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Veja Diário do Grande ABC de
nove meses de reestruturação (4)

  DANIEL LIMA - 25/02/2022

Estamos recuperando o Planejamento Estratégico Editorial que preparei e apliquei até onde foi possível na redação do Diário do Grande ABC entre julho de 2004 e abril de 2005.  

Hoje tratamento do capítulo referente à gestão dos recursos humanos.  

Lembramos que estamos reproduzindo por justa causa aquela proposta de quase 100 mil caracteres e que se converteu no único instrumento de planejamento estratégico da redação do jornal mais tradicional da região.  

Soube apenas outro dia, no documentário do Caso Celso Daniel, do Estúdio Escarlate, e da Globoplay, que fui chamado para colocar o Diário do Grande ABC na rota de recuperação porque havia um acordo entre um dos novos acionistas daquela publicação, o empresário Ronan Maria Pinto, e representantes do PT.  

Essa lembrança que faço questão de explicitar é bastante honrosa para mim, porque jamais em tempo algum militei em defesa de qualquer cor partidária. Meus cromossomos como profissional de jornalismo é a meritocracia, a sensibilidade social e o engajamento da sociedade na condução dos destinos do espaço que ocupa. Os 32 anos de LivreMercado/CapitalSocial provam disso. Sem contar os anos antecessores.  

Vamos então aos conceitos que repassei aos acionistas, dirigentes e colaboradores do Diário do Grande ABC há 18 anos.    

 FORMAÇÃO PROFISSIONAL  

A exemplo do que organizamos entre 1982 e 1983, quando ocupamos posto equivalente ao de chefe de redação, embora a nomenclatura fosse de coordenador de produção, vamos introduzir um mecanismo de seleção e preparação de recém-formados para, mediante necessidades, contratá-los para substituir ou eventualmente reforçar nosso quadro de redação. 

Naquela época chamamos de escolinha o que veio a se consolidar como virtuosíssimo modelo de reposição e contratação de jovens valores.  

A importância dessa iniciativa vai muito além do que alguns supõem restrita a interesses financeiros. Aliás, o viés financeiro é apenas uma fração do conjunto de vantagens da introdução desse processo de depuração e uniformização de recursos humanos da área editorial. 

 PREPARAÇÃO ADEQUADA  

Pesa muito mais em qualquer equação que se desenhe a perspectiva de que essa turma de jovens poderá ter acesso aos quadros de redação sem sofrer impactos emocionais e técnicos que tanto comprometem a qualidade do produto final, isto é, da informação consumida pelos leitores.  

É enorme a diferença entre o rendimento de um jovem recém-formado e contratado para atuar numa redação sem referenciais da cultura editorial da publicação e um jovem recrutado tendo como base a preparação numa espécie de vestibular. Produtividade é o verbete que, no fim da linha de avaliação, definirá a diferença entre um modelo e outro. 

 AÇÃO PERMANENTE  

Afastar qualquer possibilidade de ruídos no circuito de informações que devem chegar aos leitores é o pressuposto de, também na seleção e no aproveitamento de jovens talentos, atingir respeitabilidade editorial. 

A preparação permanente, sistemática e programática de jovens que ocuparão parte do universo da redação é condição imprescindível à estabilidade do departamento. Não se pode descartar a oxigenação da juventude em qualquer ambiente corporativo, sob o risco de enferrujar a engrenagem.  

Entretanto, a simples escalação de recém-formados sem o devido preparo técnico, emocional e cultural se revestiria de tiro no próprio pé.  

 AUTOESTIMA EM JOGO   

Afinal, a contratação pura e simples de novos valores, atirados às feras de um produto que desconhecem, eleva as possibilidades de destruição da autoestima pessoal e, principalmente, submete o profissional recém-chegado a uma sequência de improdutividades que desarticulam o produto final.  

E, nesse ponto, mais uma vez, vale a pena enfatizar: o consumidor de informação não pode ser apanhado no contrapé pelo efeito-tobogã de abordagens editoriais desconectadas dos valores exaustivamente enfatizados. 

Não se pode nem ao menos conjecturar que jovens eventualmente talentosos sejam escalados para produzir em nome de um jornal quase cinquentenário sem que estejam adequadamente entronizados nos conceitos técnicos e culturais da publicação.  

 RIGOR PRODUTIVO  

O produto que vai às bancas e aos endereços domiciliares e empresariais tem de ser observado sob o mesmo rigor de algo como um laticínio de marca respeitável exposto cuidadosamente na gôndola de um supermercado, de um veículo zero quilômetro que ajuda a compor o ambiente de uma concessionária, de um elenco de estrelas que se confunde com a logomarca de uma empresa de comunicação.  

Uma publicação que comete erros grosseiros ou omissões incontornáveis sofre fortes arranhões de credibilidade. 

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