A partir de hoje, aniversario de Santo André, o prefeito Paulinho Serra e seus fieis parceiros de jornada vão intensificar o calendário festivo que vai servir de correia de transmissão à campanha eleitoral que se encerrará em outubro. A pauta é politica e eleitoral. O aniversário é só um pretexto, negado pelo prefeito. O prefeito Paulinho Serra nega o que não consegue esconder. Ao completar 87 meses de dois mandatos seguidos na Prefeitura, o marketing no sentido político de ser é a marca registrada de um gestor que viu Santo André cair ainda mais num ranking inapelável: O PIB per capita no Estado de São Paulo. Uma queda de 39 postos em cinco anos já contabilizados. Quando o segunda mandato se encerrar, novas quedas serão contabilizadas.
O prefeito-perfeito nega a essência eleitoral dos festejos porque precisa disfarçar o adiamento do anúncio da chapa com a qual vai concorrer à continuidade administrativa. A história, entretanto, é outra: o candidato preferencial de parte dos grupos que estão representados no Paço Municipal ainda não saiu do fundo da panela das pesquisas. Será um candidato imposto que precisa ganhar alguma aderência popular para diminuir a carga de rejeição interna, além dos danos irreversíveis já consolidados.
Gilvan Júnior, o candidato preferencial, titular da pasta de Saúde, é desde o principio o nome escolhido por grupos mais poderosos no interior do conglomerado que atua no Paço Municipal. Um dos integrantes do Grupo dos Nove Preferidos, que o prefeito anunciou com pompa e circunstância até quebrar a cara com a repulsa de parceiros de jornada, Gilvan Júnior só não seria o candidato se os números de pesquisas internas determinarem que os ruídos não se cessarão até que se mude o candidato.
A pauta político-eleitoral no aniversário de Santo André é a pauta mais adequada para entender o que se passou em Santo André durante os até agora 87 meses de gestão de Paulinho Serra. É o que contamos de forma resumida neste texto.
APANHADO CRÍTICO
O material é um apanhado baseado em dados reais e percepções concretas. A expressão cunhada por esta revista digital ao longo dos últimos meses -- “Paulinho Serra, bom de voto e ruim de governo”-- é o que poderia ser considerado a luva mais perfeita para a mão indicativa do significado da gestão do tucano.
Dividimos a gestão de Paulinho Serra em 18 quesitos distribuídos de forma orgânica, conectados entre si, porque, como um avião que mergulha no oceano, as razões da derrocada são transversais.
A poucos meses de deixar o cargo, Paulinho Serra ficará marcado na história de Santo André como o prefeito-prefeito segundo a ótica da quase totalidade da mídia subserviente, quando não propagandística. Entretanto, de fato e para valer, apenas tem o tamanho dos antecessores, indistintamente. De diferente mesmo, a formulação de políticas públicas com recursos financeiros adicionais de fontes de financiamentos cujos resgates vão estourar no colo de sucessores.
CELSO RUDIMENTAR
A ordem de equivalência de administração dos antecessores não inclui Celso Daniel, especialmente o Celso Daniel do segundo mandato e do terceiro mandato interrompido.
O mesmo Celso Daniel que Paulinho Serra num passado menos arrogante tanto aplaudia e que, mais recentemente, passou a desprezar. Uma síndrome típica de quem, nos últimos sete anos, tanto pretendeu copiar um legado que se tornou usurpação: Santo André Cidade Futuro de Celso Daniel virou Santo André 500-Anos. Uma cópia mal-ajambrada esquecida na prateleira de uma diversidade de propostas sem sintonia com elementos básicos de organogramas e cronogramas.
Acompanham o mais completo exame dos 87 meses de Administração de Paulinho Serra, o prefeito-perfeito na versão entreguista de uma mídia sem pudores.
1. MARKETING ARRASADOR.
2. MENTIRA SOFISTICADA
3. MENTIRA DISSIMULADA.
4. MENTIRA ESCANCARADA.
5. COOPTAÇÃO INSTITUCIONAL.
6. POBREZA ELEITORALIZADA.
7. MÍDIA SUBMISSA.
8. MÍDIA PROPAGANDISTICA.
9. LEGISLATIVO VIOLADO.
10. CARREIRISMO INCONTROLÁVEL.
11. COMPADRIO EMPRESARIAL.
12. PERSEGUIÇÃO FEROZ.
13. COOPTAÇÃO SOCIAL.
14. GULODICE TRIBUTÁRIA.
15. OBSCURIDADE ADMINISTRATIVA.
16. APARELHAMENTO ESTRUTURAL.
17. PERSONALISMO INDOMÁVEL.
18.VAREJISMO ESTRELADO.
MARKETING ARRASADOR
Com o suporte do braço midiático de redes sociais e de representações da velha plataforma de imprensa de papel, além de canais próprios, a gestão de Paulinho Serra chegou ao ponto supremo e até então inédito na história da política regional de se de tornar quase unanimidade de perfeição. Paulinho Serra é um prefeito-perfeito.
Raramente, muito raramente, sobretudo quando se pretende dissimular o suporte oferecido, coloca-se um senão aqui, outro ali. Faz parte do show de pretensa crítica. Tudo não passa de ação diversionista.
A operação prefeito-perfeito encontrou resistência crítica apenas num endereço – nesta revisa digital. E por razão emblematicamente simples: um prefeito minimamente competente, sobretudo numa cidade arrasada pela desindustrialização, passa obrigatoriamente pela pauta econômica.
E Paulinho Serra é economicamente um fracasso anunciado desde o primeiro dia de mandado. Principalmente, porque a Economia da cidade jamais constou para valer da agenda de um prefeito que além de estar distante da perfeição, também é analfabeto na preparação e indução ao Desenvolvimento Econômico.
Como a ciência econômica manda a conta que sempre ultrapassa as barreiras de esterilização da verdade e de subjetividades histriônicas, o dado mais simbólico da gestão de Paulinho Serra está na contabilidade atualizada até o quinto ano de dois mandatos: Santo André caiu até então 39 casas na hierarquia do PIB (Produto Interno Bruto) por habitante no Estado de São Paulo. Santo André ocupa a posição 184 entre 645 municípios. E nada indicaria desaceleração. Os próximos três anos a serem contabilizados em dois mandatos de Paulinho Serra não seriam nada promissores. Mesmo com a cidade contando com blindagem ou escamoteamento de forças do Polo Petroquímico, que gera muita receita tributária e anaboliza o PIB Industrial que vaza em outras atividades.
MENTIRA SOFISTICADA
São inúmeras as iniciativas de marketing que colocam a gestão de Paulinho Serra em permanente flerte com mentiras sofisticadas. O mais proeminente projeto de cunho supostamente reformista, a Santo André 500-Anos, que projetaria a cidade para o ano 2053, quando completará meio século do descobrimento, não passa de puxadinho mal elaborado e sem consistência socio-participativa do legado por Celso Daniel, no final da segunda metade dos anos 1990.
Embora bom de voto, Paulinho Serra se comprovou mau de governo também nessa proposta. Houve baixíssima adesão da sociedade nos divulgados encontros para preencher demandas presentes rumo a um futuro melhor.
A Santo André 500-ANOS é apenas uma marca vistosa sem valor orgânico que remeta a qualquer coisa que não seja especulação mal-ajambrada. Não existe ferramental de acompanhamento de propostas porque as propostas são inconsistentes. Dados que eventualmente sejam apontados precisam de olhares desconfiadíssimos. Paulinho Serra industrializa fake news.
O que o projeto revela na subjetividade do imperialismo municipal é evidente – a perpetuação no poder até onde seja possível. E 2053 seria o tempo tramado na exuberância própria de quem emite sinais do quanto é possível esticar os olhos além do factível. Celso Daniel foi mais modesto e muito mais competente e organizado com o Santo André Cidade Futuro de validade até 2020.
MENTIRA DISSIMULADA
Chega a ser cansativo ouvir e ler declarações de Paulinho Serra voltadas à reorganização de Santo André quando, de fato, o que se impõe como política pública são medidas de baixa interferência e transversalidade, quando não cosméticas.
Faz-se alarde sobre tudo que tenha a Prefeitura como interventora. Da recuperação do Teatro Carlos Gomes ao também Teatro Conchita de Moraes. Faz-se alarde e se coloca no panteão de algo memorável a obra de recuperação física do Viaduto Castello Branco, na Avenida dos Estados. Atribuiu-se ganhos viários locais, de baixa repercussão municipal, perspectivas equivocadas, quando não manipuladas, de revolução logística.
Nada mais falso. Estudos que dariam respaldo às declarações do prefeito são omitidos. Talvez nem existam. Uma andorinha de obra dita exageradamente reestruturante não faz verão de competitividade. Mas Paulinho Serra vende essa ilusão que não passa pelo crivo de investidores criteriosos.
Seria mais honesto e ético o prefeito dizer e reconhecer que essa é uma das heranças malditas que recebeu de antecessores e da geolocalização de Santo André: a baixa competitividade do Município está ligadíssima às dificuldades de encontrar saídas e entradas que deem vazão a uma equação de difícil solução, ou seja, ruas não são de plástico, não esticam e encolhem ao sabor do fluxo de veículos em números cada vez mais emaranhados.
Por isso, Santo André não pode mais se enganar imaginando-se um centro produtivo com suporte físico de ruas e avenidas. Santo André estava encalacrada muito antes de Paulinho Serra virar prefeito. Mas como ele é um prefeito-perfeito, vende a ideia de que Santo André é o escoadouro logístico mais invejável do planeta. Não é possível deixar de contabilizar as declarações do prefeito como um tiro desnecessário no próprio pé. A volúpia incontida de salvador da pátria expõe as fragilidades da Administração.
MENTIRA ESCANCARADA
Falta oficialmente no organograma da Prefeitura de Santo André algo como Secretaria de Efeitos Especiais. Ao longo dos anos foram tantas e insistentes as conquistas alardeadas pela gestão de Paulinho Serra, inclusive de prêmios internacionais, que é incompreensível a razão de não se providenciar exposição pública permanente num ponto de elevado fluxo popular, com todos os troféus e taças arrebatados.
O Calçadão da Oliveira Lima seria uma boa sugestão a uma gigantesca sala de troféus e assemelhados. É claro que se correrá o risco de a torrente humana que se move na principal rua de comércio da cidade opor-se ostensivamente às fantasias. Aqueles símbolos de pretensa eficiência e qualidade de gestão não são para valer o que Santo André teria a oferecer à população.
A gestão de Paulinho Serra correria o risco de passar por maus bocados diante de moradores mais atentos que procurariam entender como é possível ganhar tudo aquilo e a cidade não acompanhar na prática algo que poderia ser resumido como qualidade de vida.
Premiações de encomenda é o nome subliminar da Secretaria de Efeitos Especiais. Santo André entra em todas as paradas possíveis, principalmente de prêmios compulsórios. Basta se inscrever e festejar. Caso de uma premiação internacional da área de esporte entregue na Itália. Fez-se estardalhaço sobre nada.
A láurea foi entregue a quem pagou para recebê-la, sem critérios competitivos. Todo ano a mesma a premiação contempla municípios igualmente dispostos a investir com retorno garantido. Diadema ganhou nesta temporada.
COOPTAÇÃO INSTITUCIONAL
O grau de controle da gestão de Paulinho Serra em Santo André praticamente imobiliza organizações sociais e econômicas. Essa operação, a bem da verdade, não se converteu em algo extraordinário e revolucionário. De maneira geral, nos municípios da região, e contrariando a falsa ideia de politização, organizações coletivas estão sempre prontas a ceder por interesses pessoais e corporativos.
De forma mais direta e direta: não se tem conhecimento de uma única entidade de Santo André (e também nos demais municípios) de reações críticas a cada nova troca de Administração Municipal. O prefeito eleito é o parceiro de interesses durante todo o tempo possível. Entidades são frequentadas por gente com ambições maiores que propostas. E o Poder Público Municipal não existiria para ser combatido, mas convertido em parceiro de jornada.
O que se disputa invariavelmente em torno das administrações municipais é um jogo de habilidades para definir quem vai ter maior influência ou, mais precisamente, maior aderência à nova Administração Municipal. Essa equação é elementar. E vale para praticamente todas as organizações.
As unidades da Ordem dos Advogados do Brasil, por exemplo, são em várias proporções uma artilharia controlada politicamente pelos paços municipais. Como as associações comerciais e tantas outras. Combatividade é artigo raríssimo nas instituições da região. Ações burocráticas, técnicas, as interagem com os associados.
O que diferencia prefeitos de prefeitos afeitos a essa metodologia é a fome de poder presente e futura. Como Paulinho Serra tem os olhos postos numa longevidade que ultrapassa a metade do século, que está logo ali, em 2053, quando Santo André chegar aos 500 ANOS, as articulações são ainda mais profundas.
POBREZA ELEITORALIZADA
Deve-se reconhecer que a gestão de Paulinho Serra é detentora provavelmente nacional do maior prêmio já visto em forma de eleitorado convertido a uma determinada candidatura, a candidatura da primeira-dama Carolina Serra ao Legislativo Estadual.
Assim como o Bolsa Família fez de Lula da Silva o presidente mais popular do País nas camadas de pobres e miseráveis do Nordeste e das franjas nordestinas nas grandes cidades, Carolina Serra fez de programas locais que associam meio ambiente e alimentos fontes de arrebanhamento eleitoral das camadas mais populares.
Trata-se de um latifúndio extraordinário: mais de uma centena de entidades assistenciais cadastradas integraram a rede de solidariedade com voto marcado.
Não à toa Carolina Serra recebeu em Santo André 85% dos quase 200 mil votos tendo duas premissas centrais como alavancas em aceleração permanente: a massa de pobres e miseráveis e o monopólio de candidatura abençoada pela máquina do Paço Municipal.
A periferia pobre de Santo André é um território de descomunal vantagem eleitoral de Carolina Serra e da própria Administração Municipal. Somente o PT com o Bolsa Família poderia ameaçar a hegemonia numa disputa majoritária em Santo André.
MÍDIA SUBMISSA
A proliferação de meios de comunicação digitais e a raquitinização dos jornais de papel combinada com o empobrecimento regional possibilitaram aos administradores públicos um poder de centralidade informativa sustentado por reserva orçamentária estratégica.
Particularmente em Santo André, a convergência de cobertura pró-prefeito transmite a sensação de que não existe mesmo pecado a ser lembrado, a ponto de praticamente inexistir contraponto.
De fato e para valer mesmo, o que se tem na cobertura jornalística da gestão Paulinho Serra é a propagação de versão única, sem qualquer direito, dever, interesse ou oportunidade de se oporem ressalvas pertinentes.
Santo André é um paraíso nas páginas de jornais impressos e nas plataformas digitais que formam uma rede de assessoria de imprensa com logomarcas diferentes que, supostamente, seriam independentes. A água corre sempre e sempre ao mesmo destino. Falta combinar com a realidade que, mais dia, menos dia, quando o poder do momento vira pó, sempre aparece. Mas aí é geralmente tarde. Ou mais complexo.
MÍDIA PROPAGANDÍSTA
Mais que servir passivamente de ferramenta informativa, a mídia propagandistica que cerca o prefeito Paulinho Serra tem comprometimento intrínseco com a gestão. É um alinhamento tácito que faz de cada informação uma peça de apoio de marketing de comunicação.
Não são, portanto, simplesmente notícias. São incursões que superam os limites de versão única e sempre festiva da gestão. É uma linha de atuação em forma de parceria indissolúvel. Faça chuva de contrariedade, faça tempestade de aborrecimento, porque os fatos são mais poderosos que os sonhos, está lá o jornalismo propagandístico a dar sustentação ao modelo imperialista de governar. Tudo muito bem combinado e tramado. Nada improvisado. As operações são casadas.
Noticiar apenas um lado da informação, permanentemente favorável, no caso da mídia submissa, é muito pouco diante do que se pretende e se estabeleceu. É preciso ir mais profundamente ao doutrinamento do eleitorado que também é contribuinte que também é uma infinidade de complementariedade em forma de morador da cidade.
LEGISLATIVO VIOLADO
As relações entre a gestão executiva de Paulinho Serra e a gestão legislativa de Paulinho Serra são uma sintonia perfeita. Daí o próprio enunciado de inserção intestina do prefeito Paulinho Serra e do Legislativo de Paulinho Serra. Nada diferente, a bem da verdade, do que ocorre na maioria dos legislativos de municípios e Estados brasileiros.
Contar com a passividade, quando não com o aplauso fácil, da maioria dos vereadores, é uma equação básica de grupos políticos que se pretendem longevos à frente do Executivo. Com Paulinho Serra imperialista não seria diferente –embora seja mais grave porque o índice de aperto do parafuso é muito maior.
Um acontecimento recente diz bem até que ponto chega o grau de interação entre Executivo e Legislativo em Santo André. A festa programada para comemorar mais um aniversário da Acisa, Associação Comercial e Industrial de Santo André, foi cancelada em cima da hora. Teria faltado energia na sede do Legislativo. Faltou energia elétrica mesmo, mas faltou apenas porque se programou para faltar. Ou seja: nada foi acidental. Foi programado.
O evento deverá ser remarcado, mas até mesmo essa alteração corre risco porque a motivação do adiamento terá de ser contornada sem novos embaraços.
Afinal, por que faltou energia elétrica na Câmara de Vereadores de Santo André algumas horas antes da homenagem à Acisa? Porque o vice-prefeito Luiz Zacarias, que rompeu relações com a gestão de Paulinho Serra ao anunciar que é candidato à sucessão, assinou um convite dirigido aos associados da Acisa. A iniciativa foi considerada uma afronta, quando não oportunismo eleitoral.
É claro que esse incidente, por assim dizer, nem precisaria ter ocorrido para demonstrar o quando o Executivo manda no Legislativo. Bastaria recorrer ao histórico recente, da gestão de sete anos, e observar a planilha de votações mais importantes da Casa.
Tudo foi rigorosamente aprovado sem maiores discussões. Casos emblemáticos são o aumento muito acima da inflação do IPTU, a concessão do Semasa à Sabesp e a privatização de cemitérios públicos. Tudo isso como avalanche.
O Legislativo de Santo André, no interior do projeto imperialista do Executivo, também não se presta exclusivamente a deliberar tudo que vem da torre ao lado. Vereadores da base aliada participam ativamente de tarefas extracurriculares, por assim dizer, ditadas pelo Paço Municipal. Eles atuam como dedicados reforços em iniciativas no campo de jogo, ou seja, junto aos moradores.
CARREIRISMO INCONTROLÁVEL
Paulinho Serra segue à risca o desenho do marketing a uma carreira que iria muito além do território de Santo André e mesmo da região. A projeção sob cuidados de um marqueteiro de algumas estrelas políticas, Duda Lima, o levaria a cargos mais elevados da República. Governo do Estado e até mesmo o Senado federal estão no horizonte entusiástico do grupo.
Tudo dentro das regras de inteligência estratégica que consiste em produzir um político de confiança e obediência aos interesses dos investidores, porque é disso que se trata.
Por uma corrida rumo ao poder e à fama política, Paulinho Serra fez da gestão da Prefeitura de Santo André e também do período à frente do Clube dos Prefeitos um corredor amplo e iluminado o suficiente para atrair aliados políticos escolhidos a dedo por figurões da política estadual. Nomes sem intimidade com questões municipais e regionais foram contemplados com cargos de expressão.
As iniciativas para fazer de Paulinho Serra expressão política estadual a qualquer preço jogaram no lixo um ranço discriminatório que até então pontuava a chegada de “forasteiros” na região. Não faltaram manchetes ao longo dos anos atribuindo a agentes públicos externos à região a pecha de estranhos no ninho de xenofobismo municipalista.
Os interesses voltados à carreira de Paulinho Serra não só sufocaram a premissa equivocada como a privilegiaram, atribuindo-se qualificações a profissionais sem qualquer entranhamento municipal e regional. De forasteiros a protegidos, foi um passo de adaptação às circunstâncias ditadas pelos patrocinadores de Paulinho Serra.
Qualificação técnica jamais foi um quesito a ser avaliado. O importante mesmo era estabelecer alianças que assegurariam caminhada rumo ao estrelato político estadual.
COMPADRIO EMPRESARIAL
Um grupo de empresários que estabeleceram estacas de reciprocidades dá sustentação extra à imagem e às iniciativas que colocam Paulinho Serra num pedestal praticamente inatingível. A ordem geral e irrestrita é impedir que o prefeito de Santo André se veja em situação embaraçosa. Sempre haverá uma medida de respaldo com consequente retorno.
Essa aproximação vale para todas as circunstâncias e promove um cerco de aquiescência junto às mídias, principalmente. No vale-tudo para proteger a Administração de Santo André, os apoiadores capitalistas de Paulinho Serra aparecem com a roupagem de anunciantes dos veículos de comunicação, sempre sob a condicionalidade não necessariamente explicita de engajamento nas politicas levadas a campo pelo prefeito e aliados.
PERSEGUIÇÃO FEROZ
Não há alternativa a quem ficar fora da órbita de fortalecimento da carreira de Paulinho Serra. A porta da casa é a serventia dos discordantes. A perseguição em forma de discriminação, principalmente, está na cartilha da hegemonia imperialista.
É preciso se dobrar aos ditames do grupo de mandachuvas ou ganhar musculatura e resiliência próprias e improváveis. Santo André e a região como um todo não contam com iniciativa privada suficientemente preparada para investimentos publicitários.
Resistir às forças operantes a partir do Paço Municipal e dos tentáculos mais próximos da maquinaria do imperialismo em Santo André é, portanto, uma façanha. Quem ousar romper as fronteiras entre a liberdade escassa e a rede de imposições se dá muito mal. Patrocinadores são acossados a desistirem de projetos que tenham críticos da Administração Municipal como desafetos.
COOPTAÇÃO SOCIAL
Dominar a sociedade de Santo André é como tomar doce da boca de criança. O facilitarismo está expresso na debandada diária da População Economicamente Ativa. Faltam dados atualizados, mas seguramente mais de 40% da população produtiva trabalha fora de Santo André. Principalmente em São Paulo.
Essa fuga de cérebros e de massa muscular afeta a cidadania de forma ruinosa. Há vácuo de representatividade social e de cidadania. Desliga-se o fio condutor de críticas e exigências com a baixa ação social.
A vulnerabilidade da população agiganta-se também na medida em que novas plataformas de comunicação colocaram questões especialmente nacionais na pauta diária, muito acima das questões locais.
Santo André vive a experiência prolongada de empobrecimento econômico com desconhecimento informativo. A massa crítica potencializadora de mudanças, proporcionada pelo cotidiano de vizinhança interativa, virou pó.
Há apenas nichos organizados que detêm conhecimento de algum modo atualizado sobre onde vivem e o que esperar do futuro. Mas é muito pouco.
O domínio do ambiente social em Santo André tem fortes pegadas do oficialismo. A escuridão comunicacional prevalece tanto por alheamento voluntário quanto por distanciamento por necessidade. Santo André perde identidade com o vazio ambiental próprio de um endereço de mais de 700 mil almas sem referências locais.
GULODICE TRIBUTÁRIA
A carga tributária própria de Santo André aumentou durante a gestão de Paulinho Serra, como aumentou anteriormente, quando os cofres públicos começaram a ser expostos às consequências da quebra do ciclo inflacionário, com o Plano Real.
O que divide as duas etapas é que os aumentos anteriores eram apropriados à defasagem de politicas permissivas, enquanto na segunda etapa trata-se de arbitrariedades sem fundamentos econômicos, exceto a gulodice na versão municipal.
Paulinho Serra vai completar dois mandatos sem nenhuma preocupação com os custos tributários aos moradores de Santo André. O IPTU, que marca a sensibilidade do Poder Público em relação ao cuidados com os contribuintes, é uma sucessão de aumentos reais tanto em termos inflacionários quanto, principalmente, em confronto com a massa salarial.
Os índices de recursos salariais de Santo André, quando se considera a massa de trabalhadores com carteira assinada, e o avanço fiscal em tributos próprios, especialmente o IPTU, são divergentes em detrimento dos contribuintes.
No caso, os índices salariais disponíveis pelo Ministério do Trabalho registram trabalhadores empregados em Santo André, ou seja, no interior das empresas sediadas no Município. Não entra na contabilidade quem trabalha fora de Santo André. Calcula-se que só na Capital seriam quatro a cada 10 integrantes da População Economicamente Ativa. Nos demais municípios da região há numeroso caudal de moradores de Santo André.
Apenas a titulo de sugestão, se a gestão de Paulinho Serra estivesse de fato preocupada com o futuro de Santo André, mais especificamente com o futuro econômico de Santo André, poderia ter mandado realizar uma pesquisa de campo que aferiria não só a proporção de profissionais que moram na cidade e trabalham em outras localidades como também o perfil desses dissidentes da vida no Município.
Afinal, quem seria capaz de responder sobre demandas profissionais que os cérebros e os músculos de Santo André evadem em busca de salários? Esse seria o ponto de largada a políticas desenvolvimentistas. Seria possível encontrar caminhos alternativos e conexos a serem perseguidos com o tiro certo de definições estratégicas. A medida poderia ter sido incentivada e incrementada em nível regional quando Paulinho Serra estava à frente do Clube dos Prefeitos, instância da qual se utilizou para abrir espaço a grupos políticos extra região.
OBSCURIDADE ADMINISTRATIVA
Pegue o projeto de concessão do Semasa, autarquia de água e esgoto negociada com a Sabesp. Pegue o projeto de privatização de cemitérios. Pegue o projeto de aumento do IPTU. Pegue mais projetos. Coloque tudo no mesmo saco sem fundos de obscuridades e, finalmente, se tem o perfil de relacionamento da Administração de Paulinho Serra tendo como contraponto os contribuintes.
Esses são três dos muitos exemplos de uma ação permanente do prefeito de Santo André. Paulinho Serra tem um conceito muito particular de diálogo com a sociedade desorganizada de Santo André: o que interessa como peças de montagem do circo de ufanismo de políticas municipais a sua assessoria dá provas de extrema competência. Por outro lado, contudo e todavia, se é o outro lado que mais interessa, o lado da escuridão, o movimento é extremamente inverso: nada se abre para que não se coloquem e eventuais contrapontos.
É verdade que outras administrações municipais não contam com aparato de transparência como método de relações com a sociedade, mas com Paulinho Serra tudo é superlativo quando se trata de mistificar.
O marketing do prefeito é tão exagerado que aos incautos parecerá sempre que o que se tem na praça de relacionamentos entre público e sociedade é o mais bem acabado modelo de interação. Pura bobagem. Santo André não se transformou num império de versão única, de versão oficial, de versão edulcorada, sem que se pagasse um preço elevado. O preço da cooptação quase generalizada.
Tudo é muito estranho nas entranhas oficiais de Santo André. Apenas um grupinho fechado de dominadores da opinião pública tem acesso aos segredos compartilhados em forma de cumplicidade. O torre do Executivo no Paço Municipal é dividida entre quem tem o poder e quem imagina quem tem o poder, porque o poder mesmo está concentrado em alguns espaços, como reflexo de poderes da vizinhança que influenciaram o destino da cidade.
APARELHAMENTO ESTRUTURAL
Para manter Santo André a salvo da curiosidade pública é indispensável a criação e manutenção de uma estrutura de fidelidade operacional absoluta. A gestão de Paulinho Serra obedece aos rigores da competência de autoproteção ao concentrar em poucos agentes o painel de controle de tudo que é observado como vital à permanente e efetiva dinâmica de pesos e contrapesos.
O modelo de gestão de Paulinho Serra também não é um ponto fora da curva da administração pública em geral, mas carrega uma carga de blindagem que supera a potencialidade de explodir diante de escândalos que sempre emergem.
É emblemático, por exemplo, o caso da roubalheira durante a pandemia do Coronavírus, detectada por auditoria externa privada na Fundação do ABC, então sob o controle de assessores de confiança de Paulinho Serra, e, principalmente, as restrições da Controladoria Geral da União, que apontou anormalidades em rigorosa auditoria.
Tanto num caso quanto no outro funcionou plenamente, até agora, um poder de dissuasão extraordinário. Paulinho Serra jamais se manifestou sobre os desvios. Diferentemente disso: bate no peito uma mais que vexatória proclamação de eficiência de Santo André no combate ao Coronavírus quando, de fato, registrou 30% a mais de mortes por 100 mil habitantes frente à média nacional, e também muito acima da maioria de cidades semelhantes em demografia.
PERSONALISMO INDOMÁVEL
Paulinho Serra vai terminar o segundo mandato como prefeito de Santo André acumulando um aprendizado louvável: saiu de uma configuração pessoal-política inexpressiva, dessas que dariam sono em qualquer interlocutor, para um patamar digno dos políticos de médio-porte. Paulino Serra aprendeu a fazer politica também como agente politico diante da exposição à mídia.
Está certo que Paulinho Serra não tem diversidade discursiva, que não é lá um orador de primeira linha, mas, aos olhos médios dos eleitores, impressiona pela fluidez de frases e informações. Principalmente quando não se lhe opõem questionamentos agudos.
Paulinho Serra é bom de discurso quando o discurso é uma via de mão única ou, principalmente quando aqueles que supostamente os entrevistaria são de fato áulicos com ocupação na mídia.
Negar a Paulinho Serra a competência de apresentar-se como homem público de certo traquejo seria um erro crasso. O prefeito de Santo André é enfático, coordena muito bem as frases, tem dados na ponta da língua (menos a ignorância total em assuntos econômicos) e, analisando-se o público médio, reúne capacidade de convencimento. Por mais que tenha a mania de produzir fake news.
“Minha gente” e “pertencimento” são verbetes insistentes nas frases de Paulinho Serra. A primeira expressão o torna íntimo de interlocutores e espectadores. O segundo agrega um valor de entusiasmo e de cidadania municipalista que não combina com a realidade sempre mascarada.
VAREJISMO ESTRELADO
O portfólio do prefeito Paulinho Serra é um compartimento de excessos e de vazios. Os excessos em quantidade discutível concentra-se no estoque de realizações que satisfazem contribuintes que só enxergam o aqui e agora. São obras varejistas que se espalham pela cidade de orçamento turbinado por empréstimos nacionais e internacionais.
Os vazios são o desprezo a políticas dirigidas ao futuro. Santo André é uma cidade decadente na Economia, com quedas permanentes ao longo de 40 anos. Nesse sentido, nada saiu das gavetas e dos computadores do Paço Municipal que sugerissem mitigar os danos, quanto mais recompor valores.
Mesmo as obras varejistas de determinado valor simbólico e afetivo, como a recuperação de teatros municipais, por exemplo, não passam de medidas tópicas. A ocupação ditada por um calendário cultural robusto é mero sonho. Santo André há muito perdeu o viço cultural. Não há vida própria que possa demandar o uso constante e valorativo dos espaços públicos. Paulinho Serra confundiu uma coisa com outra coisa. Teatro recuperado, mas vazio não significa muita diferença. É como uma estante repleta de livros sem leitores.