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Economia

DANIEL LIMA - 18/01/2022

Já passou da hora de o prefeito José de Filippi Júnior sair à caça de um diagnóstico seguido de rigorosa reação. Um ano depois de iniciar o quarto mandato de uma Diadema que desde a redemocratização praticamente só conheceu gestores públicos com viés socialista, Filippi não se deu conta da gravidade econômica local em frangalhos. Um plano de caráter emergencial e estrutural não pode esperar mais.  

Um indicador insofismável de que Diadema vem caindo duramente pelas tabelas de produção de riqueza em forma de produtos e serviços, com profunda influência nos recursos públicos e na dinâmica de mobilidade social, é o PIB per capita deste século.  

O comportamento de Diadema no G-22 (o Clube dos Maiores Municípios do Estado de São Paulo) segue preocupante. E segue preocupante porque essa não é uma descoberta de agora de CapitalSocial. É uma constatação acompanhada durante muitos anos. E que prosseguirá.  

Doze posições abaixo 

Em exatos 20 anos, entre 2000 e 2019, tendo 1999 com base da pesquisa, Diadema caiu 12 posições no ranking. De sétima colocada mergulhou na 19ª colocação.  

Ou seja: caiu nada menos que 12 degraus na hierarquia de grandeza do G-22. Mais da metade do conjunto dos cinco maiores municípios do Grande ABC, que totalizou 23 quedas.  

Cair no ranking do PIB Per Capita é processo tão complexo quanto subir. Não é uma movimentação de aceleração rápida para cima e para baixo. Exceto em casos especiais. Como o da recordista Osasco.  

A ininterrupta queda dos municípios do Grande ABC no Ranking do PIB Per Capita do G-22 é o indicador mais elucidativo que se pode aferir a respeito das perdas que se acumulam neste século.  

Herança que pesa  

Fosse uma degringolada restrita apenas a este século, a situação não seria tão grave. O problema é que vem desde os anos 1980, quando uma combinação de movimento sindical e guerra fiscal iniciou o esquartejamento econômico da região.  

Fernando Henrique Cardoso completou a tragédia nos anos 1990 ao privilegiar as montadoras em detrimentos das autopeças. Os trechos do Rodoanel consolidaram a desgraceira nos anos 2000.  

A situação de Diadema chega a ser alarmante. Teoricamente, seria o endereço regional menos suscetível a perdas cumulativas.  

Durante os últimos 20 anos do século passado Diadema surgiu como válvula de escape da desindustrialização do Grande ABC. Muitas empresas que deixaram Santo André, São Caetano e mesmo a vizinha São Bernardo optaram por Diadema, situada na cara do gol de uma logística cantada em prosa e verso. Neste século, tudo mudou. 

Biruta logística virou  

Até que ponto – e esta é uma pergunta desafiadora – a decantada localização de Diadema já não serve mais? Rodovia dos Imigrantes, Rodovia Anchieta e a chegada do trecho sul do Rodoanel sinalizariam uma logística competitiva.  

Não é o que se passa neste século. A concorrência por investimentos aumentou e outras localidades na vizinhança do Grande ABC ganharam força. E estão nadando de braçadas. No jogo de comparações intermunicipais, Diadema está à deriva. É muita gente por quilômetro quadrado. A logística interna é um inferno.  

Osasco é o exemplo mais simbólico de que Diadema e o Grande ABC como um todo perderam a vez num quesito decisivo aos investimentos e à manutenção de empreendimentos industriais.  

O Município da Grande São Paulo é servido desde o início do século pelo trecho Oeste do Rodoanel. Com isso, deu um salto magnífico no Ranking do PIB Per Capita do G-22: subiu 13 casas, ou seja, saiu das últimas colocações entre os melhores do Estado e saltou para o terceiro lugar.  

Massacre competitivo 

A diferença entre o comportamento do PIB per capita de Osasco e o de Diadema está muito além de preocupante. Trata-se de massacre em competitividade econômica.  

Em 1999, Diadema ocupava a sétima colocação no ranking com valor nominal do PIB per capita de R$ 11.114,45, ante o 16º lugar de Osasco com R$ 7.798,15. Uma vantagem de Diadema de 29,8%.  

A biruta chamada Rodoanel, entre políticas públicas de Osasco, virou tudo de ponta-cabeça. O PIB dos Municípios Brasileiros de 2019, anunciado em dezembro pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que Osasco alcançou PIB per capita de R$ 117.298,82 mil, ante R$ 36.097,90 mil de Diadema. O que era vantagem de Diadema de 29,8% passou a ser vantagem de Osasco de 69,22%.  

Perda regional  

Se o comportamento do PIB Per Capita de Diadema é muito mais que inquietante e, portanto, exige reação de gestores públicos para detectar as raízes do esvaziamento econômico, os demais municípios do Grande ABC não podem se sentir despreocupados. Diferentemente disso. Todos caíram, embora de forma mais discreta.  

Não entram na contabilidade nem Ribeirão Pires nem Rio Grande da Serra, incluídos no G-22 apenas para completar o Grande ABC já que não têm porte para tanto. Os dois municípios representam apenas 2,2% do PIB da região. São Paulo também está fora da lista, porque tem tamanho econômico equivalente à soma do G-22. Os movimentos da Capital poderiam instabilizar os indicadores gerais.  

Quem mais perdeu posições no Ranking do G-22 como representante da região, depois de Diadema, é Santo André: ocupava a 12ª posição em 1999 e caiu para a 16ª em duas décadas completas.  

São Caetano perdeu três posições (de terceira para quinta), São Bernardo perdeu uma (de sexta para sétima), e Mauá caiu três degraus, da 17ª para a vigésima.  

Métrica aprovada  

PIB Per Capita é uma das melhores métricas, entre tantas métricas refutadas ou minimizadas, para aferir a capacidade econômica de um endereço municipal ou nacional. É, resumidamente, a divisão do Valor Adicionado, que é a transformação de matérias-primas em riquezas, pelo número de habitantes.  

O PIB Geral, do qual CapitalSocial também vai se ocupar, não leva em conta a divisão de riqueza pelo total de habitantes. É simplesmente a produção de riqueza de cada temporada, independentemente da demografia.  

Em termos percentuais nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período (de 334,91% pelo IPCA do IBGE), Osasco se tornou imbatível neste século, com avanço de 1.404.19%. Dos municípios do Grande ABC, apenas Santo André teve crescimento do PIB acima da inflação do período – de 358,74% ante 334,91 do IPCA. Acompanhem o ranking do século – os valores monetários são nominais:   

PIB PER CAPITA 1999 

1. Paulínia – R$ 63.451,94 

2. Barueri – R$ 27.801.29 

3. São Caetano – R$ 22.016,46 

4. São José dos Campos – R$ 18.395,00 

5. Jundiaí – R$ 14.408,47 

6. São Bernardo – R$ 14.088,99 

7. Diadema – R$ 11.114,45 

8. Taubaté – R$ 10.549,62 

9. Campinas – R$ 10.117,83 

10. Sumaré – 9.62790 

11. Guarulhos – R$ 9.580,66 

12. Santo André – R$ 9.201,16 

13. Sorocaba – R$ 8.712.91 

14. Piracicaba – R$ 8.613,54 

15. Santos – R$ 7.878,69 

16. Osasco – R$ 7.798,15 

17. Ribeirão Preto 00 R$ 7.503,41 

18. Mauá – R$ 7.368,18 

19. São José do Rio Preto – R$ 6.132,85 

20. Mogi das Cruzes – R$ 5.876,26 

21. Ribeirão Pires – R$ 5.817,56 

22. Rio Grande da Serra – R$ 3.597,38 

PIB PER CAPITA DE 2019 

1. Paulínia – R$ 341.552,82 

2. Barueri – R$ 192.647,61 

3. Osasco – R$ 117.298,82.  

4. Jundiaí – R$ 112.068,21 

5. São Caetano – R$ 85.062,97 

6. Piracicaba – R$ 68.843,70 

7. São Bernardo – R$ 60.871,06 

8. São José dos Campos – R$ 60.194,93 

9. Taubaté – R$ 58.290,80 

10. Sorocaba – R$ 54.878,75 

11. Campinas – R$ 54.710,07 

12. Sumaré – R$ 52.557,85 

13. Santos – R$ 52.509,91 

14. Ribeirão Preto – R$ 50.270,98 

15. Guarulhos – R$ 47.249,21 

16. Santo André – R$ 42.209,54 

17. São José do Rio Preto – R$ 40.759,29 

18. Mogi das Cruzes – R$ 36.381,52 

19. Diadema – R$ 36.097,90 

20. Mauá – R$ 34.430,52 

21. Ribeirão Pires – R$ 25.497,11 

22. Rio Grande da Serra – 14.179,63 



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