Sorocaba virou o placar na disputa com Santo André na primeira rodada desse embate que tem a finalidade de aferir até que ponto a desindustrialização do ABC Paulista afeta diretamente a competição com cidades do Interior do Estado que avançaram no setor de manufatura. Teremos série de embates envolvendo principalmente indicadores econômicos.
A primeira rodada dessa disputa reúne dois de projetados mais de duas dezenas de dados que vão revelar as diferenças entre Santo André e Sorocaba. Diferenças que de fato envolvem mais que os dois municípios.
Cromossomos econômicos e sociais de municípios industrializados vão ser expostos. Sorocaba simboliza a industrialização do Interior nas últimas décadas. Santo André está entre os municípios que mais perderam efetivo produtivo industrial no mesmo período na Região Metropolitana de São Paulo.
PREFEITO INSPIRADOR
A inspiração dessa série é o prefeito Paulinho Serra, de Santo André. Num discurso em Barcelona, diante de plateia internacional que tratou de Cidades Inteligentes, Paulinho Serra comemorou o fato de Santo André estar na Grande São Paulo, próximo do Aeroporto de Congonhas, Aeroporto de Guarulhos e Porto de Santos.
O titular do Paço de Santo André confundiu proximidade física com logística em tempos de tecnologias avançadas. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O contrassenso num ambiente em que se respirava a pauta de inteligência digital não tem paralelo. É algo como gritar “Corinthians” no meio da torcida do Palmeiras.
Logística em termos conceituais atualizados é a melhor distância entre dois ou mais pontos. Logística no sentido defasado e materialista é a menor distância entre dois pontos. Entre a melhor distância e a menor distância existe um oceano de conjecturas e fatos.
DOIS INDICADORES
O PIB Geral per capita e o PIB de Consumo também per capita são as estrelas da primeira rodada dessa espécie de Cidade versus Cidade. Ou melhor: de Região Metropolitana versus Interior do Estado.
O PIB Geral é o PIB mais conhecido. Reflete a produção de riqueza nas atividades econômicas. É apurado anualmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). Um insumo que sai do Polo Petroquímico de Capuava e que se transforma em capô de veículo em São Bernardo gera Valor Adicionado. O PIB Industrial faz parte do PIB Geral. Nessa primeira rodada, tratamos especificamente de PIB Geral. E PIB de Consumo.
A divulgação dos resultados dos municípios obedece à cronologia de dois anos de defasagem. Ou seja: o PIB Geral dos Municípios Brasileiros de 2022 será anunciado oficialmente apenas em dezembro deste ano. Por isso trabalhamos com o PIB Geral de 2021.
O PIB de Consumo é uma especialidade da Consultoria IPC, do pesquisador Marcos Pazzini. É divulgado anualmente com base nos resultados do ano anterior. Ou seja: vamos utilizar neste trabalho o PIB de Consumo per capita do ano passado.
PRODUÇÃO E ACUMULAÇÃO
O que diferencia fundamentalmente o PIB Geral e o PIB de Consumo é que o primeiro reflete a produção de riqueza no território pesquisado, apenas no território pesquisado. O PIB de Consumo é extraído da riqueza acumulada ao longo dos anos pelos moradores de cada Município, independentemente dos locais de trabalho.
Os resultados que apresentaremos em seguida acentuam bem essa diferença.
Santo André perde feio para Sorocaba porque a desindustrialização local se contrapõe à contínua industrialização da cidade do Interior.
Já no PIB de Consumo, como a População Economicamente Ativa que atua fora da cidade ultrapassa a 30%, Santo André beneficia-se da proximidade de divisas tanto na região quanto com a Capital. O PIB de Consumo é mais sólido como também sujeito a reparos por conta da origem dos recursos que o alimentam.
DADOS ATUAIS
Para tornar mais consistente não só os dados atuais, mas também os pretéritos, decidimos utilizar os números tanto de um PIB quanto de outro do ano de 1999. Mas o que vale mesmo na contagem iniciada agora são os dados atuais.
No caso do embate entre Santo André e Sorocaba, está claro que há uma tendência de empoderamento da cidade do Interior do Estado em relação à concorrente, em franco empobrecimento. A diferença entre empoderamento e empobrecimento é algo como ganhar três pontos num jogo e o concorrente ao título perder três pontos.
Caso valessem os dados registrados no balanço de 1999 (ou seja, antes do novo século começar), Santo André estaria vencendo a disputa por 17,39 pontos a zero. Entretanto, como o que vale mesmo é a bola na rede atual, no caso do PIB Geral de 2021 e do PIB de Consumo de 2022, quem está na frente é Sorocaba com o placar de 23,61 pontos contra 20,29 pontos de Santo André.
DIFERENÇA ENGANA
A diferença na ponta de chegada é de apenas 3,32 pontos (23,61 menos 20,29) mas não é sob essa ótica que o resultado deve ser observado para quem está diante de uma competição que conta com o tempo cronometrado como indexador avaliativo.
De fato, quando se agregam os valores e os períodos que envolvem o PIB Geral e o PIB de Consumo, Sorocaba ganhou o total de 20,71 pontos. Afinal, saiu de uma desvantagem de 17,39 pontos para a vantagem de 3,32 pontos.
No caso do PIB Geral per capita, Santo André registrava em 1999 o valor de R$ 9.201,16 mil, enquanto Sorocaba estava logo abaixo com R$ 8.712,91 mil. Uma diferença de 5,30% favorável a Santo André. Esses 5,30% entram na contabilidade desse duelo como a primeira diferença numérica entre os dois municípios.
Mas o que vale mesmo são os dados do PIB Geral de 2021, o mais atualizado. Santo André conta com R$ 40.812,01 mil por habitante, enquanto Sorocaba chegou a R$ 53.427,50 mil. Ou uma vantagem de 23,61%. Ou 23,61 pontos para efeitos comparativos.
PIB DA REVIRAVOLTA
A reviravolta de Sorocaba no PIB Geral por habitante foi decisiva no resultado combinado dos dois indicadores da primeira rodada dessa disputa. De desvantagem inicial de 5,30% em 1999, Sorocaba reverteu a situação aparentemente de forma incontrolável ao chegar à vantagem de 23,61 n esse quesito.
A vantagem de Santo André no PIB per capita de Consumo, já explicada, impediu que o resultado agregado e parcial da primeira rodada fosse elástico em favor de Sorocaba. Em 1999, marco inicial dessa disputa, o PIB de Consumo de Santo André era 12,07% maior que o de Sorocaba – R$ 6.341,64 mil contra R$ 5.576,55 mil. Na ponta de chegada, agora no ano de 2022 (os dados mais atualizados), a vantagem se elevou a 20,29%. Santo André chegou ao PIB de Consumo per capita de R$ 47.417 mil ante R$ R$ 38.797,00 de Sorocaba.
Esse estudo levará sempre em consideração, quando possível, o fator per capita, ou seja, a divisão do total pelo número de habitantes. Embora Santo André e Sorocaba tenham populações numericamente semelhantes, nada melhor que a compactação em forma de medição per capita para evitar distorções.
CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO
Nesta temporada, a população de Santo André conta com R$ 34.531.233 bilhões como marca de potencial de consumo analisado pela Consultoria IPC. Em Sorocaba são R$ 29.190.608 bilhões. A participação nacional do PIB de Consumo de Santo André atinge 0,51331%, enquanto em Sorocaba são 0,43392%. A diferença, portanto, é de 0,07939 pontos percentuais.
Em 1999, marco a comparações nessa modalidade em termos de efetividade ou não de mudanças, a participação nacional de Sorocaba no PIB de Consumo era de 0,42337%, enquanto Santo André registrava 0,65334%. A diferença, então, era de 0,22997 pontos percentuais.
Os números mostram que a cada nova temporada Sorocaba reduz a diferença em relação a Santo André no PIB de Consumo total. Em parte isso é resultado do maior crescimento demográfico da cidade de Interior, exatamente porque conta com maior dinamismo econômico.
Em 1999, Santo André contava com 171.242 domicílios, que representavam população de 625.303. Sorocaba somava 121.085 domicílios e população de 456.539. Em 2022, a população de Santo André passou para 728.248 em 254.903 domicílios, enquanto Sorocaba somava 752.375 moradores distribuídos em 271.280 moradias. Nesse período, a população de Sorocaba cresceu 39,31%, enquanto em Santo André o crescimento foi de 13,14%.
A próxima rodada da disputa entre Santo André e Sorocaba vai envolver mais indicadores econômicos.