Economia

Sai amanhã PIB dos Municípios
Brasileiros. Vamos comemorar?

  DANIEL LIMA - 16/12/2021

Sei não, sei não se vamos comemorar alguma merreca melequenta de aumento do PIB dos Municípios da temporada de 2019 (isso mesmo, de 2019), mas acredito que talvez essa notícia, mesmo que requenguela, porque os números seriam esquálidos, aliviará nossa barra econômica no fim desta temporada. Pena que seja tarde, porque o que veio em 2020, com a pandemia do Coronavírus, foi uma senhora cacetada. 

Há trezentos anos acompanhamos o desempenho dos municípios do Grande ABC (e dos principais municípios paulistas) também no PIB (Produto Interno Bruto). O IBGE sempre divulga os resultados com dois anos de atraso, como estamos cansados de saber e de explicar. O emaranhado de mais de cinco mil municípios é a justificada para o atraso.  

Crescer um pouco 

Acho que vamos crescer um pouquinho porque o Brasil também cresceu um pouquinho em 2019. Mais precisamente, o País no ano antecedente à pandemia avançou exatamente 1,2%. No ano anterior, em 2018, o crescimento do PIB Nacional registrou 1,8%, ante 1,3% anunciado inicialmente.  

Como se comportou o PIB do Grande ABC em 2018? Como analisamos em 17 de dezembro do ano passado, o avanço regional foi de 2,85%, portanto mais que o PIB Nacional. Como houve resultado positivo no ano seguinte no País, é mais que provável que o PIB do Grande ABC siga em sintonia, um pouco mais ou provavelmente um pouco menos.  

Um dos indicadores de que o PIB do Grande ABC de 2019 pode ser positivo é que a produção automotiva nacional avançou 2,3% naquela temporada. A dependência ainda excessiva mas nem por isso lamentável do Grande ABC do setor indica, portanto, que não fomos abalados por uma catástrofe naquela temporada. Diferentemente do ano passado, cujo PIB só será conhecido em dezembro do ano que vem.  

Prejuízo histórico  

Vou deixar para a edição de amanhã (provavelmente a última deste ano) a abordagem de vários aspectos relativos à nova safra de dados do PIB dos Municípios Brasileiros. Mas não é possível deixar para depois o que tem de ser digitalizado agora: estamos no prejuízo histórico quando se consideram informações que dialogam com os principais municípios paulistas.  

Ainda estamos muito distantes de recuperar os dois anos de recessão do governo Dilma Rousseff. O Grande ABC viveu provavelmente os piores 24 meses de sua história. Grande parte dos quase 100 mil empregos gerais que perdemos entre janeiro de 2015 e dezembro de 2020 está concentrada entre o mesmo 2015 e 2016. O PIB Regional caiu 16,02% em 2015 frente a 2014 e 4,06% em 2016.  

Um dos pontos que me movem a olhar para os números do PIB do Grande ABC com cautela e por isso mesmo, como neste texto, não me deslumbrar com eventuais resultados positivos, é que a historia nos condena a olhar com ceticismo. Já contávamos com 4,52% de participação no PIB brasileiro, em 1970, ano da Copa do Mundo do tricampeonato no México, ano de “Pra frente Brasil”. Em 2018, último ano cujos dados são conhecidos, não passávamos de 1,8%. Uma queda de 60,18% no período. 

Queda dupla  

É claro que queda relativa é uma coisa, queda absoluta é outra, mas também é claro que tanto incidimos na primeira quanto na segunda. Quero dizer com isso que poderíamos ter participação relativamente menor no conjunto do PIB Nacional, mas ter resistido bravantemente na produção de riqueza interna. Nada disso ocorreu: perdemos nas duas raias.  

Também escrevi em 17 de dezembro do ano passado, quando analisamos o resultado do PIB dos Municípios Brasileiros de 2018, que o que determina mesmo as oscilações do comportamento da região, com maior influência em São Bernardo e em Diadema, é a produção automotiva.  

Ou seja: quando se toma o pulso da economia do Grande ABC é indispensável verificar qual foi o comportamento da indústria automotiva do País. “Por menos que seja a fatia do Grande ABC no setor (calcula-se que não passaria de 18% de tudo que é produzido no país) há sempre uma influência local expressiva. Tudo porque internamente a indústria automotiva representaria mais da metade do PIB Industrial, com influência incisiva no PIB Geral”, escrevi há um ano. E faço uma correção, ou melhor, atualização: dados consolidados em estudo recentemente divulgados apontam que o Grande ABC foi rebaixado a menos de 10% do PIB Automotivo do País.  

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