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Economia

DANIEL LIMA - 16/06/2022

Como era esperado por quem sabe o caminho das pedras do passado e do presente da Economia do Grande ABC, o primeiro encontro do Fórum da Indústria tornou-se um fracasso. E seguirá sendo porque, entre outros pontos, não é Fórum da Indústria coisa nenhuma.  

É um fórum com as vestes do calendário eleitoral, com as vísceras da incompetência analítica e com um cheiro de azedume de incapacidade organizacional. 

O que está em forma de manchetíssima (manchete das manchetes de primeira página) do Diário do Grande e também com certo destaque na edição digital do Repórter Diário não passa de um entusiasmo incompatível com a realidade dos fatos e, sobretudo, do evento propriamente dito.  

Já conheço de cabo a rabo as dimensões e os ecos de torcidas organizadas. 

HISTÓRICO IRREFUTÁVEL  

Para os leitores entenderem que neste endereço jornalístico não se usa e abusa de determinadas avaliações, ou de qualquer avaliação, vou explicitar o quanto temos de registros de análises sobre questões industriais no Grande ABC, vinculadas ou não à macroeconomia.  

O mecanismo de busca deste site indica alguns registros interessantes e, gostem ou não os triunfalistas de plantão, dá o tamanho da encrenca em que se metem todos aqueles que transformam a Economia do Grande ABC em objetivo político, como é o caso do sindicalista que comanda a Agência de Desenvolvimento Econômico.  

Um comando concertado com o prefeito aparentemente tucano de Santo André, Paulinho Serra. Trata-se de político que faz qualquer coisa juntamente com o entorno que o controla para transformar tudo em voto nas urnas eletrônicas, primeiro para si próprio, e agora para a mulher Carolina, candidata a deputada estadual. Vamos então a alguns dados: 

1. Desindustrialização consta de 854 análises desta publicação. 

2. Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC está em 541 análises. 

3. PIB Industrial do Grande ABC em 215 análises. 

4. Valor Adicionado consta de 475 matérias.  

QUESTÃO DE COERENCIA 

Poderia ir mais longe para identificar expressões de recrutamento tecnológico permitido pelo mecanismo de busca de CapitalSocial. Há expressões correlatas às que constam aí em cima, mas não é preciso maior profundidade. As digitais de conhecimentos agregados estão mais que consagradas em 32 anos de CapitalSocial/LivreMercado.  

Diante disso, pergunto a eventuais nacos de leitores que veem análises como a deste feriado como repercussão digital de alguma inconformidade cognitiva do autor:  

1. É possível escolher uma nova trajetória que não seja a continuação da anterior, ou seja, de absoluta descrença no que agora está sendo vendido ao distinto público?  

FIEIS OU VÍTIMAS? 

Experiência é algo sobre a qual não admite tergiversação em nome de qualquer coisa que não seja coerência. E quem tem experiência dos seguidos fracassos institucionais do Grande ABC no campo econômico e institucional, sobremodo da Agência de Desenvolvimento e do Clube dos Prefeitos, não pode cometer o suicídio de acreditar em conversa mole para boi dormir. 

Diz o noticiário sobre o Fórum da Indústria que não mais que 60 pessoas participaram do encontro. Um exagero evidente, mas mesmo assim decepcionante. As fotos não escondem cadeiras vazias em proporções muito maiores que os crédulos presentes.  

Compareceram os Fieis dos Últimos Dias de Ingenuidade ou teríamos, para cúmulo dos cúmulos, uma versão de Novas Vítimas dos Próximos Tempos?  

Só para entenderem o que significa a presença de inflados 60 participantes como expressão de credibilidade em frangalhos, basta dizer que no lançamento de um de meus livros, num hotel em Santo André, participaram 800 convidados. Registradíssimos.  

No lançamento da primeira edição do livro “Nosso Século XXI”, que coordenei juntamente com a jornalista Malu Marcoccia, também produto da revista LivreMercado/CapitalSocial, foram 2,5 mil pessoas no Clube Atlético Aramaçan.  

A maior obra coletiva da literatura regional envolveu 35 autores. O Grande ABC do futuro que já chegou está ali, com erros e acertos, mas com um compromisso que já não se vê faz tempo.  

SEM PREFEITOS  

Feita essa propaganda (se a Globo faz tanta propaganda de sua programação, por que não posso fazer algo semelhante?), voltemos ao que interessa.  

O Fórum da Indústria não é da indústria na largada do Fórum da Industria porque pouquinhos representantes do setor na região atenderam ao chamamento.  

Quem tem compromisso com a folha de pagamento não vai perder tempo com bobagens preparadas como plataformas eleitorais. 

Mais que isso, e para descaracterizar de vez qualquer sombra de relativa importância do evento: o noticiário não dá conta de uma única representação de chefes de Executivo do Grande ABC. 

Vou traduzir para que não haja dúvida: nenhum prefeito compareceu ao evento. E pelo visto, nem mandaram representantes.  

PERDIÇÃO NUMÉRICA  

O presidente da Agência, Aroaldo Oliveira da Silva, integrante do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, é dado a grandiloquências discursivas. E se enforca com a própria corda do entusiasmo desmedido, mas calculado: revelou que há 39 faculdades no Grande ABC. Quem lê o noticiário descobriu que apenas quatro contaram com representante.  

Propriamente do setor industrial da região, o noticiário não dá ideia do quanto foi representado. Aroaldo afirmou que há na região 280 mil empresas. É claro que a maioria não tem nada a ver com a indústria.  

Aroaldo é ruim de contas porque de fato o Grande ABC conta com 320.778 empresas de todas as atividades, principalmente MEIs, Microempreendedores Individuais, eufemismo que encobre o grau de deterioração da classe empresarial não só na região como no Brasil socialista como um todo. 

Ou alguém tem dúvidas de que o Brasil é socialista no sentido dirigente de ser quando se verifica que num dos pontos identificadores de um regime de viés estatal exacerbado o que se encontra é uma carga tributária gigantesca e desproporcional à média das nações da mesma envergadura?  

MENOS, MENOS  

Indústria mesmo (guarde esse dado, caro dirigente da Agência) não passamos de 48.375. E desse total, tirem tudo que é de pequeníssimo porte e de atividades que não são necessariamente transformadoras, caso da indústria de panificação. Padarias, como se chamam os estabelecimentos do setor.  

Aliás, só da construção civil estão registradas em forma de atividade industrial nada menos que 19.112 estabelecimentos. Empresas de reciclagem em geral são 666. Indústria em geral são de fato 28.392. Industria para valer, para valer mesmo, não chega a cinco mil.  

Fosse minimamente organizado e não um penduricalho inútil do também inútil Clube dos Prefeitos, o projeto de valorização da indústria do Grande ABC deveria partir, entre vários pontos, de rigorosa produtividade de direcionamento com o respectivo apetrechamento preparatório ao encontro. 

LISTA ESCLARECEDORA  

Como assim? Simples: bastaria que cada uma das sete prefeituras do Grande ABC (uma terra de anões institucionais como consta dos diálogos da série “Uma vez Borralheira, sempre Borralheira”) fornecesse relação das 50 maiores empresas em geração de Valor Adicionado, em forma de pagamento de tributos ou algo semelhante.  

Com o somatório dessas listas, teríamos, resplandecentemente, uma mina de ouro à tomada de medidas iniciais que tendessem a resultados práticos. 

Esse é apenas um exemplo do muito que poderia ser feito, mas que não é feito porque o prefeito de Santo André e os demais prefeitos do Grande ABC não têm feito nada pela regionalidade porque a regionalidade seria antagônica ao modelo salvador da pátria chamado municipalista que interessa às urnas eletrônicas de agora e de sempre. 

PALMAS PARA LOUCOS  

O parágrafo aí em cima ficou longo de propósito. Fiz essa construção para chamar a atenção do leitor. Quem sabe, ao tropeçar no tamanhão da frase, cada leitor tenha decidido retroceder à nova leitura, até mentalizar bem o que escrevi. 

O Fórum da Indústria do Grande ABC já projetou novos encontros. Fala-se em nome do setor industrial sem que o setor industrial da região (composto por prescrutáveis duas centenas de empresas que se viram como pode na tentativa de se manterem ativas) tenha o mínimo contato com os organizadores. 

Não compareci ao Fórum da Indústria como jornalista que sou porque há coisas mais importantes a fazer do que bater palma para loucos eleitorais travestidos de reformistas econômicos.  



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