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Administração Pública

DANIEL LIMA - 21/08/2023

No primeiro indicador que acabamos de apurar sobre a gestão de Luiz Marinho durante oito anos na Prefeitura de São Bernardo o resultado é totalmente negativo. Luiz Marinho perde tanto para William Dib, que o antecedeu, quanto para Orlando Morando, que o sucedeu. A derrota é por larga margem.  

Examinar os principais indicadores de uma gestão pública não é uma tarefa que se limita ao mandato propriamente dito. Essa lógica avaliativa que CapitalSocial obedece rigorosamente como conceito editorial não significa que se deve limpar a barra ou tocar corneta a quem exerce ou exerceu o poder no sentido inverso, ou seja, sem que o tempo crítico decante.   

No caso da gestão do petista Luiz Marinho à frente da Prefeitura de São Bernardo durante oito anos (de 2009 a 2016) não é diferente. O ex-sindicalista e hoje ministro do Trabalho comeu o pão que o diabo amassou na Prefeitura de São Bernardo, depois de um primeiro mandato a reboque do sucesso de Lula da Silva. Luiz Marinho iniciou o primeiro mandato sob o governo de Lula da Silva e encerrou o segundo mergulhado nos erros de Dilma Rousseff.  

NAUFRÁGIO PETISTA  

Entre os prefeitos que ocuparam o Paço Municipal de São Bernardo neste século, Luiz Marinho é o pior disparadamente no quesito que vamos apresentar em seguida.  

Luiz Marinho pegou o redemoinho alucinador de Dilma Rousseff, os anos 2015-2016 do segundo mandato na Prefeitura, e se deu tão mal quanto os demais prefeitos do PT no Estado de São Paulo. O partido praticamente foi varrido do mapa.  

Nos 645 municípios do Estado, o PT elegeu somente oito, ante 72 de quatro anos antes. Uma queda de 88%.   De cinco prefeitos entre os sete da região eleitos em 2012, não sobrou nenhum para a temporada 2017-2010.   

DO CÉU AO INFERNO  

Da mesma forma que relativizar até onde seja possível os dissabores resultantes da jornada de Luiz Marinho como prefeito de São Bernardo durante oito anos, é também recomendado que para os oito anos de Lula da Silva na presidência da República se aplique a conceituação.  

Lula da Silva navegou nas águas caudalosas de explosão de commodities demanda por asiáticos e alçou o PIB Geral do Brasil às alturas. Promoveu gastança que, conjugada com o despreparo da sucessora Dilma Rousseff, deu no que deu na maior recessão econômica da história do País.   

Dessa forma, quando se verifica atentamente os oito anos da gestão de Luiz Marinho, a conclusão a que se chega diante de números de uma primeira métrica econômica (outras serão exploradas) não é das melhores para quem, como o deputado estadual Luiz Fernando Teixeira, pré-candidato do PT às eleições em São Bernardo, no ano que vem, desfila impropriedades informativas sem compromisso com a verdade dos fatos. 

PERÍODO DEVASTADOR  

Pela métrica que vamos apresentar em seguida neste segundo capítulo do desempenho de Luiz Marinho entre o antecessor William Dib e o sucessor Orlando Morando, não há nada mais devastador.  

Em 20 anos de dados disponíveis (oito de William Dib, oito de Luiz Marinho e os quatro primeiros de Orlando Morando) São Bernardo perdeu praticamente um terço de participação no PIB Geral do Brasil. Desse total, 80% se deram durante os dois mandatos de Luiz Marinho. Causa principal: os estragos de Dilma Rousseff especificamente nas temporadas 2015-2016.  

O que isso significa? Significa que independentemente de críticas à gestão de Luiz Marinho à frente de São Bernardo por razões exclusivamente domésticas, de definições de programas de governança, seria impossível que o petista resistisse à hecatombe dilmista. Apenas oito prefeitos petistas, não custa repetir, resistiram no Estado de São Paulo. E nenhum em Município de médio ou grande porte.  

CRUZAMENTO DE DADOS  

Tenho me debruçado sobre o desastre dilmista há muito tempo,  entre outras razões porque não se limitaram a São Bernardo. Atingiu duramente todo o País. No ABC Paulista, entretanto, a carga foi reforçada sobretudo porque dependemos demais do setor automotivo.   

O PIB de São Bernardo é movido a indústria automotiva. A Doença Holandesa passou a ser o calcanhar de Aquiles de São Bernardo. A atividade automotiva é a mais competitiva no mundo.  

Optamos neste capítulo por uma inovação avaliadora do comportamento da economia de São Bernardo (e da região) que não excluirá indicadores já utilizados.  

Vamos nos concentrar nessa metodologia porque coloca o foco em São Bernardo (é disso que se trata essa série, não a abrangência regional) tendo como premissa a temperatura municipal diante da média nacional. 

LOCAL X NACIONAL  

O PIB Geral do País no período de 20 anos em análise foi bem melhor que a média de São Bernardo. Nada pior para um Município que sempre cresceu muito mais que a média nacional.  

Claro que tudo começou nos anos 1980  com o pontapé do vazamento de riqueza em forma de guerra fiscal na esteira do movimento sindical, incubadora do PT. Outros fatores já foram esmiuçados aqui, caso do Plano Real e o rebaixamento seletivo de impostos durante o governo Fernando Henrique Cardoso, ação letal às pequenas indústrias. Sem contar, claro, a construção do trecho sul do Rodoanel de morfologia física-estrutural excludente ao território regional.   

O que se sugere ao deputado estadual Luiz Fernando Teixeira caso seja mesmo candidato de oposição à sucessão do tucano Orlando Morando é que procure se informar melhor sobre a economia de São Bernardo.  

Que Luiz Fernando Teixeira saia da redoma de uma ignorância econômica abissal ou programada para enganar o distinto público. Seria preferível que as declarações do deputado fossem mesmo uma tática eleitoral, porque o desconhecimento o colocaria em posição ainda mais delicada.  

DEPUTADO DESINFORMADO  

Imputar, como também imputou outro dia, a desindustrialização continuada e gravíssima ao atual ocupante do Paço Municipal é um descalabro. Também vamos mostrar essa variante de gestão pública nesta série. A conta é salgada para os sindicalistas que constam da constelação de apoiadores e integrantes do Partido dos Trabalhadores.  

Em 2001, quando Mauricio Soares (PSDB) e William Dib (PPS) assumiram a Prefeitura de São Bernardo (o primeiro, eleito prefeito, renunciou em cinco de março de 2003),  o PIB Geral de São Bernardo representava praticamente 1% do PIB Nacional. Os R$ 11.129.700 bilhões registrados como soma de todas as atividades econômicas significava 0,935% do R$ 1,190 trilhão do PIB Brasileiro.  

Quando William Dib deixou a Prefeitura de São Bernardo em dezembro de 2008, depois de oito anos de dois mandatos, o PIB Geral de São Bernardo registrava R$ 36.364.523 bilhões (sempre em termos nominais, sem considerar a inflação). O PIB Nacional apontava para 3,100 trilhões. A participação nacional de São Bernardo caiu 8,99% e passou para 8,51%.  

UM TERREMOTO  

Mais oito anos se passaram, agora sob o controle do petista Luiz Marinho, entre 2009 e 2016. O PIB Geral de São Bernardo registrou 42.131.380 bilhões ante o PIB Nacional de R$ 6,260 trilhões. A queda agregada de participação do PIB de São Bernardo no PIB Nacional nos oito anos de Luiz Marinho chegou a 20,92%. A participação de São Bernardo no PIB Nacional desceu de 0,851% em 2008 para 0,673% em 2016. 

MUITO ABAIXO  

Durante os quatro primeiros anos do primeiro mandato do prefeito Orlando Morando (os dados relativos a 2021 só serão conhecidos em dezembro deste ano, e os demais igualmente com dois anos de defasagem) São Bernardo registrou nova queda do PIB, mas muito abaixo dos números anteriores: -2,38%. O PIB de São Bernardo passou para 0,657% do PIB Nacional.  

Quando se compara ponta a ponta o PIB de São Bernardo em termos de participação no PIB Nacional, ou seja, entre janeiro de 2001 a dezembro de 2020, em duas décadas completas, a perda cumulativa chega a 29,73%. Ou seja: praticamente um terço de mergulho no indicador mais respeitado, embora controverso, do mundo econômico. Dessa parda total, nada menos que 70,36% se deram durante os oito anos da Administração de Luiz Marinho. 

Em termos de média anual, sempre considerando a queda de São Bernardo frente ao PIB Nacional, William Dib registrou queda de 1,12%. Menos da metade de Luiz Marinho (2,61%) e bem acima de 0,59% de Orlando Morando. 

Na próxima edição desta série vamos seguir com mais avaliações sobre o PIB.  



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