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Sociedade

DANIEL LIMA - 14/10/2022

Estou preparando uma relação de formadores de opinião nem sempre reconhecidos. Serão meus primeiros alvos para uma chamada cuja resposta majoritária deverá ser um “não” imenso. Mas não custa tentar.  

A provisoriamente chamada Rede Regional Reformista será lançada por este jornalista Ou será simplesmente fracassada. Muito provavelmente.  

Mas essa lista inicial de convidados, por assim dizer, vai, se o projeto não morrer no nascedouro, desmembrar-se em novas relações, estas formuladas pelos convidados iniciais. 

Imaginem se minha criteriosa relação inicial contar com 30 nomes e que metade deles, milagre dos milagres, venha a aceitar o convite. E esses 15 aceitariam o convite desde que, também, apontassem novos cinco nomes cada um. Daí à caracterização de rede. 

AMBIENTE REFRATÁRIO   

Considerando a possibilidade de cada lista seguinte, de cinco nomes, concordar em participar do projeto, quantos integrantes iniciais teríamos? Façam os cálculos. 

Insisto em reafirmar que não considero essa ou qualquer proposta assemelhada resistente à situação de fragilidade social e de cidadania do Grande ABC.  

Não temos um ambiente favorável como o que o Fórum da Cidadania contava em 1994, quando foi criado. A situação é vantajosa e ao mesmo tempo desesperançosa em relação àquela jornada. Mas não vou entrar em detalhes agora. 

DECADÊNCIA EXPLICA  

O que posso adiantar é que estou aproveitando o ambiente eleitoral para fazer algumas conjecturas sobre o modelo inicial que pretendo sugerir aos convidados.  

Como se vê, embora a iniciativa tenha uma origem, que é este jornalista, minha eventual participação se dará de acordo com o ritmo dos acontecimentos – e dos desdobramentos. 

Tudo o que você está lendo e vai ler em seguida, não custa repetir, é apenas conjectura. O ambiente regional é devastador. Não bastassem os problemas típicos de uma região economicamente decadente, temos a sobreposição do ambiente nacional e metropolitano, com o domínio da Capital tão próxima. 

QUEBBRANDO A CARA  

Ou seja: acrescenta-se ao provincianismo regional um feixe de estornos além-muros. Mas, insisto na premissa de que vale a pena tentar. Ou seja: temos um teste adiante. Para quebrar a cara da esperança.  

De qualquer forma, não posso deixar de adiantar alguns referênciais que constarão da carta-convite que enviaria à turma de minha lista. A mesma turma que terá a garantia de segredo profissional.  

Ou seja: até que eventualmente a iniciativa gere frutos, ou diante da impossibilidade de ganhar corpo, como prevejo, os nomes serão absolutamente mantidos em sigilo por este jornalista.  

CLÁUSULAS PÉTREAS  

Como é preciso estabelecer alguns referenciais que serviriam de cláusulas pétreas à participação, acho que é indispensável formular alguns pontos – que poderão ser acrescentados pelos convidados iniciais e mesmo posteriores, caso a Rede Regional Reformista tenha destino de efetividade funcional do qual duvido. 

Vejam alguns aspectos condicionantes à participação no projeto. 

1. Defesa da livre-iniciativa. 

2. Defesa da Responsabilidade Social. 

3. Planejamento Econômico Municipal e Regional. 

4. Definir modelos básicos iniciais à mensuração da atuação dos Municípios da região em diferentes vetores que tenham relação direta ou indireta com o Desenvolvimento Econômico. 

5. Intocabilidade de atuação em relação a partidos políticos.   

AÇÕES VIRTUAIS  

Não custa lembrar que, ante a execução prática do projeto, haverá escalonamento estrutural para a execução das tarefas que serão delineadas, sempre em nível de colaboração com a sociedade e instâncias de Poder.  

Isso significa que a estrutura funcional da Rede Regional Reformista se daria, inicialmente, no campo digital, com atuação uniforme na elaboração das ações.  

A transformação da RRR em entidade eventualmente materializável, com participação física de acordo com as atividades levadas a cabo, só encontrará ressonância direta quando houver estrutura organizacional para tanto.  

Isso quer dizer que não se dará um passo além da perna. Numa tradução simples, não cometeremos o erro de tomar medidas que exigiriam dotações financeiras.  

VOLUNTARIADO  

Os integrantes da Rede Regional Reformista (nome provisório, repito) não terão de despender recursos financeiros para as atividades voluntárias que prestarão à sociedade.  

Os recursos orçamentários que se exigirão com o improvável, mas por que não possível projeto em pauta viriam do avanço orgânico do grupamento. Tudo isso, entretanto, será debatido pelos próprios integrantes, em encontros virtuais.  

Esses são aspectos iniciais que vou propor oficialmente aos integrantes dessa iniciativa assim que as eleições virarem passado.  

PRONTO PARA O NÃO  

Essa é a última e provavelmente frustrante iniciativa no campo da regionalidade que tomarei. No fundo, estou à procura de formadores de opinião que, ao não aceitarem o que vem pela frente em forma de iniciativas que contribuam à reestruturação do Grande ABC, dividam comigo o ônus do fracasso.   

Cada “não” que receber dos convidados será um peso a menos a me açodar na função de jornalista. Vou guardar em segredo tanto o nome dos que aceitarem o desafio quanto daqueles que, por variadas razões, que respeitarei, não se alinharem à iniciativa. 

Houvesse nas universidades da região gente interessada e com autonomia para ir a fundo sobre a identidade da sociedade local pós-desindustrialização, com amplos estudos e pesquisas sem vieses ideológicos que viciam a realidade, o que extrairíamos provavelmente seria o retrato do desânimo. 

VIVÊNCIA REGIONAL  

Tenho feito ao longo dos anos avaliações sobre os destroços sociais e econômicos que transformaram o Grande ABC num território em que a mobilidade social caiu no vazio. O preço é salgadíssimo, porque estraçalha a essência de capital social, não à toa conceito inspirador desta publicação. 

É sobre essa plataforma de vivência regional que tomei a iniciativa de propor alguma coisa que possa servir, quem sabe, como uma bala de prata contra a paralisia geral dos mecanismos sempre parcos de regionalidade. Estamos cada vez mais descaracterizados como um pedaço de Brasil que se reconhece como faces complementares em sete municípios e quase três milhões de habitantes. 

CAMISA-DE-FORÇA  

Francamente, não acredito que a semente da Rede Regional Reformista dê frutos. Estou preparadíssimo para o fracasso.  

Embora de caráter genético que trafegaria distante de partidarismos políticos, não faltariam movimentos em contrário, avessos a qualquer coisa que retire o Grande ABC das profundezas de uma anomia institucional letal às pretensões de novos tempos. 

Prevalece no Grande ABC, até prova em contrário, uma atmosfera de amedrontamento, de comodismo, de Pilatos, por assim dizer.  

Vou testar na prática, com uma lista de convidados. E repito: os nomes jamais serão revelados, exceto se o movimento surpreender com improvável confirmação de quantidade suficiente para justificar a própria denominação provisória ou não.  

Rede Regional Reformista é um surto de ingenuidade deste jornalista. Mas preciso provar na prática. Tomara que esteja enganado.  Duvido que esteja. É alucinação pura. Estou precisando de uma camisa-de-força. 



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