Pela sexta vez esta revista digital tenta ouvir o presidente do Clube dos Especuladores Imobiliários do Grande ABC, também conhecido oficialmente por Associação dos Construtores e Incorporadores e por Clube dos Construtores e Incorporadores. Cópia das perguntas que se seguem está sendo encaminhada nesta terça-feira ao empresário Milton Bigucci. Ele terá 15 dias para responder. Tudo como nas vezes anteriores.
Quem acredita em respostas provavelmente não conhece o autoritarismo de Milton Bigucci à frente daquela associação. Em todas as iniciativas anteriores de CapitalSocial o dirigente do Clube dos Especuladores Imobiliários se omitiu. Mais que se omitir, preferiu, isto sim, encaminhar ações criminais e civis contra este jornalista. É mais fácil, no entendimento desse milionário e de sua equipe de criminalistas, calar a imprensa independente com truques que contemplam subjetividades nem sempre detectadas pelo Judiciário do que enfrentar bateria de questões que pretendem dar transparência à direção daquela entidade.
Milton Bigucci ainda não se deu conta, ou só se dá conta quando o temário lhe tempera o ego, que o cargo que exerce é de interesse público. Uma associação de classe com a porosidade socioeconômica do Clube dos Especuladores Imobiliários não se exaure na própria corporação que representa. O estatuto da associação é ignorado em muitos pontos. O âmbito corporativo é o mundo da entidade, embora o estatuto contemple a sociedade como um todo.
Desde a primeira iniciativa em busca de respostas de um setor tão importante como o mercado imobiliário a insistência de CapitalSocial em entrevistar Milton Bigucci prende-se exclusivamente ao interesse social. Espertamente, o milionário empresário transfere às esferas judiciais a responsabilidade coletiva que representa. Considera-se vítima de perseguição deste jornalista. Nada mais tosco, mas de objetivo evidente: quer induzir o Judiciário a acreditar que é um exemplo de liderança a ser seguido, não a ser evitado.
As ações de Milton Bigucci são tão democraticamente extravagantes que exemplos sobram neste CapitalSocial para comprovar que está à deriva do sentimento social. Basta o leitor verificar a incidência de textos da Editoria de Esportes que se referem ao empresário Ronan Maria Pinto durante o período de privatização do futebol do Santo André, de resultados desastrosos, e o que se registrou desde que ele entregou a agremiação de volta à origem associativa. Ronan Maria Pinto desapareceu das páginas esportivas desta revista digital porque não está mais exposto aos contratempos que reverberam na mídia independente.
Outros exemplos poderiam ser mencionados. O que Milton Bigucci insiste em ignorar é que só tem importância para CapitalSocial porque é presidente do Clube dos Especuladores Imobiliários. No dia em que se afastar da entidade, num ato de humildade ou de desespero porque está no comando há 25 anos, passará a ser tratado por CapitalSocial como tantos anônimos da região. Terá lugar garantido apenas no acervo digital ao alcance de todos os leitores.
Princípio republicano
Entretanto, enquanto ocupar o cargo e tiver o controle dos insumos informativos do mercado imobiliário, não encontrará trégua. Esse é um princípio republicano que se manterá vivo nestas páginas. Situação que sobreviverá mesmo que Milton Bigucci consiga o que tanto almeja -- encontrar guarida da Justiça eventualmente descuidada para punir este profissional de comunicação às barbas da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão com responsabilidade social.
Esta sexta tentativa de ouvir Milton Bigucci está sendo reservada ao compartimento editorial de “Entrevista Indesejada”, como outras duas. Havia a possibilidade de ancoragem em “Entrevista Especial”, mas o conjunto de indagações conta com octanagem forte e mais próxima de Entrevista Indesejada. Nada demais. Este jornalista também já se submeteu à situação que só é constrangedora se o entrevistado não tiver argumentos para transformar questões supostamente incômodas em respostas consistentes. Agora, as novas perguntas a Milton Bigucci:
CapitalSocial -- O senhor não acha que deveria chamar representantes das unidades da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) da região, bem como representantes da Imprensa, além de personalidades respeitáveis para acompanhar de perto todos os desdobramentos de uma auditoria que o Clube dos Especuladores Imobiliários do Grande ABC deveria contratar para provar o que não é só improvável, como impossível, ou seja, que as pesquisas sobre o movimento imobiliário na região nos últimos cinco anos são um atentado contra a economia popular, porque se utilizam de dados falseados?
Milton Bigucci --
CapitalSocial – O senhor acredita gozar de credibilidade para comandar uma entidade de classe após ser denunciado pelo Ministério Público do Consumidor de São Bernardo de que seu conglomerado empresarial é campeão de irregularidades contra adquirentes de imóveis na região?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor acredita gozar de credibilidade para comandar uma entidade de classe após o escândalo do Semasa, em Santo André, no qual foi citado pelo denunciante do esquema de irregularidades como um dos empresários que participaram da farra de desvios do dinheiro público em forma de licenças ambientais concedidas irregularmente?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor acredita gozar de credibilidade para comandar uma entidade de classe após sua organização empresarial constar da lista oficial dos integrantes da Máfia do ISS e da Máfia do IPTU de São Paulo, em conluio com servidores públicos municipais?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor acreditar gozar de credibilidade para comandar uma entidade de classe após as denúncias de que foi cometida fraude na licitação de terreno público em São Bernardo, da qual o senhor atuou presencialmente?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor teria se mantido à frente do Clube dos Especuladores Imobiliários do Grande ABC ante esse caudaloso passivo de irregularidades se aquela entidade fosse uma massa crítica que representasse para valer os interesses não só da classe mas também da sociedade?
Milton Bigucci --
CapitalSocial – Esta revista digital deixou de nominar a entidade a qual o senhor dirige de Clube dos Construtores e Incorporadores, que era uma marca sem nenhuma conotação depreciativa assim como o Clube de Paris e tantos outros clubes não-esportivos, e passou a denominá-la Clube dos Especuladores Imobiliários em função das intervenções da presidência sobre o mercado imobiliário. O senhor acha que o tratamento não é adequado ou retrata a opacidade no manuseio estatístico do mercado imobiliário regional?
Milton Bigucci --
CapitalSocial – Por que o senhor, embora tenha sido insistentemente solicitado, jamais abriu as planilhas e a metodologia, e muito menos apresentou supostos técnicos responsáveis pela produção de estatísticas sobre o movimento do mercado imobiliário na Província do Grande ABC? As informações são claras e objetivas sobre isso: ao longo dos anos sua entidade fez dessas pesquisas a principal ponta de lança para aquecer as turbinas especulativas sobre o preço do metro quadrado construído na região. O senhor entende que essa é uma fórmula aceitável de relacionamento com o público consumidor de informações?
Milton Bigucci --
CapitalSocial – O senhor se sente bem como presidente de uma entidade ao criar um factoide em 2010, quando entregou à ministra Miriam Belchior, numa solenidade de cunho político-partidário mais que descarado, o Troféu Construtor, uma obra-prima de oportunismo porque foi o primeiro e único daquilo que se imaginava uma série?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Afirmam seus opositores empresariais que o senhor se aproximou tanto da Administração de Luiz Marinho como da Administração de Carlos Grana, petistas com fortes ligações com o governo federal, por conta de interesses casados com o programa Minha Casa Minha Vida. Afirmam esses opositores que o senhor instrumentalizou o Clube dos Especuladores Imobiliários, onde foi realizado o evento com Miriam Belchior, para aproximar-se principalmente da gestão de Luiz Marinho, de quem fora opositor. É possível contestá-los?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor poderia revelar todos os contratos diretos e em parceria de seu conglomerado empresarial relacionados ao programa Minha Casa Minha Vida, detalhando-os quanto às datas de aprovação, valores e outros pontos?
Milton Bigucci --
CapitalSocial – Há pouco tempo preparamos um conjunto de propostas que poderiam ser aplicadas pelo Clube dos Especuladores Imobiliários justamente para que a entidade alcançasse o prestígio proposto na fundação, quando se imaginava que atuaria como amálgama entre empresários e sociedade civil. Entre as medidas que CapitalSocial sugeriu constava a participação de representantes da sociedade no acompanhamento das pesquisas sobre o mercado imobiliário, de modo a evitar manipulações que se perpetuam. Por que o senhor ignorou aquele programa reformista que retiraria a entidade da zona de baixa credibilidade?
Milton Bigucci --
CapitalSocial – Por que o senhor se recusa, desde 2010, quando fizemos a primeira tentativa, a responder qualquer entrevista a esta publicação digital, preferindo sempre e sempre o caminho da Justiça? Dizer que a gestão do senhor tanto à frente do Clube dos Especuladores Imobiliários como da MBigucci flerta com pendores bolivarianos é excesso de linguagem ou quem resiste indefinidamente à democracia da informação e recorre ao Judiciário para se manter inviolável à curiosidade pública merece outra qualificação?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Coincidentemente, desde que o senhor passou a ficar incomodado com esta revista digital, houve série de mudanças cosméticas e algumas até avançadas em relação a isso tanto no site do Clube dos Especuladores Imobiliários como na assessoria de imprensa contratada para divulgar a programação. O senhor entende que basta usar essa maquiagem para instalar a entidade num degrau acima da mediocridade institucional em que sempre se meteu ao longo de 25 anos de atividades, a ponto de não ter o reconhecimento dos próprios empresários do setor que, gradualmente, a abandonaram?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor considera eticamente defensável o uso de uma entidade de classe para privilegiar seus próprios interesses ao fazer da assessoria de imprensa do Clube dos Especuladores Imobiliários e do mailing-list eletrônico ramais de divulgação de atividades corporativas de sua organização empresarial? Não seria mais razoável que os interesses institucionais e corporativos da entidade fossem blindados contra ações individuais de empresários que constam da direção executiva? O estatuto do Clube dos Especuladores Imobiliários é omisso sobre o uso privado de uma organização associada?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O estatuto do Clube dos Especuladores Imobiliários dá ênfase ao compromisso social da entidade, mas o que se verificou ao longo dos anos foi o monopólio corporativista em favor de uma categoria, pouco se lixando para o conjunto da sociedade. O senhor considera justo essa dicotomia quando o mundo contemporâneo já não abdica mais da democracia em todas as instâncias de poder e de zona de interesse público?
Milton Bigucci --
CapitalSocial – Recentemente lideranças de pequenos construtores reagiram duramente contra o que chamam de ação oportunista do Clube dos Especuladores Imobiliários que, sem interlocução alguma com eles, pretendeu representá-los à revelia no debate sobre mudanças de uso e ocupação do solo em Santo André. O senhor considera normal que uma entidade que comprovadamente jamais atuou em favor dos pequenos construtores se apresente inadvertidamente ao Poder Público para supostamente tentar resolver problemas que os pequenos denunciam ser desconhecidos de sua organização?
Milton Bigucci --
CapitalSocial – O senhor acha que vai conseguir calar esta revista digital por meio do Judiciário, campo fértil para habilidades semânticas e incursões que correm em raia muito distante da veracidade dos fatos? Continuará apostando forte na judicialização de um temário estritamente jornalístico?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor já imaginou o quanto o Judiciário estaria dispensando de tempo e espaço a agentes de interesse público se eles adotassem o mesmo método do senhor, que foge persistentemente do embate com a Imprensa que não lhe é servil? Quantas criticas são feitas diariamente a dirigentes e a entidades que não cumprem com a expectativa da sociedade e nem por isso seus representantes interditam o diálogo em busca de uma guarida manipuladora na Justiça?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Não passou pela cabeça do senhor que uma condenação a este jornalista será mais uma prova de credibilidade do réu? Afinal, a credibilidade da vítima de seus ataques judiciais estará explicitada à sociedade porque teve a coragem de enfrentar um milionário poderoso denunciado por participar de cenas de corrupção e irregularidades à frente do conglomerado MBigucci.
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Já que o senhor é tão ávido em solicitar o suporte de advogados para buscar no Judiciário, com as manobras diversionistas de sempre, a tentativa de calar esta revista digital, por que não ingressou até agora com qualquer instrumento do gênero por conta das informações publicadas aqui sobre sua participação em vários delitos empresariais?
Milton Bigucci –
Veja as cinco fugas:
As perguntas enviadas a Milton Bigucci
Veja nova bateria de questões para Milton Bigucci responder
Bigucci foge pela quarta vez de entrevista à CapitalSocial
Milton Bigucci foge pela quinta vez de entrevista à CapitalSocial
Veja as novas perguntas para Milton Bigucci