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Política

DANIEL LIMA - 30/10/2024

Há pouco mais de dois anos, praticamente no quintal da disputa eleitoral pela presidência da República, quando o bicho das pesquisas eleitorais pegava, escrevi uma análise que provavelmente resumiu muito do que já havia exposto em forma de críticas a essa modalidade científica mas nem por isso imune a malandragens humanas. Vale a pena uma leitura atenta: 

 

Breve manual revela bobagem

de amordaçar pesquisa eleitoral

 DANIEL LIMA - 23/09/2022

Um breve manual que construí de supetão e que segue abaixo mostra com razoável clareza (em política, tudo é possível, inclusive o impossível) que não passa de bobagem do presidente da Câmara Federal esquartejar as pesquisas eleitorais.  

A diversidade e as contradições que estão aí não se resolvem no laço legal. Os institutos de pesquisa são criativos, os eleitores ingênuos e a mídia é organizadíssima na exploração de frente ampla contestatória.  

Encaixotar a modalidade numa argamassa arbitrária de deliberações do Congresso Nacional, como se pretende há algum tempo, é tão estúpido quanto acreditar que as pesquisas eleitorais são isentas ou intelectualmente honestas.  

 FÓRMULA MÁGICA?  

Não existe fórmula mágica para tornar a modalidade de indução eleitoral com respaldo cientifico algo que seja submetido naturalmente a conceitos democráticos de verdade, que incluem transparência e responsabilidade quando se pretende exprimir o que se passa na cabeça dos eleitores.  

As pesquisas eleitorais só não resistem a regimes autoritários, e mesmo assim é preciso muita atenção porque no mundo tecnológico que vivemos tudo é relativo. Como o Coronavírus, as fronteiras se dissolvem.  

Por baixo dos panos e no escurinho do cinema de qualquer povo em busca de liberdade, não faltam mecanismos e modelos de ruptura do cofre de arbitrariedades. 

 COMO MÁFIAS  

O que se pode fazer então diante da dupla constatação, ou seja, de que controlar pesquisas eleitorais não é uma saída viável em regime democrático e também de que as pesquisas eleitorais refletem ações típicas de máfias.  

Só existe uma saída mesmo: a sociedade ser informada solidamente sobre tudo que se poderia chamar de artimanhas de quadrilhas de estatísticos e interpretes de estatísticas das pesquisas eleitorais.  

Entenda-se quadrilhas, no caso, como agentes de diversas áreas e instituições que se juntam para transmitir a certeza de que estão divulgando algo sacrossanto e, portanto, inquestionáveis.  

 PONTOS RELEVANTES     

Acompanhe os pontos mais relevantes que devem ser cuidadosamente avaliados nas pesquisas eleitorais:   

1. RETA DE CHEGADA. 

2. MARGEN DE ERRO. 

3. RECORTES ESPECÍFICOS.  

4. CRONOLOGIA DE PERGUNTAS.  

5. ENUNCIADO DE PERGUNTGAS. 

6. DISTRIBUIÇÃO SOCIECONÔMICA. 

7. SUPORTE MIDIÁTICO. 

8. FINANCIAMENTO ELEITORAL. 

9. ARTICULAÇÕES POLITICAS. 

10. VOTO ESPONTÂNEO. 

11. VOTO ESTIMULADO. 

12. VOTO CONSOLIDADO. 

13. VOTO VULNERÁVEL.  

14. VOTO FUGIDIO. 

15. VOTO NEGADO.  

16. VOTO MUTANTE. 

17. APROVAÇÃO E REPROVAÇÃO. 

18. INDEFINIÇÃO DE REGULAR.  

19. APLICAÇÃO DO FORMULÁRIO. 

20. LINHA DO TEMPO. 

21. CENÁRIO DE SEGUNDO TURNO. 

22. NÍVEL DE CONHECIMENTO. 

O que se segue é uma análise de cada quesito, sem deixar de levar em conta que pesquisas eleitorais não são um recipiente exclusivo para cada indicador. Pesquisas eleitorais têm muito a ver com a configuração de um mosaico. As peças vão se encaixando sistemicamente num desenho lógico.  

 RETA DE CHEGADA 

Não faltam cientistas políticos (sempre envolvidos com alguma organização partidária) a desfilar dados históricos de níveis de acertos de pesquisas eleitorais de institutos como o Datafolha e outros igualmente prestigiados pela Velha Imprensa.   

Trata-se de um truque ratificado em livros, como se fosse possível fugir de um delito com roupagem de ciência.  

A mágica é simples e certeira: os dados de alardeados acertos estatísticos são relativos aos últimos dias da disputa, ou mesmo de boca de urna, quando, claro, toda a alquimia de farra de manipulações já foi exaustivamente introduzida no processo eleitoral.  

Há algo que se poderia chamar de sem-vergonhice estatística a enganar o distinto público. Por isso, qualquer medida de coerção às pesquisas eleitorais que pretenda enquadrar fraudes sob o conceito de margem de erro e de acertos finais é a sacramentação de uma estultice. O ajuste de resultados é uma manobra constante dos pesquisadores e de alguma forma resistirá.   

 MARGEM DE ERRO 

Dois pontos percentuais para cima, dois pontos percentuais para baixo, eis o padrão das pesquisas eleitorais.  As mesmas organizações que decidiram tornar a banda de erros e acertos menos elástica (já chegaram a cinco pontos percentuais) sabem o quanto é valioso oferecer essa garantia que de fato são quatro pontos percentuais,  na medida em que um candidato sobe dois pontos, o outro cai dois pontos. O que é 37-34 se torna tanto 39-32 como 35-36. Uma margem de manobra tranquilizadora para quem quer gargantear sucesso.   

 RECORTES ESPECÍFICOS  

Os institutos de pesquisas omitem ou lançam no pé de página a delinquência avaliativa e numérica que trata de recortes específicos. Essa é uma modalidade em que determinadas categorias profissionais, Sociais, econômicas, religiosas, de gênero e escolar têm dados extrapolados, como se fosse o universo da pesquisa. 

A margem de erro de dois pontos percentuais é sucateada nos recortes específicos.  

Se os evangélicos são 25% dos eleitores, os resultados da pesquisa central registram números que fogem da margem de erro central válida somente para 100% dos entrevistados. 

Se são dois mil formulários de pesquisa considerados na avaliação geral, seriam necessários quatro vezes mais formulários para que a margem de erro de dois pontos se sustentasse.  

Essa proporcionalidade vale a todas as demais categorias que não constam do alvo principal do formulário.     

 CRONOLOGIA DE PERGUNTAS 

Esse é um ponto crucial dos formulários levados aos entrevistados. Uma pergunta anterior contamina a pergunta posterior e muitas outras perguntas posteriores e compromete o resultado.  

Considerando-se que larga faixa de eleitores pesquisados carrega dúvidas sobre o que vai decidir nas urnas, a cronologia das perguntas tem forte influência no encadeamento lógico de respostas e resultados.  

Um exemplo: numa pesquisa realizada em Santo André para a disputa da Prefeitura em 2020, levou-se ao entrevistado uma questão sobre o maior prefeito da cidade em todos os tempos, com o apontamento compulsório de vários nomes.  

Celso Daniel, que constava da lista, foi o mais expressivamente votado. Na questão seguinte, indagou-se ao entrevistado sobre o destino do voto que estaria reservando, também com o acompanhamento de várias sugestões. Bruno Daniel, irmão do prefeito assassinado, obteve 17% de preferência. Um pouco menos que o prefeito Paulinho Serra. Na disputa para valer, Bruno Daniel foi um fracasso. A indução ao voto é uma das faces da cronologia das perguntas.  

 ENUNCIADO DE PERGUNTAS 

A forma com que é enunciada qualquer questão em pesquisa eleitoral ou de qualquer outra espécie quando se pretende tomar o pulso da população é determinante em larga margem à resposta.  

Há fartos mecanismos que se utilizam de conceitos culturais, críticos ou protecionistas à formulação de questões que chegam mesmo ao estágio de coerção às respostas.  

Ao enfatizar mesmo de cuidadosamente determinados conceitos, mecanismos cognitivos entram em ação e acionam respostas mais que testadas como prováveis.  

 DISTRIBIUIÇÃO SOCIOECONOMICA 

A definição da pesquisa que será levada a campo tem como fundamentação essencial a representatividade dos eleitores entrevistados.  

As classes sociais são o carro-chefe das questões. Quem ganha até dois salários mínimos está entre os 50% dos eleitores, assim como os eleitores que recebem de dois a cinco salários mínimos são 34% da população. E assim por diante.  

Quanto mais rendimentos, mais escolaridade. Uma mexida aqui, outra ali, na aplicação dos questionários, e tudo se modifica.  

Deve-se considerar também o que os pesquisadores queimam as pestanas à definição da grade socioeconômica. Dados censitários já completaram 12 anos e há sinais de mudanças não capturadas na composição do eleitorado. Os 50% mais pobres já não seriam tantos, entre outras projeções levantadas.  

 SUPORTE MIDIÁTICO 

Contar com o suporte midiático como o Datafolha e o Ipec (ex-Ibope) faz diferença e tanto no imaginário popular quanto à credibilidade de pesquisas eleitorais. Por mais que a Velha Imprensa tenha perdido terreno econômico e também como fonte confiável com a chegada da Internet e os aparelhinhos portáteis diabólicos, ainda é robusto o peso da mídia tradicional na repercussão, análise e convencimento dos dados coletados.  

 FINANCIAMENTO ELEITORAL 

O financiamento eleitoral escuso, de fontes com interesses específicos nos resultados, ganha tração com os resultados parciais de pesquisas eleitorais. A maquinaria consorciada estabelece ambiente favorável à construção de tendências que em muitos casos se autorrealizam por força de sistema de pressões conjugadas.  

 ARTICULAÇÕES POLÍTICA 

Também na esteira de pesquisas eleitorais, movimentam-se as pedras nem sempre visíveis de forças partidárias à revelia de formalidades legais, ativando-se e desativando-se estruturas para levar adiante a estratégia de fortalecimento ou esfarelamento de candidaturas.  

A descrença em pesquisas eleitorais entre os políticos que sabem que pesquisas eleitorais não são tão verdadeiras quanto parecem é jogada no lixo, numa contradição que o ambiente político transforma em consequência lógica. Acredita-se no que se desacredita quando vale a pena acreditar.  

 VOTO ESPONTÂNEO 

Quanto mais voto espontâneo um candidato obtém nas pesquisas eleitorais, sempre em relação aos demais, mais se converte a possibilidade de conquistar a vitória.  

Voto espontâneo é sufragado verbalmente pelos eleitores à pergunta do entrevistador sobre o destino do voto que dará nas eleições.  

Voto espontâneo, entretanto, não é a chave do cofre da felicidade. Existe algo em disputa eleitoral que o condiciona em algum grau: a memória eleitoral. 

Concorrente com história eleitoral mais arraigado e que já tenha ocupado posto importante tende a ser mais lembrado, mas a velocidade seguinte de potencial eleitoral precisa estar conectada, entre vários pontos, ao nível de rejeição. Quanto menos velocidade de voto espontâneo um candidato expressar no passo seguinte, de voto estimulado, mais preocupante poderá se tornar a campanha.   

 VOTO ESTIMULADO 

Esse é o passo seguinte ao desvendamento do eleitorado. O voto estimulado é resultado da mecânica adotada aos leitores que não responderam à questão do voto espontâneo. Uma cartela circular é apresentada ao eleitor com o nome dos concorrentes.  

Em cartelas que não sejam submetidas a maquinações parciais, o formato circular assegura igualdade de condições entre os concorrentes. Qualquer coisa que fuja a esse modelo condicionará a resposta, levando-a ao terreno do enviesamento e à possível desclassificação estatística.

 VOTO CONSOLIDADO  

O grau de segurança do voto em pesquisas eleitorais está diretamente relacionado ao voto consolidado. E voto consolidado é o voto espontâneo. Afinal, quando um eleitor responde a um pesquisador, de bate-pronto, que vai votar em determinado candidato, está transparentemente expondo um histórico pessoal de avaliação política. O voto consolidado é uma fortaleza, mas está longe de ser tudo ante a intempérie eleitoral. 

 VOTO VULNERÁVEL 

Já o voto vulnerável está sujeito a chuvas e tempestades eleitorais. É o voto exposto pelo entrevistado que não se decidiu em quem votar espontaneamente. É um voto que requer escrutínio, mas que de modo geral é voto vulnerável.  

Quando não se tem convicção do voto que será definido nas urnas e se precisa utilizar ferramenta auxiliar, como é o caso da cartela circular, o horizonte do voto vulnerável deverá ser cuidadosamente observado.  

Isso significa que ao se somarem os votos consolidados e os votos vulneráveis como voto determinado numa pesquisa, é preciso reconhecer que há uma faixa de insegurança a ser atentamente observada. Dar ares de definição ao que é em parte indecisão não parece medida garantidora de sucesso.  

 VOTO FUGIDIO 

Os eleitores que se manifestam em dúvida sobre em quem vai votar mesmo após as duas rodadas iniciais expostas à definição, caso de voto espontâneo e de voto estimulado, enquadra-se no conceito de voto fugidio. São os eleitores que optam por anular ou não votar quando chegar a hora da onça beber água.  

O grande desafio é dar flexibilidade ao voto fugidio. O que isso significa?  

Até que ponto o voto fugidio não seria além da soma de votos em branco ou voto nulo? Como assim?  Até que ponto parcela de voto estimulado não ganharia flexibilidade para meter-se buraco adentro do voto fugidio?  

 VOTO NEGADO  

O voto negado é todo voto que não comparece às urnas no dia das eleições. São muito mais numerosos que o voto negado que se descobre nas pesquisas eleitorais.  

A subestimação do voto negado ou abstenção do processo eleitoral é uma das maiores preocupações da candidatura de Lula da Silva.  

Afinal, maiores caudais de voto negado estão entre os pobres e miseráveis, detectados como maior patrimônio eleitoral do candidato petista.  

O Nordeste, onde Lula da Silva impera, é comprovadamente o território nacional mais suscetível ao voto negado. Pobreza e baixa escolaridade explicam a incidência do voto negado.  

 VOTO MUTANTE 

O Datafolha de hoje renova a informação da pesquisa anterior e coloca o tamanho de eleitores que já decidiram em quem votar,  mas que estão inclinados a trocar o endereço do destinatário. Há 21% dos votos decididos que podem mudar de dono.  

Como se vê, é um vão livre que pode, conforme o andar da carruagem dos próximos dias, decidir para valer a disputa no primeiro turno ou dar vez definitiva ao segundo turno.  

Há mais eleitores de Ciro Gomes e dos demais concorrentes secundários dispostos a mudar o voto, com prevalecimento de preferência por Lula da Silva.  

Entretanto, como a margem de erro é incalculável, já que esse é mais um recorte da pesquisa geral do Datafolha, qualquer avanço interpretativo é arriscado, quando não improcedente sob o ponto de vista técnico. Voto mutante é alternativa a eventuais justificativas que conduziriam à definição de sucesso dos institutos de pesquisa.   É mais uma válvula de escape a manipulações.  

  APROVAÇÃO E REPROVAÇÃO 

A introdução dessa questão numa pesquisa presidencial ou mesmo para governador e prefeito é um desvio de finalidade que de alguma forma (ou de muita forma, de acordo com a cronologia do questionário) interfere diretamente no resultado de consulta. Para o bem ou para o mal, mas interfere. 

A repetida introdução dessa questão e a repercussão midiática repetida dos resultados faz parte da artilharia retroalimentadora à desclassificação (ou consagração) de candidato que exerce o mandato. Não há como fugir dessa constatação deformadora do processo eleitoral. 

 INDEFINIÇÃO DO REGULAR 

A avaliação de qualquer político que ocupa o cargo em disputa reúne alternativas como “ótimo”, “bom”, “regular”, “ruim” e “péssimo”. É por essência uma interferência indevida no juízo de valor de cada entrevistado.  

No caso de “regular”, a ausência de qualificação do conceito permite aos institutos de pesquisa malabarismos nas tentativas de explicar mudanças no roteiro de votos previamente decididos pelos alquimistas de plantão.  

“Regular positivo” , “regular-regular” e “regular-negativo, ou seja, três variáveis definidoras de uma posição que comporta muita interrogação, poderiam auxiliar solidamente nos desdobramentos.  

Quando o regular tem viés positivo, significa que o eleitor está mais próximo do mandatário incumbente.  

Ao invés disso, o viés negativo indicaria que há maiores possibilidade de se engrossar a tendência eleitoral de opositores.  

Sem determinar o valor de “regular”, constrói-se uma barreira de contenção ao entendimento do caudal de eleitores que ainda não definiram em quem votar ou estão entre os votos vulneráveis. 

 APLICAÇÃO DO FORMULÁRIO 

Essa categoria difere da cronologia das questões formuladas. Trata-se de dar um drible na legalidade formal dos questionários ao introduzir com viés deliberado e sem possibilidade de detecção uma ou outra questão em determinado número que questionários.  

Ou seja: uma parcela dos eleitores pesquisados responde a um questionário que em alguma parte é diferente de outras parcelas dos entrevistados.  

 LINHA DO TEMPO 

A linha do tempo é o ponto de partida e o ponto de chegada estrutural que estabelece balizas à compressão das pesquisas eleitorais muito além da pontualidade de períodos mais curtos. É a diferença entre uma maratona e uma corrida de 100 metros.  

Quando se analisa a linha do tempo e se encontra em forma de gráfico o comportamento do eleitorado em determinadas questões, tornam-se mais compreensíveis mudanças que poderiam, na reta de chegada, desmascarar procedimentos que interferiram diretamente nessa mesma reta de chegada. 

A distância entre Lula da Silva e Jair Bolsonaro ou entre Fernando Haddad e os dois concorrentes mais fortes ao governo do Estado precisa ser atentamente analisada.  

Os resultados da semana passada e desta semana poderiam não identificar em forma de mudanças um encaminhamento menos complexo até dois de outubro.  

Entretanto, ao estender a linha de tempo, pode-se chegar à conclusão que o ritmo de votos já não é o mesmo a contemplar o primeiro colocado, por exemplo.  

A linha do tempo esquecida por quase todos pode colocar em xeque institutos de pesquisa que se utilizam da farra de manipulações que, entre outras variáveis,  oferece o delito da calibragem pré-determinada da realidade do mercado de votos, falseando-o com o intuito tanto de induzir o eleitorado a mudar de rota como também a ajustar-se na reta de chegada para evitar descrédito.  

 CENÁRIO DE SEGUNDO TURNO 

Essa é outra manobra indutiva ao sequestramento de mentes. A arremetida é simples: pretende-se vincular o voto da segunda rodada da disputa a atributos concorrenciais entre competidores que não estarão na arena subsequente ao tempo inicial.  

O cenário de segundo turno é tecnicamente imperfeito e inadequado também porque estoura a margem de erro das pesquisas, já que não consta de enunciado-chave preso ao sistema estatístico que determina o nível de segurança dos votos. É isso de que se trata a margem de erro.  

Explicando: eleitores de Ciro Gomes, que são perto de 8% dos entrevistados de um Datafolha, não podem ser tomados como 100% dos eleitores de Ciro Gomes para que se atribuam a eles a definição de voto de segundo turno, se para Lula da Silva ou Jair Bolsonaro.  

Somente se previstos dois mil formulários da pesquisa fossem submetidos a eleitores específicos de Ciro Gomes seria cientificamente respeitável a premissa de que tantos por cento prefeririam o ex-presidente e tantos por cento optariam pelo atual presidente. 

O conceito-chave do cenário de segundo turno pode ser traduzido como voto útil, que os institutos de pesquisas não poderiam enunciar de forma escancarada como o que se apresenta hoje o noticiário da Velha Imprensa. Para revolta de Ciro Gomes. 

 NIVEL DE CONHECIMENTO 

No caso da disputa presidencial desta temporada não existe volume suficiente de eleitores que coloquem Jair Bolsonaro e Lula da Silva fora de identificação maciça.  

Entretanto, e o Datafolha revela a realidade da disputa pelo governo do Estado, ainda há muitos eleitores que desconhecem Tarcísio de Freitas e Rodrigo Garcia.  

Por conta disso, entre tantos pontos, muitos eleitores seguem na zona do voto vulnerável. São 41% que não sabem em quem votar.  

Cruzando outros indicadores, a disputa em São Paulo está longe de ser definida. Nota-se, segundo o Datafolha, avanço consistente de Tarcísio de Freitas e de Rodrigo Garcia, além de congelamento de Fernando Haddad, também o mais rejeitado pelos eleitores. O que esse coquetel de dados vai resultar em dois de outubro? É melhor esperar. 



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