Quero apenas meia hora de
conversa a sós com Tarcísio
DANIEL LIMA - 29/06/2023
Se alguém de boa alma e de coração doce, que não tenha ambições materiais exageradas e comprovadas, se alguém com essas qualidades, não mais que isso porque isso já é um caminho andado, se alguém com essas características-síntese, me abrisse as portas do Palácio dos Bandeirantes com a garantia de que teria não mais de meia hora de conversa pessoal e exclusiva com o governador Tarcísio de Freitas, garanto que o governador que parece ser o que poucos são na política, garanto que o governador não se enroscaria, porque já tropeçou, nas tranqueiras do ABC Paulista.
Como duvido que alguém apareça para socorrer a região, porque ouvir a mim é ouvir a sociedade, vou ficando por aqui.
Quem sabe um dia desses o governador volte à região e, desde que não tenha no palanque, como vi outro dia, alguns bandidos sociais a rodeá-lo, quem sabe se ele aparecer eu lhe entregue um bilhete que me possibilitaria chegar ao Palácio dos Bandeirantes?
DEDURAGEM PROFILÁTICA
É claro que trataria da pretendida exclusividade de conversa com o governador para dedurar no bom e retumbante sentido do termo todos que pretendem tirar uma lasquinha de um prestígio que, em constante fase de crescimento, provavelmente o tornará o gestor público mais importante das próximas eleições municipais onde quer que bote o pé.
Quando digo que vou dedurar almas penadas socialmente improdutivas ou corrompidas, quando não as duas coisas, o sentido não tem relação alguma com a linguagem policial. É profilaxia mesmo. De limpeza de responsabilidade social, que tanto falta à região.
O governador Tarcísio de Freitas precisa ser alertado sobre as armadilhas que terá de desativar para impedir sabotagens ao prestígio ascendente. É isso mesmo: é isso que o aguardaria na medida em que se meter com algumas figurinhas carimbadas e outras nem tantos, porque dissimuladas, da região.
E para não dizer que não falei das flores, que existem também, embora quase todas ou todas ameaçadas de extinção pelos bandidos sociais em profusão, recomendaria também ao governador do Estado mais rico do País que nomeasse alguém na surdina para garimpar essas peças preciosas com as quais teria interlocução comprometida com seus próprios desígnios.
QUEM É QUEM
Não me considero um rastreador da região, no sentido de ter potencial para desativar todas as bombas e tranqueiras que vicejam. Mas reúno uma lista enorme de gente desclassificada que não faz outra coisa senão transformar parasitismo em profissão de alta rentabilidade.
Pior que parasitismo é a abrangência do parasitismo. Bandidos sociais não se satisfazem em ser o que são: eles fazem de tudo para impedir que os frequentadores do outro lado, o lado da cidadania, ou seja, a cidadania de verdade, tenham espaço e sejam reconhecidos. Impedem geralmente na base de perseguições e de cooptações nem sempre consumadas.
Insisto na ideia de que precisaria apenas de meia hora com o governador. Sei que meia hora do governador custa caro, mas custará bem mais caro no futuro se cair nas ciladas que alguns transgressores sociais certamente o terão como vítima, porque como cúmplice, como comparsa, duvido que aceite ser.
EMOÇÃO NA JOGADA
Juro que se contasse com a sorte de ter uma conversinha com o governador por telefone, um ensaio da conversinha boa de meia hora, provavelmente o convenceria de que meia horinha no Palácio dos Bandeirantes seria um bálsamo para quem está próximo de completar mil dias de nova vida.
Sim, não tenham dúvidas os leitores que usaria na conversinha ao telefone com o governador, na tentativa de sensibilizá-lo a me ouvir pessoalmente por meia horinha, juro que repetiria com ele, sem falsidade e também sem teatralidade, o que de vez em quando, diante de adversidade mais revoltante, me convoco a produzir.
Em algumas oportunidades desde aquele dia quase fatal de quase mil dias que se aproximam lanço mão quase que inadvertidamente do fator emoção para procurar convencer o que precisa ser convencido.
Sim, digo publicamente que lanço mão da emoção de um sobrevivente para fazer-me entender de que aquilo que precisa ser feito, porque muitas vezes nem diretamente a mim diz respeito, exige plena capacidade de comunicação.
OPORTUNIDADE
Quando me imponho por força de agradecimento um bocadinho a mais de paixão naquilo que faço e as lágrimas ameaçam cair, a voz parece sufocada e a saliva desaparece, quando chego a esse ponto, acionado cognitivamente, é muito difícil que o interlocutor resista. Mesmo que não seja presencial.
Se me derem a oportunidade de falar mesmo que por telefone com o governador, não tenho dúvida de que o governador vai me ouvir pessoalmente.
O Poderoso haverá de me catapultar àquele estágio de emotividade incontrolável. Vou tocar o coração do governador.
Não preciso senão de um tempinho com o governador, seja ao telefone como porta de entrada, seja diretamente no Palácio dos Bandeirantes.
Qual seria a alma bondosa que me faria esse favor, um favor para a sociedade porque juro por todos os juros que vou revelar ao governador o mapa da mina de gente oportunista que domina a região.
TUDO ÀS CLARAS
E não pensem que farei desse suposto encontro com o governador um confessionário. O que disser ao governador vou escrever aqui porque na verdade o que vou dizer ao governador é muito ou quase tudo do que já escrevi aqui.
Insisto em chamar a atenção para a importância de tentar salvar a alma e o prestígio do governador do Estado porque fiquei assustado, quando não indignado, para não dizer aparvalhado, quando o vi cercado de gente estranha naquela vinda dele a Santo André, especialmente um deles que se considera o rei da cocada preta e que cantarola por todos os cantos ter controle remoto sobre todas as autoridades públicas.
COMPARTILHAMENTO
Nestas alturas do campeonato até me satisfaço e agradeço ao Poderoso se mesmo diante desse apelo ninguém aparecer como intermediário para atender a meu pedido.
Tenho a alternativa de que bastaria compartilhar com alguém ligado ao governador, com a garantia de que chegará ao governador esse pedido de socorro.
Sim, esse é um pedido de socorro, porque não podemos piorar como sociedade desorganizada mais que pioramos neste século.
O governador precisa saber de A a Z os nomes dos bons e dos prevaricadores principais que tanto atrapalham o sonho de uma retomada econômica e social, e, quem sabe, de lambuja, ofereça o terreno firme de uma reviravolta na cultura de sangrias das instituições, inertes, deslumbradas, oportunistas.
AMONTOADA, NÃO
A alternativa de, como jornalista, passar a mão na agenda do governador e o encontrar em algum lugar em que inaugure obras ou ceda prestígio aos anfitriões, essa alternativa não me apetece. Não quero conversar com o governador num amontoada de gente. Afinal, de repente e nada mais que contundente como prova de imprevidência, dou de cara com alguns algozes da região, tratados como heróis pelos malandros de sempre.
Vamos lá, gente. Falem com o governador. Se já recebi em casa ministro de Estado, por que não o governador não me conceder a gentileza de trocar uma conversinha onde moro e escrevo, deixando de lado a formalidade do Palácio dos Bandeirantes? Minhas duas cachorras são dóceis. Fazem barulho, mas se entregam às visitas. O governador iria adorar.
Quem já morou por oito anos em 30 metros quadrados em fundo de fundo de quintal, onde ratos entravam pelo buraco da porta da cozinha deflorada por cupins, quem já passou por isso e tem orgulho disso, pode acreditar em qualquer coisa, não é verdade?
Quem vai ter a coragem de me aproximar do governador que, ao que parece, é melhor, bem melhor, que aqueles dois mais populares políticos nacionais desde a suposta democratização do País?
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