civilizado.  

Olhou para o bicho-de-sete-cabeças em forma de geometria, de geografia e de cartografia? De verdade? Olhando de forma múltipla fica mais fácil encontrar o bicho-de-sete-cabeças. Não que, separadamente, deixe de ser identificado em especificidades visuais.  

MIL PALAVRAS  

Prefiro olhar para o bicho-de-sete-cabeças em forma de bicho-de-sete-cabeças para chegar às especificidades do bicho-de-sete-cabeças. Tenho um sentimento de regionalidade que exige terapia intensiva. Mas isso é outra história.  

Se você acha que estou enrolando para chegar a mil palavras usuais de cada dia, que às vezes são duas mil, quando não três mil, você está certo.  

Quero chegar na reta final mantendo sua atenção e se você não quiser continuar nessa caminhada de suspense garanto que perderá uma puta brincadeira-séria. Desculpe pelo “puta” que saiu sem querer-querendo.  

Não fica bem dizer “puta”, mesmo no sentido metafórico, por assim dizer, como vício de linguagem, por assim dito, num dia especial como hoje. Mas já foi, o que posso fazer? 

NEGÓCIO ESPECIAL  

Afinal, quanto você tem no bolso em dinheiro vivo? E no banco em forma de capital pessoal de giro das despesas do mês. E em investimentos que garantam um futuro menos tenebroso nestes tempos bravios?  

Se seu dinheiro fosse convertido em uma moeda especial que há na praça no território em que o mapa lembra um cavalo-marinho, você teria a possibilidade de fazer um bom negócio, trocando o que tem por uma moeda exclusiva e valorizadíssima.  

Tudo vai depender de habilidades que precisam ultrapassar o conhecimento financeiro propriamente dito e invadir a grande área de relacionamentos privilegiados. Esse é o nó da questão. Relacionamentos especiais custam dinheiro. Sobretudo na moeda forte, mais forte que qualquer outra moeda.  

A maioria imagina e tem certeza, porque está certa daquilo que conhece, que essa moeda conversível não passa de moeda podre até prova em contrário. É um mico do qual todos querem se livrar no mundo dos vivos. Menos, claro, na terra dos vivíssimos do cavalo-marinho.  

MOEDA PODRE? 

Sem malabarismos, é mesmo uma moeda podre, uma moeda que vale pouco em relação ao que você investiu em trabalho e suor e que o tempo transformou em direitos líquidos e certos que o Estado em suas esferas decidiu não honrar porque o Estado está quebrado ante a fila gigantesca de credores.  

O dinheiro convencional de que você dispõe no bolso ou no banco é dinheiro que pode render um bom dinheirinho se você não mexer, ainda mais agora que a taxa Selic está crescendo mais que a inflação exatamente porque a taxa Selic é o antidoto para momentos de descontrole de preços por causa de uma pandemia ou excesso de gastos fiscais do governo de plantão.  

Vamos retomar o pensamento porque senão você perde o fio da meada com minha enrolação.  

MOEDA FORTE! 

O fio da meada da moeda disponível no bolso ou no banco se chama Real, ou se houver um jeitinho de dar uma escondidinha também pode chamar Dólar ou Euro.  

Pois esse dinheiro perto da moeda forte daquela gente que está num lugar muito especial daquela cidade cujo território lembra um cavalo-marinho é praticamente risível. Não paga nem uma largada numa corrida que, fosse de cavalos, seria um estrondo.  

Sei que estou sendo cansativo com essa historiazinha da cidade do cavalo-marinho e sua moeda forte para poucos, mas, sabe como é que é, preciso tomar certas cautelas, por mais certezas e provas que tenha. Quando se mexe com dinheiros, ainda mais com uma moeda extraordinariamente valorizada no câmbio da oficialidade, é melhor precaver do que remediar. 

USE IMAGINAÇÃO  

Sabe aonde quero chegar? Quero ver se você é capaz de ter imaginação, certo conhecimento e mesmo uma dose extraordinária de intuição para entender o que significa essa moeda forte nesse território do cavalo-marinho. 

Será que formam mesmo o delineamento de um cavalo-marinho as linhas que separam a cidade das demais cidades, mais de duas cidades, mais de três cidades, exatamente cinco cidades do hepteto geográfico?  

Será que não estaria enganado na definição geométrica? Como hipermetrope quase zerado depois de uma cirurgia, carrego uma enorme possibilidade de dar com os burros nágua porque sempre fugi das aulas de geografia, cartografia, geometria, geologia e tantos outros “gês”?  

Sei que você está pouco se lixando para a geometria e para geografia, porque está louco para saber mesmo que moeda, afinal, é essa. Que moeda é essa que o cretino deste jornalista não revela de vez, acabando com a agonia? Por que tanto suspense? Será que a revelação vai provocar uma corrida ao pote de ouro?  

MOEDA É POUCO  

Não basta revelar a moeda, porque a moeda é conhecida. O que importa para valer é saber a mágica que se faz com a moeda velha de guerra e de filas cronológicas gigantescas que, de repente, viraram riqueza.  

Nestas alturas do campeonato já cheguei a 800 palavras e ainda faltam 200 para encerrar este texto que chamaria de sacaneadoramente hermético.  

O dicionário virtual aponta que não existe o verbete sacaneadoramente, mas insisto e vou em frente. Se não existe mesmo passa a existir porque no momento não vejo algo melhor para definir o que é sacanagem mesmo.   

Detesto o verbete “sacanagem”, pouco elegante, transpirantemente machista, extorsivamente de mau-gosto, mas como quero chegar a mil palavras não importa como, porque o que interessa é completar a maratona, sigo em frente. 

CHEGANDO LÁ  

Você já tem ideia do que estamos falando? Qual cidade do bicho-de-sete-cabeças lembra um cavalo-marinho e é territorialmente a que mais divide fronteiras internas? 

Não vou dar mais dicas porque acho que você tem obrigação de se virar nos trinta. Se não souber, procure saber o que é geometria, geografia, cartografia e o escambau.  

Agora cheguei a mil palavras e me dou conta de que nunca me senti tão esgotado no dia a dia de produzir análises como agora. Não tenho por costume olhar para a tela do computador e verificar sistematicamente a que ponto cheguei nos parágrafos que se encaixam como se estivesse ao piano, pianista que sou frustrado, não bastasse ter sido não mais que esforçado no futebol.  

Olho de novo para a parte inferior da tela do computador e verifico que neste exato momento, no “momento” do “momento”, alcanço 1.100 palavras. Ultrapassei as mil palavras planejadas. Sempre cometo esse crime de esticamento.  

Qual é a moeda forte dessa terra de geometria de cavalo-marinho que está dando o pulo do gato em todos que um dia ousaram afirmar que a moeda em questão não valia nada, era um teste de paciência e passava de pai para filho, quando não para neto, em forma de espera, espera e muita espera, porque o emissor não paga nunca, ou quase nunca e quando o faz o deságio é grandioso. 

Pronto, cheguei a 1.150 palavras. As próximas vão servir para dizer que a moeda forte se chama “precatório”.  

Pronto, contei o milagre, mas não vou revelar agora o nome do santo negócio que faz milionários. Tudo a seu tempo. Não nasci ontem e sei que sei que o jogo é pesado. 

Cheguei a 1.200 palavras. Tudo tem seu tempo se não bate o pé de vento. Já leu essa frase antes em algum lugar? Acho que inventei agora. Se inventam uma nova moeda, revolucionária, por que não posso inventar uma frase?  

Tudo tem seu tempo se não bate o pé de vento. Interessante. O resto, ou seja, a utilidade mercantil da supermoeda, conto outro dia. 

Leia mais matérias desta seção: