Acreditem os leitores deste trabalho que, ao escrever, sinto que estou possuído e, como tal, transcendo a normalidade cognitiva. Vou tentar traduzir o que sinto para que não pensem bobagens: tenho mais facilidade para dedilhar o computador do que para memorizar o que produzo.
Há uma linha de coerência entre o que escrevo hoje e o que escreverei daqui a 10 anos, por exemplo, mas esse período que separa o presente e o futuro acabará por abrir um buraco em minha mente. Acho que não há nada demais nisso tudo. Qualquer especialista em psique humana terá explicações mais que satisfatórias.
Mas o que quero dizer de fato é que, embora minha memória formal não tenha a mesma flexibilidade de minha criatividade, intuitivamente acabo encontrando sempre o que é preciso para não cometer deslizes de gente que manda esquecer o que escreveu ou o que falou. Provavelmente porque não faço do dia-a-dia um jogo de conveniências — estúpido que sou.
EDIÇÃO NÚMERO 6
Grande ABC, terça-feira, 17 de agosto de 2004. Resolvemos preparar esta nova edição de Capital Digital Online, antecipando-nos ao usual de segunda-feira, porque há algumas questões que precisam ser realçadas de imediato. Quando se mantém segregada à Secretaria uma série de apontamentos sobre cada edição — como realizamos diariamente — o risco que se corre é que a multiplicação de conceitos não chegue ao ouvido de toda a corporação. Daí utilizar esta newsletter me parece mais produtivo.
MANCHETE FRÁGIL
A manchete do nosso jornal hoje está fraca. Não pelo assunto em si, que é interessante, mas pelo conteúdo bastante limitado. Vou apresentar na reunião com editores as provas documentais de que poderíamos ter feito algo bem melhor. Diria que a matéria poderia ter sido adiada, sem qualquer contratempo, ou tido a colaboração de outros profissionais da redação, para justificar a dimensão editorial que lhe foi dada. Considerando-se que a manchete do jornal leva o leitor a imaginar o melhor tratamento editorial possível, fracassamos hoje. E não podemos fracassar.
PAUTAS ELETRÔNICAS
Estou repassando aos poucos sugestões de pautas para os editores. Passo o básico, porque compete a cada editor o destrinchamento da pauta em si. Vou insistir na necessidade de darmos o tom editorial na região, em vez de sermos dominados pela comunidade mais esperta. Mantenho todas as pautas no computador. Isso significa que não vou esquecer de cobrar a execução. Espero que isso não seja preciso.
ENTREVISTA COM MAUÉS
Enviei hoje ao Renato Maués uma série de perguntas a respeito de regionalidade do Grande ABC. A entrevista poderá sair tanto na Economia quanto na Política. Vamos aguardar. Acho que devemos usar mais a Internet para adensar a qualidade do jornal. Semana passada publicamos entrevista que fizemos com Jaime Guedes, consultor educacional que falou sobre a Universidade Federal do Grande ABC. Espero que outros profissionais da redação se utilizem mais frequentemente desse instrumental. Inclusive para transformar as respostas em matéria específica, não necessariamente no formato de entrevista.
INFORMEDIÁRIO
Vamos acertar os ponteiros da nossa coluna social, que continua despersonalizada. Não quero cobertura na Capital. Exceto em casos especiais. Não quero as figurinhas carimbadas de sempre na coluna. Quero gente diferente, gente que faz o Grande ABC geralmente de forma anônima. Quero fotos de happy hour em hotéis, quero as Nossas Madres Terezas, quero empreendedores de pequeno e de médio porte. Enfim, quero uma coluna social diferente do que temos tido. Por isso reforçamos a equipe com a Carla Fornazieri.
TRANSPORTE
Estamos tomando pé das especificidades do setor de transportes que atende à redação do jornal. Há buracos informativos que vão ser corrigidos. Quero que os editores compartilhem da responsabilidade do fluxo de veículos disponibilizados para a redação. Temos de apertar o cerco para chegar a um ponto de equilíbrio que evite ociosidade em determinados horários e escassez em outros. Quando os dados são sistematizados, tudo ganha mais visibilidade. O setor de transporte faz parte da logística operacional de redação e tem de ser tratado como tal. Editores e membros da Secretaria do jornal precisam acompanhar atentamente os números, informados que devem ser pela Amanda. Não podemos mais trabalhar no escuro. Há evidentes desperdícios que precisam ser corrigidos, sob pena de os recursos humanos da redação acabarem sacrificados.
BANCO DE HORAS
Solicitei hoje de manhã o apressamento do desenho do mapa do banco de horas a partir do momento em que assumi a redação. Não posso perder tempo com a burocracia que emperra a empresa. Preciso de dados ágeis, porque as medidas também o serão. Se forem registrados problemas, atacaremos de vez. O banco de horas não interessa para ninguém e, antes mesmo que desapareça formalmente da empresa, terá de desaparecer na prática. Por isso os editores e os membros da Secretaria têm a responsabilidade de agir como rastreadores.