Economia

Nem Santo André e Mauá
salvam PIB do Grande ABC

  DANIEL LIMA - 17/12/2021

Saiu o PIB (Produto Interno Bruto) dos Municípios Brasileiros. Como sempre faz na terceira semana do último mês do ano, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anuncia o comportamento das cidades brasileiras sempre com dois anos de atraso. Depois de uma temporada de recuperação em 2018 e em 2017, o Grande ABC voltou a registrar índice negativo: descontada a inflação, perdeu 1,13% do PIB. Santo André e Mauá cresceram acima da inflação do período, mas não salvaram a lavoura porque a principal economia regional, de São Bernardo, caiu estrondosamente.  

Para que terminasse a temporada de 2019 sem danos, o Grande ABC precisaria repetir os números de 2018 acrescentados da inflação do período de 12 meses. Não deu: os R$ 126.597.020 bilhões daquela temporada não tiveram fôlego para chegar a R$ 132.053.351 bilhões com a correção inflacionário pelo IPCA do IBGE. O resultado final de 2019, de R$ 130.563,010 bilhões, ficou em termos reais 1,13% abaixo do necessário. 

Acima da inflação 

Menos mal que se salvaram dois endereços municipais, cujos números alcançaram índices de crescimento nominal acima da inflação. Santo André cresceu 4,64% sem considerar a inflação, enquanto Mauá avançou 6,51%. Rio Grande da Serra também registrou número positivo, com crescimento nominal de 18,45%, mas não levamos em conta porque o menor Município da região tem peso de apenas 0,2% no PIB Regional Geral.  

Esperava-se que o PIB Geral do Grande ABC de 2019 fosse levemente positivo, porque o PIB Brasileiro avançou 1,2% e na temporada anterior, de 2018, o PIB Regional avançou acima dos números do País. O crescimento geral de 2% da indústria automotiva não teve o efeito esperado internamente.  

O que pesou mesmo para o registro negativo do PIB Geral do Grande ABC foi a queda de São Bernardo. O crescimento nominal de apenas 0,99% comprometeu o resultado geral dos sete municípios. A conta é simples: se o PIB Geral de São Bernardo crescesse o equivalente à inflação de 4,31%, ao invés de marcar R$ 51.066.927 bilhões teria registrado 52.743.216 bilhões, ou seja, uma diferença de R$ 1.667.519 bilhão, montante maior que o R$ 1.490.341 bilhão que separa o PIB de 2018 corrigido pela inflação do período o PIB real de 2019.   

Traduzindo: a força econômica de São Bernardo se comprovou na temporada de 2019 decisiva entre o resultado positivo que se esperava e o resultado negativo que se consumou. Em outras temporadas, São Bernardo praticamente fez a diferença entre ganhos reais e perdas possíveis. 

Dados comparativos  

Veja o comportamento do PIB dos sete municípios do Grande ABC entre 2018 e 2019: 

a) Santo André contava com PIB Geral de R$ 28.994.083 bilhões e passou para R$ 30.339.076 bilhões em 2019. Crescimento nominal de 4,64% ante inflação de 4.31% no período de 12 meses. 

b) São Bernardo contava com PIB Geral de R$ 50.563.912 bilhões em 2018 e passou para R$ 51.066.927 bilhões em 2019. Crescimento nominal de 0,99% ante inflação de 4,31% no período de 12 meses. 

c) São Caetano contava com PIB Geral de 13.428.452 bilhões em 2018 e passou para R$ 13.705.940 bilhões em 2019. Crescimento nominal de 2,07% ante inflação de 4,31% no período de 12 meses.  

d) Diadema contava com PIB Geral de R$ 14.672.839 bilhões em 2018 e passou para R$ 15.301.322 bilhões em 2019. Crescimento nominal de 4,11% ante inflação de 4,31% no período de 12 meses. 

e) Mauá contava com PIB Geral de R$ 15.287.803 bilhões em 2018 e passou para R$ 16.282.604 bilhões em 2019. Crescimento nominal de 4,11% ante inflação de 4,31% no período de 12 meses. 

f) Ribeirão Pires contava com PIB Geral de R$ 3.041.274 bilhões em 2018 e passou para R$ 3.146.1643 bilhões em 2019. Crescimento nominal de 3,45% ante inflação de 4,31% no período de 12 meses. 

g) Rio Grande da Serra contava com PIB Geral de R$ 608.657 milhões em 2018 e passou para R$ 720.977 milhões em 2019. Crescimento nominal de 18,45% ante inflação de 4,31% no período de 12 meses.   

Um quarto para oito  

Segundo boletim emitido ontem de manhã pelo IBGE, em 2019, um quarto do PIB do país vinha de apenas oito municípios e o líder em participação era São Paulo (SP) responsável por 10,3% do PIB do país que, naquele ano, chegou a R$ 7,4 trilhões. Já o município com o maior PIB per capita foi Presidente Kennedy (ES), com R$ 464.883,49. 

Entre 2018 e 2019, os municípios com maior ganho de participação no PIB do país foram São Paulo (SP), Maricá (RJ), Saquarema (RJ), Parauapebas (PA), Brasília (DF) e São José dos Pinhais (PR), cada um com acréscimo de 0,1 ponto percentual. A atividade econômica na Cidade-região de São Paulo, que reúne 92 municípios adjacentes com forte interação, gerava o equivalente a quase um quarto do PIB do país e, ainda, 20,4% do Valor Adicionado bruto da indústria nacional.  

Ainda segundo o IBGE, em 48,9% dos municípios do país a administração pública foi a principal atividade econômica em 2019. “Esse predomínio ocorria em mais de 90% dos municípios do Acre, Roraima, Amapá, Piauí e Paraíba e em apenas 9,9% dos municípios paulistas.  

Metade para 70 

Os 70 municípios com os maiores PIBs reuniam pouco mais de um terço da população brasileira e concentravam quase a metade do PIB do país. Já os 1.345 municípios de menores PIBs responderam por cerca de 1,0% do PIB nacional e por 3,1% da população. Entre estes, estavam mais da metade dos municípios do Piauí (153) e da Paraíba (135). 

A análise da distribuição do PIB por concentrações urbanas (arranjo populacional com mais de 100 mil habitantes, reunindo uma ou mais cidades com alto grau de integração, devido aos deslocamentos para trabalho ou estudo) permite verificar que um quarto da produção econômica do país, em 2019, estava em apenas duas dessas concentrações: São Paulo/SP (17,0%); e Rio de Janeiro/RJ (7,9%). 

As 10 maiores concentrações urbanas brasileiras compõem cerca de 42,8% do PIB: São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Brasília/DF, Belo Horizonte/MG, Porto Alegre/RS, Curitiba/PR, Campinas/SP, Salvador/BA, Recife/PE e Fortaleza/CE.  

Um terço nas capitais  

Em 2019, 31,4% do PIB nacional vinha das capitais, a menor participação da série. São Paulo (SP) liderava, com 10,3% de participação e Rio Branco (AC) era a última da posição entre as capitais, com contribuição de 0,1%. 

O IBGE revelou também que de 2002 a 2019, o maior ganho de participação no PIB ocorreu em Maricá (RJ), com aumento de 0,5 ponto percentual devido à extração de petróleo. Osasco (SP) vem logo em seguida, com incremento de 0,3 ponto percentual puxado pelos serviços, sobretudo por atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados. Em terceiro lugar está Niterói (RJ), com ganho de 0,3 ponto percentual também em função da extração de petróleo. 

Já as maiores quedas, no período, foram de São Paulo (-2,3 pontos percentuais) e do Rio de Janeiro (-1,5 ponto percentual), o que indica, novamente, uma tendência de desconcentração do PIB no nível municipal. A redução na capital paulista explica-se pela diminuição relativa das atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados. Já o Rio reduziu seu peso na indústria do país. 

São Bernardo cai  

Outras quedas ocorreram em Campos dos Goytacazes (RJ), que perdeu 0,4 ponto percentual, São Bernardo do Campo (SP) e São José dos Campos (SP), que perderam 0,3 ponto percentual. No município fluminense, a redução se deve à extração de petróleo, e nos dois municípios paulistas, às Indústrias de transformação. 

O IBGE constatou também que em 2.726 (48,9%) municípios, a Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social foi a principal atividade econômica em 2019. No Acre, Roraima, Amapá, Piauí e Paraíba, esse percentual ultrapassou 90%. Já São Paulo teve apenas 9,9% dos municípios com essa característica. 

Dos 241 municípios cuja atividade principal foi indústrias de transformação, 197 (81,7%) estavam no Sudeste e no Sul. Mato Grosso obteve o maior percentual de municípios em que a Agricultura, inclusive apoio à agricultura e pós-colheita, aparece como atividade de maior destaque (39,7%), seguido por Rio Grande do Sul (33,6%). 

Indústria concentrada  

Dezoito municípios concentravam um quarto do Valor Adicionado bruto da Indústria em 2019, revelando uma concentração maior que na Agropecuária. A capital paulista (4,1%) manteve a primeira posição (8,1% em 2002), seguida por Rio de Janeiro (RJ), 2,6% e Manaus (AM), 2,2%, devido à Zona Franca. Na sequência, Maricá (RJ), com 1,8%, e Niterói (RJ), com 1,5%, tiveram seus desempenhos vinculados à extração de petróleo. 

Entre as concentrações urbanas, São Paulo/SP teve a maior participação (10,0% da atividade industrial do país), seguida pelas do Rio de Janeiro/RJ (7,8%), Belo Horizonte/MG (3,3%), Curitiba/PR (3,0%) e Campinas/SP (3,0%). Essas cinco concentrações urbanas somavam 27,1% do valor adicionado bruto da Indústria brasileira. 

São Paulo expandida  

A Cidade-Região de São Paulo concentrava 20,4% do Valor Adicionado bruto da Indústria no país, destacando-se nas indústrias de transformação. Já a Amazônia Legal representava 9,9% da Indústria, e o Semiárido, 4,1%. 

Nos Serviços (exceto Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social) três municípios somavam quase um quarto do total dessa atividade no Brasil em 2019: São Paulo (SP), com 14,9%, Rio de Janeiro (RJ), com 5,1%, e Brasília (DF), com 3,5%. Os 41 municípios de maior participação acumularam metade do total, dentre os quais 19 eram capitais. No mesmo ano, os 2.026 municípios de menor participação somavam apenas 1,0% desses serviços. 

A concentração urbana de São Paulo/SP detinha 22,7% do Valor Adicionado bruto de Serviços (exceto Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social). A Cidade-Região de São Paulo concentrava 30,2% dos Serviços do país, ainda excluindo a administração pública. A Amazônia Legal participava com 6,5% e o Semiárido apresentava um valor adicionado bruto que respondia por 4,2% desses serviços. 

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