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Política

DANIEL LIMA - 10/01/2025

Existem numa escala de valores de intensidade semelhante pelo menos quatro indicadores que fazem de Orlando Morando   grande destaque desta temporada mal iniciada na política regional. Não é pouca coisa para quem viu a candidatura escolhida e preferida da sobrinha Flávia Morando perder as eleições à Prefeitura de São Bernardo.

Ao assumir a Secretaria de Segurança Urbana da cidade de São Paulo, a maior capital nacional, sede da maior metrópole da América Latina, Orlando Morando agiganta-se como agente politico perante não só o gataborralheiresco Grande ABC como também no cenário paulista.

Ou alguém acredita que a pasta de maior sensibilidade social da maior cidade do País é uma pastinha qualquer? De fato, é mais valiosa que a maioria dos cargo de Executivo de inúmeras cidades do País. Basta indexar a avaliação ao potencial político no sentido mais amplo da expressão.

Coloco à avaliação ou especulação quando não à constatação os quatro pontos que giram em torno do significado de magnitude do cargo que passou a ser ocupado por Orlando Morando:

1. Complexidade administrativa e operacional.

2. Visibilidade midiática.

3. Enxadrismo político-partidário.

4. Futuro eleitoral. 

TERRA ARRASADA

Não acredito que tenha cometido o equívoco de desconsiderar  outros vetores relevantes à nova tarefa do prefeito que colocou São Bernardo nos trilhos da modernidade no campo de infraestrutura física  -- uma façanha à qual nenhum dos antecessores levou adiante, embora planos não faltassem. E isso não é pouca coisa.

Basta lembrar que ao assumir em janeiro de 2017 para o primeiro de dois mandatos, Orlando Morando pegou uma Prefeitura arrasada pela presidente Dilma Rousseff. Durante a campanha eleitoral recentemente encerrada, petistas graduadas procuraram imputar ao então prefeito tucano um rastro de casos de fuga de empresas, casos de Ford e Toyota, entre outros. Pura bobagem.

Aquelas deserções foram efeitos retardatários de políticas macroeconômicas e práticas sindicais locais, entre outros pontos. Repassar à mídia aquelas bobagens só não é um ato mais grave do que a própria mídia aceitar declarações sem opor qualquer resistência informativa. O que se pode fazer se a mídia em geral virou uma casa da sogra de interesses cruzados e em muitas situações abjetos?

Nos dois anos que antecederam a vitória eleitoral de Orlando Morando, em 2015 e 2016, o PIB per capita de São Bernardo sofreu perda líquida de 30%. Jamais na história houve algo semelhante. Nem próximo disso.

São Bernardo era uma terra arrasada. O Brasil como um todo não passou de menos de um terço dessa queda. A Doença Holandesa Automotiva de São Bernardo explica a quebradeira geral. E nesse ponto se cristalizou o maior vácuo da gestão de Orlando Morando, sempre observado por este jornalista.

BREVES AVALIAÇÕES

Morando foi inapetente ao não enfrentar as vicissitudes herdadas do governo federal e também dos antecessores relapsos no campo da reestruturação econômica.  Algo que seria muito mais imperdoável caso tenha continuidade na gestão do novo prefeito, Marcelo Lima. A julgar pela escolha do secretário de Desenvolvimento Econômico, Rafael Demarchi, é melhor ficar com os dois pés atrás.

Vamos então a breves avaliações que tornam Orlando Morando o político mais importante da região neste começo de 2025. Qualquer prefeito da região que olhe para a competitividade por espaço midiático sabe que deve disputar o segundo lugar se o critério for o ambiente metropolitano.

São 22 milhões de habitantes de olhos e ouvidos postos no desempenho da Administração de Ricardo Nunes. A repercussão é estadual com ramificações a outras regiões do País.

A Administração de Ricardo Nunes entregou a Orlando Morando o fio desencapado da Segurança Pública. Uma herança de antecessores e da maluquice dessa imensidão de habitantes que disputam sobrevivência como milhares de baratas de laboratório numa caixa de papelão para os especialistas provarem que gente demais próximas entre si faz mal à saúde psíquica, entre outros pesadelos. 

COMPLEXIDADE ADMINISTRATIVA E OPERACIONAL.

Os painéis de controle metafóricos e tecnológicos para os enfrentamentos do dia a dia do ambiente corrosivo da Capital do Estado tornam Orlando Morando executivo público em permanente xeque. Como xerifão metropolitano da área, Morando tem a possiblidade de imprimir ritmo análogo aos oito anos de prefeito de uma das maiores cidades do País. Será um teste de fogo permanente. Atenção máxima é o mínimo que se pode esperar de um gerenciador público que, em São Bernardo, sempre exibiu muita capacidade de responder às demandas mais desafiadoras. Todos sabem que São Bernardo não é terreno à acomodação. Há adversários políticos avantajados. 

VISIBILIDADE MIDIÁTICA. 

Esse é um ponto a ser cuidadosamente observado porque pode gerar desgastes a Orlando Morando, embora a contraface seja compensadora. Quis o destino que o ambiente nacional o favoreça à tomada de medidas conservadoras no campo da criminalidade que tanto preocupa a sociedade. Orlando Morando terá a oportunidade de tomar iniciativas que provavelmente o colocariam como gestor equilibrado na banda estreita mas nem por isso impreenchível de não exagerar na dose nem para os radicais à direita e tampouco dos cínicos à esquerda. Conciliar ordem e progresso num ambiente suscetível a espetacularizações ideológicas poderá tornar a gestão de Orlando Morando um modelo aos novos tempos de um País cansado de extremismos nos mais variados ambientes. 

ENXADRISMO POLÍTICO-PARTIDÁRIO.

Enquanto a propagação de informações deletérias davam conta de que Orlando Morando estaria a nocaute nos próximos anos, após a perda das eleições em São Bernardo na vertente que mais lhe asseguraria participação discreta, eis que o ele aparece com a nomeação ao cargo na Capital do Estado. A engenharia político-partidária que o levou a uma reviravolta nas expectativas não é uma obra de arte qualquer. Orlando Morando é um discreto fazedor de relacionamentos ainda pouco compreendido por sabetudos que acreditam que podem dar aulas magnas sobre articulações políticas. Para chegar onde chegou nesta temporada, diante da circunstâncias postas, possivelmente pesaram dois aspectos que tornam Orlando Morando um político de prestigio: uma determinação a planejar e executar ações viscerais e um determinismo de fidelidade aos princípios programáticos que defende. Orlando Morando não tem vocação geraldo-alckmista.

FUTURO ELEITORAL.

Com todo esse encadeamento de situações colocadas à mesa, o que parecia turvo se tornou bastante promissor: Orlando Morando, mesmo fora do cargo de prefeito, mesmo sem ter a parceria do prefeito eleito em São Bernardo, tornou-se peça-chave às próximas eleições proporcionais que, promissoras, o embalariam, quem sabe, à retomada de perspectivas à reocupação do cargo em São Bernardo. Em suma, há fortes inclinações que elevam a arremetida de Orlando Morando rumo a novos, mesmo que antigos, patamares nos próximos anos. Quando terminou a disputa em São Bernardo, a projeção mais comedida era exatamente oposta. Orlando Morando parecia carta fora do baralho de competitividade eleitoral nos próximos anos entre outras razões porque  São Bernardo é uma arena de muita combatividade concorrencial e quem tem a máquina pública sempre leva vantagem, como comprovam os números de reeleições de prefeitos e seus indicados no País. 

REGULANDO RELAÇÕES

O fato concreto e indescartável como elemento-chave do estado de alerta geral que a nomeação de Orlando Morando despertou parece clarificado: os novos prefeitos da região estarão pressionados a mostrar serviço. Haverá sempre diante deles, num espaço midiático massificador, um personagem que intensificará medidas para apagar incêndios na floresta de dificuldades mais que conhecidas no ambiente de Segurança Pública da Capital.

Nas duas primeiras semanas deste novo ano, foram inúmeras as agendas midiáticas envolvendo Orlando Morando. Como o consumo de informações da Capital centraliza a demanda da região metropolitana, os comandantes dos municípios ficarão em segundo plano dentro dos próprios terrenos locais.

Essa configuração é válida sobretudo no ambiente do Grande ABC. Orlando Morando apareceria como um constante oitavo prefeito diante dos olhos locais. E provavelmente o mais destacado. O Complexo de Gata Borralheira, passaporte à consagração de forasteiros, tende a fazer de Orlando Morando algo muito maior em prestígio porque representaria um exemplar de sucesso do gataborralheirismo na disputadíssima Cinderela. 



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