Atenção para o que você está consumindo de informações sobre o Campeonato Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável, oficialmente chamado de IDSC, Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades. São Caetano é a campeã da competição, mas existe um porém desprezado pela mídia: a cidade de melhor qualidade de vida da maior metrópole do País lidera a Série B, ou seja, a Segunda Divisão.
A Série A não conta com nenhuma competidora. Está vazia. Os demais municípios da região estão na Série C. Um resultado para lá de ruim.
O resumo da ópera da competição é lamentável para o Brasil como um todo porque sete em cada 10 municípios apresentam nível baixo ou muito baixo de desenvolvimento sustentável, ou seja, estão na Série D e na Série E.
O levantamento do Instituto de Cidades Sustentáveis apurou o retrato nacional e o divulgou no último domingo. As manchetes e manchetíssimas colocam São Caetano no topo. Um extraordinário resultado, mas a disputa é de Segunda Divisão.
MUITO ABAIXO
O IDSC, ou seja, o Campeonato Brasileiro de Sustentabilidade, avalia 100 indicadores para definir o desempenho das cidades no cumprimento de 17 objetivos de desenvolvimento sustentável estabelecido pela ONU em 2015.
Entre esses objetivos estão a erradicação da pobreza e da fome, promoção da saúde, educação e saneamento e redução de desigualdades. A meta deve ser cumprida pelos países até 2030.
Ao todo, o Brasil conta com 3.970 cidades (71% do total) com nível baixo ou muito baixo de desenvolvimento – Séries D e E. Os sete municípios da região não estão nesse grupamento. Seis dos quais (São Caetano fora, portanto) estão entre os 1.555 que têm desempenho médio, ou seja, de Série C do Campeonato Brasileiro. Apenas 45 constam da Série B, São Caetano à frente. Na Série A, nenhum representante nacional.
O Brasil como um todo vem caindo de rendimento no Brasileiro de Sustentabilidade. Seria impossível ficar livre dos estragos dos dois anos de recessão do governo Dilma Rousseff e, em seguida, da pandemia do Coronavírus. Tanto que em relação a sete anos atrás, apenas 742 municípios apresentaram resultados melhores. Nada menos que 2.259 pioraram e outros 2.569 ficaram estagnados.
TERCEIRA DIVISÃO
Num índice de rendimento nacional médio de 46,85 – que varia de 0 a 100 -- o resultado geral do país é de “baixo desenvolvimento”.
O resultado obtido por São Caetano nessa que é uma competição cujos resultados não se alcançam do dia para a noite, mas ao longo de décadas, torna-se constrangedor aos demais municípios da região.
Quem vem a seguir na classificação geral é Santo André, no distante 355º lugar com média de 56,49 pontos. São Bernardo ocupa a posição 645 com 54,20 pontos, Mauá ocupa a posição 862 com 52,90 pontos, Rio Grande da Serra a posição 1.018 com 52,16 pontos, Ribeirão Pires a posição 1.214 com 52,16 pontos e Diadema a posição 1.521 com 50,31 pontos.
É claro que o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior, partiu para a comemoração do título da Série B como se fosse de Série A. No fundo, entretanto, não teria por que desprezar ou minimizar o resultado. Afinal, como no futebol, o Brasil de cidades sustentáveis não tem mesmo padrão de jogo de Primeiro Mundo. As equipes vivem à sombra do futebol europeu de milionários negócios. O Brasil é um predador social histórico.
PREFEITO FESTEJA
As declarações de José Auricchio, portanto, precisam ser entendidas. “Recebemos com grande alegria a notícia. Não é de hoje que São Caetano do Sul trabalha para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Nosso Plano de Governo foi todo pautado em ações que preparam a cidade para o futuro, com uso de muita gestão técnica, alta tecnologia e governança, que garantem o desenvolvimento social e econômico do Município que já tem o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil e caminha para aumentar ainda mais a qualidade de vida dos moradores”—afirmou à mídia. E festejou os dados que indicam que São Caetano avançou em relação à queda de mortalidade materna infantil, mortalidade por Aids, incidência de dengue, aplicação do orçamento municipal em Saúde, detecção de hepatite, entre outros.
Disse mais o prefeito de São Caetano: “Todos os nossos munícipes têm acesso à energia elétrica, água tratada e coletiva seletiva. Temos 100% do esgoto coletado e tratado. Além disso, os investimentos em educação de qualidade os garantiram o setor de Município Livre do Analfabetismo e avanços constantes, com acesso à Internet em todas as escolas, formação continuada dos professores e infraestrutura. Preparamos a nossa sociedade para novos tempos”—disse Auricchio.
INDICADORES EM QUEDA
O destaque de São Caetano no Brasileiro de Sustentabilidade, independentemente de se tratar de um ranking de Série B, comprova que o município de apenas 15 quilômetros quadrados de área territorial resiste ao desgaste de qualidade de vida da maior metrópole do País.
Em meio a quase 22 milhões de habitantes, os 160 mil moradores de São Caetano contam com indicadores privilegiados para o padrão nacional.
O que provavelmente preocupa o prefeito de São Caetano é que os indicadores econômicos estão em persistente queda há mais de três décadas, rivalizando-se com a vizinha Santo André, líder nacional de desindustrialização.
A diferença entre os dois municípios, que já foram apenas um, Santo André, antes do movimento emancipacionista de São Caetano em meados do século passado, é que a movimentação demográfica é distinta. São Caetano praticamente não cresce em população há várias décadas enquanto Santo André expande-se em ritmo elevado.
O contracionismo econômico é marca registrada dos dois endereços por causa da forte desindustrialização sem reposição de valor agregado nas áreas de comércio e serviços de baixa aderência tecnológica.
Nenhuma cidade tão próxima da Capital e que tem densidade demográfica tão elevada como São Caetano, com mais de 12 mil habitantes por quilômetro quadrado, entre as 10 maiores do País, consta das primeiras 30 colocações do ranking nacional.
A maioria das 30 primeiras colocadas está no Interior do Estado de São Paulo. Apenas Itajubá (MG), Paraguaçu (MG) e São Jorge do Ivaí (PR) rompem o domínio paulista na relação. A maioria é de pequeno porte populacional. Limeira, Santos, São Carlos, São José dos Campos, Indaiatuba e São José do Rio Preto, todas paulistas, são de médio porte. Veja a lista das 30 cidades mais sustentáveis do Brasil:
1. São Caetano (SP)
2. Jundiaí (SP)
3. Valinhos (SP)
4. Saltinho (SP)
5. Taguaí (SP)
6.Vinhedo (SP)
7. Cerquilho (SP)
8. Sertãozinho (SP)
9. Limeira (SP)
10. Borá (SP)
11. Itupeva (SP)
12. Pedreira (SP)
13. Fernandópolis (SP)
14. Japaraíba (MG)
15. Porto Feliz (SP)
16. Santos (SP)
17. Bragança Paulista (SP)
18. São Carlos
19. Itajubá (MG)
20. Jaguariúna (SP)
21. Bilac (SP)
22. Itapira (SP)
23. Itatiba (SP)
24. São José dos Campos (SP)
25. Lençóis Paulista (SP)
26. Paraguaçu (MG)
27.Santo Antônio da Alegria (SP)
28. Indaiatuba (SP)
29. São Jorge do Ivaí (PR)
30.São José do Rio Preto (SP)