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Sete de Setembro em quatro
versões. Faça sua escolha

  DANIEL LIMA - 22/09/2021

Transformei em debate virtual quatro artigos publicados recentemente em dois dos principais jornais do País. Foi uma dificuldade imensa selecionar o material ao considerar uma das regras básicas do jornalismo cada vez mais desprezada nestes tempos de intolerâncias e radicalismos. Os quatro articulistas abordaram as manifestações de Sete de Setembro. A quase totalidade dos textos noticiosos e opinativos da chamada Grande Mídia transformou o Sete de Setembro em espetáculo antidemocrático. Nenhuma novidade. A Grande Mídia perdeu o juízo.  

O que quero dizer com isso é que me alinho muito mais com os artigos que tratam o Sete de Setembro passado como o corolário de representatividade político-ideológica. Faz parte da democracia.  

O tratamento que a Grande Mídia deu à maioria dos manifestantes, colocando-os como bandoleiros a serviço do presidente da República, só não é apenas repulsivo porque também é a constatação do nível de discernimento a que chegamos no País. O vale-tudo desclassificatório é a prática mais usual.  

Congelando a mente  

A ideologia congela a mente a tal ponto que o anormal, o quase ilícito, é argumentar em torno do Sete de Setembro como desencadeamento natural de uma visão monocromática da política. Nada que o outro lado do muro ideológico neste mesmo País não tenha praticado e jamais encontrou tamanha objeção e demonização.  

A democracia de dois times em campo é repulsiva aos intolerantes. Sobremodo aos intolerantes mais letrados, que se sustentam em insígnias institucionais muitas das quais penduricalhos em representatividade.  

Mas vamos ao que mais interessa. Intervalei os textos para caracterizá-los sim como debatedores virtuais. Vejam quem são eles:  

1. J.R. Guzzo, jornalista, texto publicado na edição do Estadão de 12 de setembro.  Título: “Nada mais simples”. 

2. Demétrio Magnoli, sociólogo, autor de “Uma Gota de Sangue: História do Pensamento Racial”. É doutor em geografia humana pela USP. Texto publicado na Folha de S. Paulo de 11 de setembro sob o título “Política como blefe”. 

3. Simon Schwartzman, sociólogo, membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas. Texto publicado na edição de 10 de setembro no Estadão, sob o título “Marcha sobre Brasília”. 

4. Carlos Alberto Di Franco, jornalista, texto publicado no Estado de 20 de setembro sob o título “Jornalismo – menos narrativas e mais fatos”.   

 GUZZO 

Problemas muito complicados do mundo político, frequentemente, podem ser resolvidos com soluções muito simples – e, por isso mesmo, é tão difícil resolver alguma coisa na vida pública brasileira. Soluções simples, em geral, atendem ao interesse da maioria, mas quem toma as decisões, sempre, é a minoria – e é essa minoria, justamente, quem ganha com a complicação. O pior tipo de problema, para as forças que influem e controlam a política nacional, é o problema resolvido; problema bom, ali, é problema em aberto, enrolado e em processo de piora. É com esse tipo de dificuldade que surgem as melhores ocasiões para se vender facilidades – e providenciar “saídas”, como se sabe, é o que realmente valoriza quem está nesse jogo. O problema mais complicado que o Brasil tem hoje se chama Jair Bolsonaro; seus adversários não admitem, de jeito nenhum, que ele esteja na Presidência da República, basicamente por ser, em sua opinião, o pior chefe de Estado que este país já teve em toda a sua história e a pior ameaça que existe para a própria sobrevivência do Brasil. Bolsonaro, por sua vez, quer continuar sendo presidente, e isso é muito mais que um mero desejo. Ele acaba de levar às ruas, neste último Sete de Setembro, um mar de gente, pelo País todo – multidões maiores do que qualquer outro político brasileiro poderia sonhar em ter a seu lado na praça pública. Está nos vídeos, nas fotos e no testemunho de quem foi – é perfeitamente inútil, portando, ficar arrumando teorias de que Bolsonaro se deu mal. Ao exato contrário, se deu muitíssimo bem – e é nisso que está toda a complicação.  

 DEMÉTRIO  

Jair Bolsonaro transformou o 7 de Setembro em Dia do Blefe. Diante de seus apoiadores, em Brasília, anunciou a convocação, para a manhã seguinte, do Conselho da República. Líderes corajosos falam claramente, para o bem ou para o mal. Líderes covardes que se julgam espertos falam por senhas. A mensagem implícita do presidente era que ele preparava a decretação do estado de sítio. De fato, ele nem mesmo convocava o Conselho de República: um blefe embrulhado no celofane de uma farsa. O Conselho de República compõe-se do presidente da República, de seu vice, do ministro da Justiça, dos presidentes da Câmara e do Senado, dos líderes da maioria e da minoria nas duas Casas e de seis cidadãos indicados pelo Executivo e pelo Congresso. Bolsonaro não havia convidado nenhum deles para a reunião que anunciou. A reunião não aconteceu. Era tudo mentirinha, uma farsa infantil.  

 DI FRANCO   

Jornalismo é a busca do essencial, sem adereços, adjetivos ou adornos. O jornalismo transformador é substantivo. Sua força não está na militância, mas no vigor persuasivo da verdade factual e na integridade e no equilíbrio da sua opinião. A credibilidade não é fruto de um momento. É o somatório de uma longa e transparente coerência. É um ativo difícil de ganhar e fácil de perder. A sociedade está cansada, exausta do clima de radicalização que tomou conta da agenda pública. Sobra opinião e falta informação. Os leitores estão perdidos num cipoal de afirmações categóricas e pouco fundamentadas, declarações de “especialistas” e uma overdose de colunismo militante. Um denominador comum marca o achismo que invadiu o espaço outrora destinado à informação qualificada: a politização. A forte presença popular – não de baderneiros, mas de brasileiros comuns com suas famílias – nas manifestações do 7 de Setembro pediria uma leitura correta e manchetes adequadas aos fatos. Não foi o que aconteceu. Dois equívocos afloraram nas chamadas de alguns veículos. O primeiro deles foi simplesmente desqualificar os participantes de um evento pacífico como radicais e desconsiderar o que ocorreu.  

 SIMON    

Se a expectativa dos Maquiavéis que planejam a estratégia de Bolsonaro se inspirando em Mussolini era replicar, no 7 de setembro, a “marcha sobre Roma” de 1922, não deu certo. Em 1922, Il Duce ganhou forças para subjugar o Parlamento, o Judiciário e as Forças Armadas, e ficou no poder até ser assassinado, em 1945, depois de ter levado seu país à ruína. Aqui, as manifestações foram pacíficas, nenhum palácio foi invadido e o que restou foi a promessa do presidente de deixar de cumprir as decisões do ministro Alexandre de Morais. Difícil de saber o que virá agora, se finamente o impeachment, uma tentativa de golpe de Estado ou algum tipo de administração arrastada da crise, como vem acontecendo até aqui. Todos os analistas políticos se estão fazendo essa pergunta. Sou menos capaz do que eles de prever, mas minha impressão é de que as coisas vão continuar como estão, para ver (ou não) como é que ficam. Seja como for, o que fica de mais marcante deste 7 de setembro é a grande presença de pessoas nas ruas atendendo à retórica inflamada e vazia de Bolsonaro, mesmo depois de dois anos de desgoverno, de manejo incompetente da epidemia, dos escândalos das rachadinhas e da compra das vacinas, do abandono das pautas de combate à corrupção e de reorganização da economia, da depredação do meio ambiente, da inflação saindo do controle e de ter entregado o governo a seus antigos inimigos do Centrão, do qual agora se diz membro desde criancinha.  

 GUZZO   

O que fazer, então? A solução para este problema, como lembrado acima, é a mais simples do mundo: a eleição presidencial de 2022. É claro que vão dizer, como acontece todas as vezes em que se quer resolver de fato alguma coisa: “É, mas a coisa não é assim tão simples”. Por que não? É perfeitamente simples, sim – não pode haver nada mais simples e mais claro. O presidente da República é um débil mental mal-intencionado, inepto e perigoso que está destruindo o País, como dizem os seus adversários? Muito fácil, então: o eleitorado brasileiro simplesmente vai derrotar um sujeito assim na eleição, e colocar um outro presidente em seu lugar, não é mesmo? Qual é o problema? Eleições livres, liberdade para a população escolher e vitória, no fim, de quem tiver a maioria absoluta dos votos. É só esperar mais um pouco: são 13 meses até lá, e o que são 13 meses nessa vida? Passa num instante. As imensas calamidades que aparecem todos os dias no noticiário, as “ameaças à democracia”, o “fechamento do Supremo”, as aglomerações sem máscara, as queimadas na Amazônia, o assassinato em massa de índios, gays e mulheres, a “rachadinha” – enfim, tudo o que a mídia, os analistas políticos e os “formadores de opinião” apresentam como o nosso inferno diário será resolvido com a eleição. Ou, então, dá o contrário e Bolsonaro ganha – nesse caso, a maioria da população estará dizendo que não existe inferno nenhum, e que as coisas devem continuar como estão. Em qualquer dos casos, o problema fica resolvido.  

 DEMÉTRIO   

Nos comícios de Brasília e São Paulo, o presidente farsesco proclamou que, na tal reunião, o presidente do STF, Luiz Fux, seria compelido a “enquadrar” seu colega Alexandre de Moraes. Ocorre que não há representante do STF no Conselho da República. O Conselho da República é pouco mais que um nada. Instituído por lei de 1990, ele aconselha o presidente sobre as hipóteses de decretação de intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio. Não tem poder deliberativo. A Constituição de 1988 foi escrita à sombra do trauma recente da ditadura militar –e, por isso, fechou os caminhos para a concentração de poder no Executivo. Sem autorização prévia de maioria absoluta na Câmara e no Senado, o presidente não pode decretar estado de sítio. Sem respaldo posterior da maioria absoluta nas duas Casas, não pode sustentar nem sequer o estado de defesa. Blefe.  

 DI FRANCO  

Como salientou editorial do jornal Gazeta do Povo, também não há como ignorar que, além dos que foram às ruas, houve muitos outros que compartilharam de uma mesma insatisfação quanto ao futuro das liberdades democráticas no Brasil e quanto aos excessos recentes cometidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – excessos que, surpreendentemente, continuam ignorados ou são até aplaudidos por setores da imprensa e da sociedade, incapazes de compreender o apagão da liberdade de expressão em curso no Brasil. Os abusos dessa liberdade existem, mas precisam ser identificados corretamente e coibidos nas instâncias adequadas; o que está havendo, no entanto, é uma repressão generalizada, dirigida indiscriminadamente contra um único lado do espectro ideológico, em que uma corte acumula funções de vítima, investigador e julgador, além de implantar um “crime de opinião” no País. Protestar contra os excessos do STF não configura ação antidemocrática. Trata-se, ao contrário, de manifestação explícita de defesa da democracia. O discurso destemperado e fora de tom do presidente da República não poderia servir de pretexto para construir uma narrativa de costas para a realidade. Bolsonaro, ele mesmo, se deu conta do tamanho do estrago e recuou. 

 SIMON  

Não se pode simplesmente dizer que os que foram para as ruas são todos ignorantes, ou reacionários, ou vítimas de manipulações das redes sociais. Bem ou mal, eles refletem o grande fracasso de nossas instituições políticas, incluindo o Judiciário e o Congresso, em responder de forma adequada à grande crise moral, econômica, social e política que eclodiu em 2015 e que vem se agravando desde então. O Judiciário e o Congresso são hoje, e com razão, os grandes defensores da democracia e do império da lei contra um presidente sem escrúpulos, mas tudo seria mais fácil se eles não tivessem abdicado de suas principais responsabilidades. No caso do Judiciário, o principal problema foi ter participado do grande conluio para enterrar a Lava Jato, que uniu empresários e a classe política da esquerda, centro e direita. Podemos discutir até que ponto os promotores e juízes da Lava Jato infringiram ou não determinadas normas de comportamento ou estavam politicamente motivados, mas os crimes de corrupção foram reais, afetaram de forma profunda o funcionamento do governo, escancararam o comportamento predatório de parte importante da classe política brasileira, e não poderiam ter sido simplesmente postos de lado em nome dos formalismos de um “garantismo” suspeito e extremado. Ao invés de atuar como uma corte constitucional, como são os supremos tribunais de todas as democracias, o Supremo Tribunal Federal (STF) se transformou numa grande casa de varejo, gastando quase toda a sua energia em responder de forma muitas vezes casuística às demandas de quem tem recursos para pagar os advogados mais caros. Nada disso justifica o ataque dos bolsonaristas ao STF, buscando destruir aquilo que ele tem de mais importante, que é a defesa da ordem legal, da democracia e do Estado de Direito, mas tudo seria mais fácil se ele não tivesse abdicado de parte significativa de sua responsabilidade.  

 GUZZO 

O real perigo, para quem não quer mais Bolsonaro na Presidência, não está em golpes militares imaginários. Está no artigo 77 da Constituição, onde se diz que o presidente será eleito pelo voto livre, universal e direto da população. A menos que 342 deputados e 54 senadores deponham o presidente por impeachment, a única maneira de afastar Bolsonaro é ganhar dele na próxima eleição. “Não dá para esperar até lá”, dizem os adversários. “O País não aguenta.” A democracia manda esperar – e diz que todos têm de aguentar.  

 DEMÉTRIO  

Bolsonaro é um líder populista, como Trump, Viktor Orbán ou Recep Erdogan. Mas, à diferença do americano, do húngaro e do turco, carece de um grande e sólido partido político e, crucialmente, navega nas águas sujas de avassaladora impopularidade. 

O populista com povo avança sobre as trincheiras da democracia, subordinando as instituições à sua vontade. O populista sem povo recua aos berros, pateticamente, rumo ao abismo. Foi essa triste figura que discursou perante um núcleo muito minoritário de fiéis iludidos no Dia do Blefe. 

A Constituição define os Poderes como “independentes e harmônicos entre si”. A democracia exige Poderes independentes, mas a noção de “harmonia” pertence à tradição brasileira da conciliação por cima, do pacto das elites. Nos últimos tempos, diante de cada desatino retórico do presidente arruaceiro, emergiu a ideia de uma “reunião entre Poderes” para evitar o choque entre eles, fabricando a tão almejada “harmonia”. No Dia do Blefe, Bolsonaro apostou tudo no expediente de tentar aterrorizar as instituições a fim de conduzi-las à mesa do conchavo entre Poderes. O presidente encurralado agarra-se ao medo dos outros, sua improvável boia de salvação. Fux, o presidente do STF, Lira e Pacheco, presidentes da Câmara e do Senado, flertaram várias vezes com o conchavo entre Poderes. Bolsonaro precisa disso para alcançar um triunfo mínimo, como o relaxamento da prisão de seus cães raivosos, ou máximo, como o intercâmbio da desistência de seu pedido de impeachment de Alexandre de Moraes pela certeza do engavetamento dos pedidos de impeachment contra ele mesmo. Paradoxalmente, porém, a espuma roxa que saiu de sua boca no Dia do Blefe sabota sua única meta realista. A política do blefe chegou a um limite. Bolsonaro gastou as escassas cartas que tinha na manga. A foto de uma multidão de trouxas não possui dons mágicos. Lira, Pacheco e Fux têm o dever de ativar a máquina do equilíbrio de Poderes –ou seja, as engrenagens da desarmonia democrática que conduz ao julgamento político e jurídico do bufão instalado no Planalto.  

 DI FRANCO  

A radicalização é tóxica. Faz mal às relações familiares e pessoais, empurra políticos e autoridades para uma guerra que destrói pontes e compromete consensos mínimos para o funcionamento dos Poderes. E também faz grandes estragos na credibilidade dos meios de comunicação. Em tempos de ansiedade digital, a reinvenção do jornalismo reclama revisitar alguns valores essenciais: amor pela verdade, paixão pela liberdade e uma imensa capacidade de sonhar e de inovar. Eles resumem boa parte da nossa missão e do fascínio do nosso ofício. Hoje, mais do que nunca, numa sociedade polarizada e intolerante, precisam ser resgatados e promovidos. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e independente. Comprometido com a verdade possível. O jornalismo de qualidade exige cobrir os fatos. Não as nossas percepções subjetivas. Analisar e explicar a realidade. Não as nossas preferências, as simpatias que absolvem ou as antipatias que condenam. Isso faz toda a diferença e é serviço à sociedade. O grande equívoco da imprensa é deixar de lado a informação e assumir, mesmo com a melhor das intenções, certa politização das coberturas. Os desvios não se combatem com o enviesamento informativo, mas com a força objetiva dos fatos e de uma apuração bem conduzida. O jornalismo sustenta a democracia não com engajamentos espúrios, mas com a força informativa da reportagem e com o farol de uma opinião firme, mas equilibrada e magnânima. A reportagem é, sem dúvida, o coração da mídia. Os leitores, com razão, manifestam cansaço com o tom sombrio e negativo das nossas coberturas. É possível denunciar mazelas com um olhar propositivo. Em vez de ficarmos reféns do diz que diz, do blá-blá-blá inconsistente do teatro político, das intrigas e da espuma que brota nos corredores de Brasília, que não são rigorosamente notícia, mergulhemos de cabeça em pautas que, de fato, ajudem a construir um País que não pode continuar olhando pelo retrovisor. Não podemos viver de costas para a sociedade real. Isso não significa ficar refém do pensamento da maioria. Mas o jornalismo, observador atento do cotidiano, não pode desconhecer e, mais do que isso, confrontar permanentemente o sentir das suas audiências. A internet, o Facebook, o Twitter e todas as ferramentas que as tecnologias digitais despejam a cada momento sobre o universo das comunicações transformaram a política e mudaram o jornalismo. Queiramos ou não. Precisamos fazer a autocrítica sobre o nosso modo de operar. Não bastam medidas paliativas. É hora de dinamitar antigos processos e modelos mentais. A crise é grave. Mas a oportunidade pode ser imensa.  

 SIMON  

Do Congresso, seria enorme a lista de coisas que deveria ou poderia fazer, e não fez, e das coisas que fez erradas. Mas o que mais chama a atenção é a forma despudorada com que ele se transformou num grande balcão de negócios, em que votos são comprados e vendidos de forma escancarada a troco de cargos, verbas e apoio de corporações e grupos de interesse de todo tipo. Em todo o mundo, parlamentares são eleitos como representantes de determinados interesses, e é natural que defendam esses interesses em sua atuação no Congresso. Mas, em democracias que funcionam, os interesses individuais se acomodam dentro de um rumo e uma orientação geral dados pelas lideranças partidárias, de acordo com as prioridades dos respectivos programas e doutrinas partidárias. No Parlamento brasileiro, algumas dessas lideranças ainda persistem, mas são permanentemente atropeladas e ignoradas pela fome insaciável de seus liderados. Ruim com eles, pior sem eles. Assim como o governo Bolsonaro hostiliza o Judiciário pelo que tem de bom, também hostiliza ou tenta comprar o Parlamento pela capacidade que ainda tem de colocar limite a seus arroubos autoritários e pelo poder constitucional de abrir e conduzir um processo de impeachment contra o presidente. O Judiciário e o Legislativo, assim como setores importantes e competentes do Executivo, na área da saúde, da economia, da educação, da cultura e do meio ambiente, que este governo vem depredando sistematicamente, precisam se defender e ser defendidos contra os ataques de nosso candidato a Mussolini. Seria muito mais fácil se eles estivessem estado à altura dos papéis que deveriam desempenhar. 

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