Sociedade

Personagens imperdíveis de
um mundo em transformação

  DANIEL LIMA - 13/10/2021

Os personagens que se seguem são mais numerosos do que o mais criativo dos investigadores do comportamento social sugere. Estão em todos os cantos. Encontrei-os num imaginário restaurante. Em fim de tarde regado a cerveja. Eles estavam reunidos em mesa redonda. Poderiam estar num ambiente corporativo, numa residência, num encontro qualquer. Eles, AUTORITÁRIO, OMISSO, ÓBVIO, NARRATIVA, ARGUMENTO e CONTRADITÓRIO são a essência destes tempos tão conturbados. Olhos e ouvidos no que dizem. Você certamente vai se encaixar num dos modelos que eles expõem. Ou em mais de um. Experimente.   

ARGUMENTO – Não sei, querida Narrativa, por que insiste em tentar manipular os fatos, os dados, as informações, o bom-senso, a ciência comprovada e aplicada. Espero que você, por ser a única mulher nesta mesa, não venha com a lorota do politicamente correto de que estou sendo discriminatório, machista, essas coisas que hoje empesteiam a sociedade e estabelecem rótulos estigmatizantes.  

AUTORITÁRIO – Calma, lá, Argumento. Vamos devagar com o andor de ilações que o santo da flexibilidade semântica é de barro. 

ARGUMENTO – Sossega no seu canto. Deixe eu falar. Estou me dirigindo à caríssima Narrativa. Quero dizer a ela que é melhor parar com essas meias-verdades, com essas mentiras inteiras, com essa carga corrosiva de subjetividade criada na tentativa de formar um consenso falso, fraudulento, fake news, com os demais interlocutores. Isso é ignorância ou mau-caratismo. Em qualquer situação, não é jogo limpo. E entenda que não vou me submeter às suas vontades. Deixe de cercar o porco de suposta verdade para enxovalhar que tem fundamentação. Aliás, você já ouviu falar em fundamentação? Quer que explique ou desenhe? 

NARRATIVA – Calma aí, não fique perdendo a paciência de graça. Quem perde a paciência já perdeu. Você pode se tornar rapidamente em Argumento furado. Estou me lixando para esse tal negócio de dados, de provas, de estatísticas, de passado, de contexto. Meu enredo é indevassável a isso tudo porque acredito nas informações que recebo e também nas minhas avaliações, nas minhas percepções. Essa história de checar os fatos e tudo o mais não me convence. 

ARGUMENTO – E não me surpreende nenhum pouco, porque já vem impondo diplomaticamente uma conclusão sem base técnica.  

AUTORITÁRIO – Estou com você, Narrativa. Não temos mesmo que retroceder. O Argumento que se dane. Ele que teorize em outra freguesia.  

ARGUMENTO – Falou a voz do sabe-tudo e do cale-se. Você, Autoritário, é a versão transgénero da Narrativa. Com pendores ditatoriais explícitos.  

CONTRADITÓRIO – Podemos esticar essa conversa por bom tempo. Se estamos vivendo em sociedade e em sociedade tudo se sabe, por que não ouvir o Argumento com atenção? Ou vocês acham que o Argumento é prova de ignorância? Se fosse assim, não seria chamado de Argumento. Não gosto dessa postura de etiquetagem sem a prerrogativa de fatos, de evidências, de provas. Desclassificar sutilmente terceiros, como faz costumeiramente a Narrativa diplomática, é um artifício muito utilizado para desbaratar a verdade, para dar conotação de desconfiança e de descrédito ao Argumento. Não vou abrir mão de meu DNA comportamental.  

AUTORITÁRIO -- Que é isso, Contraditório? Vai querer engrossar? 

CONTRADITÓRIO – De forma alguma. A diferença é aparentemente estratosférica entre a Narrativa bem-educada e você, Autoritário, mas não é bem assim não. Conheço a Narrativa. Ela não suporta pressão e já abre a caixa de ferramenta de sentenças que beiram o grotesco. Aliás, essa é uma especialidade mesmo sua, Autoritário, mesmo que de vez em quando adote dissimuladamente o viés da Narrativa, ou seja, de modos mais civilizados. Quem lhe conhece sabe que você, Autoritário, não é flor que se cheire na prateleira da verdade esmiuçada. Você é a encarnação do simplismo ignorante ou de má-fé.  

ÓBVIO – O que mais sinto no meio dessa discussão, que espero que não descambe para algo mais abrasivo, é que há muita dificuldade de vocês da mesa entenderem quem sou eu. Estou já me defendendo porque conheço quem está aqui prontíssimo para me calar, porque sabe que posso esclarecer. Aliás, sou auto-esclarecedor. Basta pensar um pouco e eu apareço. Não precisaria falar nada. Sou a racionalidade compulsória que muitos de vocês não admitem.   

AUTORITÁRIO – Estou de olho em você, Óbvio, porque você é quem mais me desafia na luta interna de manter-me como sou. Dar ouvidos a você, Óbvio, é automutilação para quem como eu precisa do combustível da força, não da razão. Cognição não é uma palavra que me toca. Tenho urticária só de ouvir falar.   

ÓBVIO -- Por mais incrível que pareça, não sou fácil de ser identificado no mundo de versões cada vez mais abundantes que vivemos. As redes sociais acrescentaram muitas pitadas de problemas na sociedade, mas esses mesmos problemas não surgiram agora como elemento novo na civilização. Estavam lá, escondidinhos, dispersos, inacessíveis às massa. A tecnologia da informação colocou fogo no paiol de contemporizações que estavam restritas a pequenos grupos.  

CONTRADITÓRIO – Está tomando o meu lugar nos esclarecimentos. Acho isso ótimo porque diminui um pouco o peso do desgaste de convencer a intolerância do Autoritário e a imprecisão da Narrativa.  

ÓBVIO – Desculpe a atropelada, mas temos mesmo uma evidente massificação de divergências, de convergências, de manipulação dos sentimentos, da arte de sofismar. Vivemos um período de adaptação à esperteza da humanidade no que existe de pior e de supostamente melhor do significado de esperteza. Sou um paradoxo do tempo. Antes de tudo isso, desses aparelhinhos fofoqueiros, pouca gente tinha dificuldade em saber quem eu era. Agora, muita gente acha que eu já era. Estou quase morto e enterrado.   

CONTRADITÓRIO – Não preciso nem sugerir a quem você está se referindo, não é verdade Óbvio? 

OMISSO – Acho que o Óbvio fez uma exposição sociológica, por dizer assim, que me consagra. Vocês vão entender sem precisarem se esforçar muito. O Omisso de outros tempos pariu um outro tipo de Omisso que convive com o Omisso anterior. Tanto posso ser o que o léxico garante que eu sou, ou seja, alguém que não quer nem saber do cheiro da brilhantina, que foge de debates, que vê o Contraditório como indesejável, que não suporta o Autoritário, que tem náusea da Narrativa, que não se dobra nem mesmo ao Argumento, ou posso ser também um remelexo de tudo isso e, vejam só que coisa fabulosa, preferir o silêncio circunstancial que, não necessariamente, é o silêncio continuado. De repente, poderia até ganhar outro nome. Seria eu, afinal, o Discreto?  

ARGUMENTO – Sou obrigado a reconhecer, no bom sentido da expressão, que estou feliz com a posição do Omisso. Continue que quero saber mais. 

OMISSO -- Posso não acrescentar nada a qualquer discussão presente, mas posso também armazenar informações para me travestir amanhã, vejam só, em algo como o Argumento. Se a minha parte de Omisso submisso prevalecer, serei provavelmente uma Narrativa dócil. Entenderam como posso ser camaleão? Então, nem demonizem nem santifiquem minha condição de Omisso. Muitas vezes é uma atuação estratégica. De quem é simplesmente Discreto.  

ARGUMENTO – Que o Omisso me desculpe, mas acho que não existe hora melhor de se expor, de mostrar o que pensa, de revelar conteúdo verdadeiro, ou vazio por inteiro, do que quando o debate está ao vivo e em cores, seja aqui na mesa do restaurante, seja numa reunião corporativa, seja numa cerimônia de casamento. Já imaginou, apenas por brincadeira, qual é o custo do Omisso numa cerimônia de casamento se o Omisso não se manifestar para revelar que um dos noivos está à beira de cometer bigamia, porque o conhece desde outros carnavais? Vocês podem até achar que estou exagerando, mas não exagero em nada. Aliás, até amenizo, porque geralmente o Omisso, por mais que seja respeitado na porção de colaborador que costura acertos pós-reunião, sempre fica com uma conta bancária de posicionamento em aberto. Há certos momentos em que não pode haver dúvida sobre a importância de participar de forma mais incisiva.  

AUTORITÁRIO – Discordo em parte. O Omisso não admite mitigações interpretativas do que é de fato. O Omisso está sempre mais próximo de mim do que do Argumento. Querem saber por que? Porque é assim que funciona a psique de quem opta por distanciar-se de decisões. Existe uma fuga em direção ao que mais impressiona como elemento de natureza discursiva, semântica. Aposto com quem quiser que o Omisso é do meu time. É um Autoritário contido.  

NARRATIVA – Não é bem assim não, embora você esteja mais próximo do que acho do que disse o Argumento. O Omisso gosta mesmo é de comodidade. Faz tudo para se colocar onde é mais fácil se sustentar num grupo. Como prevaleço nestes tempos de polarização, de informação rasante, o Omisso não vai perder a oportunidade de ficar com a maioria. É meu companheiro em potencial.  

ARGUMENTO – Ainda acho que o Omisso de agora é o Argumento Auxiliar de amanhã, do dia seguinte, ou das horas seguintes. Cada um tem característica específica de comportamento. O Omisso colaborativo prefere ganhar tempo para amadurecer as ideias, consolidar propósitos e, com isso, contribuir para formação de uma massa mais uniforme e produtiva de elementos de convencimento.  

CONTRADITÓRIO – Acho que vocês já sacaram que o Omisso é o contrário do que eu sou. Às vezes tenho inveja do Omisso porque o Omisso parece ser o Contraditório mais tarde. O Omisso colaborativo é algo como um bom uísque no dia seguinte. Já o Omisso sem compromisso, aquele que é Omisso do começo ao fim, é um uísque vagabundo que a gente conhece no dia seguinte, quando sente uma baita dor de cabeça.  

ÓBVIO – Acho que, nessa parada de dissecar o Omisso, eu perco de goleada para todos vocês porque se há algo que não se pode traduzir em prova de comportamento sem desconfiança é o Omisso. Tanto é verdade que temos o Omisso bom e o Omisso ruim. Eu que estou aqui tentando mostrar o que pode estar escancarado para auxiliar nas definições do que discutimos, me sinto um inútil quando o Omisso é que deve ser desnudado. Qualquer que seja, o Omisso está na outra ponta em relação a mim. O Omisso é um autista e eu sou um revolucionário. Ou eu seria um reformista? Posso ser tudo, menos o Omisso. Sou o sol, o Omisso é a treva.  

CONTRADITÓRIO – Vamos devagar com essas ilações lineares. O Omisso é algo para ser dissecada com responsabilidade. Não pode ser jogado numa estrada qualquer para alguém passar por cima. Acho até que o Omisso tem razão ao dizer que poderia ser chamado de Discreto, mas isso é apenas uma porção do Omisso que, a bem da verdade, pode ser bom e também pode ser ruim.  

OMISSO – Jamais fui tão vasculhado por amigos que me chamaram para tomar uma cerveja. Fizeram comigo um strip-tease comportamental que me pareceu bastante invasivo. Me transformaram em médico e em monstro. Estou tão surpreso que não poderia deixar de me manifestar. Poderia ter adiado esse meu desabafo, mas há determinadas situações que ferem tanto o nosso caráter que é impossível adotar o silêncio como resposta. É o que estou fazendo agora. E não me cutuquem mais que não vou mais sair da argamassa de autoproteção.  

ARGUMENTO – Só espero que não façam comigo o que fizeram com o Omisso, porque somos duas almas bem distintas. Não poderia me calar diante do Autoritário e da Narrativa. Seria o fim dos tempos. Seria a consagração da ditadura do cala-boca.  

NARRATIVA – Calma lá, Argumento, calma lá! Tenho todo o direito do mundo de ser o que sou porque só sou o que sou porque tem muita gente que acredita em tudo o que digo. E se acreditam, não vou cair na sua lábia. Ou você se esqueceu de que a maioria é despreparada para reflexões, para constatações, ou seja, para ser você, Argumento? Será que você não percebeu que eu sou você num estágio preliminar, que pode ser escrutinado ou não por terceiros?  

ARGUMENTO – Como assim? 

NARRATIVA -- Isso mesmo: eu não sou submetida à curadoria de quem não gosta de prato feito, reconheço, mas estou me lixando para essa turma. Faço tanto sucesso que não quero nem saber do que você chama de fundamentação, de prova, de materialidade, de dados concretos. Vivemos tempos livres, leves e soltos à algazarra informativa.  A Narrativa é a estrela dessa festa que alguns inconformados chamam de horrores. Sou unanimidade à direita e à esquerda. Quem não entrar nessa onda, dança feio.  

AUTORITÁRIO – Sempre digo aos mais complacentes, maioria em qualquer agrupamento social, que a Narrativa é minha irmã gêmea. Se a Narrativa faz uma afirmação, estou do lado dela. A diferença é que sei vender melhor o peixe que a Narrativa, porque subo o tom de voz, faço caras e caretas. Sou um ator de talento na ordem das coisas de um encontro de qualquer natureza que envolva mais de dois protagonistas, no caso eu mesmo, Autoritário, e a Narrativa. Formamos o Casal Vinte da psique social. Já imaginaram se a gente não estivesse na parada de sucesso? A vida seria uma porcaria para quem não abre mão de raciocínio fastfoodiano, ou seja, simples, apressado, curto, e grosso. E é o que temos de mais preciosos. Somos um McDonalds social.  

NARRATIVA – Se me permite, Autoritário, vou ter de usar o que detesto, ou seja, as roupas do Contraditório. Quero dizer que minha importância nessa geleia real do mundo tecnológico conturbadamente político é que acredito firmemente ser mais profunda na mente da sociedade do que você. O Autoritário como derivativo da Narrativa impressiona mesmo, amedronta também os pares de debate, mas eu, a Narrativa, por ser mais inteligente, mais bem trabalhada na mente humana, convenço muito mais. Diria, sem personalismo e tampouco sem pretender fazer pouco caso de você, Autoritário, que você só entra em cena quando eu entro numa zona de desconfiança. Minhas sutilezas valem mais. Detesto ser você depois, porque é sinal de que errei em algum momento e de que minha máscara caiu.  

ARGUMENTO – E aí, Omisso, o que acha das avaliações do Autoritário e da Narrativa? Vamos sair do muro? 

OMISSO – Me dê umas duas ou três horas para pensar a respeito. Talvez somente amanhã, depois de uma noite dormida, que será sempre bem dormida, eu decida falar. 

ÓBVIO – Você vai me desculpar, Argumento, mas fazer uma pergunta com esse teor de cobrança de posicionamento assim de supetão ao Omisso é um convite especial à deserção. 

CONTRADITÓRIO – Estou com o Argumento também nessa questão porque é indispensável que as coisas sejam devidamente explicadas e explicitadas. Quem me chamar de Argumento jamais me chateará. Aliás, tenho muito do Argumento para me sentir orgulhoso. De verdade. Já imaginaram me esconder em momentos em que é indispensável colocar uma contrapartida de certeza ou de dúvida em determinados enunciados? É exatamente por isso que me chamam de Contraditório. Está na raiz etimológica de Contraditório que tenho a força implícita do Argumento como auxiliar de trabalho de convencimento, mesmo sabendo que o bom-senso nem sempre prevalece. Aliás, acho até que está faltando o Bom-Senso nesta nossa cervejada de fim de tarde. 

ARGUMENTO – Não está faltando não, amigo Contraditório. O Bom-Senso deve existir em cada um de nós, mesmo sabendo que seria uma tremenda surpresa se a Narrativa e o Autoritário ganhassem esse apetrecho intelectual. Mas de vez em quando, tanto um quanto outro entram nessa linha de clareza e de honestidade intelectual. É impossível ficar todo o tempo na escuridão da teimosia. Nada pior à desmoralização do que não abrir espaço ao Bom-Senso.  

NARRATIVA – Não é bem assim, Argumento. Como já disse, sigo um roteiro ditado pelo politicamente correto e principalmente pelas posições arraigadas que carrego em função daquilo que meu espelho conduz. Se olho para alguém e imagino que esse alguém é aquilo que sou, mas de fato é antagônico ao que sou, não tenho dúvida alguma de descarregar uma caminhão de melancia de preceitos para defender-me de mim mesmo, ou seja, atribuo a ele o que sou para valer. O meu outro lado do espelho, ou seja, o Argumento, ou mesmo o Óbvio, para não dizer o Contraditório, é formado inimigos a serem combatidos. Faço-o com zelo diplomático na maioria das vezes. Quando ultrapasso esses limites, meu corpo é tomado. 

AUTORITÁRIO – Tomado exatamente por mim. E não me arrependo da incorporação profana da Narrativa ao me transformar no que sou, ou seja, em alguém que vai para o vai ou racha.  

ARGUMENTO – Agora quem vai lamentar a falta de um convidado aqui sou eu. Não tem o menor cabimento que o Indignado esteja fora dessa conversa. O Indignado é o que chamaria de suposto Autoritário. Isso mesmo: muita gente confunde o Indignado com o Autoritário, sem se dar conta de que o Indignado é o oposto do Autoritário, já que briga por causa, por projetos, pelo prevalecimento do conjunto em detrimento de individualidades. Não existe Indignado sem o suporte do Argumento e também sem o apoio do Contraditório. O Indignado sem Argumento é o Autoritário sem qualquer requisito de grandeza filosófica e humanística do Indignado.  O Indignado sem muitos cromossomos do Contraditório é o oposto do que se pretende, porque vira Autoritário.  

ÓBVIO – Vamos encerrar a cervejada, pessoal. Vocês já beberam e falaram demais. Vamos nos reunir numa tarde qualquer.  

NARRATIVA – Viram como o Óbvio não pode ficar se lamentando? Nem tudo está perdido. Falou pouco mas falou tudo. 

AUTORITÁRIO – Também acho. E lastimo muito. Não dá para contrariar o Óbvio, inclusive porque cheguei ao meu limite etílico. 

ARGUMENTO – Se o Óbvio fosse regra, não exceção, o mundo seria uma maravilha. 

CONTRADITÓRIO – Devagar com o andor de conclusões porque meu santo é de barro. Se o Óbvio prevalecer, é melhor eu morrer.  

OMISSO – Nesse negócio de morte não boto a colher não. É pior que briga de marido e mulher. Não estou a fim de levar chumbo.

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