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Administração Pública

DANIEL LIMA - 26/09/2024

Com novos três quesitos avaliados (agora faltam cinco do total de 10), o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior está liderando a disputa que vai apurar o melhor prefeito reeleito em 2020 no Grande ABC. Apenas Auricchio, Orlando Morando (São Bernardo) e Paulinho Serra (Santo André) gozam dessa condição. Orlando Morando está em segundo e Paulinho Serra em terceiro nessa contagem ainda provisória.

CapitalSocial avalia na edição de hoje  os três prefeitos nas temáticas “Regionalidade”, “Sucessão Eleitoral” e “Relações Sociais”. A análise de cada um desses quesitos está em seguida. Na edição de amanhã outros três indicadores serão escrutinados. Na edição de segunda-feira serão conhecidos os dois últimos e a classificação.

Os 10 indicadores que hierarquizam o desempenho de Orlando Morando, Paulinho Serra e José Auricchio contam com pesos relativos mensurados de acordo com importância geral. Dessa forma, há diferenças que vão definir o resultado final.

Os quesitos avaliados nesta edição de CapitalSocial e os dois anteriores (Gestão Pública e Transparência) somam 4,0 pontos na classificação geral que chega a 10 pontos. O aproveitamento dos três prefeitos, até agora, está aquém do razoável. Enquanto José Auricchio soma 1,50 pontos, Orlando Morando registra 1,25 e Paulinho Serra apenas 1,00.

Na edição de amanhã vão ser analisados três quesitos: Administração Fiscal (peso 1,0), Legado (peso 1,0) e Relações Institucionais (0,50). Na edição de segunda-feira será a vez dos quesitos finais: Desenvolvimento Econômico (peso 2,0) e Infraestrutura Social (peso 1,50). 

Seguem agora as avaliações dos três prefeitos em novos quesitos: 

 REGIONALIDADE

De Zero a Dez, a nota no quesito Regionalidade envolvendo os três prefeitos reeleitos em 2020 não passa de Zero. Zero mesmo. Se fosse possível atribuir nota individual mais rigorosamente autêntica, o prefeito Paulinho Serra seria contemplado como o maior predador institucional da região em todos os tempos. O Clube dos Prefeitos virou refém de um prefeito falsamente preocupado com a região. É um impostor. A tragédia da Covid é o ponto máximo da ineficiência.

Paulinho Serra praticamente reinou durante a maioria do tempo de dois mandatos à frente de uma entidade completamente divorciada da realidade em mais que isso, das necessidades dos sete municípios. O Clube dos Prefeitos é, reconhecido formalmente como Consórcio de Prefeitos.

O peso relativo (1,5 ponto ) de Regionalidade na grade que determinará a classificação individual e coletiva desse trio de mandatários na região nos últimos oito anos é elevado. Só perde em importância para Desenvolvimento Econômico, que vale 2,0 pontos, sempre na escala de Zero a Dez.

HISTÓRIA DE FRACASSOS

Para que se respeitem os leitores a não se comprem  gato de mentira por lebre de inovação, não existe outra medida eticamente profilática do que afirmar com todas as letras que a instituição é um fracasso histórico que já completou 35 anos.

Somente em determinado período sob a liderança de Celso Daniel, o Clube dos Prefeitos pode ser relacionado como exemplo de algo que poderia ser o pontapé inicial às pretensões de o Grande ABC enfrentar os desafios do futuro que sempre chega – como se o presente já não bastasse.

Não por acaso, Celso Daniel foi o responsável pela criação do Clube dos Prefeitos, como também da praticamente enterrada Agência de Desenvolvimento Econômico e a já sepultada Câmara Regional do Grande ABC.

Ou seja: a região tem uma capacidade incrível de multiplicar assassinatos institucionais na mesma intensidade em que escorrega ladeira abaixo em todos os rankings econômicos e sociais. O Clube dos Prefeitos é muito eficiente em esconder tudo isso. E de manipular também.

José Auricchio Júnior e Orlando Morando afastaram São Caetano e São Bernardo da composição formal do Clube dos Prefeitos. A origem da debandada foram  conflitos com Paulinho Serra e representantes do PT no organismo, casos de Diadema e Mauá. 

O sumiço dos dois prefeitos não alterou a ordem do desfile da banda de inapetências da entidade. Com eles ou sem eles o sepultamento de expectativas não sofreria interrupção. O caso do Clube dos Prefeitos é estrutural como conceito de iniciativas. E se tornou nó político-partidário com a influência imperialista de Paulinho Serra e seu entorno.

POLITIZAÇÃO

Paulinho Serra politizou mais que qualquer outro prefeito uma entidade por si só condenada ao fracasso. Individualidades municipalistas são prioridade dos municipalistas individualistas. Raramente houve  algo diferente disso nas mais de três décadas do Clube dos Prefeitos.

Paulinho Serra anexou a entidade à rede de interesses políticos para alimentar sonhos carreiristas. A presidência estadual do PSDB era um dos objetivos, concretizado, mas longe do que se imaginava. Trata-se de uma vitória de Pirro. Os tucanos desapareceram da face político-representativa do cenário paulista e brasileiro.

A influência nociva de Paulinho Serra no Clube de Prefeitos conta com um diploma que evoca o caos. O Grande ABC apresentou um balanço geral de mortes por Covid semelhante ao distrito de Sapopemba, da Capital. O Clube dos Prefeitos não saiu da pasmaceira de omissões estratégicas e dispersões municipalistas. 

 SUCESSÃO ELEITORAL

É importante que se registre de antemão que esse quesito não tem vinculação direta ou indireta com o resultado das eleições. É uma brevíssima tomada do pulso de coerências e incoerências que determinaram escolhas de candidatos à sucessão dos prefeitos que não podem concorrer pela terceira vez seguida.

Desta forma, a melhor nota é para a definição do prefeito José Auricchio Júnior. Qualquer indicado que não fosse Tite Campanella soaria estranhíssimo. Afinal, foi o então presidente do Legislativo que, por força de decisão judicial, assumiu o cargo de prefeito interino em 2021. Auricchio fora impedido de tomar posse por causa de denúncias de irregularidades na disputa anterior. E só passou a ocupar a Prefeitura em dezembro de 2021. Tite  Campanella foi um prefeito-tampão fiel ao prefeito eleito. Nota dez.

Orlando Morando não teve o mesmo sucesso em São Bernardo (sempre lembrando que a adjetivação não se relaciona a resultado eleitoral) diante dos riscos que entendeu correr caso optasse pela escolha de Marcelo Lima, eleito vice-prefeito duas vezes. Marcelo Lima virou deputado federal, mas perdeu o mandato em caso conhecido, de preciosidades jurídicas sempre sujeitas a decisões que vão além da legislação e invadem o terreno político, de relacionamentos nem sempre republicanos.

Morando receava que adversários pudessem explorar a cassação do mandato de forma maliciosa, como vem ocorrendo nessa reta de chegada da disputa pela Prefeitura. A situação   o levou a optar pela sobrinha Flávia Morando. Uma movimentação considerada  arriscadíssima. Afinal, Flávia Morando não tem experiência em gestão pública e carrega o sobrenome do prefeito, estimulando idiossincrasias remissivas a regimes dinásticos.  Por isso, a Nota Cinco nesse quesito parece suficiente.

Paulinho Serra é protagonista de um desastre (que, insisto não deve ser correlacionado aos resultados da disputa que se aproximam) ao distribuir fichas demagógicas de indicação a nove concorrentes que se consideravam individualmente preparados.

Surpreendentemente, Paulinho Serra e seu grupo escolheram Gilvan Júnior, jovem que pulou de secretaria em secretaria. O divisionismo gerou insatisfações múltiplas. Três dos prefeituráveis viraram competidores, casos do vice-prefeito Luiz Zacarias, do secretário de Segurança Pública, Coronel Sardano, e do vereador Eduardo Leite.

Para tentar superar problemas gerados pelo desastre de escolha, a Administração de Paulinho Serra, loteada até a medula por aliados de todos os cantos,  gasta muito dinheiro na campanha eleitoral porque precisa resolver o jogo no primeiro turno. A ameaça de enfrentar coalisão de forças na potencial segunda etapa é um pesadelo.

De Zero a Dez, é impossível não atribuir Nota Zero nesse quesito ao prefeito de Santo André. O peso relativo de Sucessão Eleitoral é de 0,50 ponto de 10,0 na escala total. Dessa forma, Paulinho não soma pontuação alguma, Orlando Morando soma 0,25 e José Auricchio 0,50. 

 RELAÇÕES SOCIAIS

Assim como em Gestão Política, os três prefeitos reeleitos na região em 2020 são bons também em Relações Sociais. Esse quesito, como explicado na primeira edição, trata de iniciativas junto ao contribuinte que também é eleitor. A relação direta com representantes do povo ganhou musculatura e força na medida em que as redes sociais e a mídia benevolente, quando não propagandística, foram lançadas à arena de sensibilização como motores de propulsão.

De Zero a Dez, a nota individual dos três prefeitos nesse quesito  é 10,0, enquanto a nota coletiva, consequentemente, também é 10,0. O peso relativo de Relações Sociais no conjunto de 10 quesitos que representam o teto de Nota Dez é de 0,50 ponto.

Não é por acaso que antes dos dois últimos meses em que as disputas eleitorais passaram a ditar um novo ritmo de percepções dos eleitores e contribuintes, e mesmo assim sem grande impacto, os três prefeitos ostentavam índices de aprovação dignos de Lula da Silva no último ano de dois mandatos.

Vários fatores influenciaram e influenciam a percepção dos moradores em geral sobre a atuação de prefeitos na região. A equivalência da aprovação a Orlando Morando, Paulinho Serra e José Auricchio Junior, aproximando-se de 80%, é fruto de variáveis expostas aos leitores em outros textos.

O resumo é que, à parte juízo de valor sobre a competência desses administradores, e mesmo identidades sociológicas de cada Município, distintas entre si, prevalece distanciamento entre mandatários e opinião pública quando os cordéis são manipuláveis a favor ou deliberadamente contrários. As redes sociais da maquinaria pública e a imprensa condescendente ou omissa podem determinar ou não os rumos sensoriais de cada gestão.



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