Política

LULACÁ, TRAGICAMENTE?
COMO FOMOS EM 2023? (7)

  DANIEL LIMA - 20/02/2024

A gestão do presidente Lula da Silva no uso de redes sociais na região está longe de provocar fundas mudanças no quadro político-eleitoral observado nas eleições de 2022. A possibilidade de Lula da Silva contar com os aparelhinhos portáteis que acabaram com o controle da opinião pública por grandes players da imprensa nacional ainda não virou pó, mas já deixou há muito tempo de influenciar os formadores de opinião, os tomadores de decisão e principalmente os consumidores de informações. 

As redes sociais sob o uso majoritário de internautas da região ainda tem como carro-chefe de participação e compartilhamento a política nacional, mas na medida em que as disputas municipais aparecem no radar do calendário desta temporada tem-se a impressão que as questões municipais ganham tração.

Bem diferente do que foi possível observar nas eleições para as prefeituras em 2000, quando o Coronavírus imperou como centro de gravidade de preocupação e se tornou o melhor cabo eleitoral dos incumbentes, ao reeleger três reelegíveis. 

COMBUSTÍVEL MUNICIPALISTA 

O ano passado, primeiro do terceiro mandato de Lula da Silva, foi mais intenso em nacionalização temática de participação nas redes sociais da região. A mobilização em torno de candidatos locais, nas disputas locais, deve ganhar algum ritmo mais interessante a partir de agora. Resta saber até que ponto haveria uma participação relevante mesmo, independentemente do quadro nacional.

A constatação de que o ambiente regional no campo político-eleitoral no ano passado foi centralizado mesmo em intensas disputas entre direita versus esquerda no âmbito nacional coloca um freio no entusiasmo de que tudo seria diferente nesta temporada.

O calendário eleitoral municipal é um combustível favorável ao aquecimento da temperatura das disputas principalmente pelo Executivo, mas não se pode desqualificar a possibilidade de acréscimos no mundo digital com a introdução de centenas de correntes a vagas nos Legislativos dos sete municípios.

Embora a densidade das redes sociais com temáticas locais, de cada uma das sete cidades, ainda não pareça entusiasmante como fonte de cidadania, parece pouco especulativo que o baixo grau de porosidade do ano passado se repita nesta temporada. E o governo Lula da Silva parece fadado a perder a narrativa, ou pelo menos a ter que admitir inúmeros incômodos diante de adversários à direita.  

A ANÁLISE DE 2023

Por mais que faça como presidente da República -- hipótese pouco provável e advertência que deve ser repetida para que não se criem falsas expectativas -- por mais que venha a acertar mais que errar, o governo Lula da Silva tem tudo para quebrar a cara se tiver como referência de sucesso popular os dois mandatos anteriores. 

Quando deixou o Palácio do Planalto ao fim do segundo mandato, Lula da Silva foi proclamado sucesso de público e bilheteria por mais de 80% dos brasileiros. 

As redes sociais se massificaram e mudaram o giro da roda da comunicação. A Velha Imprensa já não tem o monopólio de informação, conceitos e definição do que é certo e do que é errado.

Acabou, portanto, o jogo midiático das grandes companhias de comunicação, compulsórias às benesses do governo de plantão quando o governo de plantão usava dispositivos publicitários para reduzir a carga de cobranças. 

As redes sociais entraram para valer no jogo do poder federal em escala muito superior ao que se dá ainda nas áreas estaduais e municipais. 

É praticamente impossível a um Jornal Nacional, por exemplo, doutrinar os eleitores e a sociedade em geral como antes. 

Uma pesquisa independente que revelasse como os brasileiros avaliam a Rede Globo de Televisão, e especialmente o Jornal Nacional, dono da audiência no País, seria uma catástrofe. Haveria certa similaridade com o conceito de que goza o Supremo Tribunal Federal.

O escrutínio muitas vezes irresponsável mas também muitas vezes providencial das redes sociais não pediu licença para entrar no jogo da captura da opinião pública. Entrou no jogo para valer e sem limites que a democracia do direito à liberdade de expressão exige. 

O peso da idade, que o torna caricatura do mago das palavras, dos gestos, da entonação, da teatralidade de político de massas, sobrecarrega a dificuldade de Lula da Silva ajeitar-se no lombo de um animal chamado opinião pública, antes doce escravo do talento para comandar o País, depois de levar à loucura trabalhadores nos tempos de liderança sindical. 

Que Lula da Silva não espere encontrar um terreno que não seja inóspito, independentemente do desempenho como presidente. O Brasil está partido e repartido. E Lula da Silva não pode atribuir a terceiros a paternidade de uma de suas marcas registradas, e que apenas foi intensificada nos tempos de novas tecnologias portáteis. O Brasil dividido entre “nós e eles” é uma patente de Lula da Silva sindicalista e presidente da República de dois mandatos. 

Não haverá dinheiro suficiente dos cofres públicos para reenquadrar o controle da opinião pública. O Brasil da polaridade política e ideológica veio para ficar. 

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