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Economia

DANIEL LIMA - 10/11/2025

Se no PIB Convencional, resultado de produção de riquezas, Santo André e Diadema têm o jogo praticamente empatado neste século, no PIB de Consumo, que é o PIB do que os moradores têm para gastar numa determinada temporada, Santo André leva vantagem de 22,88% sobre Diadema. A métrica é per capita, ou seja, o total geral de cada Município dividido pela população.

Santo André leva vantagem, mas a diferença já foi maior, em meados da ultima década do século passado. E, mais que isso, tanto Santo André quanto Diadema perderam a corrida do PIB de Consumo per capita para a média brasileira.

O que significa tudo isso e muito mais, como se verá? Significa que há um desafio em jogo para estudiosos tentarem explicar o conceito de igualdade e de desigualdade. Que sociedade é mais desenvolvida:  a que guarda mais igualdade econômica ou a que conta com mais desigualdades econômicas? Menos riqueza para consumir distribuída de forma menos desigual é melhor que mais riqueza a distribuir com diferenças maiores? 

PERDENDO O FÕLEGO

O fato é que Santo André de desigualdade econômica e Diadema de igualdade econômica, ou próximas disso, são exemplares de que nem uma nem outra coisa, pelos exemplos a seguir, são paradigmas a estudos robustos.

Santo André se tornou pior economicamente no PIB de Consumo por habitante porque perdeu mais vitalidade que Diadema, que se manteve mais igual economicamente. E agora? É preferível ser uma Santo André mais desigual que Diadema, com vantagem de 22% no PIB de Consumo per capita, ou ser uma Diadema de menos desníveis, mas carregando a desvantagem no PIB de Consumo per capita.

Com essas contradições ou não, o fato é que tanto Santo André quanto Diadema perderam fôlego e força nos últimos 30 anos no PIB de Consumo por habitante, especialidade métrica da Consultoria IPC com base em dados de inúmeras instanciais do governo Federal.  Em 1995, Santo André contava com PIB de Consumo per capita maior que Diadema. Trinta anos depois, neste 2025, a diferença caiu. 

MENOS QUE BRASIL

Em valores nominais (sem considerar a inflação do período), o PIB de Consumo per capita de Santo André em 1995 era R$ 5.447,58 ante R$ 3.869,33 de Diadema. Ou seja: o PIB de Consumo per capita de Diadema registrava 71,03% de participação ante Santo André. Em 2025, Santo André passou a ostentar PIB de Consumo per capita de R$ 52.784,71 ante R$ 41.268,36 de Diadema. A participação de Diadema subiu para 78,18%.

O encurtamento da diferença é resultado do crescimento nominal de Diadema no PIB de Consumo per capita de 966,55% entre 1995 e 2025, ante 868,95% de Santo André. E os dois municípios perderam para a média nacional, que chegou a 1.139,28% no mesmo período.

Esses resultados têm desdobramentos desfavoráveis na participação relativa de Santo  André e Diadema no PIB per capita nacional, que envolve todos os municípios brasileiros.

Em 1995, Santo André participava com 0,87500% de tudo que se consumia no País. Trinta anos depois caiu para R$ 0,60647. Uma queda de 72,76% no índice nacional do PIB de Consumo. Diadema caiu de 0,32300 para 0,20407, uma queda de 58,27% no ranking nacional. A desindustrialização, como se observou no capítulo anterior, faz estragos em outros indicadores. Tudo gira em torno da Economia que o Grande ABC tanto despreza nas esferas municipais e nem consta da pauta regional, que é uma ficção.

OCUPAÇÃO DEMOGRÁFICA

Mais ocupada no século passado, nos primeiros tempos do século passado, por imigrantes de diversos países europeus, Santo André emergiu como Capital Econômica do Grande ABC por conta dos trilhos da rede ferroviária. Diadema explodiu demograficamente mais tarde, com migrantes de vários Estados brasileiros, notadamente do Nordeste. Com isso, contou com uma composição de classe rica e classe média tradicional bem menos volumosa. Essa é uma diferença que permanece no tempo. A queda relativa é um processo longo.

As moradias de famílias de Classe Rica e Classe Média Tradicional de Santo André representavam 39,33% do total de moradias em 1995 e caiu para 37,58% em 2025. A tradução dessa equação é que a mobilidade social foi para o espaço sideral.

Diadema, por outro lado, contava em 1995 com 24,31% de moradias de Classe Rica e Classe Média Tradicional. E subiu levemente para 25,25% em 2025. A diferença da soma de famílias de Classe Rica e Classe Média Tradicional entre os dois municípios passou de 15,03 pontos percentuais registrados em 1995 para 12,33 pontos percentuais em 2025. Em termos percentuais, Santo André conta com superioridade de 48,78%% do universo de Classe Rica e Classe Média Tradicional em relação a Diadema. Em 1995 a diferença era de 61,78%. 

CONSUMO SEMELHANTE

Embora essas duas classes sociais sejam mais robustas em Santo André em números absolutos e também proporcionalmente ao total de moradias, houve profunda diferença no PIB de Consumo Total durante esses 30 anos de confronto.

Essa é uma equação que exige atenção máxima. Neste 2025, o total de moradias de Classe Rica e Classe Média Tradicional de Santo André conta com PIB de Consumo praticamente igual às mesmas classes sociais em Diadema. Em Santo André, do total do PIB de Consumo, 60,07% estão nos 39,33% das moradias de Classe Rica e de Classe Média Tradicional. Um pouco acima dos 58,40% de Diadema, que representam 25,25% do total de moradias. Visto mais de perto, no detalhe, os moradores de Classe Rica e de Classe Média Tradicional de Diadema têm maior participação relativa no consumo geral do que os de Santo André. Traduzindo? Os Ricos e a Classe Média de Diadema são proporcionalmente mais ricos e mais Classe Média Tradicional porque embora contem com 25,25% de participação relativa (Santo André contra com 37,58%) desfrutam de 58,40% de consumo, enquanto  Santo André registra 60,07%.

O que complica demais a situação de Santo André é o processo de empobrecimento que colheu as duas classes sociais do topo da pirâmide. Basta observar os dados de 1995, data-base desse estudo.

Em 1995, com participação de 39,33% no total de moradias, Santo André registrava 75,76% de consumo na Classe Rica e na Classe Média. Como desceu para 60,07% do total de consumo entre classes em 2025, com participação relativa de 37,58% do total de moradias, a queda se provou impactante.

Bem diferente da Classe Rica e da Classe Média Tradicional nas moradias de Diadema: a participação de consumo em 1995 era de 58,12%, praticamente igual aos 58,40% de 2025. Em 1995 eram 24,31% o total de moradias de Classe Rica e de Classe Média Tradicional em Diadema. Em 2025, passou para 25,25%. 

DEMAIS CLASSES

A diferença de 15,69 pontos percentuais que separava Santo André de Diadema em 1995 no consumo envolvendo moradias de Classe Rica e Classe Média Tradicional, caiu para 0,28 pontos percentuais. Em termos percentuais, o que era 30,35% de vantagem para Santo André em 1995, em 2025 caiu para vantagem de apenas 2,86%.

E as demais classes socioeconômicas, como se comportaram nesse período de 30 anos? Os resultados são complementares à participação de Ricos e de Classe Média Tradicional. A Classe Média Precária, a Classe Pobre e a Classe Miserável de Santo André em 1995, ficava com o que sobrou da soma da Classe Rica e da Classe Média Tradicional: ou seja, 24,24% total de moradias. Em 2025, a divisão ficou bem menos discrepante: 60,07% contra 39,93%. Ou seja: Santo André ficou menos desigual em termos de consumo em classes sociais.

No caso de Diadema, mais igual por natureza, em 1995 a Classe Média Precária somada à Classe Pobre e à Classe dos Miseráveis registrava  41,88% em 2025. Tudo será detalhado no próximo capítulo desta série.



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