Esportes

Santo André analisa a melhor
alternativa para adotar SAF

  DANIEL LIMA - 15/03/2022

O Esporte Clube Santo André está confiante na lógica de que o Estádio Bruno Daniel será concedido dentro dos padrões republicanos como representante único e mais que merecedor de uma concessão sem qualquer tipo de restrição. Por isso, a direção ocupa-se do que interessa de verdade: os referenciais que determinariam a transformação em Santo André Sociedade Anônima, conforme determina a nova e vantajosa legislação de clube-empresa. 

É claro que ainda existe preocupação com o Paço Municipal e o entorno do Paço Municipal à concessão do Estádio Bruno Daniel.  

Os dirigentes do Santo André preferem não falar sobre o assunto, mas sabe-se que há movimentação de conselheiros e torcedores para acompanhar atentamente eventuais contratempos.  

Muitos dos ramalhinos seguem à espera de posição oficial do prefeito Paulinho Serra, mas até agora nada de efetivo saiu do gabinete do Paço Municipal que possa tranquilizar de vez a agremiação.  

VERSÕES DO PAÇO  

Há versões contraditórias no Paço Municipal. Fala-se muito em gente sem qualquer histórico com o futebol da cidade que estaria articulando-se para buscar um empreendedor externo. E que por isso mesmo o prefeito Paulinho Serra e o secretário de Assuntos Estratégicos, José Police Neto, têm preferido adiar posicionamento.  

Pretenderiam dar mais tempo ao tempo para novos tempos de acordo com interesses específicos que não coincidiriam, entretanto, com os interesses e urgências do Esporte Clube Santo André. 

Enquanto as versões ganham corpo mas também se enfraquecem na medida em que um dos principais motes para intervenção branca no Santo André seria o rebaixamento da equipe para a Série A-2 do Campeonato Paulista, dirigentes agem com objetividade. 

Com a manutenção do Santo André na Série A-1, a tranquilidade agora ganhou robustez.  

MAIS QUE PRAGMATISMO  

Sabe-se que está sendo desenhado um formato que vai além dos enunciados à adaptação do Santo André à SAF.  

Parece que começa a imperar entre os principais dirigentes do Esporte Clube Santo André a filosofia de que não bastaria encontrar um parceiro para assumir a agremiação e dotá-la de muito mais força técnica e financeira.  

Há uma corrida em direção a algo mais consistente. Não bastaria ser uma boa parceria, com eventuais empreendedores que acreditem no negócio futebol. Ganha corpo uma versão mais encorpada: os eventuais pretendentes a gerirem o Santo André Sociedade Anônima precisam contar com recursos financeiros para a nova empreitada mas também terem a cultura de negócios do futebol.  

Trocando em miúdos: precisam ter currículo, não oportunismo que possa comprometer o futuro da agremiação.  

O Santo André Sociedade Anônima deverá ter uma parcela das ações reservadas a representantes do Esporte Clube Santo André. Não se sabe ainda em que volume. Mas é certo que uma cláusula que deverá ser obedecida, inclusive como forma de suporte aos eventuais investidores, versa sobre a importância de o clube não perder as relações sociais internas. Mais que isso: pretende-se, com melhores condições orçamentárias, intensificar as relações institucionais da agremiação. 

QUEM É DO RAMO  

Mas não é somente isso: o que os dirigentes do Esporte Clube Santo André sonham é contar com empreendedores do futebol que lidem com os negócios do futebol. Ou seja: que tenham experiência para robustecer as potencialidades do Santo André.  

Em suma, gente que esteja no circuito do futebol não só nacional mas provavelmente internacional. 

Desta forma, carrega-se a confiança de que o Santo André Sociedade Anônima será um projeto vitorioso não só aos investidores, mas às forças internas da cidade e da própria região.  

Transformando tudo isso em termos práticos, o Esporte Clube Santo André espera virar Santo André Sociedade Anônima não só num formato jurídico diferente do que sempre aplicou, exceto nos cinco anos da Saged, mas, principalmente, avançar na hierarquia do futebol brasileiro tanto quanto na integração com as instituições e aficionados.  

DIRIGENTES REUNIDOS  

Saged foi uma empresa privada que controlou o destino do Esporte Clube Santo André durante cinco anos. Os resultados técnicos foram uma gangorra que concorreram como a gangorra dos resultados econômico-financeiros. O Santo André chegou à Série A do Campeonato Brasileiro de 2010 e em seguida caiu vertiginosamente, até perder um lugar no circuito nacional. O passivo financeiro até hoje não foi equacionado.  

Já há um grupo dirigente do Esporte Clube Santo André que vem se reunindo para configurar uma plataforma de propostas que serviriam de base à aprovação do parceiro da SAF. Tudo é tratado sob sigilo.  

Não mais que seis diretores e conselheiros estariam conversando reservadamente sem a participação de qualquer corpo estranho. Até porque não apareceu ainda um investidor para valer.  

Há muitas especulações, mas a direção do Santo André reconhece que há desvantagens que precisam ser superadas no campo concorrencial e por isso mesmo a agremiação precisa demonstrar que quer muito mais que um sócio majoritário.  

Chegou-se a discutir num desses encontros que, entre uma eventual proposta rigorosamente financeira mais vantajosa e uma eventual proposta financeira mais robusta de longo prazo, a escolha do parceiro que assumiria a SAF provavelmente seria determinada pela capacidade de gerenciamento do negócio futebol.  

Ou seja: entre empreendedores sem grandes lastros no futebol mas que supostamente ofereçam mais recursos financeiros e empreendedores do ramo, que sabem os caminhos dos negócios do futebol, sobretudo no futebol da base, não haveria dúvida alguma: ganhará a segunda proposta.  

MAIS TEMPO PELA FRENTE  

O Esporte Clube Santo André terá a partir da semana que vem mais tempo e condições para mergulhar de vez nos avanços relativos à implantação da SAF. Sabe-se que foram realizados três contatos até agora com consultorias especializadas.  

Não existe dúvida sobre o destino do clube. Reconhece-se que é virar SAF ou desaparecer do mapa do futebol competitivo no Estado, e comprometer de vez qualquer retomada no calendário nacional.  

Somente uma possível classificação para as quartas de final da Série A-1 do Campeonato Paulista adiaria os planos de engatar uma terceira marcha na direção da SAF nos próximos dias. Mas aí valeria a pena. O Santo André dos gramados conseguiria um feito extraordinário.  

Considerado o primo pobre do futebol do Grande ABC (São Bernardo, Água Santa de Diadema e São Caetano já contam com o formato de clube-empresa) o Santo André teria se consagrado de vez na temporada com um orçamento baixíssimo.  

Quem sugere que a fuga do rebaixamento e a possível classificação às quartas de final são obras do destino desdenha da experiência acumulada por dirigentes na definição do plano de voo de disputa do campeonato estadual mais concorrido do País.  

É essa mesma experiência, levada ao campo de empreendedorismo, que determinará o futuro do Esporte Clube Santo André e do Santo André Sociedade Anônima. Talvez só falte combinar com os russos do Paço Municipal.   

Leia mais matérias desta seção: