Tenho uma sugestão de ouro ao prefeito eleito de Santo André, Gilvan Júnior, ex-secretário de Saúde. É o mapa da mina com vários caminhos para que entregue ao fim do mandato uma Santo André muito melhor na área de Saúde do que foi responsável desde o ano passado e que vai receber ao tomar posse em janeiro próximo. Ou seja: o presente de grego de oito anos que o prefeito Paulinho Serra deixou para Gilvan Júnior pode ser um presente de verdade para Santo André em quatro anos. Basta fazer a lição proposta e Santo André não precisará contratar marqueteiro para iludir o distinto público.
Quer melhor que isso? CapitalSocial vai festejar o feito porque o feito será bem-feito. Longe portanto do malfeito festejado como bem-feito pelo prefeito Paulinho Serra sem sustentação metodológica e estatística.
CapitalSocial tem várias fontes métricas acionadas como motores de ignição para testar até que ponto gestores públicos são éticos na relação com a sociedade. No caso da Saúde de Santo André, o que a diferencia de muitos outros endereços desse País que não dá conta de demandas sociais de um povo empobrecido é que Santo André tem dados lamentáveis, considerando-se, entre os pontos referenciais, o PIB per capita, acima de muitos outros municípios com resultados menos graves ou mesmo positivos.
EFEITO-BUMERANGUE
Gilvan Júnior secretário de Saúde de Santo André deixou para Gilvan Júnior prefeito de Santo André dois macroindicadores sofríveis na área de Saúde, de acordo com dados oficiais de fontes que determinaram a construção do Ranking de Competitividade dos Municípios Brasileiros, um dos faróis que alimentam as análises de CapitalSocial.
Santo André ocupa em Gestão Social a posição 67 entre os 404 municípios brasileiros com população maior que 80 mil habitantes. É um posicionamento melhor que a colocação 117 na classificação geral, que reúne também Gestão Econômica e Gestão Fiscal. Mas os dois macroindicadores da área de Saúde estão em forte desequilíbrio. E muito abaixo da maioria dos municípios da região. E entre os menos recomendáveis do País.
No macroindicador de Acesso à Saúde, Santo André ocupa a posição 231 no Ranking de Competividade dos Municípios. E no macroindicador de Qualidade da Saúde ocupa a posição 148. São resultados sofríveis sob qualquer ponto de vista. Menos para os marqueteiros, que os escondem, quando não os glorificam.
ACESSO E QUALIDADE
No macroindicador de Acesso à Saúde, a melhor posição de Santo André não depende da Prefeitura. Trata-se da Cobertura de Saúde Suplementar, sustentada pela iniciativa privada. Santo André ocupa a sétima posição em nível nacional. Bem diferente dos demais indicadores de Acesso à Saúde. Em Atendimento Pré-Natal está na posição 158. Na Cobertura de Atenção Primária está na posição 368. Na Cobertura Vacinal está na posição 152.
No macroindicador de Qualidade da Saúde, Santo André ocupa a posição 148 entre os 404 municípios. A melhor posição é em Mortalidade por Causas Evitáveis, com a colocação 67. Nos demais indicadores os resultados são lastimáveis: 322 em Desnutrição na Infância, 228 em Mortalidade Materna, 111 em Mortalidade na Infância e 311 em Obesidade na Infância.
Quanto se somam as colocações nacionais de Santo André nos dois macroindicadores de Saúde, ou seja, de Acesso à Saúde e Qualidade da Saúde, o total chega a 1.724 pontos. Média posicional de 191. São nove indicadores.
VEJA FLORIANÓLIS
Se o próximo prefeito de Santo André pretender estruturar força-tarefa para revolucionar de vez a Saúde de Santo André, indo muito além do festejado Poupatempo de Saúde, a sugestão é que faça estágio em Florianópolis, campeã geral nacional do Ranking de Competitividade dos Municípios.
Num dos macroindicadores, Qualidade da Saúde, Florianópolis seria um prato cheio ao aprendizado. No outro, nem tanto. Em Qualidade da Saúde, Florianópolis ocupa a décima posição no ranking nacional. É a 11ª em Desnutrição na Infância, a 177 e Mortalidade Materna, a 24 em Mortalidade na Infância, a nona colocada em Mortalidade por Causas Evitáveis e a 19 em Obesidade na Infância.
No macroindicador de Acesso à Saúde, Florianópolis não é lá essas coisas, mas é melhor que Santo André. Para não perder a viagem de aprendizado, não custaria nada dar uma observada. Em Atendimento Pré-Natal Florianópolis ocupa a posição 205. Em Cobertura da Atenção Primária é a primeira colocada, em Cobertura de Saúde Suplementar é a 86 e em Cobertura Vacinal é a 347. O total de pontos negativos de Florianópolis em Saúde é 879. Bem menos que Santo André.
VEJA DIADEMA
Se o prefeito Gilvan Júnior não pretender levar a força-tarefa à capital catarinense e dar uma espiadinha em Diadema, que tem fama de regime administrativo socialista de bons resultados na área de Saúde, vale a pena conferir os resultados. No macroindicador de Acesso à Saúde, Diadema é muito melhor que Santo André: é a 16ª colocada no Ranking Brasileiro de Competividade. Não repete o sucesso no macroindicador de Qualidade da Saúde, com a posição 161, mas a soma dos fatores é muito maior que o total de Santo André.
Já na contabilidade de pontos negativos após a soma de todos os indicadores de Saúde, Diadema é bem melhor que Santo André. E olhe que não é nada fácil ser melhor que uma cidade como Santo André nesse caso, já que Diadema tem PIB per capita muito aquém de Santo André.
No macroindicador de Acesso à Saúde, Diadema ocupa a posição 139 em Atendimento Pré-Natal, a posição 161 em Cobertura de Atenção Primária, 44 em Cobertura de Saúde Suplementar e 14 na Cobertura Vacinal. No macroindicador de Qualidade da Saúde, Diadema ocupa a posição 93 em Desnutrição na Infância, 212 em Mortalidade Materna, 253 em Mortalidade na Infância, 124 em Mortalidade por Causas Evitáveis e 68 em Obesidade na Infância. Total de pontos negativos posicionais de Diadema na área de Saúde? 1.108. Bem menos que Santo André.
VEJA SÃO CAETANO
Para encerrar essa proposta ao prefeito eleito em Santo André, embora não faltem outros municípios que poderiam servir de inspiração, vale a pena pegar a vizinha São Caetano, que ocupa a sexta posição geral no Ranking de Competitividade dos municípios Brasileiros quando se consideram as três dimensões: Social, Econômica e Fiscal.
No macroindicador de Acesso à Saúde, São Caetano ocupa a posição 61 no ranking nacional. Já no macroindicador de Qualidade da Saúde, a posição ocupada é a 12ª. São Caetano, como se observa, tem resultados melhores que a campeã nacional geral Florianópolis.
No macroindicador de Acesso à Saúde, Atendimento Pré-Natal ocupa a posição 33. Em Cobertura de Atenção Primária é a 207ª colocada. Bem melhor está na Cobertura de Saúde Suplementar, com a terceira colocação. Na Cobertura Vacinal São Caetano vai mal com a 287ª colocação. No macroindicador de Qualidade da Saúde, Desnutrição na Infância ocupa a posição 12, em Mortalidade Materna é a melhor do País, em Mortalidade na Infância é 106ª colocada, em Mortalidade por Causas Evitáveis é a sexta e em Obesidade na Infância ocupa a posição 58. Total de pontos posicionais de São Caetano? 713. Quase um terço do registrado por Santo André.
VEJA SÃO BERNARDO
Talvez fosse interessante juntar São Bernardo nessa comparação, porque são cidades demograficamente semelhantes. Santo André tenha PIB per capita levemente superior. Na soma dos macroindicadores, São Bernardo também supera Santo André. No macroindicador de Acesso à Saúde, São Bernardo é a 41ª colocada. E no macroindicador de Qualidade da Saúde está na posição 145.
No Acesso à Saúde, São Bernardo está na posição 85 em Atendimento Pré-Natal, 192 em Cobertura da Atenção Primária, nona em Cobertura de Saúde Suplementar e na posição 162 em Cobertura Vacinal. No Macroindicador de Qualidade da Saúde, São Bernardo é a 228ª colocada em Desnutrição na Infância, 321 em Mortalidade Materna, 72 em Mortalidade na Infância, 46 em Mortalidade por Causas Evitáveis e 210 em Obesidade na Infância. O total de pontos posicionais de São Bernardo nos nove indicadores de Saúde é de 1.325. Também abaixo de Santo André.