Numa série de análises que começarei a destrinchar na semana que vem e que vai até onde não sei em termos cronológicos, vou fazer de forma sistêmica o que já fiz de maneira aleatória, ou seja, fora do calendário eleitoral. Vou mostrar com inúmeros dados o que foi a Administração de Luiz Marinho à frente da Prefeitura de São Bernardo durante oito anos, entre janeiro de 2009 e dezembro de 2016.
Juro por todos os juros que não sei exatamente o que sairá do embaralhamento de informações mensuráveis, mas procurarei desvendar ponto por ponto sem cessar.
Já conheço, porque os organizei e analisei, determinados indicadores nada favoráveis à gestão do petista. Nem poderia ser diferente. Afinal, Luiz Marinho e gestores públicos em geral foram atropelados pelo governo destruidor de Dilma Rousseff, especialmente na reta de chegada da temporada de 2016. Não à toa o PT foi dinamitado na região e no Estado de São Paulo.
Devo ao deputado estadual e pré-candidato petista à Prefeitura de São Bernardo, Luiz Fernando Teixeira, a ideia de dar adensamento informativo e analítico aos anos de Luiz Marinho à frente da cidade mais rica e problemática da região.
IDEIA DO DEPUTADO
Não fosse Luiz Fernando Teixeira ser o que é constantemente, não teria tomado a iniciativa dessa operação-varredura. Como entretanto, todavia e porém o deputado é um dos maiores produtores de fake news entre os parlamentares da região (Alex Manente é sério concorrente porque desfila bobagens sempre que aparece na praça de jornais de papel e digitais), não existe saída.
Talvez o deputado que já foi presidente do São Bernardo Futebol Clube, período no qual repassou a agremiação à iniciativa privada, não entenda as raízes do jornalismo que prezo.
Meu manual de redação diz o seguinte como autodefinido ombudsman da região: não consigo aliviar a barra de ninguém que ocupe a mídia e desfile impropriedades cabeludas, especialmente quando a iniciativa parte em busca de vantagens concorrenciais irregulares, ou seja, de expressa ação delitiva no campo ético.
PASSADO REPROVADO
Não tenho a esconder de ninguém que as práticas de Luiz Fernando Teixeira jamais me seduziram sob qualquer ângulo. Quando conseguir me convencer de que saiu do lamaçal da informação deformada e repassada pela mídia condescendente, não terei dúvidas em apontar neste espaço. Como regionalista empedernido, torço para isso.
Resgatar o período em que Luiz Marinho ocupou o Paço de São Bernardo é muito importante porque oito anos não são oito dias nem oito meses e, principalmente, agora há bases mais sólidas a comparações.
Temos diante de nós um período pretérito de comando da Prefeitura de São Bernardo e um período posterior ao cargo de prefeito ocupado por Luiz Marinho.
Isso quer dizer que já há disponibilidade na praça de indicadores suficientes em várias áreas para estabelecer juízo de valor mais categórico. Claro que jamais faremos o que os políticos em geral tanto fazem, que é filtrar dados de acordo com as vantagens do calendário macroeconômico e mesmo do ambiente político.
CONTEXTO É RELEVANTE
Contextualizar o período em que Luiz Marinho ocupou o cargo de prefeito em São Bernardo é essencial à prática ética de jornalismo sem rabo preso com quer que seja. Longe, portanto, do que vemos nestes tempos no jornalismo em geral, inclusive no ABC Paulista, onde o avermelhamento de páginas de papel e páginas digitais parece crescer na medida em que o governo paulista, Tarcísio de Freitas, não se entrega docilmente como os antecessores tucanos às exigências de investimentos na mídia.
Mas, retomando a razão da decisão de produzir série sobre os oito anos de Luiz Marinho na esteira de oito anos do antecessor William Dib, que substituiu o renunciante Mauricio Soares, e também os já completados seis anos e meio de Orlando Morando, reforço a participação do deputado estadual Luiz Fernando Teixeira.
Ao dizer o que mais uma vez disse nas páginas do Diário do Grande ABC de hoje, não há como desprezar a possibilidade de distorções que aguardam os eleitores até a disputa municipal do ano que vem.
AVAL SINDICAL
Luiz Fernando Teixeira está tão ansioso para obter o aval dos sindicalistas e trabalhadores, com os quais sempre manteve distância, que imputa ao atual prefeito, Orlando Morando, os males insidiosos da desindustrialização de São Bernardo.
Quanto a esse indicador (ou seja, a dados que se referem à derrocada de São Bernardo no campo econômico-industrial) não preciso consultar ninguém porque devassei ao longo dos anos tudo ou quase tudo o que ocorreu no Município e na região como um todo desde que se tornou pauta obrigatória a desigualdade nas relações entre capital e trabalho com o consequente movimento sindical comandado por Lula da Silva.
O que me preocupa barbaridade é o cartão de visita do deputado estadual na tentativa de se viabilizar como candidato petista às eleições municipais.
CUIDADO REDOBRADO
Se num caso tão escandalosamente inquestionável de que entre outras razões, mas principalmente, está no Custo ABC decorrente do movimento sindical as motivações de debandada industrial, o que fará então o deputado petista quando temáticas menos escancaradamente intocáveis se apresentarem?
Embora apareça no Diário do Grande ABC de hoje como o candidato para valer do PT em São Bernardo, tendo para tanto o apoio declarado do presidente Lula da Silva e do ex-prefeito Luiz Marinho, sugeriria ao deputado estadual que se cuide.
Nada ainda dá segurança ao PT de que Luiz Fernando Teixeira seja mesmo o concorrente ideal. O reforço familiar de um irmão que é ministro de Estado talvez não seja suficiente para sustentar uma candidatura se os sinais emitidos forem diferentes dos sinais captados.
Mas não vou entrar em detalhes agora sobre o ambiente político-eleitoral da esquerda em São Bernardo para questionar ou não a candidatura preliminar de Luiz Fernando Teixeira. Tudo ainda é embrionário.
Provavelmente o próprio deputado estadual seja o maior adversário que encontrará pelo caminho, já que Orlando Morando não poderá se candidatar e há dúvidas sobre quem apoiaria.
ENGANAÇÃO INFORMATIVA
A cada declaração, Luiz Fernando Teixeira demonstra a fragilidade de quem enxerga um mundo diferente, submisso ao mascaramento analítico respaldado por uma vocação irrefreável à enganação informativa.
Não fosse as barbeiragens de Luiz Fernando Teixeira os leitores deixariam de contar nos próximos tempos com um trabalho jornalístico focalizado diretamente nos oito anos de Luiz Marinho na Prefeitura de São Bernardo.
Se o deputado produz esse tipo de reação deste jornalista sem compromisso com qualquer agremiação política, imagine então o que seus adversários estão preparando para combatê-lo?
Aliás, ainda outro dia fez declarações enviesadas no campo de gênero, ao atribuir à deputada estadual Carla Morando o sucesso eleitoral exclusivamente por conta do prefeito Orlando Morando, seu marido.
Houve quem na mídia o socorresse, a pretexto de um rapidíssimo e incompleto estoque de servidores públicos no gabinete da deputada, enquanto se observa no País como um todo, tanto na esfera pública como privada, inclusive nas cúpulas de jornais, que as mulheres são minoria em relação aos homens no mercado de trabalho. As razões desse desequilíbrio invadem o campo sociológico, mas há demagogos sempre de prontidão. Demagogos e hipócritas.